quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Comer peixe toda semana ajuda a evitar o Alzheimer


Consumo regular da carne está associado à proteção da saúde da massa cinzenta do cérebro, responsável pela cognição

Doenças degenerativas: com a morte dos neurônios, o cérebro entra em um processo que dá origem a doenças como o Alzheimer (Creatas Images/Thinkstock)
Pessoas que comem peixe cozido ou grelhado semanalmente apresentam redução nos riscos de desenvolvimento do transtorno cognitivo leve (TCL) ou mesmo o Alzheimer. As conclusões são de um estudo apresentado nesta quarta-feira durante o encontro anual da Sociedade Americana de Radiologia.

Massa cinzenta
Região do cérebro que possui o corpo das células nervosas. Inclui regiões do cérebro envolvidas no controle muscular, memória, emoções, fala e percepção sensorial, tais como ver e ouvir.
“Esse é o primeiro estudo a estabelecer uma relação direta entre o consumo de peixe, a estrutura cerebral e os riscos de Alzheimer”, diz Cyrus Raji, da Universidade de Pittsburgh. “Os resultados mostraram que pessoas que consomem peixe cozido ou grelhado ao menos uma vez na semana tinham uma melhor preservação da matéria cinzenta do cérebro. Isso foi visto em exames de ressonância magnética em áreas consideradas de risco para o Alzheimer.”

O Alzheimer é uma doença cerebral incurável e progressiva, que lentamente destrói a memória e as habilidades cognitivas. Em pessoas com transtorno cognitivo leve, a perda de memória também está presente, mas em uma menor extensão. Pacientes com a doença, frequentemente desenvolvem Alzheimer, sendo o TCL considerado um estágio intermediário entre o envelhecimento normal e a demência.

Dados – Para o estudo, foram selecionados 260 indivíduos cognitivamente normais. Informações sobre o consumo de peixe foram coletadas usando o Questionário Sobre Frequência Alimentar, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos. Do total, 163 pacientes consumiam peixe semanalmente, a maioria apenas uma ou duas vezes por semana. Todos fizeram ressonância magnética no cérebro para que os pesquisadores pudessem avaliar o volume da massa cinzenta com o consumo de peixe semanal em 10 anos.

Os resultados foram então analisados para determinar se a preservação da massa cinzenta associada com o consumo de peixe reduzia os riscos para o Alzheimer. Foram controlados idade, gênero, escolaridade, raça, obesidade, atividade física e a presença ou não de apolipoproteína E4 (ApoE4) – gene que aumenta os riscos de desenvolvimento da doença.

O volume da massa cinzenta é crucial para a saúde do cérebro. Quando seu nível permanece elevado é um sinal de que a saúde do órgão está sendo mantida. Mas a redução de volume indica que as células cerebrais estão se encolhendo.

Os resultados mostraram que o consumo de peixe cozido ou grelhado toda semana estava positivamente associado com os maiores volumes de massa cinzenta em diversas áreas do cérebro. Os riscos para o desenvolvimento de TCL e Alzheimer em cinco anos foram reduzidos em quase cinco vezes. “O peixe cozido ou grelhado faz os neurônios mais fortes, tornando-os maiores e mais saudáveis”, diz Raji.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Revista aponta Wagner como pior governador entre oito avaliados


Governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), é o melhor avaliado


O desempenho do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), ficou em último lugar em uma lista com oito comandates dos principais estados brasileiros que conseguiram superar a crise e atrair investimentos e ainda os que tiveram dificuldades em equilibrar finanças e conquistar empresas. O levantamento, divulgado na edição de novembro da Revista Voto, de Porto Alegre, utilizou dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplica (Ipea), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Movimento Brasil Competitivo e ainda a análise de líderes empresariais e de classe, além de cientistas políticos e econômicos. De acordo com a reportagem, o governo baiano, apesar das ações na área de educação, enfrenta uma grave crise financeira. "Mesmo assim, a Bahia tem o Polo Petroquímico de Camaçari. E os baianos estão recebendo investimentos ainda não anunciados na área de energia eólica", escreve o diretor-presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC), Erik Camarano. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), lidera o ranking. De acordo com Camarano, entre os estados da federação, Pernambuco será o que terá maior transformação do ponto de vista de investimentos.

“Pré-Sal do Sertão”: Eólicas podem transformar Bahia em grande potência energética

A francesa Alstom dá início nesta quarta-feira (30) à produção de aerogeradores no Polo Industrial de Camaçari, na região metropolitana de Salvador. A companhia inicia suas atividades após investimentos de R$ 50 milhões e será a segunda na Bahia a produzir maquinário para converter vento em energia elétrica. A espanhola Gamesa está instalada desde julho no Polo, depois de ter realizado investimento semelhante, e uma série de companhias demonstram interesse no estado. É o caso da americana GE Energy, que já assinou um protocolo de intenções com o governo da Bahia para se tornar a terceira a fabricar aerogeradores no estado, com investimento inicial projetado de R$ 45 milhões. Além dela, a dinamarquesa Vestas, a maior do mundo no setor, também negocia com o governo. E a Torrebras, subsidiária brasileira da espanhola Windar Renovables, quer ser a primeira fábrica de torres eólicas da Bahia.

Uma das principais características que diferenciam o maior estado nordestino dos demais, em especial os vizinhos de região, é que os melhores ventos para a geração de energia não são registrados no litoral, mas sim, na área mais pobre do território, o semi-árido. A região tem como vantagem a frequência dos ventos, que se tornam mais fortes em épocas de seca, período este que dura entre oito e dez meses por ano. Por conta disso, a produção da energia eólica no estado ganhou o apelido de “pré-sal do sertão” entre os mais entusiasmados. Inicialmente, o principal obstáculo para a disseminação da tecnologia pela Bahia era o custo de produção desse tipo de energia, porém, com o aumento no volume de contratos e a oferta cada vez maior de componentes para torres eólicas derrubaram os custos, fazendo com que o cenário melhorasse e tornasse a alternativa uma das mais baratas.

Entre 2009 e 2011, o governo federal realizou três leilões para a exploração de áreas. Desse total, 52 estão localizadas na Bahia, que concentra 20% do total de potencial energético comercializado no país, chegando a 1,4 mil megawatts (MW) dos 7 mil MW envolvidos nos leilões. O montante equivale a mais de 10% do total de energia produzida nas hidrelétricas e termelétricas no estado hoje, cerca de 11 mil MW. Ao todo, os investimentos confirmados pelas empresas na Bahia chegam a R$ 6 bilhões, porém a projeção é que alcance dez vezes esse montante nos próximos anos, tornando o estado o principal produtor desse tipo de energia no Brasil. Ao se considerar o potencial energético do tipo de tecnologia disponível, com o uso de torres de 100 m de altura no lugar das de 60 m, as mais comuns atualmente, por exemplo, chega a 29 mil MW. Isso equivale a mais de duas usinas de Itaipu, operando na capacidade máxima, ou 20% do potencial total de produção de energia eólica do país. Com informações do Estadão.

Em pedra dura

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

O PT anda um pouquinho, recua um pouquinho, disfarça e volta a um assunto que lhe é especialmente caro: o poder do Estado de estabelecer algum tipo de controle sobre a imprensa.
Sexta-feira passada aconteceu mais uma reunião para o partido discutir a questão que tenta introduzir na agenda do País desde o início do primeiro mandato de Lula.
De lá para cá a abordagem do tema foi sendo adaptada, a fim de driblar resistências.
Hoje esse debate acontece sob a justificativa de que é necessário estabelecer "um novo marco regulatório para a mídia", mas em 2004 a mesma proposta foi apresentada ao País com sinceridade e nitidez.
Era preciso, na visão do partido que chegava ao poder, criar um órgão - o Conselho Federal de Jornalismo - para "orientar, disciplinar e fiscalizar" o trabalho dos meios de comunicação.
Na época, o PT ainda era estreante nas lides governamentais, não havia se iniciado com afinco na produção de escândalos em série e estava acostumado a ser paparicado por quase toda a grande imprensa da qual reclama, mas que até o caso Waldomiro Diniz dava ao partido e ao presidente Lula uma cobertura extremamente favorável.
Ao "presidente operário" tudo era permitido. Inclusive renegar o próprio discurso sem ser confrontado com rigor diante da contradição-mãe de chamar de herança maldita o legado do antecessor e, ao mesmo tempo, tirar dela o melhor proveito.
A partir dos tropeços do governo é que o cenário mudou. Mas não mudou no partido a ideia de exercer domínio sobre a grande imprensa, o único setor que lhe foge completamente ao controle. E é isso o que incomoda.
Por mais disfarçados que sejam os argumentos. Em artigo no jornal O Globo de ontem, o presidente do PT, Rui Falcão, lista alguns pontos que seriam alcançados pelo "marco regulatório".
Fala em "ferramentas eficazes de inclusão social e defesa da comunicação e cultura nacionais", na garantia do acesso universal à internet em banda larga, em mecanismos para "evitar que o poderio econômico dos grandes grupos de telefonia sufoque setores da mídia tradicional" e na ampliação de recursos para "grandes redes de radiodifusão pública e de telecomunicações".
Tudo muito decente. E vago. De substantivo mesmo, resta o resumo das intenções feito no seminário de sexta-feira pelo deputado cassado, réu do mensalão e dirigente do PT, José Dirceu: "Os proprietários de veículos de comunicação são contra nós, fazem campanha dia e noite contra nós. Só lamento que não haja um jornal de esquerda, que seja a favor do governo".
Há de todos os matizes no País todo: de esquerda, de direita, sem orientação, nos blogs, nos sites. Não falta espaço de comunicação em defesa do governo.
Mas há também os que exercem a crítica, e ao PT e sua pretensão à hegemonia desconforta essa convivência com o contraditório. Daí a insistência.
Vai levando. Crua e resumidamente, prevalece a seguinte visão no governo sobre o efeito das denúncias de corrupção na popularidade da presidente: enquanto a interpretação geral for a de que as demissões significam que Dilma é implacável, não há necessidade de bancar o risco de confrontação com a base mudando os critérios de ocupação de espaços.
E prossegue o raciocínio: como o noticiário de rádio e televisão favorece a essa conclusão, pois não se aprofunda na análise de que a presidente só demitiu por impossibilidade de não demitir, há margem para esticar a corda e evitar novas demissões.
Até que a reforma ministerial renove a imagem de uma Dilma ativa - e não reativa - face às deformações de origem nos critérios de composição da equipe de governo.
Resumo da ópera: quanto menos as pessoas alimentarem o hábito da leitura e quanto mais continuarem a se informar por meios cuja própria natureza remete à informação menos elaborada e desprovida de interpretação, melhor para o governo.
Embora seja bem pior para o desenvolvimento da massa crítica, sem a qual não se faz uma sociedade capaz de dialogar de igual para igual com o poder público.


Exército proibe cidades pequenas de comprar armas de fogo para guardas

As cidades pequenas estão conseguindo na Justiça o direito de adquirir armas para uso da Guarda Municipal, mas o Exército diz que é proibido. Em São Paulo, 35 cidades com menos de 50 mil moradores receberam autorização da Justiça para armar os guardas municipais. A liminar dá direito ao guarda de portar uma arma durante o horário de trabalho.

“Embora a Guarda Municipal tenha uma natureza preventiva, ela estando desarmada, como que ela vai coibir o criminoso? Não tem como enfrentar o criminoso. Por isso que o armamento é, na minha ótica, imprescindível”, afirma o juiz Jayme Walmer.

Mas o Exército, que autoriza a compra da munição e das armas, discorda da interpretação dos juízes. “As cidades com menos de 50 mil habitantes não têm autorização para adquirir armas nem munição”, afirma o major do Exército Alexandre Oliveira Moço.

O Exército leva em consideração o que está escrito no Estatuto do Desarmamento de 2003. Pela lei, só podem andar armados os guardas das cidades com população acima de 50 mil habitantes.

Os prefeitos dos pequenos municípios discordam: dizem que a Constituição Federal está sendo desrespeitada porque, neste caso, o estatuto dá tratamento diferenciado a cidades. Cabreúva, a 80 quilômetros de São Paulo, decidiu renovar o armamento de toda a Guarda Municipal. Mas esbarrou na proibição do Exército, mesmo tendo uma liminar.

