terça-feira, 29 de outubro de 2013

Inversão moral – Amigos de rapaz preso, acusado de agressão covarde a coronel da PM, transformam a vítima em algoz


Mais coronel agredido
Não fossem certas ideias mais perigosas do que algumas doenças, eu tenderia a achar que há um estranho vírus por aí. O principal efeito de sua toxina é diluir os argumentos racionais e lógicos e a coerência. Por quê? Vocês se lembram da agressão covarde ao coronel Reynaldo Simões Rossi. Há um preso em flagrante. Chama-se Paulo Henrique Santiago. Tem 22 anos e estuda Relações Internacionais na faculdade Santa Marcelina.
Muito bem. Um grupo de estudantes resolveu divulgar uma carta de apoio ao colega, leio na Folha. Sustentam que Santiago não pertence ao Movimento Passe Livre nem é adepto dos black blocs. Seus amigos afirmam ainda que “ele não é um homicida e não participa de quadrilha que objetiva matar policiais”.
O fato, reitero, é que ele foi preso no local, em flagrante. Que se apure tudo para saber se é um dos culpados. Seus amigos, no entanto, precisam tomar mais cuidado. Como advogados de defesa, podem se transformar em testemunhas da acusação. Na tal carta, resolveram fazer algumas especulações sociológicas:“(…) é preciso questionar por que tantos jovens, provenientes de diversas experiências, lugares e estratos sociais estão cada vez mais se dispondo a enfrentar a polícia em manifestações”.
Como? Digamos que isso rendesse um bom debate… Estou enganado, ou se lê acima uma espécie de justificação da violência, tentando transformar a vítima em culpada pelo mal que a atingiu? Estou enganado, ou uma cena covarde, de tentativa de linchamento, está recebendo uma espécie de endosso ou, no mínimo, de condescendência? Não fosse a intervenção de um policial do Serviço Reservado, o coronel poderia ter sido assassinado ali.
No mesmo texto, há esta outra joia:
“Os moderados falam em negociação. Mas pergunta-se: Como se negocia quando uma das partes possui uma arma, mais ou menos letal? Como qualquer pessoa que não tenha sangue de barata ficaria diante de pessoas sendo espancadas, chutadas?”
É uma boa pergunta. O único espancado, no caso em questão, foi o coronel. O único chutado, no caso em questão, foi o coronel. Os signatários da carta discordam, então, da moderação e da negociação? Talvez o militar tenha apanhado por isto: ele é considerado um bom “negociador” e um “moderado”, um grande pecado nestes dias. 
Quanto às armas… Esses estudantes já ouviram falar que, nas democracias, a alguns se concede o uso legítimo da força? E não é aos arruaceiros… Armados, já são linchados. Imaginem se vão às ruas apenas com argumentos.
Santiago não precisa de inimigos. Ele já tem os amigos.
Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

‘Beagles e dedos perdidos’,

Publicado no Estadão deste sábado
 
FERNANDO REINACH
 
Foi em Londres, no dia 13 de março de 2006. Seis voluntários entraram no hospital. Estavam felizes com os cerca de R$ 10 mil que receberiam para participar do primeiro teste clínico de uma nova droga. Mal sabiam que só sairiam do hospital meses depois, sem os dedos das mãos e dos pés. Essa é a história do pior acidente ocorrido com seres humanos durante os testes de uma nova droga.

Uma hora depois de receberem uma droga denominada TGN1412, os voluntários estavam com dores no corpo, náuseas, vomitando, e com diarreia. A pressão arterial caiu. O ritmo dos batimentos cardíacos aumentou. Manchas vermelhas apareceram em todo o corpo. Quatro horas depois veio a dificuldade para respirar. Tiveram de ser entubados e ligados a respiradores artificiais. Em 12 horas estavam na UTI. E o pior estava por vir. Múltiplos órgãos deixaram de funcionar e os voluntários foram conectados a máquinas de diálise. A circulação do sangue foi ficando difícil à medida em que o sangue parecia vazar das veias. As alterações foram rápidas e profundas e todos receberam transfusões. Estavam confusos, com a memória e o raciocínio alterados. O acúmulo de líquidos foi tão grande que familiares relataram ter sido quase impossível reconhecer o rosto dos jovens. A descrição do que ocorreu nas semanas seguintes só deve ser lida por pessoas com estômago forte. Após semanas de luta, os médicos salvaram os voluntários, que além de danos em vários órgãos, saíram do hospital sem os dedos das mãos e dos pés. Haviam necrosado e tiveram de ser amputados.
O que teria dado errado? Centenas de testes clínicos são feitos todos os anos e nunca um problema como esse havia ocorrido. Hoje, sete anos depois, sabemos o que causou o problema: os macacos não são suficientemente parecidos com um ser humano.
Esse episódio foi investigado nos seus mínimos detalhes. A causa de todos os sintomas foi uma liberação massiva de citokinas, induzida pelo TGN1412 (hoje chamamos esse fenômeno de tempestade de citokinas). Ficou comprovado que o remédio não estava contaminado e o que foi injetado nos pacientes era exatamente a mesma molécula que havia sido testada anteriormente em animais.
Mas por que essa tempestade de citokinas não foi detectada nos testes pré-clínicos, feitos em animais? Os resultados em animais foram reexaminados para verificar se teria havido falsificação ou omissão de dados pela companhia farmacêutica que desenvolveu a droga. Não houve. Todos os experimentos feitos em animais puderam ser repetidos.
O TGN1412 tinha sido testado em ratos e camundongos e este efeito colateral não tinha sido observado. Os cientistas também acharam prudente fazer os testes em um outro mamífero. Apesar de os cachorros serem muito parecidos com os seres humanos, foi decidido que o TGN1412, que agia sobre o sistema imunológico, deveria ser testado em macacos, o mamífero mais semelhante ao ser humano. Isso foi feito. De novo, nenhum problema. Finalmente, antes de injetar em seres humanos, foram feitos testes em células humanas isoladas, onde também não foi detectado o fenômeno.
Com base em todos esses testes, as agências governamentais autorizaram os testes iniciais em seres humanos. Os voluntários foram recrutados. Os resultados dos estudos pré-clínicos foram explicados a eles, que assinaram um termo de consentimento e entraram sorridentes no hospital.
Durante os últimos seis anos, os cientistas descobriram por que o TGN1412 não provoca a tempestade de citokinas em macacos ou roedores. Mas isso era impossível de prever antes do acidente. A verdade é que nunca é possível prever, com certeza absoluta, a reação de um ser humano a uma nova droga. É por isso que os voluntários são necessários. Para cada remédio que está nas farmácias existe um grupo que tomou a droga pela primeira vez.
Mas se é impossível prever, com centenas de novas drogas sendo testadas todos os anos, por que episódios como esses não ocorrem com mais frequência? A resposta é simples: eles ocorrem. Mas geralmente durante os testes em ratos, cães ou macacos. Sempre que essas reações extremas são detectadas em animais, o desenvolvimento da droga é suspenso e ela nunca chega a ser testada em humanos.
Para a maioria das novas drogas, o organismo de um rato, de um cão ou de um macaco é suficientemente parecido com o de um ser humano. O que permite aos cientistas detectar o problema antes de testar a nova droga em seres humanos. Deveríamos agradecer à evolução o fato de não sermos os únicos mamíferos a habitar o planeta.
Caso os testes em animais sejam abolidos, só restam duas alternativas: testar novas drogas diretamente em seres humanos ou abandonar o desenvolvimento de novos medicamentos.
Esse exemplo mostra quão irreal é a ideia de que esses testes possam ser feitos em computadores ou em animais menos “nobres”, como moscas ou vermes. Você aceitaria ser voluntário no primeiro teste clínico de uma droga que só tivesse sido testada em uma barata?
A verdade é que qualquer droga altera o funcionamento do organismo, e é natural que grande parte desses compostos apresente efeitos colaterais. E mesmo remédios aprovados e utilizados por todos nós apresentam riscos e efeitos colaterais (você já leu uma bula?). Quanto mais próxima do homem for a espécie animal usada nos experimentos, melhor será a chance de prever os efeitos de uma nova droga em seres humanos.
Por outro lado, quanto mais próxima de nós for a espécie utilizada nos estudos, maior será nossa ligação afetiva, e mais penosos serão os experimentos e o sofrimento por eles causados. É por isso que, apesar de necessários, esses experimentos devem ser feitos com moderação e respeito pelos animais. Mas não se iluda, dificilmente eles poderão ser abolidos.
Eu devo um agradecimento aos invasores do instituto de pesquisa que “resgataram” os beagles. Foi observando os seus dedos envolvendo os simpáticos cães que me lembrei desse evento de 2006

Por que o retorno ao mundo natural tem tanto apelo, mas não leva a lugar nenhum

 

BOM PRA QUEM, CARA PÁLIDA? Na raiz de todo ativismo violento está a noção utópica e errônea de que Thomas Hobbes pensou errado e, portanto, a vida selvagem é idílica, prazerosa e fraternal  (Deagostini/Getty Images)
BOM PRA QUEM, CARA PÁLIDA? Na raiz de todo ativismo violento está a noção utópica e errônea de que Thomas Hobbes pensou errado e, portanto, a vida selvagem é idílica, prazerosa e fraternal (Deagostini/Getty Images)
 
