O
presidente do PT, Rui Falcão, gravou um de seus vídeos para convocar a
militância petista a defender o ex-presidente Lula da sanha dos
reacionários, da direita e da “mídia conservadora”. Bem, sabemos quem
são, para eles, os “reacionários e os direitistas”, certo? Não é Maluf.
Não é Sarney. Não é Collor. Não é Delfim Netto. Não é a Frebraban. Não é
a Fiesp. Todos esses são aliados do PT e declararam seu amor a Lula.
Onde, afinal, estaria a tal “direita”? Já sei… Vai ver é o Roberto
Freire, presidente do PPS, que anda cobrando que se investiguem as
denúncias contra Lula.
E o que
Falcão acha que deveria fazer a “mídia” para, então, deixar de ser
“conservadora” e passar a ser “progressista”? Ao recorrer a essa
classificação, a gente tem uma ideia do que pretende o partido quando
fala em “controle social da mídia”. Peguemos o caso em curso. O Estadão
teve acesso ao depoimento prestado por Marcos Valério ao Ministério
Público Federal. Quem passou aos jornalistas? Bem, o PT primeiro terá de
rasgar a Constituição e acabar com o sigilo da fonte para descobri-lo.
Há uma súmula vinculante que dá ao advogado dos réus acesso a todos os
passos de uma investigação. Nem mesmo é possível assegurar que o
conteúdo tenha vazado de dentro do MP. De todo modo, se o órgão quiser,
que faça sindicância. O PT é que não vai decidir agora o que os
jornalistas publicam ou deixam de publicar. Não ainda ao menos. E tenho
pra mim que não alcançarão esse objetivo.
O que
achei curioso foi ver Falcão censurando os jornalistas por terem
publicado algo que seria sigiloso. Entendi! Quando o PT impuser o seu
modelo de jornalismo, só falarão fontes oficiais, como na antiga
Alemanha Oriental. Não por acaso, na prova de Jornalismo do Enade, demonstrei num post, o estudante era obrigado a responder que fontes oficiais são mais confiáveis… Se forem do partido, melhor!
Para
demonstrar que não é conservador, o Estadão deveria ter conseguido o
depoimento, lido-o e jogado-o no lixo: “Ah, não! Valério está acusando o
Lula, e o Lula, nestepaiz, está acima do bem e do mal. Se acusasse um FHC, vá lá… Mas Lula? Aí é demais!”.
Todos os
jornalistas sabem que, quando na oposição, os petistas eram os grandes
pauteiros de reportagens contra o governo FHC — frequentemente, com
material colhido no Ministério Público. E, obviamente, os petistas
consideravam aquilo tudo justo e legítimo. O mais buliçoso deles era
justamente José Dirceu.
Valério é desqualificado?
O que mais surpreende no vídeo de Rui Falcão é vê-lo e ouvi-lo a desqualificar Marcos Valério porque um homem condenado pelo Supremo. É mesmo? José Dirceu é o quê? E José Genoino? E Delúbio Soares? E João Paulo Cunha? Ah, esses, nós aprendemos com o partido, são heróis. Segundo o chefão do PT, Valério não merece crédito, então, porque condenado num julgamento que o próprio partido não reconhece nem como justo nem como legítimo.
O que mais surpreende no vídeo de Rui Falcão é vê-lo e ouvi-lo a desqualificar Marcos Valério porque um homem condenado pelo Supremo. É mesmo? José Dirceu é o quê? E José Genoino? E Delúbio Soares? E João Paulo Cunha? Ah, esses, nós aprendemos com o partido, são heróis. Segundo o chefão do PT, Valério não merece crédito, então, porque condenado num julgamento que o próprio partido não reconhece nem como justo nem como legítimo.
Assim, o
tribunal que condena Valério desqualifica o publicitário para fazer
qualquer outra acusação; já o tribunal que condena Dirceu SE
desqualifica!!! Entenderam a lógica do bruto? Voltamos àquela que é uma
máxima do partido: seus adversários são sempre culpados, mesmo quando
inocentes, e seus aliados são sempre inocentes, mesmo quando culpados.
Trata-se de um absoluto disparate.