“Graças a Deus, nos últimos anos, não havia a necessidade da guarda participar de qualquer ocorrência letal com o uso e disparo de arma de fogo. Ainda bem, porque não conseguimos comprar”, explica César Zarantonello, comandante da Guarda Municipal de Cabreúva.

Em Itupeva, foi a população que doou parte do armamento para a guarda da cidade. “Nós temos recebido doações de armas, de pessoas que se desfazem da arma, e acabam doando para a prefeitura”, afirma Ocimar Polli, prefeito de Itupeva.

Segundo a assessoria jurídica de Itupeva, das 18 armas, 7 foram doadas por moradores e registradas na Polícia Federal em nome da prefeitura. O Exército diz que isso é irregular: “Se ela não está na região metropolitana e não tem mais de 50 mil habitantes, essa doação não será autorizada. Qualquer doação que não seja da forma legal, estabelecida na lei, é irregular e o material pode ser apreendido”, explica o major Alexandre Oliveira Moço.

“Uma decisão transitada e julgada não pode ser questionada por quem quer que seja. Se o Exército está agindo assim, ele está afrontando a coisa julgada. E não poderia ser feito assim”, afirma o juiz Jayme Walmer. As informações são da TV Globo

sábado, 26 de novembro de 2011

Artista, malabarista, açougueiro e jornalista têm o direito de ter o miolo mole. Mas tem o dever democrático de agüentar a crítica.

No mundo inteiro, meus caros, celebridades, especialmente as ligadas ao showbiz e ao mundo das artes, vivem dando opiniões. E falam com ainda mais paixão sobre aquilo de que não entendem. No Brasil, por razões várias, esse traço é ainda mais acentuado. Conversava, na tarde de ontem, com um jornalista amigo, que atua em Brasília, um gigante da profissão, e concluímos que isso vem daquele tempo em que todos combatíamos a ditadura, e qualquer opinião que fosse “contra o regime valia a pena”. Assim, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, para citar três exemplos, digamos, icônicos, se confundiam com autoridades em todos os assuntos, até… música popular! Economia, política, filosofia, poesia, sociologia, relações internacionais, qualquer coisa. Caetano, se não me engano (pode ser apenas uma memória generosa e falsa que tenho dele), chegou a fazer blague de si mesmo, com sua mania de opinar sobre tudo. José Guilherme Merquior afirmou certa feita que ele era um “intelectual do miolo mole”, e o cantor concordou em parte, num exercício de auto-ironia. Bem, Caetano e Chico andam meio afastados das polêmicas; no lugar, há um tal Moron, Moroni ou algo assim. Não parei para ver quem é. Sigamos.

Artista pode opinar sobre temas que estão fora de seu ofício? Ora, claro quem sim! Também são cidadãos. Mas seria recomendável que não procurassem usar a “autoridade” ou apreço que conquistaram em sua profissão para conferir peso a tolices que pura e simplesmente ferem os fatos. As Organizações Globo divulgaram seus Princípios Editoriais, válidos para o jornalismo. Eles regulam, entre outras coisas, o comportamento dos jornalistas que trabalham para as empresas do grupo, que não devem, por exemplo, fazer campanhas políticas. É o correto. Ou a isenção estará comprometida. Artistas não são jornalistas, sei disso, mas como ignorar o fato de que a “autoridade” que supõem ter para se posicionar sobre o Código Florestal, a usina de Belo Monte ou os royalties do petróleo lhes foi conferida por uma marca — a Globo — de quem se espera aquele compromisso com a verdade? Um “Gota d’Água” com estrelas de outra casa seria solenemente ignorado. Não dá para fingir que a emissora não tem nada com isso. Talvez seja chegada a hora de estabelecer alguns “Princípios” também para os artistas contratados.

A Internet é um instrumento poderoso, e cá estamos nós — não é, leitores? — na labuta diária: esclarecendo, opinando, levando pancada, batendo de vez em quando, já que a turma “do lado de lá” é chegada a dar rasteira e voadora, e cumpre não se intimidar. Mas as chamadas redes sociais também são instrumentos de propagação da ignorância, do atraso, da vigarice intelectual. Se não estivermos sempre atentos, e vou evocar um jogo de palavras antigo, mas útil neste momento, a força do argumento acaba cedendo ao argumento da força. No caso da Internet, a “força se torna argumento” quando uma maioria relativa (vale dizer: a maioria dos que se expressam na rede) pode dizer ou aderir a uma tolice e, por mais errada que esteja, sufocar aqueles que discordam.

Foi o que aconteceu com o tal vídeo “Gota d’água”, estrelado pelos globais. A quantidade de bobagens, de mentiras, de simplificações e de parvoíces ditas ali é certamente recorde para um filmete de cinco minutos. Mas todos eles estão muito convictos, certos de que aderiram a uma boa causa e de que são os santos guerreiros protetores da natureza contra os dragões da maldade que querem destruir a floresta. O post que escrevi evidenciando algumas das bobagens gerou um baita sururu. Chegou a dar pau no sistema! Houve três ordens de reação: alguns que comungavam do meu ponto de vista ficaram contentes ao vê-lo expresso; outros tantos se surpreenderam porque não haviam se dado conta das tolices, e houve o terceiro grupo que, ao constatar a verdade sem o sutiã da mistificação, ficou ainda mais furioso — este preferiu me atacar e me acusar de querer censurar os atores. Eu não quero censurar ninguém! Ainda que ache que eles cometem uma espécie de “abuso de autoridade estética e ética”, já que usam aquilo de que entendem para sentenciar sobre o que não entendem, que falem! Mas que tenham a decência de ouvir o contraditório. Mais do que isso: cada um pode ter a opinião que quiser; mentir não pode!

Simplificação grosseira


O vídeo traz uma soma vergonhosa de mentiras e é de uma ligeireza absurdamente irresponsável. O Brasil não precisa de energia apenas para que os brasileiros “assistam à novela”, como afirma Marcos Palmeira — até parece que seu ofício principal é outro e que ele ganhou notoriedade por ser produtor de morango orgânico… Também não é para que uma loura lá, outra que não sei quem é, possa carregar as baterias do “iPhone, do iPod, do iPad, do iTudo”, como ela diz, fazendo-se de mais tonta do que provavelmente seja na vida real.

Sem energia, as indústrias têm de parar, e há desemprego em massa. Sem energia, os hospitais públicos têm de parar (os dos ricos contam com gerador), e os pobres ficarão com seus respectivos abdômenes abertos, nas salas de cirurgia. Sem energia, os investidores deixam o seu dinheiro no banco porque não vão se arriscar a ter um apagão pela frente. Sem energia, não há crescimento econômico, e a pobreza e a miséria se alastram, e os remediados ficam pobres.

A novela do Palmeira ou o “iTudo” da loura que se faz de louquinha são só a expressão doméstica e a privada do uso da energia. Belo Monte é uma questão que diz respeito ao planejamento estratégico — ela, as demais usinas em construção e outras tantas que terão de ser feitas. Essa gente, sem querer, expõe um aspecto que sempre apontei no ecologismo doidivanas, embora seja ricamente financiado por potentados econômicos estrangeiros: seu aspecto obscurantista.

Vocês acham mesmo que aqueles bacanas se ocuparam ao menos de ler a respeito? Tentaram se informar? Pensaram minimamente sobre o assunto? Nada! Ou não diriam aquela coisa estúpida: já que a usina vai gerar apenas um terço do seu potencial (na verdade, é mais, em torno de 40%), então não pode ser feita! Como se o Brasil pudesse abrir mão dos 40%. E não pode! E só será assim, como deixei claro, em razão das imposições ambientais. Perguntem à China, à Rússia ou à Índia, países emergentes como o Brasil, se buscariam ou não fazer a sua “Belo Monte” render o máximo… Eles, que não dão a menor bola para danos ambientais gigantescos (e não sugiro que o Brasil siga a trilha) o fariam ainda com mais gosto se o dano ambiental fosse, como seria o nosso ainda que se fizesse o grande reservatório, mínimo!

Que fique claro:


1 - O Brasil não precisa de energia elétrica só para satisfazer os chiliques da turma do “iTudo” e da novela;
2 - a usina não vai inundar terras indígenas;
3 - a usina não vai desalojar índios;
4 - a usina não vai mudar substancialmente o regime do rio Xingu;
5 - a inundação, como o demonstrado, é ridiculamente pequena; mais: parte dela já é inundada hoje no período das chuvas;
6 - a energia utilizada não será usada apenas pelos “grandes capitalistas”; é mentira! 70% será comprada pelas redistribuidoras, que venderão aos brasileiros, NÓS TODOS, que precisamos de energia, sim!;
7 - ainda que fosse energia apenas para empresas, é bom lembrar: elas geram empregos para os brasileiros, que, assim, se livram da pobreza; brasileiros que têm o direito de trabalhar, assim como aqueles atores da Globo;
8 - as populações ribeirinhas, não-índias, que serão desalojadas vivem hoje numa situação de extrema carência, de miséria; se esses atores querem ser úteis, deveriam se organizar para verificar se as condições de reassentamento serão mesmo adequadas. Mas isso dá trabalho.
9 - é impossível — APENAS ISTO: IMPOSSÍVEL — abrir mão das hidrelétricas em favor da energia eólica ou solar porque é técnica e financeiramente inviável;
10 - a crítica que poderia ser pertinente — o custo da usina aos cofres públicos — se perde na boçalidade à medida que os “artistas” não estão debatendo o peso excessivo do estado no empreendimento, mas tentando afirmar que tudo não passa de desperdício. É uma bobagem! UM PAÍS TEM A OBRIGAÇÃO DE FAZER INVESTIMENTOS EM INFRA-ESTRUTURA. Querem lutar contra uma bobagem? Combatam a estupidez do trem-bala. Mas sei: isso não chama a atenção do Sting ou do Leonardo DiCaprio…
11 - índios, senhores patetas, precisam, sim, de educação e antibióticos, como todos nós. A idéia de que eles vivem bem nas carências da mata é coisa de gente estúpida, desinformada ou cruel.

Perversidade dos bacanas
No texto em que fundi um pouco de política com memória, abordo a perversidade dos bacanas, que costumam ter uma visão um tanto turística da pobreza. E assim é também com a natureza. Essa gente vê o seu próprio país pelo filtro das celebridades preservacionistas americanas ou européias, devidamente financiadas por entidades que não têm qualquer compromisso com o desenvolvimento do Brasil. Não se trata de nenhum juízo conspiratório, não! Trata-se da coisa mais comezinha do mundo: interesse.

Já lhes falei, por exemplo, daquele estudo intitulado “Farms Here, Forests There”, feito nos EUA. Estava sendo divulgado por uma ONG chamada, imaginem!, “Union of Concerned Scientists”. Trata-se de uma “União de Cientistas Preocupados” com o meio ambiente, amiguinha dos nossos ambientalistas, como Marina Silva, por exemplo. Ora, quem é que deu dinheiro para o tal estudo “Fazendas aqui (nos EUA), Florestas lá (no mundo emergente, como o Brasil)? Os grandes agricultores americanos! Eu estou falando de fatos, não de teorias conspiratórias.

Essa gente pode ser boba o quanto quiser e falar as asnices que desejar. Mas têm de se expor à crítica e saber que asnices são. Eu não me oponho a que Maitê Proença tire o sutiã. Ao contrário: ainda que com poucas informações, não fornecidas pelo vídeo, eu sou é a favor. Mas não por causa de Belo Monte. Esse negócio de tirar sutiã em razão de causas ficou lá com Betty Friedan. Verdadeiramente contestador hoje é tirar o sutiã sem causa nenhuma. Só porque deu vontade.

Como vou esquecer de Vinicius, nesse caso?
(…)
Vós que levais tantas raças
Nos corpos firmes e crus:
Meninas, soltai as alças
Bicicletai seios nus!
No vosso rastro persiste
O mesmo eterno poeta
Um poeta - essa coisa triste
Escravizada à beleza
Que em vosso rastro persiste,
(…)
Por um mundo sem sutiã e de luz acesa!!!

Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Energia Eólica – Turbinas Estão Matando Sem Querer Milhares de Pássaros por Dia Alguns deles Ameaçados de Extinção na Califórnia

A Califórnia é dos estados americanos que tenta se livrar da dependência dos combustíveis fósseis com megas projetos tanto de energia solar, eólica como geotérmica.
Contudo uma nova ameaça nos céus está criando um mega desafio para o setor eólico californiano apesar dos órgãos estaduais não falem ou admitam o baita do problema.

Na realidade, a indústria de energia eólica é o componente que mais cresce no portfólio de energia verde deste estado americano.
Investidores estão colocando bilhões em fazendas eólicas para produção de eletricidade gerada pelos ventos.
Gigantes turbinas de energia eólicas são atualmente partes do paisagem de muitas rodovias do estado.
Contudo, os defensores dos animais selvagens dizem que o rápido desenvolvimento de energia eólica tem uma consequência inesperada: aves mortas, incluindo espécies protegidas como águias, gaviões e corujas.
“Os impactos cumulativos são enormes”, disse Shawn Smallwood, um dos poucos especialistas reconhecidos que estudam o impacto dos parques eólicos sobre as aves migratórias. “Não é concebível para mim não fazerem nada quando a indústria eólica pode reduzir grandemente as populações já ameaçadas de águia dourada, se não até eliminá-las.”
Energia Eólica: Califórnia Tem uma População de Cerca de 2.500 Águias Douradas
Califórnia tem uma população de cerca de 2.500 águias douradas (Aquila chrysaetos). As grandes fazendas eólicas do estado matam, em média, mais de 80 águias por ano. Enquanto isto, o estado tem como meta triplicar a capacidade eólica nos próximos anos no objetivo de se tornar o primeiro estado do país a gerar 33 por cento de sua eletricidade de fontes de energia renovável até 2020.
O condado de Kern identificou cerca de 91.000 hectares ao norte de Los Angeles como uma área privilegiada para projetos de energia eólica. Infelizmente, as colinas da região e as montanhas são campos de caça privilegiados para aves de rapina e um local de parada para as aves migratórias que viajam entre o Canadá o México.
As áreas de ventanias são bem apreciadas por aves de rapina e são também ideais para geração de energia eólica.
O especialista afirmou que não é contra a energia eólica – é uma forma viável de geração de energia – mas ela precisa ser desenvolvida com mais cuidado.
O caso em questão é que a Califórnia é conhecida pelas leis super exigentes de proteção do meio-ambiente, implementação de legislação radical sobre aquecimento global com muitos defensores-amantes radicais da natureza que até agora, incompreensivelmente, se matem bastante calados diantes do que está acontecendo com os pássaros.
Por exemplo, na área da baía de São Francisco na década de 1980 ativistas exigiram um planeta limpo na visão deles. O Estado respondeu com a criação do parque eólico Altamont Pass Wind Resource Area, o maior concetração de turbinas eólicas do mundo.
Neste parque quase 5 mil turbinas eólicas fornecem energia limpa e renovável para milhares de casas na área da Califórnia Bay.
Este parque eólico estudual aprovado e construído com recuros dos contribuintes em forma de créditos de imposto federal, mata anualmente 4.700 pássaros, entre eles 1.300 aves de rapina, das quais 70 águias douradas, de acordo com os relatórios biológicos gerados em nome dos proprietários.

Energia Eólica: Onde Estaríam os Ativistas do GreenPeace e Outros Grupos se Fosse uma Refinaria de Petróleo que Tivesse Matando Inintencional Esta Multitude de Pássaros?

Imaginem onde estaríam os ativistas do GreenPeace e outros similares super defensores do meio-ambiente se fosse, por exemplo, uma refinaria de petróleo ou uma usina nuclear que tivesse matando inintencional esta multitude de pássaros, o que estariam promovendo os ativistas defensores da natureza?
Alguns avanços como a substituição das pequenas turbinas mais velhas por novas mais altas com lâminas maiores cortou aproximadamente pela metade a morte acidental de algumas espécies em alguns locais.
Uma fator bastante peculiar é que os radicais defensores da natureza agora estão falando com o mesmo vocabulários dos desenvolvimentistas capitalistas cruéis como eles chamavam sempre.
Dizem que: “nós temos essa troca na sociedade, entre as coisas que precisam para funcionar uma economia e o fato de que nós queremos garantir que temos uma ambiente para as gerações futuras”.
“Na realidade muita gente está vendo a grande disparidade como são tratadas outras iniciativas energéticas como gás natural, carvão mineral e as fontes ditas não verdes.
“Os políticos liberais do estado estão na verdade, por um momento, dando um passe para a indústria eólica sem ligarem nada para a mortalidade dos pássaros ameaçados de extinção. Se alguém matar intencionalmente ou não uma águia destas, as penalidades incluindo multa e prisão são de grandes consequências”, afirmam especialistas.
Muito estão erguendo suas vozes e dizendo que é inconcebível que o Departamento de Proteção de Peixes e Vida Selvagem dos EUA (USFWS) que aplica e reforça os U.S. Endangered Species Act, the Bald and Golden Eagle Protection Act and the Migratory Bird Treaty Act, não tenha agido forte, como faz sempre em outras ocasiões.
Um claro exemplo é o que mostramos aqui em artigo anterior sobre a situação que os centenários agricultores do Vale de San Joaquim na California estão passando.
O USFWS para suprir água para um pequeno peixe , o delta smelt (hypomesus transpacificus, a.k.a.) toda a água para milhares de agricultores de um dos valeis mais férteis do mundo, foi abrutamente cortada deixando-os sem opção de trabalho.

Energia Eólica: ”Existe uma Hipocrisia Muito, Muito Grande Aqui”

“Existe uma hipocrisia muito, muito grande aqui”, disse um dos especialistas locais. “Se eu atirar em uma águia, é uma multa US $ 10.000 e um período de férias forçadas de um a cinco anos em uma prisão federal de minha escolha.”
Vejamos o que aconteceu em outras ocasiões em que aves foram mortas por outras atividades econômicas segundo dados divulgados na imprensa americana.
Em 2009, a Exxon se declarou culpada de causar a morte de cerca de 85 aves migratórias em cinco estados que entraram em contato com o petróleo bruto em tanques de resíduos a descoberto. A multa para a Exxon foi de US $ 600.000 dólares.
Da mesma forma, a PacifiCorp, uma distribuidora de eletricidade do estado de Oregon, levou uma multa US $ 10,5 milhões de dólares, mais restituição e melhorias em seus equipamentos, depois que 232 águias foram mortas eletrocutadas por baterem em linhas de energia em Wyoming.
E em 2005, o proprietário de uma laboratório de produção de alevinos foi condenado a seis meses de prisão domiciliar e pagar uma multa de US $65.000 dólares por atirar em uma águia que estava almoçando na parte descoberta de sua estação de reprodução de peixes.
Energia eólica geram 41.400 megawatts de eletricidade nos EUA. Até agora tudo que está sendo divulgado pela imprensa se refere somente a Califórnia. Acontece que este estado da costa oeste americana representa apenas uma fração desse total, sugerindo que o número de mortes de pássaros pelas turbinas é consideravelmente maior em todo o país.
O mais intrigante de tudo é que de acordo com registros do rigoroso USFWS não há registro do departamento ter autuado uma única empresa eólica sequer por violar uma das muitas leis que protegem as aves ameaçadas e/ou em perigo de extinção.
Nós promovemos e trabalhamos com energia limpa e renovável e consideramos energia eólica uma parte importante a ser desenvolvida e estimulada corretamente.
O que não entendemos é a radical diferença com que os ditos defensores da natureza e do antropogênico aquecimento global estão agindo ou não agindo no caso da mortalidade destes passáros na Califórnia.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Petista teve de recuar e relatório do Código Florestal é aprovado em comissão; agora vai a plenário; alguns absurdos foram desfeitos

O internauta amigo sabe que, de Bismarck a esta data, evoluíram bastante as condições em que se produzem salsichas, mas nem tanto aquelas em que se produz certo tipo de jornalismo. Preste atenção ao tonzinho meio indignado com que se vai noticiar que o senador Jorge Viana (PT-AC) “cedeu à pressão dos ruralistas” e mudou seu relatório do novo Código Florestal. “Ruralistas”, minhas caras e meus caros, nesse tipo de imprensa militante, é aquela gente horrível que só pensa em derrubar florestas para encher o bolso de dinheiro… Comida, como todos sabem, nasce nas gôndolas do Pão de Açúcar e do Carrefour. A reserva cambial brota da mente divinal de Guido Mantega e, suponho, de Marina Silva. Os “ruralistas” não têm nada com isso. Existem apenas para deixar jornalista ambientalista indignado.

Vamos lá. A Comissão do Meio Ambiente aprovou o relatório de Viana, que, CONFORME ANTEVI NO POST DE ONTEM À NOITE (aqui), foi obrigado a mudar seu relatório. ATENÇÃO! ELE FOI OBRIGADO PELOS FATOS, NÃO PELOS TERRÍVEIS RURALISTAS.

À diferença do que picareteia o jornalismo ambientaleiro (”picareteia” é do verbo que acabo de inventar: “picaretear”; “ambientaleiro” é o ambientalista estilo metaleiro; que produz som pesado e gritaria), não existe “anistia” nenhuma no texto. “Anistia”, procurem no dicionário, é “perdão”. Quem desmatou depois de julho de 2008 será fatalmente multado. Quem desmatou antes terá de fazer compensação ambiental — tem tarefas a cumprir, portanto. Ou será multado. Chamar isso de anistia é picaretagem, é mentira, é enganação.

Viana queria que a possibilidade de aderir às compensações em lugar da multa fosse reservada apenas aos proprietários de até quadro módulos fiscais e que ainda se enquadrassem na categoria de “agricultura familiar”. A tese era a seguinte: crime de pequeno pode; crime de gente maiorzinha tem de ser punido. É o princípio esquedopata segundo o qual “todos são desiguais perante a lei”. Tenham paciência! Ele teve de recuar. A possibilidade de compensação vale para todos.

Também aquela loucura de proibir a pecuária em áreas com declive acima de 25 graus foi mudada, restabelecendo o texto original: a atividade volta a ser permitida em terrenos entre 26 e 45 graus, desde que cumpridas certas exigências. Atenção! Isso, à diferença do que informam os fazedores de salsichas ao estilo do século 19, não é do “interesse dos ruralistas”, mas do interesse do Brasil. Proibir a pecuária em terrenos acima de 25 graus de declive simplesmente inviabilizaria a produção de leite de Minas, por exemplo. É assim porque assim são os fatos, não porque os ruralistas queiram. Ou apontem um lugar alternativo para dar comida para as vacas que dão comida para o povo, caramba!!!

O texto segue para votação em plenário e depois tem de passar de novo pela Câmara, de onde partiu, já que foi modificado no Senado. O Greenpeace e a Marina Silva não gostaram do resultado. Que dúvida! No dia em que gostarem de tudo, perdem a causa e a visibilidade, né? Não sei se Marina tinha uma alternativa ao leite que deixaria de ser produzido em Minas… Aquela empresa de cosmético já inventou alguma papinha infantil que use como matéria prima a baba das virgens dos povos isolados? Taí uma linha de pesquisa na qual se pode investir, né?


Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Código Florestal: relatório de petista investe na confusão

Vamos lá discutir mais um desses temas que opõem os falsos progressistas aos falsos reacionários. Por que recorro a esses termos? Porque, a se fazer o que, desde sempre, pretendiam os ditos “amigos da natureza”, os punidos seriam os agricultores pobres. Tenham como certo e definitivo uma coisa: os grandes empresários rurais já estão dentro da lei; já se encaixam nos Códigos — o antigo ou o novo. Não por acaso, há pouco, no Jornal Nacional, quem falou em defesa das restrições mais estritas foi um representante do grupo Cosan, que tem, entre outras marcas, a “União” — do “açúcar União”.

É PRECISO PÔR UM FIM AO MITO DE QUE OS GRANDES PROPRIETÁRIOS E OS GRANDES RURALISTAS SÃO CONTRA O VELHO CÓDIGO E PATROCINAM O NOVO. É mentira! Os grandes produtores de cana, de soja, de papel e de carne não têm qualquer problema com a lei. Esses que aparecem como “ruralistas malvados” estão, eles sim, em defesa dos pequenos proprietários: são os “falsos reacionários”, os verdadeiros progressistas.