Por Eurípedes Alcântara, na VEJA:
“Sou homem. Nada do que é humano me é estranho”, já dizia o romano Terêncio, dramaturgo de apenas relativo sucesso do segundo século antes de Cristo. Mas temos de concordar com ele. Eta espécie complicada esta nossa. Depois de ralar durante milênios para construir uma civilização tecnológica com aviões, carros, internet, vacinas, antibióticos e anestesia, o bacana agora é lutar pela volta ao mundo natural. Depois de experimentar toda a sordidez da servidão humana aos mais sanguinários tiranos e de sofrer no lombo os mais odiosos arranjos coletivistas totalitários, ainda temos entre nós quem se encante com aiatolás-presidentes, mulás-chefes de po­lícia e caudilhos latino-americanos cobertos de adereços indígenas, medalhas no peito ou pancake no rosto. Depois de rios de sangue derramados para arrancar dos poderosos o compromisso inarredável com os direitos humanos, a justiça igualitária, o rodízio pacífico de poder, a organização econômica baseada no respeito à propriedade, aceitamos que mascarados aterrorizem as grandes cidades quebrando e queimando indiscriminadamente apenas porque estão incomodados com o estilo de vida da maioria. Depois do sacrifício dos mártires que deram a vida para impor o uso apenas legítimo da força pelos governantes, impedindo que o Estado use brucutus para impor a vontade dos ricos sobre os pobres, dos fortes sobre os fracos, ficamos contra os policiais que tentam impedir o triunfo do reino de terror nas ruas. Depois de tudo isso, esquecemos que o que nos trouxe ao atual estágio civilizatório foi o trabalho obstinado e austero de mentes brilhantes em ambientes monásticos e idolatramos os barulhentos ativistas.
A ÚNICA CHANCE?de salvar os cães é nos salvar, ou seja, acelerar os avanços científicos e tecnológicos, e não colocar obstáculos intransponíveis a eles
A ÚNICA CHANCE?de salvar os cães é nos salvar, ou seja, acelerar os avanços científicos e tecnológicos, e não colocar obstáculos intransponíveis a eles
 
Esse é o dilema oculto do ativista, a pessoa que se cansou de esperar que as coisas ocorram naturalmente da maneira como ela imagina, e vai à luta para tentar embicar o mundo para o rumo que ela acha certo e com o uso das armas que ela própria acha conveniente usar. Os ativistas que libertam cães em São Paulo, que quebram vitrines em Londres e Paris, que se propõem a ocupar Wall Street, em Nova York, têm em comum a ideia de que a lei e a ordem existem apenas para garantir o modo de vida das pessoas das quais eles discordam – ou, frequentemente, que eles odeiam. Outro ponto comum, em geral inconsciente, para a maioria deles, é a negação do que em sociologia se chama “contrato social”, que nada mais é do que a aceitação da tese de que sua liberdade termina onde começa a do outro. Os filósofos da baderna sustentam que isso que denominamos civilização não passa de uma grande e castrante prisão, à qual somos moldados desde o nascimento, primeiro pelo amor materno e paterno, depois pela educação formal, mais tarde pela democracia representativa, pelo consumo, pela arte degenerada e pelos remédios antidepressivos.
Para quem pensa assim, nós todos vivemos uma vida vicária, uma vida substituta, uma vida no lugar da verdadeira vida que está… que está… que está onde? Ora, na natureza, no mundo selvagem, nas selvas, florestas e savanas, na cova dos leões onde seremos recebidos com lambidas fraternas como aquelas que as feras ofereceram ao profeta Daniel. O que muito se discute atualmente é se a ideia de que o homem solto na natureza, fora do alcance das leis, das instituições, completamente alheio às convenções sociais, estaria mesmo condenado à perversão moral e ao sofrimento físico, vítima da “guerra de todos contra todos”, como o inglês Thomas Hobbes disse ser a vida humana “em estado natural”. É disso que se trata. A vontade de ser seu próprio juiz, único e absoluto, do que é certo ou errado é o traço filosófico que une os ativistas que desprezam as leis, que lutam contra moinhos de vento ditatoriais em pleno regime democrático, contra as injustiças sociais em um Brasil onde há pleno emprego, contra a violência policial quando são eles que mais agridem e vandalizam. Thomas Hobbes escreveu que, fora dos arranjos sociais em que as pessoas obedecem a regras em troca do direito à convivência em sociedade, a vida do homem é “solitária, pobre, sórdida, brutal e curta”. Hoje, o bacana é apostar que Hobbes pensou errado e que a verdadeira conquista é escapar dos contratos sociais. O preço a pagar para testar aquela hipótese é muito alto. Como é impagável também o preço de um mundo sem ativismo, sem idealismo, sem sonhos.
A REVOLTA DA VACINA - No Rio Janeiro, em 1904, o medo da vacinação obrigatória contra a varíola gerou protestos violentos, como este na Praça da República
A REVOLTA DA VACINA – No Rio Janeiro, em 1904, o medo da vacinação obrigatória contra a varíola gerou protestos violentos, como este na Praça da República
 
O engajamento solidário em causas consideradas justas é uma das grandes conquistas da modernidade. Divisor de águas é o caso do jovem capitão Alfred Dreyfus, judeu falsamente acusado de espionagem e condenado no fim do século XIX em uma França antissemita. A injustiça contra ele foi tão flagrante que se mobilizaram em sua defesa cientistas, artistas, escritores e estudantes . “Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. Minhas noites seriam atormentadas pelo espectro do inocente que paga, na mais horrível das torturas, por um crime que ele não cometeu”, dizia a famosa carta aberta ao presidente da República escrita por Émile Zola em um jornal sob o título: “Eu Acuso…!”. Por serem homens de letras e de ciências, os defensores de Dreyfus eram chamados de modo depreciativo de “intelectuais”. Logo o termo ganhou a conotação positiva de “sábio engajado”. Claro que havia idealismo, sacrifício e nobreza de espírito antes do caso Dreyfus, mas nunca antes tantas pessoas haviam se mobilizado por uma causa sem que tivessem interesse direto nela – seja partidário, religioso, nacionalista, patriótico ou étnico. Elas se mobilizaram contra uma injustiça flagrante. Contra isso sempre valerá a pena lutar.

domingo, 27 de outubro de 2013

Na Bahia, extremistas decidem escorraçar mais dois “cachorros” de uma feira de livros.

O mesmo exemplar da Folha que traz a coluna em que Suzana Singer me chama de cachorro — um rottweiler — traz a notícia de que dois colunistas do jornal foram impedidos de falar em duas mesas da Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), na Bahia. Reproduzirei o texto mais abaixo. Vocês verão as boçalidades de que foram acusados Demétrio Magnoli e Luiz Felipe Pondé. Essas coisas não acontecem por acaso.
O linchamento virtual dos últimos quatro dias — desde que a Folha anunciou os “novos colunistas”—, promovido por sites e blogs financiadas por estatais e pelo governo Dilma, tem, sim, consequências. Serve como um convite a extremistas. São os black blocs da… feira de livros!
Leiam o que informa a Folha. Volto depois:
Uma manifestação de cerca de 30 estudantes interrompeu ontem duas mesas na Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), na Bahia. O protesto pedia o cancelamento de debates com o sociólogo Demétrio Magnoli e o filósofo Luiz Felipe Pondé, colunistas da Folha. A organização da Flica cancelou as mesas para garantir a segurança dos convidados. A mesa “Donos da Terra? – Os Neoíndios, Velhos Bons Selvagens”, da qual participavam Magnoli e a historiadora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, foi interrompida 20 minutos após o início do debate, que havia começado às 10h (no horário da Bahia, que não adere ao horário de verão).
Segundo Emanuel Mirdad, um dos organizadores da Flica, os alunos, que estavam sentados assistindo ao debate, gritaram palavras de ordem contra Magnoli, a quem chamaram de racista. O protesto seguiu com alunos se despindo. Outros estudantes jogaram uma cabeça de porco no palco. “Eu sou um antirracista e é por isso que sou contra as cotas. Os grupos, a fim de não discutir argumentos sobre cotas, preferem lançar impropérios. Eles não se limitam a fazer isso. Eles depredam o debate”, afirma Magnoli.
A organização do festival deslocou seguranças para proteger Magnoli, que se recusou a deixar o palco. Para encerrar a manifestação, os alunos exigiram o cancelamento da mesa em que Pondé participaria, às 20h (hora local) e a divulgação de um manifesto. Com a participação de Pondé e do sociólogo francês Jean-Claude Kaufmann, a mesa, de nome “As Imposições do Amor ao Indivíduo”, discutiria o tema do amor. A organização do festival permitiu que os estudantes lessem a nota no palco. O evento decidiu cancelar também a mesa com Pondé, que ocorreria à noite.
“[A acusação de racismo] É uma coisa idiota. Quem me lê sabe que eu nunca escrevi nada desse tipo. Isso revela a estupidez do movimento deles e o caráter totalitário e difamatório”, afirma Pondé. “Eu acho errado cota baseado em raça, seja lá qual raça for. O que devia existir é uma escola pública decente, mas dizer que é racismo é mau-caratismo.” Era o quarto dia do festival, previsto para terminar hoje. A reportagem não conseguiu localizar representantes do grupo de alunos antes da conclusão desta edição.
Voltei
Vejam aí. Bastaram 30 truculentos para impedir duas mesas-redondas, dois debates. Como negar que conseguiram seu intento? Tiveram divulgado o seu “manifesto” e silenciaram, ao menos naquele ambiente, duas vozes de que discordam.
Eis o espírito destes dias: não argumente, quebre; não tolere a divergência, dê porrada.
Quando me chama de cachorro, é a essa gente que Suzana Singer dá uma piscadela de cumplicidade. Ela diz que sou “feroz” e publica um comentário de alguém que afirma que estimulo o ódio.  O que se narra acima são cenas inequívocas de amor.
Por Reinaldo Azevedo