Mentiras
Que se diga uma vez mais: é mentira, das mais grotescas, que Lula esteja sendo tratado como culpado pela “mídia conservadora” — que, de resto, no mais das vezes, é petistófila (então é reaconária, certo?). Ao contrário: o ex-presidente está recebendo um tratamento que nenhum outro receberia ou já recebeu estando em seu lugar. Ninguém trata como “verdade” o que diz Marcos Valério. Sempre se lembra que ele pode estar tentando salvar a própria pele. O que se sustenta, e é assim nas democracias, é que ele é personagem importante de uma engrenagem criminosa e denunciou seus antigos parceiros e beneficiários dos seus crimes. Tem de ser levado a sério? Ele não precisa ser levado a sério por ninguém. O que ele diz é que tem de ser investigado. Ou nunca antes um condenado forneceu informações importantes para os órgãos de investigação? Essa questão é de um ridículo ímpar.
Que se diga uma vez mais: é mentira, das mais grotescas, que Lula esteja sendo tratado como culpado pela “mídia conservadora” — que, de resto, no mais das vezes, é petistófila (então é reaconária, certo?). Ao contrário: o ex-presidente está recebendo um tratamento que nenhum outro receberia ou já recebeu estando em seu lugar. Ninguém trata como “verdade” o que diz Marcos Valério. Sempre se lembra que ele pode estar tentando salvar a própria pele. O que se sustenta, e é assim nas democracias, é que ele é personagem importante de uma engrenagem criminosa e denunciou seus antigos parceiros e beneficiários dos seus crimes. Tem de ser levado a sério? Ele não precisa ser levado a sério por ninguém. O que ele diz é que tem de ser investigado. Ou nunca antes um condenado forneceu informações importantes para os órgãos de investigação? Essa questão é de um ridículo ímpar.
Inimputável
O PT, uma vez mais, faz um mal imenso à cultura política do país. Esta estabelecendo uma relação transitiva — e infeliz — entre as “conquistas sociais” do governo Lula (é claro que dá para discutir esse mérito em particular, mas não o farei agora) e as lambanças cometidas. Então vejam que fabuloso: conquista social e ética na política seriam coisas que caminham em sentidos opostos. Aquele que se esmerar na primeira obteria uma licença para, na segunda, enfiar o pé na jaca. Um presidente “do social” teria licença para fazer coisas que outro, reacionário que fosse, não teria.
O PT, uma vez mais, faz um mal imenso à cultura política do país. Esta estabelecendo uma relação transitiva — e infeliz — entre as “conquistas sociais” do governo Lula (é claro que dá para discutir esse mérito em particular, mas não o farei agora) e as lambanças cometidas. Então vejam que fabuloso: conquista social e ética na política seriam coisas que caminham em sentidos opostos. Aquele que se esmerar na primeira obteria uma licença para, na segunda, enfiar o pé na jaca. Um presidente “do social” teria licença para fazer coisas que outro, reacionário que fosse, não teria.
Essa
contradição já teve uma síntese infeliz, que, durante anos, assombrou a
política brasileira: “Rouba, mas faz”. Ela sintetizava o perfil do
político ladrão, porém operoso; que abria estradas e vias e cavoucava
túneis, mas enfiando a mão nos cofres públicos — depois era só enviar a
grana para algum paraíso fiscal.
Que marca
os petistas pretendem nos vender? “Fulano faz lambança, mas é do
social”? Os petistas já puseram em prática a tática da gritaria,
atacando de forma cega para supostamente se defender, e deu com os
burros n’água. Valério só decidiu falar — e o que ele fala tem de ser
apurado, sim, como se faria em qualquer democracia — porque havia
recebido dos companheiros a garantia de que nada lhe aconteceria. Tanto é
assim que estava de boca fechada havia mais de sete anos. Acontece que
lhe prometeram o que não puderam entregar. Os esforços para cercar o
Supremo falharam miseravelmente. Valério pode ter muitas dúvidas, mas
não lhe falta uma certeza: vai passar uns bons anos na cadeia.
Tem o
direito de recorrer a dispositivos legais para tentar se safar? Tem,
sim! Mas terá de oferecer ao Estado que o condenou alguma coisa. Que tal
a verdade?