O senador Jorge Viana cometeu alguns absurdos no seu relatório sobre o meio ambiente. E de tal sorte fez besteira que tenho quase a certeza de que terá de haver um recuo, mudança ou como queiram chamar. Ou se muda, ou o Brasil terá, logo, uma crise no abastecimento de leite, por exemplo. A pecuária ficaria proibida em áreas com declividade acima de 25 graus. Desenhem aí no papel um ângulo de 90 graus. Dividam ao meio: 45 graus. Se você não tiver um transferidor, divida de novo: 22,5 graus. Aumente um tiquinho. Se o gado em pastos com declividade de 26 graus tiver de deixar o terreno, o leite terá de ser substituído pela garapa da Cosan… Ah, sim: QUEM PRODUZ LEITE NESSES TERRENOS? OS GRANDES PECUARISTAS? Ora…

Há dois outros absurdos. As informações que estão nos grandes portais sobre o assunto são sínteses de um texto publicado pela CNA, que está abaixo. Volto depois.
*
A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, apontou graves retrocessos no relatório sobre o texto do novo Código Florestal, apresentado ontem na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado, resultado do descumprimento do acordo acertado com o senador Jorge Viana (PT-AC), relator da proposta que poderá ser votada, amanhã (23/11), na CMA.

Os pontos, considerados até então “inegociáveis”, foram detalhados nesta terça-feira (22/11) em entrevista coletiva, na sede da CNA, em Brasília, e tratam principalmente das regras para a consolidação da produção de alimentos em margens de rios e topos de morros, consideradas Áreas de Preservação Permanente (APPs), e aplicação de multas em propriedades rurais. Segundo a senadora, a polêmica em torno destes itens havia sido resolvida durante as negociações com o relator, mas voltaram à tona na nova versão apresentada na última segunda-feira pelo senador Jorge Viana. Na sua avaliação, as mudanças nas regras acordadas podem causar sérios prejuízos ao setor, especialmente aos pequenos e médios produtores.

Um dos retrocessos identificados pela presidente da CNA é a alteração do artigo que previa a conversão das multas após a regularização ambiental nas propriedades acima de quatro módulos fiscais. Este foi um dos ganhos obtidos pelo setor agropecuário no relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), aprovado nas Comissões de Constituição e Justiça, Agricultura e Ciência e Tecnologia. A suspensão das multas estava condicionada à adesão dos produtores ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), que converteria as punições em serviços de preservação e melhoria do meio ambiente, cumprindo as exigências previstas pelo PRA nos Estados. No entanto, o texto do senador Jorge Viana restringiu a conversão destas multas apenas à agricultura familiar e às propriedades com até quatro módulos fiscais consideradas produtivas.

“Era uma questão resolvida. Não se falou mais em anistia, porque o produtor não teria anistia. Ele faria sua adesão ao PRA, comprometendo-se a recompor a propriedade, para não ter a multa. Neste caso, por que manter a multa? É um castigo ideológico para quem emprega 37% dos brasileiros”, disse a senadora. Outro ponto criticado por ela no texto foi em relação à consolidação das áreas de produção em APPs, nas margens dos rios. Em um dos artigos, o texto do senador Jorge Viana garante a consolidação de infraestrutura nestas áreas, mas obriga a recomposição de vegetação nas margens de rios, em pelo menos 15 metros para rios com até 10 metros de largura. Para cursos d’água acima de 10 metros de largura, a recomposição deverá corresponder à metade da largura do rio, observando o mínimo de 30 metros e o máximo de 100 metros. “De que adianta consolidar um curral se não podemos ter a pastagem em volta do curral ou o milho que vai alimentar o frango?”, indagou.

A presidente da CNA também avaliou como negativo no texto do relator o dispositivo que muda o conceito de topo de morro, proibindo a produção em áreas de declividade acima de 25 graus, o que inviabilizaria toda a produção de leite de Minas Gerais e a atividade rural em outras regiões do País. Pela legislação ambiental em vigor, as áreas consideradas topos de morro estão acima de 45 graus de declividade. “Uma área com 25 graus de declividade é um terreno plano e grande parte da produção se dá nessas áreas”, explicou a senadora. Com estes pontos negativos para o setor rural, a senadora informou que negociará a apresentação de emendas ao texto. Ela admitiu que, se estes pontos não forem revistos, a votação do novo Código Florestal, marcada para amanhã na Comissão de Meio Ambiente e prevista para ser votada na próxima semana no plenário da Casa, poderá ser adiada, com a possibilidade de ficar para 2012.


Voltei
Uma vez fiz uma piada meio mórbida aqui. Cheguei a dizer que os ditos “ruralistas” eram bobos de ficar dando murro em ponta de faca. Até brinquei: “Vamos fazer tudo o que Marina quer! A produção agrícola despenca. Como o preço é determinado pela lei da oferta e da procura, para quem produz, a partir de determinada quantidade, é melhor produzir menos do que mais; dá menos trabalho! Como diria o Apedeuta antigamente, “menas comida, mais preço”. Ou não?

Vejam a proposta de Jorge Viana para as multas. Nunca, como deixei claro aqui, houve a proposta de anistia. Para ninguém! Os que desmataram até julho de 2008, segundo o que tinha sido acordado, poderiam aderir a um programa de compensação ambiental. E sem a adesão? Multa! Isso é anistia? Não! Mas os “progressistas” pressionaram, e Viana decidiu ceder: na sua proposta, só pode aderir ao programa e não pagar multa os proprietários de até quatro módulos que se encaixem no conceito de “agricultura familiar”. Ahhh… E o que é isso? Quem vai definir? Como se vai estabelecer o que é e o que não é “agricultura familiar”?


Uma coisa é conceder incentivos especiais para os pequenos promoverem reflorestamento, não dando benefícios aos grandes. Outra, muito distinta, é criar uma casta que pode desmatar: “a da agricultura familiar”. Aí entra o Ministério Público com uma falsa questão: “Mas isso é injusto com quem não desmatou”. Injusto seria se houvesse mesmo anistia; como ela é falsa, não há injustiça nenhuma. Livra-se da multa quem fizer a compensação ambiental, obrigação a que não está sujeito, obviamente, quem não desmatou.

Bem, vamos ver como as negociações caminham. As alterações propostas por Jorge Viana são inaceitáveis para o Brasil que produz. Chego a duvidar que prosperem. O tempo e as negociações dirão. O que sei é que o Parlamento brasileiro tem a obrigação de não dar um tombo na produção rural brasileira, ainda que os ambientalistas “progressistas” o desejem.

Texto publicado originalmente às 22h32 desta terça

Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Mortes envolvendo motos disparam em pequenas cidades

Nos últimos dez anos, número equivale ao total de americanos mortos na Guerra do Vietnã

O aumento da frota de motos em circulação no Brasil se tornou responsável por uma das piores epidemias que o País já enfrentou. Foram 65 mil mortes em acidentes com motocicleta nos últimos dez anos - número equivalente ao total de americanos mortos na Guerra do Vietnã.

E não é nas grandes metrópoles litorâneas ou do Sudeste que as mortes têm maior peso nas estatísticas. São as pequenas cidades do interior, especialmente do Nordeste, Norte e Centro-Oeste do País, que concentram as maiores taxas de mortalidade por quantidade de motos ou motonetas em circulação - em municípios como São Gonçalo do Piauí (PI), Ribeirãozinho (MT) e Aurora do Tocantins (TO).

Em números absolutos, as mortes em cada uma dessas cidades podem não impressionar. São duas, três, dez por ano. Por isso, não provocam tanto barulho. Mas, quando somadas, configuram uma epidemia só comparável à provocada pelos assassinatos. E as vítimas têm o mesmo perfil: jovens de 20 a 29 anos, do sexo masculino e de baixa renda. Nessa faixa etária, nem câncer nem enfarte nem nenhuma outra doença mata mais do que as motos. Só as armas de fogo.

Entre as capitais, São Paulo ocupa apenas o 13.º lugar no ranking da mortalidade envolvendo motociclistas. O Rio fica em 15.º. A campeã, com uma taxa três vezes maior, é Boa Vista (RR), seguida de perto por Palmas (TO).

O Ministério da Saúde se diz preocupado com o crescimento das mortes, mas há poucos programas de abrangência nacional em curso para combater a epidemia.

O aumento das mortes está diretamente ligado ao avanço da frota sobre duas rodas que, de 2000 a 2010, cresceu quatro vezes de tamanho. É exatamente a mesma taxa de crescimento do número de mortes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A legislação ambiental do estado é defasada, diz Spengler

Romulo Faro da Tribuna da Bahia

A proposta de reestruturação das políticas estaduais de meio ambiente, enviada em projeto de lei à Assembleia Legislativa na semana passada, pelo secretário do Meio Ambiente do Estado (Sema), Eugênio Spengler, propõe o aumento da fiscalização e do controle ambiental, porém, com um sistema de concessão de licenças mais fácil para os empreendedores, menos burocrático.


O secretário explicou que o projeto é continuidade do que já foi feito no início do ano com a fusão do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá) e do Instituto do Meio Ambiente (Ima), que formaram o atual Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). O projeto também prevê a transferência de parte das funções da Sema para o Inema.

“É uma primeira parte da integração institucional e agora estamos viabilizando através da mudança da política de meio ambiente e da política de recursos hídricos, criando as condições também para execução das políticas como um todo”, afirmou Spengler, em entrevista à Tribuna. Além do concurso público que será realizado na Sema, Eugênio Spengler destacou a intenção do governador Jaques Wagner (PT) de desburocratizar a concessão de licenças.

E vem revolução por aí. “O cidadão vai ter uma assinatura eletrônica”, comemora o secretário. “Em um termo de compromisso, ele vai declarar como funciona seu empreendimento, terá um responsável técnico, terá localização geo-refenciada e terá uma planta da construção. Tudo em arquivos digitais. De sua casa, o cidadão poderá fazer. No momento em que ele preencher todos os pré-requisitos necessários, a licença será emitida automaticamente e eletronicamente.

Ele poderá imprimir a licença na casa dele”, explica Spengler. O sistema deverá estar em funcionamento em janeiro do próximo ano, mediante aprovação do projeto na Alba.

Outro ponto do projeto destacado pelo gestor do meio ambiente foi a possibilidade de a Sema celebrar convênios com outras estruturas de estado que também têm competências fiscalizadoras, “a exemplo da Companhia de Polícia Ambiental do Estado, órgãos e fiscalização sanitária”. “Há um reforço fundamental na questão da fiscalização e vamos adotar também estrutura tecnológica de geo-processamento, imagens via satélite. Isso nos ajuda a monitorar e controlar a questão ambiental, principalmente o desmatamento, que é uma demanda importante na Bahia.

Spengler reconheceu, no entanto, que a legislação ambiental vigente no estado é defasada. “Avaliamos, especificamente aqui na Bahia, que precisamos - e é isso que estamos fazendo -, modernizar a estrutura de Estado, tanto federal quanto estaduais e municipais, para adequar à demanda de atendimento da sociedade. No caso dos licenciamentos, especificamente, a base legal do licenciamento é da década de 1980.