O Brasil está entregue a um bando de aproveitadores enquanto é observado por outro bando de covardes

 REYNALDO ROCHA
 
Somos oposição. Real. Exercemos o direito de nos opor ao que julgamos deletério ou imoral. Não aceitamos números falsos. Repudiamos promessas não cumpridas, expostas a todos como um cadáver putrefato ─ como é o caso da Norte- Sul, do Trem-Bala, da Transnordestina, da transposição do São Francisco, das 9.000 creches e dos 800 aeroportos.

Sequer rotulamos estas obras como mal feitas. Antes, precisam ser feitas.
Somos contra a substituição do mérito pela ajuda ao companheiro ignorante, roubando de todos o direito de exercer o que o estudo e esforço garantem.
Somos oposição às tentativas de comprar juízes e ministros do Supremo com se o Judiciário fosse a feira livre dos sem-vergonha do Poder Legislativo. Sim, não têm vergonha de nada.
Queremos ser o que sempre fomos: a parte decente do Brasil. A que não se corrompeu, se vendeu ou idolatrou fantoches e ídolos de pés de barro. Já é muito.
Não temos representantes. Não nos vemos em nenhuma alternativa de poder, o que nos leva, por exclusão, a aceitar qualquer uma que mantenha a democracia e enxote os micilianos lulopetistas do poder.
Estamos a um ano das eleições. Tempo que a oposição tem para formar um discurso,  bandeiras e para que nos ouçam. E é o mesmo tempo que eles têm para manter pratos equilibrando no ar. Eles sabem que em 2015 o desastre estará completo. Mas o objetivo terá sido alcançado e as esperanças de bolivarianizar definitivamente o país estarão renovadas.
É um jogo de perde-perde. Sabemos (não somos inocentes) que vamos perder no final. Que estaremos fazendo o trabalho que, por incompetência, medo ou covardia, as oposições nunca fizeram.
As palavras críticas nas bocas oposicionistas são ocas. Vazias como foram os anos de dócil conivência com o poder. Os textos de blogueiros e jornalistas que leio são mais aprofundados e oposicionistas que discursos de qualquer um deles.
Não me lembro de nenhum!  E lembro de centenas de textos, na internet, expressando até de modo repetitivo o que as oposições se recusam a ler e ouvir.
Um ano. Pouco, muito pouco tempo.
O PT sabe se equilibrar na corda bamba. É mestre no show de Monga, a mulher-gorila que usa o truque dos espelhos.
Um ano para as oposições é a eternidade, pelo ritmo que sempre se portou. Para a seita, um ano é um fim de semana, como comprovam a ânsia de continuidade ao assalto aos cofres e perpetuação da imoralidade já demonstradas.
A oposição não demonstra ter bandeiras. Mas está com a mortalha pronta. Sabe como nunca ser dividida, brigando por um naco do bolo que sequer foi ao forno. Lutando pela primazia de ser o perdedor.
Enquanto isso, vemos a campanha de Dilma já nas ruas, usando dinheiro público, benesses a apaniguados, butim da base alugada, ajeitamentos dos piratas na nau da insensatez, escárnio com a lei eleitoral e repetição das fantasias alucinadas que a alguém com dois neurônios, provocam risos. E asco.
Estamos sós. Somos a oposição.
O Brasil está entregue a um bando de aproveitadores e é observado por um bando de covardes.
Um ano de expectativa de que surja uma bandeira de luta, entre tantas que oferecemos.
Sinto que não haverá.
E um ano de repetição de um programa/discurso que se repete há 11 anos.
Sei que será assim.
Sou pessimista ?

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Prefeito pune professor por não saber ler a língua alemã

"Ontem mais uma vez a nova gestão de nossa querida cidade, mostrou como se trabalha com eficiência quando alguém não lê a cartilha exposta por eles. Eu Luis Felipe professor municipal de Ibititá, trabalhando a mais de uma década lecionando somente neste município, Graduado em Letras com Língua Inglesa, Pós Graduado em Gestão em Educação, Pós Graduado em Língua Inglesa, só neste ano fui transferido duas vezes por não lê a suposta cartilha escrita em Alemão para os que o seguem (sem ofensa aos alemães). Terei que fazer agora mais uma graduação para entender o novo gestor....
 
Senhor prefeito.
Quando me transferiram para o povoado de Canoão para supostamente me "castigar", (reparem o absurdo) eu fiquei pasmo com essa atitude, pois se não me falha a memória, me parece que o senhor nascera, crescera neste povoado. É assim que o senhor vê o seu povoado? Um lugar para "castigar" quem não souber ler em alemão? Prefeito procure tomar conta do que lhe fora incumbido. Administre a cidade sem picuinhas, desavenças, seja pacífico. Aprenda a ouvir, seja acessível ,mas como posso pedir isso ao senhor? De joelhos, sentado, correndo atrás dos seus carrões, indo a sua casa para bajular-lhe (VULGO; puxar o saco) . Acho que não Senhor prefeito, a minha dignidade, a minha altivez, a minha honradez não será comprada , não sou mercadoria como muitas pessoas de nossa cidade pensam que são. Não tenho medo de represálias e nem tampouco de trabalhar, pois como dissera aqui anteriormente sou um profissional, e para onde o senhor me transferir irei trabalhar com toda sabedoria dada a mim por Deus. Lembre-se é nele que eu confio e sou sabedor que nas escrituras sagradas diz o seguinte: “OS HUMILHADOS HOJE SERÃO EXALTADOS AMANHÔ. E dessa forma irei sobreviver a cada dia e desejando aos que pensam que são meus inimigos um melhor entendimento sobre humanidade e humildade.
PS: Iniciei este pequeno texto falando que tinha sido duas vezes transferido e quase me esqueci de que ontem pela noite sorrateiramente o senhor prefeito me transferira pela segunda vez, para o povoado de Mato Verde para castigar-me mais uma vez. E de brinde transferiu também minha esposa para o povoado de Feira Nova. Interessante é que não tem vaga em nenhuma escola para onde fomos transferidos. MAIS UMA VEZ A NOVA GESTÃO TRABALHANDO EM PROL DA COMUNIDADE SEM PERSEGUIÇÃO. POIS O SLOGAN ERA: NO GOVERNO DE CAFU E ARTUZINHO NÃO HAVERÁ PERSEGUIÇÔES. Essa é a cidade que tem “MAIS EDUCAÇÂO”.

Luis Felipe – Professor Municipal de Ibititá

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Vaquejada é inconstitucional, sustenta Janot

Por Frederico Vasconcelos

PGR questiona no STF lei do Ceará que considera a prática “desportiva e cultural”.
 
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considera a vaquejada uma “prática inconstitucional, ainda que realizada em contexto cultural”. A vaquejada consiste na tentativa de uma dupla de vaqueiros derrubar um touro puxando-o pelo rabo, dentro de uma área demarcada.
O parecer de Janot foi juntado no último dia 3 na ação direta de inconstitucionalidade proposta pela PGR contra lei do Estado do Ceará que regulamenta a vaquejada como prática desportiva e cultural. (*) O relator é o ministro Marco Aurélio.
 
 Janot sustenta que a prática viola o artigo 225 da Constituição e “fere a proteção constitucional ao ambiente por ensejar danos consideráveis aos animais e tratamento cruel e desumano”.
O governador Cid Gomes sustenta que a vaquejada é amparada pelo disposto no art. 215, § 1º da Constituição, ao prever que “o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”.
A PGR argumenta que Constituição determina caber ao Poder Público a proteção da fauna e da flora, sendo vedadas práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.
Em decisões anteriores, o Supremo já julgou inconstitucionais práticas que maltratam animais, como a “farra do boi”, em Santa Catarina, e as brigas de galo, no Rio de Janeiro.
A ação foi ajuizada com base em representação do procurador da República Alessander Wilckson Cabral Sales, do Ceará, enviada em janeiro ao então procurador-geral, Roberto Gurgel.
A lei nº 15.299, de 8/1/2013, foi assinada na ocasião pelo governador em exercício Domingos Gomes de Aguiar Filho.
Segundo o procurador Sales, “a atividade causa maus-tratos destes animais, submetendo-os a crueldade, em proveito do enriquecimento dos promotores dos eventos, dos vaqueiros e de todos que, direta ou indiretamente, usufruem do dinheiro gerado por estas competições”.
Em agosto, Cid Gomes prestou informações ao STF. O governador admite que “em muitas vaquejadas ocorrem maus-tratos aos bovinos”. Mas a lei questionada, segundo ele, ”em momento algum permite ou legaliza tais atrocidades, ao contrário, determina como obrigação a adoção de medidas que protejam a integridade física e a saúde dos animais, estabelecendo, por sua vez, sanções ao seu descumprimento”.
O texto destaca o seguinte artigo da lei estadual:
 Art. 4 – Fica obrigado aos organizadores da vaquejada adotar medidas de proteção à saúde e à integridade física do público, dos vaqueiros e dos animais.
§ 1º O transporte, o trato, o manejo e a montaria do animal utilizado na vaquejada devem ser feitos de forma adequada para não prejudicar a saúde do mesmo.
 Segundo o governador, “não se pode desconsiderar o fato de que a prática da vaquejada, além de reconhecida pela Lei Federal nº 10.220/2001, é um elemento difícil de extirpar da nossa cultura”.
“Deixar uma prática tão tradicional, que faz parte da cultura do nordestino de maneira tão arraigada, ao léu, sem regulamentação ou mesmo proibida, só trará mais malefícios do que benefícios”, diz Gomes.
Finalmente, o governador alega que o MPF, em sua peça inicial, reconhece que “a prática movimenta milhões, alavancando o turismo, comércio, e sendo o ‘ganha-pão’ de muitos nordestinos”.
Segundo Janot, “a alegação do governador do Estado, de que a lei seria válida por buscar evitar os maus tratos ocorrentes em apenas algumas vaquejadas, não é apta a emprestar constitucionalidade à norma”.
“A violência contra os bovinos e equinos envolvidos nas disputas de vaquejadas é inerente à prática. O fato de a lei reduzir tal violência não torna a conduta aceitável”, diz Janot.
Para o PGR, “o fato de a atividade resultar em algum ganho para a economia regional tampouco basta a convalidá-la, em face da necessidade de respeito ao ambiente que permeia toda a atividade econômica” (art. 170, VI, da Constituição).
“O diploma legal não apenas consolida a histórica violação à fauna e à dignidade humana, como, ainda pior, lhe dá ares de juridicidade”, sustenta a PGR.

Entidades nacionais e estrangeiras condenam obrigatoriedade de data centers no Brasil

Por Rafael Sbarai e Renata Honorato, na VEJA.com:
Às vésperas da votação no Congresso do Marco Civil da internet, uma carta subscrita por 45 entidades das áreas de tecnologia e comércio foi entregue nesta quarta-feira ao deputado Alessandro Molon (PT-RJ), relator do projeto de lei que pretende disciplinar a web brasileira: o documento critica a proposta do governo de obrigar empresas de internet a manter data centers em território nacional. O documento, obtido com exclusividade pelo site de VEJA, diz que a medida terá “efeitos colaterais”, como redução de segurança relativa aos dados de usuários, elevação de custos de serviços, queda de competitividade de empresas e prejuízo aos consumidores.
“A segurança de dados não está relacionada com o local de armazenagem de dados, mas sim com a forma como são mantidos e protegidos”, diz trecho do documento, assinado, entre outras, pela United States Council for International Business e Informational Technology Industry Council, que representam gigantes como Amazon, Apple, Google e Facebook.
Especialistas concordam com esse ponto de vista, contrariando a tese do governo de que a localização dos data centers ajudaria no combate à espionagem. A proposta de obrigar, via Marco Civil, as empresas de internet a manter data centers no país ocorreu em julho, depois que surgiu a suspeita de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou autoridades e empresas brasileiras. Na lista dos espionados, estariam a Petrobras e a presidente Dilma Rousseff.
Os analistas estão de acordo ainda sobre os demais prejuízos da medida. Em entrevista ao site de VEJA, o diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Ronaldo Lemos, explicou que a presença forçada dos data centers afugentará empresas do país. “Os sites terão receio de oferecer serviços a usuários brasileiros com medo de, no futuro, ter que montar um data center local”, afirmou. A hospedagem compulsória também pode provocar uma enxurrada de ordens judiciais exigindo acesso a informações pessoais, além da retirada de conteúdos do ar — com prejuízo óbvio à liberdade de expressão.
Caso não seja votado até a próxima terça-feira, o que é improvável, o Marco Civil trancará a pauta da Câmara dos Deputados. Na prática, isso impedirá que outros projetos na fila de votação sejam analisados pelo Plenário enquanto a matéria não for apreciada.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ainda não determinou quando o Marco entrará na pauta da Casa. Nos bastidores, ele diz que a votação só acontecerá quando houver consenso em relação à proposta. Molon, por sua vez, segue trabalhando na versão final do texto.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Manifestantes saem em passeata em protesto pelo fechamento da rádio Rochedo FM

Ibititá vive hoje um de seus piores momentos com respeito á administração pública. Paridos da mente doentia de um advogado, uma série de medidas absurdas e ditatoriais foram tomadas pelo atual prefeito no intuito de calar e atemorizar a população. Funcionários foram proibidos de ter acesso a seus locais de trabalho, impedindo-os de exercerem suas funções, para depois serem demitidos sob a alegação de faltarem ao serviço. Todos recorreram á justiça e, como não poderia deixar de ser, estão ganhando a causa. O prefeito se recusa a pagar as indenizações acionando os tribunais superiores na tentativa de reverter as decisões favoráveis aos funcionários. Outros servidores foram transferidos para o interior do município sem que nenhuma ajuda lhes fosse dada, num ato de extrema perversidade, típico de um indivíduo que não se abala com o sofrimento alheio.

Não contente com o rosário de maldades feitas até o momento, num ato atentatório à livre expressão do pensamento, que só encontra semelhança na ditadura militar que vigeu no país, o prefeito se negou a conceder o alvará de funcionamento á Radio Rochedo FM, ordenando o encerramento de suas atividades. Foi um ato inconstitucional, para dizer o mínimo, e que provocou grande revolta da população. A rádio Rochedo presta um serviço de enorme importância para a comunidade e seu noticiário veiculado todas as manhãs, era um dos programas de maior audiência da emissora. Incomodado com as críticas à sua administração a ponto de ser comparado a Hitler devido a seus métodos fascistas, o prefeito tomou essa decisão com o total apoio da Câmara de Vereadores que faz ouvidos surdos aos anseios daqueles que os elegeram.
Por conta disso a cidade literalmente parou neste sábado com a população tomando conta das ruas em protesto. Convocado através das redes sociais, notadamente pelo Facebook, a passeata realizou-se de maneira pacífica e ordeira com o acompanhamento da Polícia Militar para garantir a segurança de seus participantes. Por onde passava, a passeata recebia a adesão entusiasmada de comerciantes com palavras de incentivo, sabendo-se que todos vivem amordaçados com política de terror imposta hoje em nossa cidade. Assim como aconteceu com a Rochedo FM, muitos estabelecimentos comerciais também poderão sofrer retaliações, com a negação de concessão de alvarás de funcionamento, caso seus proprietários participem de protestos como os havidos no últimos meses.

Encerrada em frente a Rochedo FM depois de percorrer as principais ruas da cidade, o grito de protesto recebeu a adesão do ex-prefeito de Irecê, Beto Lélis que num discurso muito aplaudido, demonstrou a importância desta emissora para a comunidade e exortou a população a não esmorecer e continuar sempre firme e forte contra os abusos deste ditador de plantão, hoje considerado o maior flagelo experimentado por Ibititá. Tão ou mais nocivo que a seca que atualmente castiga o sertão.

Também fizeram uso da palavra o diretor da Rochedo FM Gil Castro, a repórter Vanessa Castro e um dos associados Hélio Castro, todos exaltando a importância desse meio de comunicação para a cidade. Também comunicaram que o advogado da rádio já estaria tomando as providencias para reabri-la já nessa semana, o que deixou os manifestantes tranquilos, mas deixando claro que se caso isso não ocorra, novas passeatas de protesto poderão ser realizadas.  
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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Reynaldo-BH: Os brasileiros com vergonha na cara são contra o uso abjeto da miséria

 REYNALDO ROCHA
 
Uma reportagem do jornal Estado de Minas ouviu moradores de Congonhas do Norte, pequeno município que votou em Dilma (80%) e em Aécio para o Senado (90%) e que hoje teria que escolher entre um ou outro. Como previsto, ainda dividido. O que ficou evidente são os argumentos dos que se dizem eleitores de Dilma.
Uma sitiante afirma que votará em Dilma, pois “ela é Lula e Lula nos tirou da pobreza”. Detalhe: recebe R$ 215 ao mês do Bolsa Família. Outro pequeno agricultor afirma que Dilma é melhor “porque com o Bolsa Família eu não preciso trabalhar e posso formar (???) meus filhos”.