Hoje nós temos muito mais estrutura de informação e tecnológica. Se adotarmos a análise de processos ambientais no desenvolvimento das políticas, teremos uma qualidade maior na análise”.

domingo, 20 de novembro de 2011

Tira, põe, deixa ficar

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

O processo de tomada de decisão da presidente Dilma Rousseff é de difícil compreensão, mas exibe uma característica visível a olho nu: não é, recorrendo a Fernando Pessoa, um poema em linha reta.
Desde as primeiras decisões bem no início do governo até suas atitudes nessa obra inacabada de escândalos em série na Esplanada dos Ministérios, Dilma se notabiliza pelo vaivém.
Com a mesma assertividade com que sinaliza numa direção, em seguida segue no rumo oposto.
Numa versão otimista, isso revela personalidade maleável, embora não seja esse traço de seu perfil o que seus próprios auxiliares ressaltam quando relatam episódios da mais absoluta intransigência no trato cotidiano.
Os fatos mostram uma realidade diferente, alvo de críticas por parte de aliados: pressionada, Dilma avança ou recua nem sempre tomando a resolução que seria a mais adequada, mas sim aquela que as circunstâncias a obrigam a tomar.
Ocorreu quando da votação do Código Florestal na Câmara, obrigando a liderança do governo a desfazer um acordo na última hora em plenário.
Aconteceu no caso da prorrogação do prazo para pagamento de emendas parlamentares de 2009: primeiro anunciou de maneira peremptória que não prorrogaria, mas dois dias depois foi obrigada a mandar dizer o contrário ante a reação negativa dos partidos aliados.
Em maio, foi a vez da lei de acesso à informação. Dilma declarou-se contra o sigilo eterno, mudou de opinião - tendo como porta-voz a ministra Ideli Salvatti - para agradar aos senadores Fernando Collor e José Sarney, mas, diante da posição favorável à liberação dos militares e do Itamaraty, voltou a defender o texto que, afinal, sancionou na sexta-feira pondo fim ao sigilo eterno.
Depois disso, tomaram conta da cena as idas e as vindas nos casos dos ministros envolvidos em escândalos. A todos eles emprestou apoio num primeiro momento para terminar por demiti-los pelas mesmas razões que os levaram à berlinda, alongando o tempo de desgaste.
Seria Dilma uma pessoa indecisa? Não parece. O problema talvez esteja na ausência de um "entorno" experiente, na falta de um conselheiro como Lula teve em Márcio Thomaz Bastos e no temor que impõe à equipe, que, intimidada, prefere deixar a presidente errar sozinha a correr o risco da humilhação.
Apesar dos pesares. Marta Suplicy é antipática? Sabe ser. Arrogante? Como ninguém. Inadequada com as palavras? Às raias da inconveniência.
Diga-se o que for, goste-se dela ou não, uma coisa é certa: a senadora é das raras pessoas no PT que não segue a cartilha do Amém. Tem tutano.
Mas escorrega onde outros colegas de vários partidos também tropeçam: ao sobrevalorizar o cargo executivo em detrimento do mandato parlamentar.
Marta enfrentou uma eleição difícil, quase perde para um adversário de coalizão de nível (político) sofrível, e poderia muito bem dar-se por orgulhosa de ter sido escolhida para representar São Paulo no Senado.
Sem precisar entrar em atrito inútil no partido ou diminuir-se por nomeação em ministério.
Bipartidarismo. Em longa entrevista - que ainda merece novos comentários - à repórter Raquel Ulhôa, do jornal Valor Econômico, Ciro Gomes afirmou ter ouvido de Lula a ideia de formar um só partido açambarcando as legendas hoje sob área de influência do PT: "A intenção é aniquilar essas frações", disse.
Testemunhas de que Ciro não exagera são diversos jornalistas que no início do primeiro mandato tiveram dois encontros com o então presidente em que ele disse o mesmo.
Defendeu a volta do bipartidarismo durante café da manhã no Palácio do Planalto e reafirmou simpatia à tese em jantar meses depois. Lula nunca mais voltou a falar do assunto em público, o que não significa que tenha abandonado a ideia.

O papel lateral que os partidos da base tiveram nos dois governos de Lula e continuam tendo com Dilma, sem participação efetiva no núcleo de poder, indica apreço ao projeto.

Alunos da Unirio, da USP e de todo o Brasil, vejam como os esquerdistas de butique seqüestram o seu futuro, mas têm o deles garantido. Espalhem este p

Alunos da Unirio, da USP e de todo o Brasil, leiam este post. Se acharem que ele diz a verdade, espalhem! E votem na liberdade!

Desde que eu participei do movimento estudantil, a realidade é a mesma: esse rapazes e moças de extrema esquerda que vocês vêem desfilando pela universidade, muitos deles com suas roupas CUIDADOSAMENTE ESQUISITAS, com aquele estilo mulambento-fashion e o cabelo RIGOROSAMENTE DESPENTEADO — uma coisa, assim, “Luan Santana leninista” —, essa gente, na sua maioria, vem de famílias abastadas, cheias da nota. PODEM LUTAR PELA REVOLUÇÃO QUE NUNCA HAVERÁ PORQUE SEUS PAIS JÁ ACUMULARAM PATRIMÔNIO POR ELES E PARA ELES.

Alunos da Unirio, da USP e de todo o Brasil, a esmagadora maioria dos “comunistas” que vocês conhecem na universidade é composta de pessoas muito mais ricas do que vocês. Eles têm uma “desculpa” histórica para isso: Lênin era filho de um alto funcionário público da burocracia czarista, e o pai de Trotsky era da aristocracia rural. Stálin, o assassino profissional, era filho de sapateiro — daí que os trotskistas em particular detestem essa conversa de debater a origem social dos “revolucionários do toddynho”. Eles acham que revolucionário pobre acaba fazendo cagada! E acham que o não-revolcionário pobre é só um arrivista que quer subir na vida! Como não precisam disso, então cuidam da “revolução”, entenderam?

Pensem bem: na opinião de vocês, qual a chance de o Brasil passar por uma revolução socialista nos moldes que eles imaginam? Zero!!! LOGO, A LUTA DELES NÃO TEM FUTURO, MAS O FUTURO DELES ESTÁ GARANTIDO. Vão ficar alguns anos nessa brincadeira, com seus papais e mamães acompanhando tudo a uma prudente distância, e depois voltam para os braços da “burguesia” que dizem detestar. Assumirão os negócios da família, a administração de seu patrimônio etc. E pronto!


Mas e vocês? E vocês que realmente dependem da conclusão do curso para ter uma vida mais confortável? E vocês que, já hoje, só estudam porque trabalham para se manter? E vocês que não têm tempo para participar de suas assembléias intermináveis, plenárias intermináveis, reuniões intermináveis? Vocês não têm para onde correr. São vocês por vocês mesmos! Não estão na universidade para torrar alguns tostões do patrimônio familiar. Ao contrário! Ainda precisam construir o seu próprio patrimônio para poder dar uma vida mais confortável do que tiveram a seus filhos.

É justo que essa gente fique tiranizando a universidade porque já está com a vida garantida? É justo que essa gente fique promovendo greves e invasões, ameaçando o seu futuro? Vocês estão dispostos a perder o ano porque PSOL, PT, PCO, PCdoB ou sei lá quem decidiram que a universidade é só um lugar para eles aplicarem os princípios dos seus respectivos partidos? Deve haver um ou outro militantes pobres! Mas são exceções. O Globo publicou uma reportagem com alguns pais de invasores da Reitoria da USP que foram detidos. Um é um empresário bem-sucedido. Outro é engenheiro. Três outros são professores que exercem cargos importantes nas universidades em que atuam.

Durante a invasão da Reitoria, VEJA flagrou dois “revolucionários” deixando o prédio por alguns instantes. Foram tomar um banhinho em casa, comer a papa na mama, para voltar em seguida. Um deixou o prédio num Polo sedan; outro saiu num Kia Soul estalando de novo! Nota: a invasão da Reitoria foi promovida por seitas de extrema esquerda. Trotsky ao menos rompeu com a família e passou um tempo morando num quintal de um jardineiro. Os Lênines e Trotskys da USP, da Unirio ou da UnB não abrem mão do conforto. E não cobre nada deles, hein? Dirão que são a favor de Kia Soul para todo mundo!!!

Vocês, estudantes que estudam; vocês, estudantes que trabalham e estudam, vocês todos são reféns de gente que está com a vida ganha e que apenas está a fim de exercer por algum tempo seus hormônios revolucionários. Se eles perderam um ano, tanto faz! Na hora de disputar o mercado de trabalho, não raro, o paizão mobiliza um pistolão e dá uma ajudinha. Já vocês terão de se virar por conta própria.

Mas eles não têm dúvida: os reacionários são vocês!
Mas eles não têm dúvida: os conservadores são vocês!
Mas eles não têm dúvida: os alienados são vocês!

Notem que, em certa medida, eles têm razão. Explico-me. Há mesmo uma “luta de classes” nas universidades públicas: entre os pobres que querem estudar porque precisam construir o futuro e os ricos que querem fazer a revolução porque seu futuro já está garantido por seus respectivos papais reacionários.

Pensem nisso!
Vote, maioria silenciosa da Unirio!
Vote na qualidade do seu curso!
Vote por uma “Unirio Livre” dos burguesotes de extrema esquerda!
E que, de fato, o movimento em favor da liberdade ganhe o país.

Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Lupi culpa Dilma: ‘Ela quer que eu fique’


O regresso ao picadeiro foi ainda mais bisonho e bizarro que o numerito de estreia. Parlamentares oposicionistas escancararam a fábrica de mentiras e ampliaram o acervo de bandalheiras. Fora o inevitável Eduardo Suplicy, os companheiros do PT nem deram as caras. Os parceiros da base alugada resolveram antecipar o fim de semana. Dos três senadores do PDT, um desejou boa sorte ao presidente licenciado e dois recomendaram que caia fora do primeiro escalão federal. Durante o depoimento no Senado, Carlos Lupi só foi consolado pela solidariedade silenciosa do ex-suplente Wellington Salgado, o Rapunzel de Bordel, e pela estridência velhaca do representante do PCdoB, Inácio Arruda. O Clube dos Cafajestes e a Irmandade dos Órfãos da Albânia. Tudo a ver.

Morto insepulto em adiantado estado de decomposição, o que anima o ainda ministro do Trabalho a apodrecer em público, cuspindo cataratas de mentiras e perseguindo pateticamente a ressurreição impossível? “Ela quer que eu fique”, disse no meio da discurseira. Ela. Dilma Rousseff. O que ouviu exatamente?, quis saber um senador. “Só posso me limitar a dizer que ela pediu que eu continuasse”, fez mistério o depoente, caprichando na pose de quem parou de tratar de assuntos íntimos na frente dos outros. Há uma semana, na Câmara, o galã de bolerão acusou-se de amar a presidente da República. Nesta quinta-feira, na Casa do Espanto, o rufião de botequim acusou-a de querer que fique onde está.

A segunda revelação é mais constrangedora que a primeira. Até agora, imaginava-se que a vassoura da faxineira de araque só saía do armário na hora de varrer sujeiras para baixo do tapete. Graças a Lupi, descobriu-se uma segunda serventia: em situações de alto risco, é transformada na muleta que mantém de pé um entulho apaixonado.

Diário da Dilma: Em festa de jacu inhambu não pia

PUBLICADO NA EDIÇÃO DE NOVEMBRO DA REVISTA PIAUÍ

1º de outubro – Ê lerê. Serginho Cabral veio chorar a distribuição dos royalties. O menino está magoado, mas sabe argumentar: imitou o Lula duas vezes, fez troça com a Iriny Lopes e soltou um trocadilho com o nome do presidente da Renault. Ainda disse que eu emagreci. Me convenceu.

2 de outubro – Bulgária, terra boa e sestrosa. Antes de deixá-la, meu pai profetizou que os Rousseff retornariam, trazendo orgulho e laquê à nação. Duro é ter de ir antes à Bélgica. Esse pessoal da Fifa está passando dos limites. Querem acabar com a meia-entrada, exigem os estádios no prazo e ainda pretendem abolir o superfaturamento nacional. Por sugestão do Temer, com quem aprendi que futebol se joga com onze, contrapus que cada time jogasse com doze. Seria um modo de empregar mais gente, a base aliada ia ficar feliz. A resposta veio curta e grossa. Non! Vou mostrar a eles o que é non. Marquei uma reunião com o Blatter para dizer umas verdades.

3 de outubro – Blatter deu o bolo por causa dos boatos infundados sobre o meu jeito ríspido de negociar. Mandou o secretário-geral. Já não basta estar aterrissando em Bruxelas, que, do alto, parece mais sem graça do que um fim de semana com o Alckmin. Assim que eu entrei na sala, encarei o sujeito e soltei um “meu querido”. Se a gente não se impõe, a Fifa faz o que quer.