Resta alguma dúvida sobre o viés eleitoreiro e escravizante deste que é o programa que mantém o lulopetismo como força política que se pretende hegemônica?
Quem exige uma porta de saída do Bolsa Família não precisa de mais argumentos.
São dez anos de programa assistencialista. Mesmo desprezando ─ somente como exercício cínico ─ o roubo e corrupção que recheiam esse assistencialismo de carteirinha (a Folha lembra os R$ 500 milhões desviados no mesmo período, na área da Saúde sem NENHUMA punição!), resta o uso criminoso de um direito de cidadania que foi (e é) vendido como dádiva de um grupelho.
São nossos impostos. De todos nós. Dos que são lulopetistas ou que são somente democratas. E mesmo dos direitistas raivosos. TODOS contribuímos. Concordando ou não.
A visão de que se saiu da pobreza por ter R$ 215 ao mês (essenciais para que a entrevistada não tivesse como alimento somente sopa de fubá, como ressaltou) é perversa.
A pobreza está na falta de saúde, de renda, de emprego, na educação inexistente e no exercício indigno da cidadania. TODOS estes “detalhes” são substituídos pelo “favor” distribuído pelo ESTADO. E nunca pelo partido.
O assistencialismo é necessário. Nenhuma corrente ideológica, no Brasil, irá propor que as mulheres percam o direito ao voto. É conquista secular. O Bolsa Família (nascido com FHC e formatado por Lula) é conquista. Não se admite ─ mesmo em nome de um suicídio político ─ um retrocesso.
O que enoja é o uso do programa. A redução de miseráveis a miseráveis dependentes. A obrigação do Estado transformada em benesse partidária. E a falta ─ como em tudo que o PT faz ─ de um planejamento sério e honesto. Qual a porta de saída? Que incentivo se dá para que não se dependa mais de uma renda mínima?
A resposta está no segundo depoimento. O lavrador diz que pode deixar de trabalhar porque ─ mesmo assim ─ poderá formar os filhos.
Formar? Em quê? Em novos dependentes do Bolsa Família? Já não estamos na terceira geração de beneficiários? Avós, mães e filhas?
E um homem em idade produtiva, pequeno sitiante, prefere o não fazer substituído pela esmola. (“Mas, doutô, uma esmola a um homem qui é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”).
É este o legado do Bolsa Família passados dez anos: um número maior de beneficiários. Ou seja, a miséria aumentou.
A sensação de ter saído da pobreza impede que as pessoas tenham consciência de que ela se manifesta nas filas de hospitais, na escola com carteiras improvisadas e telhados de palha, ou na submissão aos desejos e ordens dos poderosos.
Ou seria o que “vicia o cidadão”, como no exemplo de quem desistiu do trabalho?
O mais cruel é o que liga o DIREITO ao FAVOR. Isso faz com que o que nossos impostos sejam usados neste programa (e eu admito que assim seja, em outro formato), como se fosse dádiva de uma camarilha que certamente contribui menos que o brasileiro médio para essa ação assistencial. Eles são especialistas em roubar o que se destina ao programa.
Que fique claro: ninguém é contra o assistencialismo que combate a fome e a miséria.
Os brasileiros com vergonha na cara são contra o uso abjeto da miséria como cerca de um deprimente curral eleitoral. São contra o bando que precisa da perenização da desgraça para tentar manter-se no poder.

sábado, 19 de outubro de 2013

Senado aprova projeto que permite a criação de novos municípios

Proposta regulamenta trecho da Constituição e estabelece regras.
Criação de municípios está suspensa desde 1996; texto vai para sanção.

Felipe Néri Do G1, em Brasília
 
O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) comanda sessão do Senado (Foto: Lia de Paula / Agência Senado)O presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) comanda sessão do Senado nesta quarta-feira (19) (Foto: Lia de Paula / Agência Senado)
O Senado aprovou nesta quarta-feira (16) projeto de lei que permite a criação de novos municípios. Proposto em 2008 pelo Senado, o projeto sofreu alteração na Câmara e, por isso, voltou para nova votação pelos senadores. Agora, seguirá para sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff.
Segundo o relator da proposta, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), atualmente, o projeto já permitiria dar início a processos de emancipação – e transformação em municípío – de pelo menos 188 distritos.
Uma nova lei sobre a criação de municípios precisava ser aprovada porque uma emenda constitucional aprovada em 1996 proibiu a criação de municípios por leis estaduais e definiu que isso só poderia ser feito por meio de autorização em lei complementar federal.
A matéria aprovada pelo Senado regulamenta a Constituição ao estabelecer regras de incorporação, fusão, criação e desmembramento de municípios e determina que distritos poderão se emancipar após a realização de um plebiscito.
O texto aprovado é um substitutivo, com várias alterações no projeto original, de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
De acordo com o substitutivo aprovado, o primeiro passo para a criação de um município é a apresentação, na Assembleia Legislativa, de um pedido assinado por 20% dos eleitores residentes na área geográfica diretamente afetada, tanto no caso da criação ou desmembramento quanto nas situações em que houver fusão ou incorporação de cidades.
Após o pedido, a assembleia legislativa deverá coordenar um "estudo de viabilidade" do novo município. Se houver viabilidade financeira e populacional, com base nos critérios estabelecidos na lei, será realizado o plebiscito que definirá a criação ou não do novo município.
Os senadores retomaram o projeto inicial do Senado e retiraram do texto aprovado na Câmara a possibilidade de se criar novos municípios em áreas de reserva indígena, de proteção ambiental ou pertencentes à União.
De acordo com relator da proposta, não há estimativa de custo da criação dos municípios, com a criação de cargos e instalação de prédios públicos, como os das câmaras de vereadores, por exemplo.
Segundo Valdir Raupp, os novos municípios receberão recursos que seriam aplicados em outras regiões do mesmo estado.
“Não vai aumentar um centavo nem para União nem para os estados. Vai sair (recurso) dos municípios de cada estado. Vai ser desmembrado um pequeno percentual das cotas do fundo de participação [...] e de arrecadação com ICMS. O 'município-mãe' vai perder percentual, isso é natural”, disse Raupp.
Confira abaixo quais são os requisitos para a criação de um município, segundo o que estabelece o projeto.

AS ETAPAS PARA A CRIAÇÃO DE UM MUNICÍPIO

1. Protocolar na Assembleia Legislativa pedido de criação do município assinado por pelo menos 20% dos eleitores do distrito, obedecendo às seguintes condições:
- Eleitorado igual ou superior a 50% da população do distrito;
- Ter “núcleo urbano já constituído” e dotado de infraestrutura, edificações e equipamentos “compatíveis com a condição de município”;
- Ter arrecadação superior à média de 10% dos atuais municípios do estado;
- Área urbana não pode estar situada em reserva indígena, área de preservação ambiental ou área pertencente à União, a autarquia ou fundação do governo federal.

2. Após o pedido, elaboração em 180 dias, pela Assembleia Legislativa, de "estudo de viabilidade" do novo municípío e área remanescente do município do qual o distrito pretende se separar. O estudo deverá verificar a viabilidade econômica, ambiental e política do novo município. Concluída essa etapa, o relatório terá de ser apreciado pelos deputados estaduais, que poderão arquivar ou aprovar o projeto.

3. Se o pedido for aprovado pela assembleia, será realizado um plebiscito que envolverá a população do distrito interessado em se emancipar e a do município ao qual o distrito pertence.

4. Se no plebiscito vencer a opção "sim", a assembleia legislativa terá de votar uma lei estadual autorizando a criação do novo município.

5. Após a aprovação da lei pela assembleia, será marcada data para eleição de prefeito, vice e vereadores do novo município

“E aí, doutor, meu filho quer fazer Medicina. Ainda vale a pena ser médico no Brasil?”

"Desde o momento que optamos por fazer o curso de medicina, trazemos para a nossa vida, uma série de obstáculos a serem transpostos"


“Desde o momento que optamos por fazer o curso de medicina, trazemos para a nossa vida, uma série de obstáculos a serem transpostos”
Por Roberto Corrêa Ribeiro de Oliveira, médico anestesiologista e professor universitário que trabalha no SAMU em Araguaina (TO)
 
Como médico e professor universitário, que também trabalha no SUS, tenho tido a oportunidade de observar uma mudança radical na forma como a sociedade vê os médicos brasileiros.
Estamos presenciando um fenômeno social muito preocupante, que tem afetado de forma devastadora o ânimo e a autoestima dos estudantes de medicina e até mesmo de alguns colegas mais maduros e experientes.
Muitos alunos estão descrentes com a carreira e preocupados com o seu futuro profissional, alguns pensando até em desistir da profissão, antes mesmo de iniciar a sua prática profissional.
Esse sentimento é justificado pelas constantes campanhas publicitárias, veiculadas por alguns meios de comunicação de massa, que vêm investindo pesado contra a classe médica, jogando toda a culpa pela péssima qualidade dos serviços públicos nacionais de saúde em nossas costas.
O objetivo deste tipo de política difamatória foge do objetivo dessa análise. Para os mais esclarecidos, já está mais do que claro que é uma estratégia utilizada para o atual governo tentar vencer as próximas eleições .
Gostaria também de relembrar aos estudantes de medicina e aos jovens médicos de nosso imenso país que nossa luta não é e nem nunca será fácil, e que todo médico já deveria estar acostumado com os sacrifícios que acompanham a escolha de nossa profissão.
Desde o momento em que optamos por fazer o curso de medicina trazemos para a nossa vida uma série de obstáculos a serem transpostos.
O vestibular é muito concorrido, o nível dos candidatos é elevado, nossa profissão nos obriga a tratar os mais variados tipos de mazelas e doenças , que muitas vezes acabam por também machucar as almas de quem as trata.
Além disso, em alguns momentos de nossas vidas profissional, ainda seremos obrigados a levar a triste notícia do falecimento para alguns pais, mães, irmãos, filhos e amigos desesperados.
Isso dói muito.
Em um passado não muito distante, éramos respeitados pela comunidade brasileira , que de uma certa forma, sentia-se agradecida pelo nossos serviços e além disso, ainda não nos responsabilizava pelo total abandono da saúde pública brasileira.
Não vou negar que esse respeito e gratidão acabaram me fazendo escolher esta bonita e importante profissão.
Toda família sentia um enorme orgulho ao ver o seu filho vestido de branco preparando-se para ir para a faculdade de medicina.
Porém, os tempos são outros, enfrentamos atualmente um novo cenário, mais desfavorável e injusto.
Quando algum pai de estudante de cursinho ou mesmo um aluno me perguntam o que penso sobre o futuro de nossa classe, sou obrigado a confessar que, apesar de todas as dificuldades, não escolheria outra profissão.
Ser médico realmente não é fácil, é uma grande responsabilidade. Principalmente agora, com toda a campanha difamatória do atual governo.
Porém, não devemos nos acomodar e aceitar passivamente tal situação, devemos lutar com força, fé e determinação para mudar o mais rápido possível essa triste realidade .
Acredito que somos uma categoria especial de profissionais, não porque somos SUPER-HERÓIS, mas porque, apesar de feitos de carne e ossos, de termos sentimentos, sentirmos dores, ficarmos doentes, termos medo, tristeza, cansaço, problemas financeiros e familiares, somos obrigados a esquecer de tudo quando vamos à luta, entregando-nos de “corpo e alma” para podermos tratar de nossos pacientes.
Por fim, concluiria dizendo a todos os jovens que desejam cursar medicina, aos próprios estudantes de medicina e aos jovens médicos em geral que, apesar de tentarem nos humilhar, nos desvalorizar, nos desonrar perante a nossa população, ninguém tirará de nós aquele sentimento nobre, único e gratificante de termos salvo uma vida, de termos amenizado a dor de uma enfermidade, de termos visto a alegria de um pai e de uma mãe no momento do nascimento de seu tão esperado filho.
ISSO NOS FAZ REALMENTE ESPECIAIS.
Por isso, continuo afirmando, que apesar de tudo o que acabei de relatar e de todas as dificuldades que estamos enfrentando, vale sim, muito a pena ser médico.
FELIZ DIA DOS MÉDICOS, HOJE, DIA 18, A TODOS OS PROFISSIONAIS DO BRASIL E DO MUNDO

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O pum assassino – II - Pânico no shopping

Na cidade grande nosso personagem teve de se adequar à sociedade civilizada. Nada de pum, e traques quando havia gente por perto. Começou a levar uma vida pacata que estava enchendo-o de tédio. Cultivava uma triste saudade do tempo em que era o foco central da cidadezinha onde morava; se bem que de um modo nada saudável. Mas como as pessoas reagiriam se ele abrisse o roscofe e soltasse seus gases venenosos? Podia levar uma surra, ser levado para a cadeia ou quem sabe até morto. Na dúvida era melhor deixar quieto.
Até que um dia de passeio num shopping  começou a sentir um ronco inusitado na barriga. E esse ronco foi se transformando num reboliço e uma pressão violenta começou a forçar o esfíncter. Era preciso ir ao banheiro urgente e ele sabia quais as consequências que adviriam. Entrou no sanitário e foi logo convocando todo mundo a sair dali. É claro que todos o olharam como um débil mental; mais um para encher o saco. Mas diante de sua expressão desesperada começaram a desconfiar que havia algo errado. Mas como ninguém atinava com o que, todos continuaram com suas atividades fecais.
E aí aconteceu a tragédia. Assim que sentou na bacia primeiro vieram os gases intestinais. Depois seguiu-se a matéria sólida. Não podemos nem classificar de matéria sólida àquela  enxurrada de água turva extremamente fedorenta. Assim que os gases começaram a se espalhar no recinto os usuários iam ficando atordoados. Do atordoamento veio o pânico. O que era aquilo? Será que a polícia invadiu o ambiente e estava soltando bombas de gás lacrimogêneo?  Ultimamente estava na moda por causa da onda de protestos. Mas não havia tempo para reflexão; urgia sair dali e o mais rápido possível. Foi uma correria que quase deixou alguns feridos. Tão loucos ficaram os cagões desprevenidos que alguns saiam com as calças ainda arriadas.
Avisada, a administração do shopping chamou a polícia e o Corpo de Bombeiros. Ao sentirem o drama, os bravos soldados do fogo foram entrando no banheiro cautelosamente sem máscaras contra gases, o que foi uma temeridade. Ao sentirem o impacto dos gases em suas narinas alguns desmaiaram, outros providenciaram alguma proteção contra aquela violenta fedentina. Aos trancos e barrancos foram evacuando a toalete contaminada arrastando seus infortunados companheiros que haviam dado passamento (desmaio na linguagem sertaneja).
A essa altura dos acontecimentos a área já tinha sido isolada para proteção do público presente e também para facilitar a ação do batalhão de choque, único talvez capaz de resolver àquele imbróglio. Até um começo de passeata tinha sido suspenso para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Mas assim que o Batalhão de Choque ultimava os preparativos para invadir o banheiro, nosso personagem que tinha ficado todo esse tempo quietinho no vaso sanitário aliviando as tripas, começou a ficar preocupado com o tumulto lá fora. Levantou-se, limpou o anel de couro e foi espiar o que estava acontecendo (claro que ele sabia que não podia ser coisa boa). Mas nem precisou ir até a porta de saída para notar que a coisa toda tinha atingido graves proporções. Se saísse dali tranquilamente podia ser preso por perturbação da ordem pública. Depois saberia que a operação toda visava anular um ataque terrorista.
De modo que botou a cachola para funcionar e bolou uma estratégia esperta: deitado no chão, e com o blusão no nariz, foi se arrastando até a saída acenando por socorro. Com muita cautela, uma equipe do SAMU (até ela foi convocada) foi se aproximando (a equipe estava com máscara contra gases) e com muito cuidado colocou-o na maca. Já dentro da ambulância, deixaram-no ali enquanto iam verificar se havia mais algum paciente para ser atendido. Vendo-se livre da vigilância, o nosso personagem aproveitou a oportunidade e caiu na catinga, ou melhor, saiu da catinga que o termo mais correto, e foi procurar ares mais respiráveis.
É claro que ele não foi besta de ir lá dar uma olhada para ver como ia terminar aquele pandemônio. As primeiras vítimas que tinham sido socorridas no balão de oxigênio podiam identificá-lo assim que se recuperassem e ele seria alvo da fúria da multidão ali presente. Podia até ser linchado, quem sabe? E lá se foi ele muito satisfeito de ter recuperado sua antiga celebridade.
 
Lauro Adolfo
(Não deixem de acompanhar nosso próximo episódio)

Médica investigada por morte de jovens deixa hospital em Salvador


Oftalmologista seguiu para presídio feminino. Irmãos são vítimas de batida.
'Ela está catatônica', disse promotor do MP sobre situação da suspeita.