4 de outubro – Dei uma prensa nos dirigentes da Europa. Só porque eles representam o berço das civilizações ocidental, pensam que podem afundar o mundo numa crise econômica e estabelecer a capital deles na Bélgica. Sugeri que se mudassem para Londres, onde tem sempre um bom musical em cartaz e a gente pode esbarrar na princesa Kate. Deixei claro que, caso precisem, posso indicar um excelente consultor em Ribeirão Preto.

5 de outubro – Foi lindo voltar à terra do papai. É bom visitar a família com verba pública. Presidenta tem dessas coisas, não é só demitir ministro, não. Ganhei até a ordem Stara Planina. Não aguentei e acabei emprestando 32 bilhões de reais a fundo perdido. Fico só pensando na cara daquela sirigaita que se insinuava para Tzvetan Todorov, a Kubrika Ksibeleya, quando me vir com a Stara Planina. Vai se roer de inveja.
Será que o Tzvetan envelheceu bem? Era um pedaço de mau caminho.

6 de outubro – Ai, início do mês e já estou exausta! Se eu pudesse emendar até 12 de outubro! Mas o feriado cai bem numa quarta-feira… fica chato enforcar quinta e sexta. Podia decretar a semana do saco cheio presidencial. Estudante não tem? A bem da verdade, ainda bem que papai veio para o Brasil. Deus me livre morar na Bulgária. E aquelas primas que visitei em Gabrovo! Ô gente feia…

8 de outubro – Fui periquitar em Istambul. O chato do Luiz Sérgio pediu uns temperos para aquela sardinha na panela de pressão com banana-de-são-tomé. Isso é que dá ficar concentrando tudo. O Patriota nem para arrumar uma brecha para eu dar uma voltinha no Grand Bazaar. Dizem que tem joias baratíssimas e cada bolsa! Ninguém percebe que é falsa. Como a Turquia é bonita. Fico pensando como esses bigodes todos cairiam no Lobão.

9 de outubro – Aecinho declarou que está pronto para ser candidato à Presidência. Ansioso esse menino. Nem parece mineiro. Mas não vou me meter. Em festa de jacu inhambu não pia. Mamãe nem me viu chegar e já foi perguntando se eu trouxe miçangas, a ceroula e a touca que ela pediu. Nem boto o pé em Brasília e começam a me pedir coisas. Só me falta ter que demitir mais um ministro. Me preparei para ver A Fazenda e pimba! A pasta de ricota que tinha deixado na geladeira azedou. Não posso deixar mamãe tomar conta de casa.

10 de outubro – Você chega de viagem e é só e-mail, telefonema, greve e o Lula ligando sete vezes por dia para me perguntar onde vai ser a próxima inauguração. Tem até recado do Kassab para falar da posição dele sobre o Código Florestal: “Presidenta, o PSD é a favor de anistia ampla, geral e irrestrita aos pequenos e grandes fazendeiros que atuam de forma produtiva, sem desmatar. Mas o partido quer deixar claro que também apoia os que desmatam.” Por que perco tempo com isso?

14 de outubro – Gente, está uma calmaria isso aqui. Estou até estranhando. A Mônica Salmaso não ia lançar um cd novo? Sonhei com o Lobão de ceroula búlgara dizendo que estourou o limite do cartão corporativo. Achei catito.

15 de outubro – Fiquei morrendo de medo quando vi no jornal que o Toddynho quase matou não sei quantas crianças. Todo dia eu tomo um de madrugada. Acordo com aquela fome e faço uma boquinha com goiabada e um Toddynho, às vezes dois. Minha tia fica de olho. Quando ela pergunta, me faço de morta e digo que servi para o Gabriel. Ela finge que acredita.

16 de outubro – Já decidi: não tem meia-entrada na Copa, se quiserem podem servir até cicuta nos estádios, enfim, a Fifa que faça o que quiser.
Não entendo nada de futebol, acho uma chatice, meu interesse é zero. Foi o Lula que tratou com a Fifa e eu é que tenho que pagar a conta. Conserta aeroporto, constrói estádio, faz linha de ônibus, aguenta esse PCdoB com suas ONGs. Mas uma herança do Fofo…

17 de outubro – Ai, meu santo Stálin. Até tu, Orlando Silva? Até tu, PCdoB? É bem verdade que o último PM histriônico que apareceu na tevê era marido da Susana Vieira. Deu no que deu.

18 de outubro – Agora é na marra: vou cortar o ponto desses grevistas dos Correios. Quer moleza? Senta no pudim.

20 de outubro – Digam o que quiserem, foi-se um líder fashion das Arábias. Não fossem aquelas roupas divinas, teria apoiado bem mais cedo os insurgentes. Ando pensando em sapecar um “meu querido” no Orlando Silva. Melhor dosar para o momento certo.

21 de outubro – Não entendo esses jornais todos noticiando “Dilma mantém ministro dos Esportes”. Isso lá é notícia? Injustiça maior foi a final de A Fazenda: estava na cara que a Monique merecia ganhar.

22 de outubro – Aquele negócio de Pan já começou? É em Cochabamba, né? Ninguém atende minhas ligações lá no Ministério dos Esportes.

23 de outubro – Lá vamos nós inaugurar uma ponte estaiada. É bom deixar claro que não é só a oposição que detém a tecnologia.

24 de outubro – Santa periquita! Aquela foto de cocar é um horror! Negócio de índio dá o maior azar. De qualquer jeito, estou melhor que o Lula. Pelo amor de Deus, como está gordo o Fofo. Prosperidade dá nisso.

25 de outubro – Fiquei discutindo com a empregada o que servir no jantar dos velhinhos. Tive que convidar o Jimmy Carter e aquele bando da quarta idade para não ficar dando pinta que estava louca para encontrar o Fernando Henrique de novo. Ele é incrível! Quanta pertinácia! Pena que não ficou mais um pouco para tomar um licor lá de Uberaba.

26 de outubro – Não teve jeito: governar é demitir ministros. O Orlandinho bem que tentou continuar agarrado à rapadura, mas lhe dei um chega pra lá. Que venha outro albanês!

27 de outubro – Pelo menos não tem perigo de o Aldo Rebelo desmatar campos de futebol. Amanhã é dia de São Judas Tadeu, o das causas impossíveis. Será que se eu pedir para me livrar do Lula o santo atende?

Para a turminha do PT


Todo sábado sai a revista Veja e esse dia é o terror dos petistas. O que ela trará esse fim de semana?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Seu genoma, baratinho

Fernando Reinach

No dia 26 de junho de 2000, após uma luta que durou dois anos, Bill Clinton juntou os pugilistas financiados pelo governo e os boxeadores de uma empresa privada e decretou o empate. Os dois grupos dividem o mérito de terem sequenciado o genoma humano. No meio de tanta fanfarra e euforia, pouco se comentou sobre o que ainda não sabíamos e quão difícil seria a próxima década.

Todo geneticista sabe que o "genoma humano" não existe, é uma abstração. O que existe é o genoma de cada indivíduo da espécie humana. E, como somos diferentes, o genoma de cada um de nós é diferente do genoma de todos os outros Homo sapiens que habitam o planeta (exceção para gêmeos univitelinos). Para obter uma ideia concreta do que está presente no genoma de nossa espécie, o genoma de milhares de pessoas teriam de ser sequenciados e comparados.

Os geneticistas também sabiam que a sequência de DNA, de 3 bilhões de letras, continha toda a informação necessária para construir e manter vivo um ser humano, mas observavam estarrecidos aquela enorme quantidade de dados. Da mesma forma que uma criança recém-alfabetizada observa uma enciclopédia, sabendo que ela contém informações valiosas, mas é incapaz de ler e interpretar as informações, os geneticistas observavam a sequência de DNA, imaginando como e quando terminariam de decifrá-la.

Todos imaginavam que sequenciar genomas completos abriria inúmeras possibilidades para a medicina, principalmente para o diagnóstico e tratamento de doenças ligadas diretamente a mudanças genéticas, como o câncer e doenças genéticas. Em muitas outras doenças, os genes que herdamos contribuem para o surgimento dos sintomas e o progresso da doença. É o caso de diabete, hipertensão, doença de Alzheimer e dezenas de outras em que a propensão genética é um dos fatores de risco.

Mas, no ano 2000, a possibilidade de sequenciar dezenas de genomas, compreender o papel de cada um dos nossos 23 mil genes e utilizar o sequenciamento do genoma como método diagnóstico eram sonhos. Tudo porque o custo de sequenciar um genoma era altíssimo. Para sequenciar o genoma anunciado por Bill Clinton foram gastos US$ 3 bilhões. Com esse custo, sequenciar milhares de genomas para entender a diversidade humana era proibitivo. Usar o sequenciamento completo em pesquisas que nos levassem a compreender a ação dos genes, nem pensar. Imaginar que um dia o sequenciamento completo do genoma de uma pessoa pudesse ser um método rotineiro de diagnóstico habitava a mente dos geneticista em sonhos ou delírios etílicos.

Mas o impossível ocorreu. Hoje é possível sequenciar o genoma de uma pessoa por aproximadamente US$ 3 mil, um valor que corresponde a um milionésimo do que custou o primeiro genoma, 11 anos atrás. O progresso no desenvolvimento da tecnologia de sequenciamento de DNA nos últimos dez anos foi mais rápido que o progresso no desenvolvimento dos microprocessadores. Enquanto o custo dos chips para computadores foi reduzido pela metade a cada dois anos, o custo do sequenciamento de DNA foi reduzido para 1/15 a cada dois anos.

A história desse desenvolvimento tecnológico está contado no livro Seu Genoma por Mil Dólares, de Kevin Davies. A competição entre as empresas que desenvolveram a tecnologia, a história das empresas que estão tentando criar produtos a partir dessa nova tecnologia e os dilemas éticos criados pela possibilidade de sequenciar o genoma de cada um de nós são contados de maneira simples em um livro que tem o sabor de ficção científica e aventura.

Ao contrário dos novos microprocessadores que aparecem todos os anos nos nossos laptops e celulares, a tecnologia usada no sequenciamento de DNA ainda não faz parte de nossa vida, mas com a possibilidade de sequenciar cada genoma baratinho, baratinho, nos próximos anos ela vai fazer parte de nosso cotidiano.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A fonte do nosso atraso



Com o poder público produzindo controles insanos 24 horas por dia, e mantendo a infraestrutura pouco além da Idade da Pedra, não há como o Brasil ser mais competitivo e sair de onde está.

J. R. Guzzo

O Brasil acostumou, nos últimos anos, a ouvir, falar e discutir a palavra “competição”, ou sua forma mais alongada, “competitividade”. Não só o Brasil.

Na maioria dos países com ambições de crescer, ou de defender sua posição econômica atual, medidas para melhorar a infraestrutura, simplificar o sistema legal e apoiar a atividade produtiva, com o objetivo de enfrentar a competição internacional, passaram a ser um objetivo estratégico de governos, partidos políticos, empresas e até de sindicatos.

Uns fazem tal trabalho com mais competência. Outros com menos. Alguns não fazem nada – ou fazem tão pouco, tão devagar e tão mal que acaba dando na mesma. Para todos, porém, vale a mesma lei: os resultados de cada um, medidos em termos de desempenho econômico, estão diretamente ligados à sua capacidade de competir.

Quem faz o que deve ser feito vai adiante. Quem não faz fica parado – ou vai para trás.

O Brasil, para surpresa de ninguém, está nessa segunda turma. No período de 20 anos terminado em 2008, a produtividade da economia brasileira variou em torno de 0%; não é preciso dizer muito mais para constatar o estrago que essa estagnação está trazendo para a competitividade do Brasil, sobretudo quando se considera que outros países experimentaram, no mesmo espaço de tempo, avanços na casa dos 40% ou dos 50%.
A ineficiência geral anula os progressos obtidos em áreas mais dinâmicas

À primeira vista, parece mais uma dessas contas que vivem sendo produzidas por alguma organização internacional de vigilância econômica, e que costumam, contra todas as evidências visíveis, dar ao Brasil as notas mais infames em qualquer índice de desempenho que estejam medindo.

Como a produtividade brasileira poderia ter tido um crescimento zero nestes 20 anos se houvesse tantos progressos, comprovados e importantes, em tantos setores da economia nacional?