 
Ruan Melo Do G1 BA
Deixou o Hospital Aliança em Salvador, na manhã desta quinta-feira (17), a médica Kátia Vargas Leal Pereira. A oftalmologista estava internada desde a sexta (11), quando aconteceu a morte dos irmãos Emanuel e Emanuele, 22 e 23 anos, que trafegavam em uma moto, e foram atingidos pelo carro dela no bairro de Ondina, na capital baiana. A suspeita foi encaminhada para o presídio feminino no Complexo Penitenciário da Mata Escura.
A mulher é investigada porque teria atingido os dois, segundo testemunhas, de forma proposital após um desentendimento no trânsito. Com base em imagens, a polícia acredita que a motorista perseguiu a moto e assumiu o risco de matar.
A delegada Jussara Souza, responsável pelas investigações, chegou à unidade de saúde particular por volta das 9h10 e cerca de cinco minutos depois saiu acompanhada da suspeita, que tentou cobrir o rosto para evitar o assédio da imprensa. A saída dela aconteceu pelo acesso principal do hospital particular. A médica teve a prisão preventiva decretada na terça-feira (15) pelo juiz Moacyr Pita Lima.
acidente (Foto: Gabriel Gonçalves/G1)Médica foi resgatada pelo Samu no dia da batida
(Foto: Gabriel Gonçalves/G1)
'Choque'
"Ela está catatônica. Está em estado de choque. Ela não tinha a mínima possibilidade de prestar depoimento. Estava aérea. Não sei se por causa dos medicamentos", afirmou o promotor do Ministério Público da Bahia, David Gallo.
"Nossa intenção é que ela fique presa", completou em entrevista concedida na porta do complexo penitenciário após uma "tentativa de depoimento". Segundo o promotor, a médica respondeu apenas perguntas básicas sobre ela, como nome, endereço, mas não falou a respeito da batida que matou os dois irmãos no bairro de Ondina.
A médica seguiu para a enfermaria do presídio e, de lá, deve ocupar uma cela individual porque tem nível superior. A delegada, segundo o MP, tem dez dias para concluir o inquérito. A suspeita deve ser indiciada por duplo homicídio triplamente qualificado. "O simples fato dela estar presa agora é uma vitória. Até hoje havia um clima de revolta popular, mas agora não há mais", disse o promotor do Ministério Público.
Casal de irmãos (Foto: Reprodução / Facebook)Irmãos estavam em moto e morreram na hora
(Foto: Reprodução / Facebook)
O advogado da suspeita pediu "respeito" durante as investigações. "Infelizmente, ainda não posso falar sobre esse processo porque ele está em tramitação. A gente precisa ter respeito aos mortos, às familias dos mortos, à família da minha cliente que está sofrendo muito, e à minha cliente. Ninguém pode ser tachado de culpado sem que o processo tenha terminado" afirmou o advogado Vivaldo Amaral.
O advogado dela manteve a confiança na absolvição da médica. "Não estranhe se ao final desse processo, depois de alguns anos, as pessoas que crucificaram minha cliente peçam desculpa. Fatos novos virão e eu tenho certeza que vamos reverter essa situação", conclui.
Já Daniel Keller, advogado da família das vítimas, afirma que "confia" na Justiça e na condenação da mulher. "A prisão foi o primeiro objetivo da família e hoje ela está presa. A expectativa é que ela continue presa enquanto aguarda julgamento. Acreditamos na Justiça, no Poder Judiciário", diz.
Na saída do presídio, a delegada Jussara Souza não falou com a imprensa.
Médica investigada por morte de jovens deixa hospital (Foto: Imagens/ Tv Bahia)Com terço na mão, suspeita investigada por morte de jovens deixa hospital (Foto: Imagens/ Tv Bahia)
Médica investigada por morte de jovens deixa hospital em Salvador (Foto: Imagens/ Tv Bahia)Médica investigada por morte de irmãos saiu do hospital e foi levado para Presídio Feminino (Foto: Imagens/ Tv Bahia)
Perícia
O laudo médico do Departamento de Polícia Técnica (DPT), cujos peritos avaliaram a saúde da suspeita aponta que ela estava clinicamente apta para receber alta. Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), que promoveu coletiva à imprensa para divulgar o resultado da avaliação, o documento afirma que ela passa por abalo psicológico, mas que não há lesão física.
"O laudo esclarece que ela está incapaz de ficar 30 dias sem atividades genéricas ou laborativas. Mas nesse caso é parcial. Não há incapacidade física para atividades habituais, apenas psíquicas causadas pelo acidente. Ainda assim teremos o cuidado de que ela passe por avaliação médica onde irá, mas digo e repito, clinicamente ela pode ser levada à penitenciária. As autoridades estão cientes e a qualquer momento isso pode acontecer", afirmou na quarta-feira (16) o promotor de Justiça Davi Gallo.
O promotor Nivaldo Aquino, que também acompanha o caso, pontuou que a médica chegou a dizer para o perito que tem vontade de cometer suicídio. "O laudo diz que ela falou em cometer suicídio, sobre um possível arrependimento. Mas nada que irá tirar a possibilidade dela responder no conjunto penal. Hoje [quarta] ou amanhã [quinta] ela será custodiada e ouvida, se quiser se manifestar. O MP não tem dúvida de que ela será indiciada por homicídio triplamente qualificado", disse na quarta-feira.
 
Nivaldo Aquino diz que a Promotoria resolveu intervir no caso ao perceber "a atitude insana da senhora". Ainda segundo ele, "os subsídios até agora coletados sinalizam que ela cometeu homicidio doloso e o MP pediu da provisória em preventiva, assim como a autoridade policial", afirma.
Ele informa ainda que solicitou esclarecimentos sobre sete questões ao Hospital Aliança que envolvem o caso, entre elas, o motivo pelo qual a médica, enquanto suspeita presa em flagrante, ficou internada em um hospital privado. O mesmo requerimento foi enviado à direção do Samu. Segundo ele, como houve duas mortes, a médica deveria ter sido encaminhada para um hospital público.
O advogado que defende a família das vítimas disse que o inquérito deve ser concluído até a sexta-feira (18). "Queremos que ela vá à corte popular, para que a justiça da sociedade possa ser aplicada a ela", afirmou Daniel Keller. Segundo ele, caso a médica seja condenada, a pena prevista pode chegar a 60 anos para dois homicídios triplamente qualificados.
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acidente (Foto: Gabriel Gonçalves/G1)Após bater em moto, carro da médica invadiu calçada no bairro de Ondina (Foto: Gabriel Gonçalves/G1)
Acidente
Segundo testemunhas, na manhã da sexta-feira (11), a médica jogou o carro, em alta velocidade, e de forma proposital, na direção dos irmãos que estavam trafegando de moto pela Avenida Oceânica. Antes da batida, a motorista teria se desentendido com o jovem que guiava a motocicleta, por causa de uma "fechada" que a motorista teria dado no rapaz.
Relato de testemunha
A principal testemunha da batida conversou sobre o que presenciou com o G1. Na segunda-feira (14), ele prestou depoimento na 7ª delegacia.
"A gente [ele e os jovens na moto] parou no semáforo do antigo Salvador Praia Hotel e, quando a moto arrastou, também arrastei. O carro branco lá atrás. A moto seguiu em frente e, quando chegou lá na ponta do Ondina Apart, o carro passou com muita velocidade. Eu ainda reclamei e disse 'que motorista maluco!'. De repente, logo depois, teve a colisão dela batendo na moto. O carro jogou o casal contra o poste", relatou em exclusividade para a equipe. "Não houve freada, só derrapagem", acrescenta a testemunha, que não quer se identificar.
A testemunha afirma que desceu do carro ao se deparar com o acidente e percebeu que as vítimas morreram na hora, devido ao impacto da batida. "Vi que não tinha nada pra fazer e fui até o carro dela para falar, não sabia que era uma senhora, chegando perto, avistei que era uma senhora. Passo todos os dias por esse caminho, foi muito chocante, muito terrível. Na sexta-feira logo após o acidente eu viajei para tentar esquecer", afirmou.
Motoqueiros, amigos e parentes fazem passeata por morte de irmãos na BA (Foto: Imagens / TV Bahia)Motoqueiros, amigos e parentes fazem passeata por morte de irmãos na BA (Foto: Imagens / TV Bahia)
Motoqueiros, amigos e parentes fazem passeata por morte de irmãos na BA (Foto: Ricardo Sizilio / Arquivo Pessoal)Motoqueiros, amigos, parentes e populares participaram de homenagens aos irmãos mortos após acidente de trânsito (Foto: Ricardo Sizilio / Arquivo Pessoal)

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Enterro dos irmãos mortos em acidente de trânsito no bairro de Ondina, em Salvador, na Bahia (Foto: Reprodução/TV Bahia)Um dos caixões seguiu primeiro, seguido do segundo. (Foto: Reprodução/TV Bahia)Velório de irmãos mortos em acidente de carro no bairro de Ondina, em Salvador, na Bahia (Foto: Imagem/TV Bahia)Amigos se despedem de jovens irmãos em Salvador (Foto: Imagem/TV Bahia)