Pensando com um pouco mais de atenção, entretanto, logo se vê que a coisa vai mal. Sim, houve ganhos de produtividade notáveis, mas sempre confinados a algum setor específico da atividade econômica; a agricultura é provavelmente o melhor exemplo desse avanço.

No cômputo geral da economia brasileira, porém, a ineficiência acaba por anular os progressos obtidos nas áreas mais dinâmicas. Na verdade, até o agronegócio, atualmente, vem perdendo competitividade; por força de custos irracionais colocados em cima da produção, o Brasil já deixou de competir com vantagem em atividades essenciais, como soja, açúcar, carnes e celulose. Deficiências calamitosas na infraestrutura, sobretudo no item transporte, são as principais responsáveis por esse retrocesso.

O poder público produz atraso 24 horas por dia

As dificuldades que a economia brasileira tem para competir não são resultado de condições naturais ou adversidades impossíveis de controlar; derivam, maciçamente, de opções tomadas por quem está em posição de decidir.

Empresas cujo modelo de negócios se resume a descobrir qual o maior preço que podem cobrar por seus produtos ou serviços certamente não contribuem em nada para a competitividade.

Mas é o poder público, mais que qualquer outro fator, o grande culpado pela situação – funciona, na prática, como uma usina que produz atraso 24 horas por dia. Por um lado, mantém de pé um conjunto insano de leis, controles e regulamentos que geram efeito exatamente oposto ao pretendido: em vez de proteger a população e o interesse público, só servem para aumentar custos e produzir preços mais altos para tudo.

Ao mesmo tempo, mantém a infraestrutura do país pouco além da idade da pedra, com a imutável desculpa de que os responsáveis são os governos anteriores.

Capacidade de competir não é um assunto de economistas e empresários. É um instrumento decisivo para o progresso social, por influir diretamente na criação de renda, empregos, investimento e tudo mais que pode haver de positivo para a economia de um país. Enquanto o mundo político continuar ignorando essa realidade, o Brasil não vai sair de onde está.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Raúl flexibiliza economia, mas reprime dissidentes

Matéria dedicada aos alunos do Colégio Jubilino expostos a idelogia esquerdista de alguns professores.

Na véspera do último Natal, dois irmãos de Holguín, no leste de Cuba, foram presos por cantar rap em sua própria casa. O problema não era o volume nem a afinação.

Antonio e Marcos Lima Cruz tiveram a casa invadida - primeiro com pedras e ovos atirados pelos vizinhos, depois por policiais - e foram detidos porque entoavam as letras do grupo Los Aldeanes, que falam de coisas como "liberdade de expressão". A história dos Lima Cruz é um dos casos extremos de uma onda de repressão abafada pelos anúncios de seguidas medidas de flexibilização econômica no último ano.

Segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos, há 50 presos políticos hoje condenados apenas por opinar e o número de detenções relâmpago atingiu em setembro um recorde em três décadas - 563 pessoas passaram pelo menos algumas horas na prisão, o dobro da média dos oito meses anteriores.

Opositores associam a ofensiva do governo à uma tentativa de desarticular grupos como o das Damas de Blanco. Primeiro porque sua líder, Laura Pollán, morreu em agosto. Segundo, porque o objetivo que tornou movimento conhecido, a libertação dos 75 presos de consciência ligados à Primavera Negra, onda de detenções de março de 2003, foi atingido este ano.

"Fui detida duas vezes no último mês e recebo ligações dizendo que não devo ir aos encontros das Damas. Eles dizem que isso agora acabou, que não devemos mais sair de casa para isso", relatou Cecilia Guerra Alfonso, de 52 anos, ao sair da reunião feita há uma semana em um parque na frente da Igreja Santa Rita, um lugar afastado do centro e dos grupos à paisana que costumavam agredi-las em suas marchas dominicais.

Um dos últimos membros dos 75 libertados foi Héctor Maseda, marido de Laura Pollán. Ele acredita que a sequência de detenções em parte deve-se ao pouco interesse com que a dissidência política tem sido tratada no exterior, competindo com decisões históricas como a liberação da venda de casas entre particulares esta semana (mais informações nesta página), o comércio de carros, a proliferação de pequenos negócios e a liberação de terras em usufruto. "Aqui na ilha fala-se discretamente de abertura, mas não temos acesso à ela. Continuamos com as mesmas 7 horas de sol por mês, vivendo em uma cela imunda, com um buraco para as necessidades", disse por telefone ao Estado Maikel Alcala, preso e condenado à prisão perpétua por tentar escapar de Cuba em uma lancha em 2003.

Ele divide a cela com seu primo Harold Delgado, preso pela mesma razão. "Não é fácil que tenham nos esquecido assim depois que outros foram soltos. Isso aqui é o inferno", disse Maikel, também por telefone. As ligações se resumem a dez minutos por semana e a única distração, insistem, é o áudio da novela Passione, reproduzida em Cuba. Nas visitas que têm a cada três meses, Estrella Aramburu, de 53 anos, mãe de Harold e tia de Maikel, leva um saco com comida e enlatados que é mantido pelos presos na cela. Exposta à umidade, boa parte da comida apodrece.

Pai dos irmãos Lima Cruz, o dissidente Marco Antonio enfrenta privações parecidas para comunicar-se com os filhos. Depois de passar seis meses em um centro de segurança máxima apelidada de "Canta" - porque ali todo preso daria as informações que o regime quer -, os dois foram transferidos para um campo de trabalho forçado a 8 km do centro de Holguín. "Eles agora servem de mão de obra barata para o governo. Constroem casas de oficiais e fazem obras na cidade e no campo. Chegam a trabalhar até 16 horas por dia", afirma. Condenados por "escândalo público", os irmãos devem permanecer assim até o fim da pena. Antonio, de 29 anos, ficará preso até dezembro de 2012. Marco, de 33, só deve ter outro Natal em liberdade em 2013

“CHEFE DE QUADRILHA” ATACA “LUTA MORALISTA CONTRA A CORRUPÇÃO”

Dirceu com a camiseta-símbolo da luta contra a luta contra a corrupção...

Entenderam? (Foto: André Dusek/AE)

A Juventude do PT fez seu Segundo Congresso em Brasília. “Juventude” e “PT”, juntos, formam um oximoro e tanto! Ou se é petista ou se é jovem. Por que digo isso? Porque não há nada na política brasileira que seja mais velho, retrógrado, reacionário e atrasado do que o PT. E isso, definitivamente, não combina com juventude. O evento em Brasília prova isso.

O grande destaque de ontem foi o chefe de quadrilha (segundo a PGR) e deputado cassado por corrupção José Dirceu. Ele não teve dúvida: atacou o que chamou de “luta moralista contra a corrupção”, afirmando que, no passado, pressões assim resultaram na eleição de Jânio Quadros e Fernando Collor. Ele só se esqueceu de dizer que também foi a luta contra a corrupção que depôs o mesmo Collor. Mas esse é Dirceu. Tarde demais para ter compromisso com a verdade.

O que quer o Zé? Ora, uma luta contra a corrupção que seja amoralista ou imoralista, a exemplo daquelas empreendidas pelo petismo. Em que ela consiste? Na criminalização de inocentes, desde que adversários, e na absolvição de culpados, desde que aliados. Entenderam? Não é isso o que faz o PT desde que existe? Já exibi mais de uma vez aqui o vídeo que flagra Lula em dois momentos: no primeiro, ele esculhamba Sarney e sua família, afirmando que são o retrato do que há de mais nefasto no Brasil; no segundo, os mesmos Sarneys se transformam na expressão da grandeza política, da lealdade, da competência. É o que se chama de “luta imoralista contra a corrupção”, entenderam?


Escreve Eduardo Bresciani no Estadão Online:
“Para ele [Dirceu], a intenção das denúncias é somente atacar o governo. “Nesse momento o que pretende construir é isso, a pretexto de combater a corrupção”. Na visão de Dirceu, a pressão que é feita sobre os ministros não é a mesma em relação a escândalos em São Paulo, onde o PSDB está a frente da administração. “Quando dizem que tem de responsabilizar o ministro e o partido por problemas no ministério, então tem que se responsabilizar o PSDB, o Geraldo Alckmin e o José Serra pelo escândalo das emendas em São Paulo”.

INEXISTEM os tais “escândalos” em São Paulo. O factóide criado com a história da liberação de emendas não prosperou. Alckmin está no governo há menos de um ano, e já está provado que os petistas foram muito bem-tratados pelo ex-governador Serra - vale dizer: não houve discriminação no governo de nenhuma forma. Se alguma ilegalidade tivesse havido, então os petistas teriam sido cúmplices. Não que isso fosse uma impossibilidade teórica, claro!, pensando exclusivamente na natureza dos brutos, mas simplesmente não aconteceu. Por que o chefe de quadrilha não aponta as irregularidades em vez de ficar com acusações genéricas? Por que os deputados de seu partido não o fazem?

Eis aí! É o método: a “luta imoralista contra a corrupção” supõe criminalizar inocentes e inocentar larápios. Sempre foi assim.

Dirceu ganhou daqueles jovens velhos uma camiseta que traz seu rosto estampado. E se lê: “Contra o golpe das Elites - Inocente”. O “consultor de empresas privadas”, que tem alguns dos potentados da economia nacional - e multinacional! - como clientes, o que faz dele hoje um dos maiores lobistas do Brasil, é apresentado, quem diria?, como inimigo das elites.

Só se estiverem falando sobre as elites do bom senso, do decoro, da lógica, da ética, da moral e dos bons costumes.

Por Reinaldo Azevedo

"És apenas um ser mortal"

Lula da Silva padece de doença grave e os brasileiros foram informados a respeito. Com pormenores. Há quem não goste de tanta transparência. Há quem veja no ato um significado político qualquer --busca de popularidade; maior influência no interior do partido; o relançamento de uma candidatura presidencial futura; etc.

Pessoalmente, aprecio a honestidade de Lula. Para começar, ela mostra a grande diferença entre a democracia e o autoritarismo. Essa diferença foi resumida pela revista "Veja", que no seu editorial comparou o caso de Lula com os patéticos casos de Fidel Castro ou Hugo Chávez.

De fato. Em Cuba ou na Venezuela, os cidadãos sabem pouco sobre a saúde dos seus próceres e a informação é manipulada para não espantar as manadas. Isso diz tudo sobre a forma como o poder político, nesses países, olha para os seus cidadãos: como crianças assustadiças e ignaras.

E, claro, também é revelador sobre o clima de medo e paranóia que reina entre as elites desses regimes.

Sempre assim foi. Em Espanha, as maleitas do caudilho Franco --da mera diabetes à incapacitante Parkinson-- foram sucessivamente escondidas da população espanhola até ao limite dos limites, ou seja, até à instauração da democracia em 1975.

Na União Soviética, Stálin gostava tanto dos médicos que os prendia ou executava com regularidade --quando sofreu o infarto fatal, esperou-se 12 horas até se chamar um profissional, não fosse o camarada recuperar entretanto e mandar fuzilar os seus assessores pelo abuso.

E, sobre Mao Tsé-Tung, a bipolaridade e a doença de Lou Gehrig que o matou (uma doença neurológica degenerativa) só foram conhecidas muito depois da chegada do seu sucessor, Deng Xiaoping, ao poder.

Mas a transparência de Lula não mostra apenas a diferença entre a democracia e o autoritarismo. Mostra também uma evolução no interior das próprias democracias que, vigiadas por um poder midiático crescente, foram abandonando o secretismo de outras eras.

David Owen, médico e antigo ministro britânico das Relações Exteriores, escreveu um livro notável sobre o assunto. Intitula-se "Na Doença e no Poder" (Lisboa: Dom Quixote, 503 págs.) e Owen não se limita apenas a analisar os casos clínicos dos regimes autoritários supracitados. O secretismo também existia nas democracias, conta ele.

Existem episódios caricatos e os Estados Unidos são terreno fértil. Em 1893, o presidente Cleveland foi operado a um câncer do maxilar a bordo de um iate no porto de Nova York.

Depois de removida parte do maxilar, Cleveland voltou ao trabalho e os americanos foram informados que o presidente apenas realizara tratamentos para aliviar as dores de dentes.

Mas é no século 20 que a dissimulação começa a ser extravagante. Que o digam os presidentes Roosevelt (Teddy e Franklin).