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Sem esforço e sem exemplo

Lia Luft
 
Não que a gente ande tão ruim de português por causa das redes sociais, dos torpedos no celular. Essa reclamação tem cheiro de mofo.
O interessante é que, embora digam que se lê pouco, as editoras vendem mais que nunca, bienais e feiras ficam lotadas, e mesmo assim não conseguimos nos expressar direito, nem oralmente nem por escrito. Se lemos mais, por que escrevemos e falamos tão mal?
Penso que, coisas verificadas há trinta anos em meus tempos de professora universitária, andamos com problemas de raciocínio. Não aprendemos a pensar, observar, argumentar (qualquer esforço maior foi banido de muitas escolas), portanto não sabemos organizar nosso pensamento, muito menos expressá-lo por escrito ou mesmo falando. “Eu sei, mas não sei dizer”. “Eu sei, mas não consigo escrever isso” são frases ouvidas há muito tempo, tempo demais.
A exigência aos alunos baixou de nível assustadoramente, e com isso o ensino entrou em queda vertiginosa. Tudo deve parecer brincadeiras. Na infância,. Ensinam a chamar as professoras de tias, coisa com que, pouco simpática, sempre impliquei: tias são parentes. Professoras, ou o carinhosos profes, ou pros, são pessoas que estão ali para cuidar, sim, mas também para educar já os bem pequenos. Modos à mesa, civilidade, dividir brinquedos, não morder nem bater, socializar-se enfim da maneira menos selvagem possível.
Depois, sim, devem educar e ensinar. Sala de aula é para trabalhar; pátio é para brincar. Não precisa ser sacrifício, mas dar uma sensação de coisa séria, produtiva e boa.
Por alguma razão, lá pela década de 60 inventamos – melhor: importamos – a ideia de que ensinar é antipático e aprender, ou estudar, é crueldade infligida pelos adultos. Tabuada, nem pensar. Ortografia, longe de nós. Notas, abolidas: agora só os vagos conceitos. Reprovação seria anátema. É preciso esforçar-se, e caprichar, para ser reprovado.
Resultado: alunos saindo do ensino médio para a faculdade sem saber redigir uma página ou parágrafo coerente e em boa ortografia em seu próprio idioma!
O acesso à universidade, devido a esse baixo nível de ensino médio, reduziu-se a um facilitarismo assustador. Hordas de jovens entram na universidade sem o menor preparo. São os futuros bacharéis que não vão passar no exame da Ordem d. na medicina e na engenharia, o resultado pode ser catastrófico: ali se lida com vidas e construções. Em lugar de querer melhorar o nível desse ensino, cogita-se abolir o exame da Ordem. Outras providências desse tipo virão depois. Em vez de elevarmos o nível do ensino básico, vamos adotar o método da não reprovação. Em lugar de exigirmos mais do ensino médio, vamos deixar todos à vontade, pois com tantas cotas e outros recursos vão ingressar na universidade de qualquer jeito.
Além do ensino e do aprendizado, facilitamos incrivelmente as coisas no nível da educação, isto é, comportamento, compostura, postura, respeito e civilidade.
Alunos comem, jogam no celular, conversam, riem na sala de aula – na presença do professor que tenta exercer sua dura profissão – como se estivessem no bar. Tente o professor impor autoridade, e possivelmente ele, não o aluno malcriado, será chamado pela direção e admoestado. Caso tenha sido mais severo, quem sabe será processado pelos pais.
Não estou inventando: nesta coluna não escreve a ficcionista, mas a observadora da realidade.
A continuar esse processo antieducação, e nos altos escalões o desfile de péssimo exemplos, impunidades, negociatas e deboches – além do desastroso resultado do julgamento do mensalão, apesar das firulas jurídicas -, teremos problemas bem interessantes nos próximos anos em matéria de dignidade e honradez. Pois tudo isso contamina o sentimento do povo, que somos todos nós, e pior: desanima os jovens que precisam de liderança positiva.
Resta buscar ânimo em outras pastagens, para não desistir de ser um cidadão produtivo e decente.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

FGTS: expropriação marxista do trabalhador

 
Esqueça essa baboseira de “mais-valia”, de patrão que explora o trabalho e demais equívocos marxistas. A verdadeira expropriação do trabalho vem do próprio governo, que fala em nome do trabalhador. O FGTS, por exemplo. Matéria grande do jornal GLOBO hoje mostra como os trabalhadores são obrigados a “investir” em um fundo que desvia lucros para outros, enquanto ferra o trabalhador. Vejam trechos:
Se fosse uma empresa, teria registrado o segundo maior lucro do país no ano passado, R$ 14,3 bilhões, menor apenas do que os R$ 21,8 bilhões da Petrobras. Mas como é uma poupança do trabalhador, paga pelos patrões e administrada pelo governo, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) exibe um resultado bastante incomum em seu balanço: em meio a uma série de números positivos, o único a perder dinheiro é o trabalhador, que é o dono do patrimônio.
Entre 2002 e 2012, o lucro do FGTS deu um salto de dez vezes (938%) e o patrimônio líquido — dinheiro que o governo usa para investir em infraestrutura — cresceu 433%. O valor recebido pela Caixa para administrar as contas subiu 274% e chegou a R$ 3,3 bilhões no ano passado, e o total depositado aumentou 142%. Já o valor total dos juros e da correção monetária creditados nas contas dos trabalhadores ficou em R$ 8,2 bilhões em 2012, uma alta de apenas 19% na comparação com 2002. E o rendimento das contas nesses 11 anos foi de só 69,15%, bem abaixo da inflação acumulada no período medida pelo INPC (103%), revela estudo inédito elaborado pelo Instituto FGTS Fácil.
— Enquanto o Fundo vai muito bem obrigado, o trabalhador está muito mal, porque, ao não receber nem a atualização monetária, o dinheiro diminui. Não questiono as funções sociais do FGTS, mas se mesmo com isso, com as doações para o Minha Casa, Minha Vida, o Fundo dá lucro, por que o trabalhador precisa ter prejuízo? O governo está ganhando dinheiro com o Fundo, a Caixa ganha, com saldo menor os empresários pagam menos multa. Só o trabalhador perde — diz Mario Avelino, presidente do FGTS Fácil.
O FGTS acaba sendo um mecanismo de transferência de renda dos trabalhadores e empresários aos governantes e seus apaniguados. A Caixa é a maior beneficiada, enquanto o trabalhador fica a ver navios, com retorno menor até do que a inflação.
Mais-valia? É por aí mesmo. Só que Marx entendeu tudo errado: quem se apropria dela é o governo, não o empresário!

Rodrigo Constantino

Eleita “a executiva mais poderosa do ranking global”, presidente da Petrobras luta para consertar estragos do antecessor, Sergio Gabrielli. Como prêmio, Gabrielli quer ser governador da Bahia

 

A presidenta da Petrobras, Graça Foster, diz que para se chegar onde se quer é preciso esforço e estudo (Foto: Petrobras)
A presidente da Petrobras, Graça Foster, diz que para se chegar onde se quer é preciso esforço e estudo (Foto: Petrobras)

A gerência de imprensa da Petrobras distribuiu na semana passada nota que reproduzo em parte.
Vejam só:
“Pelo segundo ano consecutivo, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, foi apontada pela revista americana Fortune como a executiva mais poderosa do ranking global, concorrendo com mulheres de negócios de diversos setores e países. Tanto em 2012 como em 2013, Graça Foster ficou em primeiro lugar na lista de executivas que atuam fora dos Estados Unidos.
Para elaboração do ranking global das Mulheres mais Poderosas, a Fortune selecionou um grupo de 50 candidatas de diversos países, como Inglaterra, Austrália, Suécia, Turquia, entre outros. A classificação foi baseada em quatro critérios: a importância e o tamanho do negócio liderado pela executiva na economia global; o sucesso e a condução dos negócios; a trajetória de carreira da executiva; e sua influência social e cultural.

Maria das Graças Silva Foster é engenheira química e a primeira mulher a comandar a Petrobras. Assumiu a presidência em fevereiro de 2012. Antes foi diretora de Gás e Energia da Petrobras e presidente da Petrobras Distribuidora, entrou outros cargos executivos. Está há 32 anos no quadro de profissionais de carreira da companhia.
Para ver a lista Global 2013 das 50 Mulheres de Negócios Mais Poderosas da Fortune clique aqui: http://money.cnn.com/magazines/fortune/most-powerful-women/2013/global/ “
Pois muito bem.
Se eu fosse maldoso, diria: “agora, só falta Graça Foster consertar a Petrobras”.
Mas, procurando ser justo, diria que mesmo os críticos do governo reconhecem que Graça Foster, que assumiu a presidência em fevereiro do ano passado, tem feito o possível para recuperar a empresa do estrago que foi a gestão do ex-presidente José Sergio Gabrielli — a mais longa gestão de um presidente da Petrobras (2005-2012) desde a criação da empresa, em 1953.
Gabrielli: depois de gestão ruim na Petrobras, quer como prêmio candidatar-se ao governo da Bahia pelo PT (Foto: diariodepernambuco.com.br)
Gabrielli: depois de gestão ruim na Petrobras, quer como prêmio candidatar-se ao governo da Bahia pelo PT (Foto: diariodepernambuco.com.br)
Gabrielli é o atual secretário do Planejamento da Bahia.

Como prêmio por uma gestão que atrasou a exploração do pré-sal, não conseguiu resolver a pendenga com a Venezuela sobre a construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco (o chavismo deu um calote no sócio brasileiro e ficou por isto mesmo), fez recuar a apregoada auto-suficiência do país em relação ao petróleo (só até julho deste ano, o país importou o equivalente a 25,8 bilhões de dólares de óleo e derivados), desestimulou a meritocracia na empresa e levou-a a uma brutal desvalorização nas bolsas de valores (em junho passado, a Petrobras havia encolhido, em 12 meses, de um valor de 250,5 bilhões de reais para 198,9 bilhões), Gabrielli, agora, quer ser candidato do PT ao governo da Bahia.

Ricardo Setti