O primeiro gostava de praticar boxe para relaxar e, no calor de uma luta, ficou permanentemente cego de um olho (o esquerdo). Os americanos nunca souberam do acidente.

Nem do acidente de Teddy, nem da poliomielite de Franklin, que o jogou numa cadeira de rodas durante toda a sua vida pública. A maioria dos americanos desconhecia o fato e a própria Biblioteca Presidencial, esclarece David Owen, testemunha esse desconhecimento: das 35 mil fotos disponíveis no espólio, só 2 --repito: duas-- mostram Roosevelt nessa condição.

Woodrow Wilson é outro caso: em 1919, um acidente vascular cerebral deixou-o incapacitado. Mas nem isso levou à sua substituição: o governo continuou, durante sete meses, sob comando firme da mulher de Wilson.

Findos os sete meses, o presidente regressou, razoavelmente recuperado, e a sra. Edith Wilson entregou-lhe as rédeas do poder. Ninguém precisava de saber de nada.
Não se pense, porém, que só nos Estados Unidos seria possível um arranjo desses. Na mesma altura, do outro lado do Atlântico, a sra. Deschanel fazia o mesmo pelo seu marido, o presidente francês Paul Deschanel.

Que o mesmo é dizer: enquanto o presidente sofria de síndrome de Elpenor (tradução: períodos de semiconsciência e desorientação espacial recorrentes), a mulher governava por ele.
A França, aliás, é um caso interessante de mendacidade absoluta quase até aos nossos dias. Desconheço se Sarkozy padece de alguma doença, com a exceção da megalomania evidente e dos complexos de inferioridade por causa da sua diminuta estatura (física).

Mas é espantoso que os franceses tenham vivido na ignorância sobre as depressões profundas do General De Gaulle; o câncer do sangue que matou Georges Pompidou; e o câncer da próstata que François Mitterrand conseguiu ocultar durante onze anos com a conivência do seu médico pessoal, que o tratava literalmente às escondidas (em aviões, quartos de hotel etc.).

Nada que se compare, verdade seja dita, ao maior ilusionista de todos: esse exemplo de saúde, juventude e vitalidade que dá pelo nome de John F. Kennedy.

Aos 43 anos, Kennedy era eleito para a Casa Branca. Mas, como explica David Owen, os americanos elegiam um homem incomparavelmente mais doente do que o secretário-geral da União Soviética Nikita Khrushchev (66 anos), o premiê britânico Harold Macmillan (idem) ou o chanceler alemão Konrad Adenauer (84 anos), seus pares da época.

Kennedy era o produto acabado de uma vida em hospitais: escarlatina aos 3 anos; colite aos 13 (e tratamentos com cortisona durante a adolescência); dores crónicas nas costas depois de acidente de viação em Harvard aos 21; úlcera do duodeno devido aos esteróides que tomava por causa das dores (o que também lhe provocou a osteoporose posterior); e, sobretudo, a doença de Addison --uma falha auto-imune das glândulas supra-renais que exige terapia de substituição hormonal durante a vida inteira.

Sim, a transparência de Lula sobre o seu câncer na laringe é prova da maturidade democrática do Brasil. Mas é também uma importante lembrança sobre a fragilidade e contingência de todas as vidas humanas: grandes ou pequenas, públicas ou anónimas.

Os nossos antepassados sabiam disso. E não era por acaso que o imperador e filósofo Marco Aurélio, quando cruzava as ruas de Roma, tinha sempre um escravo a seu lado que lhe segredava repetidamente ao ouvido: "És apenas um ser mortal." A frase acabava com qualquer vaidade.

As democracias serão lugares mais habitáveis se governantes e governados nunca se esquecerem dessa lição.


João Pereira Coutinho, 34 anos, é colunista da Folha. Reuniu seus artigos para o Brasil no livro "Avenida Paulista" (Record). Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras, para a Folha.com.

domingo, 13 de novembro de 2011

Enquete

Depois de despejado do Ministério do Trabalho, qual destes empregos Carlos Lupi merece?

Recepcionista do Instituto Lula
Mordomo de Ideli Salvatti
Ministro da Pesca e Aquicultura
Animador de festa de 1° de Maio
Tesoureiro da Força Sindical
Gerente da banca de jornais do Planalto
Assessor do Clube de Invasores da USP
Cozinheiro de José Sarney

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

UM MANIFESTO DIRIGIDO ÀS MOÇAS E AOS MOÇOS LIVRES DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS. A MAIORIA SILENCIOSA COMEÇA A DIZER O QUE QUER


A foto acima traz alguns dos filhinhos da burguesia que invadiram o prédio da reitoria da USP , felizes, a caminho da delegacia, na manhã de terça . Vejam com atenção:

O dia 10 de novembro de 2011 pode entrar para a história do ensino superior no Brasil. Nesse dia, os alunos das Letras da USP se libertaram dos seus algozes, da minoria que tiraniza a maioria, e devolveram aos estudantes o prédio que abriga o seu curso e que havia sido privatizado por seitas e partidos políticos. A maioria silenciosa da USP começa a acordar, como já acordou a da Universidade de Brasília. Pode ser o sinal de uma nova aurora da universidade pública brasileira: voltada para o ensino, interessada na pesquisa, dedicada a formar profissionais que têm pela frente a tarefa gigantesca de fazer do Brasil um país mais justo para o seu povo e de exercer com dignidade a profissão que abraçaram.

Moças e moços das universidades públicas dos Brasil,

- Eles dizem que querem mudar o mundo e que vocês são alienados ou reacionários. Mas que utopia é essa que não reconhece o direito de escolha dos que deles discordam?

- Eles dizem que querem mudar o mundo e que vocês são alienados ou reacionários. Mas como podem falar em nome da justiça se os ídolos que adoram mataram 25 milhões na URSS, 70 milhões na China, 3 milhões no Camboja, 100 mil em Cuba (incluindo os que morreram afogados tentando fugir do “paraíso”)? Como ousam discursar sobre uma montanha espantosa de cadáveres?

- Eles dizem que querem mudar o mundo e que vocês são alienados ou reacionários. Mas como podem falar em fraternidade se fazem pouco caso do esforço de quem estuda, de quem trabalha, de quem se dedica, de quem se esforça? Por que eles os odeiam tanto?

- Eles dizem que querem mudar o mundo e que vocês são alienados ou reacionários. Mas como podem falar em igualdade se, nas assembléias, eles lhes cassam o direito à palavra, ao voto, à opinião?

- Eles dizem que querem mudar o mundo e que vocês são alienados ou reacionários. Mas como podem falar em nome da democracia se reivindicam que a universidade seja considerada um território apartado do Brasil, recendendo ao mais odioso preconceito aristocrático?

Não, moças e moços!

Eles odeiam a Justiça. Ou não fariam o que fazem.
Eles odeiam a fraternidade. Ou não fariam o que fazem.
Eles odeiam a igualdade. Ou não fariam o que fazem.
Eles odeiam a democracia. Ou não fariam o que fazem.
Eles odeiam, em suma, a liberdade, que é, e será sempre, a liberdade de quem pensa diferente, como afirmou, aliás, uma pensadora que eles dizem respeitar.

Tenho a ousadia de, simbolicamente, unir-me a vocês e falar na primeira pessoa do plural. Ficarei aqui no canto, quieto, eu prometo, com os meus 50 anos, aplaudindo a sua juventude! Mas falarei de “nós”.


Nós defendemos o estado democrático e de direito. E, por isso, eles nos chamam “fascistas”.
Nós defendemos a Constituição democrática da República Federativa do Brasil. E, por isso, eles nos chamam “fascistas”.
Nós defendemos o império da lei. E, por isso, eles nos chamam fascistas.

Ao longo dos anos, eles foram se aproveitando de nossas fraquezas, de nossa tolerância, de nossa boa-vontade, de nossa boa-fé, de nosso amor pelo diálogo, de nossa crença na racionalidade, de nossa dedicação ao estudo, de nosso apreço pelo trabalho, de nosso esforço para fazer o que fazem todas as mulheres e os homens livres nos países livres: lutar para melhorar de vida, para realizar sonhos, para crescer profissionalmente.

Para eles, somos “conservadores”, “arrivistas”, “direitistas”, “insensíveis”, “desprezíveis”. Para eles, Felipe de Ramos Paiva, brutalmente assassinado no campus, é que estava no lugar errado. Suas simpatias ideológicas estão com os algozes do morto.

Eles dizem que “um outro mundo é possível”. Atuam como se, de fato, houvesse dois mundos. E há apenas um: é este em que vivemos. Ele tem de ser transformado, reformado, mudado, aprimorado. E nós sabemos que isso custa dedicação, estudo, esforço, trabalho, talento, dinheiro.
Não, eles não se dedicam!
Não, eles não se esforçam!
Não, eles não trabalham!
Não, eles não têm talento!
Sim, eles desperdiçam dinheiro público!


E NÓS JÁ ESTAMOS COM O SACO CHEIO DELES!

Não suportamos mais que nos digam o que fazer das nossas vida se, visivelmente, não sabem o que fazer das suas próprias!
Não suportamos mais que nos digam para onde deve ir a universidade se passam anos ocupando uma vaga na instituição sem concluir o curso.
Não suportamos mais pagar tão caro por suas utopias baratas.

NÃO PODEMOS MAIS SER TIRANIZADOS POR CHUPINS QUE NADA PRODUZEM E QUE VIVEM DO “ESTADO BURGUÊS” QUE DIZEM DETESTAR.

Poder filiar-se a um partido é uma conquista democrática. Mas quem faz de uma instituição aparelho de seu partido gosta é de ditadura.

É preciso deixar claro que essa gente não nos representa.

Não aceitamos mais que nos imponham o seu socialismo!
Não aceitamos mais que nos imponham os seus heróis!
Não aceitamos mais que nos imponham os seus hábitos!
Não aceitamos mais que nos imponham os seus vícios!
Não aceitamos mais que nos imponham suas idiossincrasias!
Não aceitamos mais que nos imponham suas esquisitices!
Não aceitamos mais que privatizem o espaço público em nome de sua causa!

VANGUARDA DO RETROCESSO - Maiorias silenciosas da USP e das universidades brasileiras, respondam: vocês se sentem representadas por eles? Você encontram neles a sua ética? Vocês encontram neles a sua estética? Representam eles o futuro? Não lhes parece que eles são a vanguarda da década de... 60? (Foto: Adriano Vizoni, da Folhapress)
A Universidade de São Paulo é um patrimônio de todos os paulistas e dos brasileiros dos demais estados que a escolheram para realizar seus sonhos, seus anseios e suas utopias, sempre respeitando os direitos da comunidade uspiana, garantidos por um Estatuto, pela Constituição do Estado, pela Constituição da República Federativa do Brasil e por outros códigos legais.

Declaramos, assim, que não há diferença entre os que usam a USP — e o mesmo vale para todas as universidades públicas do Brasil — para fortalecer seus próprios partidos e seitas e os larápios da República que estão sendo denunciados pela imprensa.

A malversação do dinheiro público será sempre um roubo, seja para o enriquecimento pessoal, seja para fortalecer grupos ideológicos. Rouba o dinheiro dos paulistas que sustentam a USP aqueles que abusam de sua condição de aluno, de professor ou de funcionário para impor uma pauta política alheia aos objetivos da universidade.

CHEGA! É POR ISSO QUE ESTAMOS DIZENDO A ELES: “NÃO, VOCÊS NÃO PODEM!”

NÃO PODEM MAIS!

É POR ISSO QUE UMA RESPOSTA TEM DE SER DADA NOS CURSOS, COMO FIZERAM OS ALUNOS DAS LETRAS, E NAS URNAS.

Entre os dias 22 e 24, haverá eleição para o DCE. A maioria silenciosa que começa a se manifestar pode pôr um fim à ditadura. Mulheres e homens morreram para que o Brasil fosse um país livre. Não vamos permitir que meia-dúzia de aloprados, de “burgueses do capital alheio”, solapem os direitos que garantem a nossa dignidade.

Vamos dizer “não” aos verdadeiros fascistas! Vamos dizer “sim” à USP e à universidade pública.

Por Reinaldo Azevedo