sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Dois ministros citam o “Sermão do Bom Ladrão”

No voto que deu ontem, o ministro Celso de Mello, decano da corte, citou o Sermão do Bom Ladrão, de Padre Vieira (1608-1697), aquele que o poeta Fernando Pessoa chamava, com justiça, “o imperador da Língua Portuguesa”. Nesta quinta, o ministro Ayres Britto referiu-se, mais uma vez, ao sermão. Lá vai um trecho:

“Não são só ladrões — diz o Santo — os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhe colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo de seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas (juízes) e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões e começou a bradar: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e, no mesmo dia, ser levado em triunfo um cônsul ou ditador por ter roubado uma província.”
(…)
É nesse texto que Vieira diz que “o roubar pouco faz os piratas”, e o “roubar muito, os Alexandres”.
 

Reynaldo-BH: ‘Um dia veremos que valeu a pena não ter desanimado nem desistido’


REYNALDO ROCHA

Nós nos acostumamos a:
Não acreditar em pronunciamentos oficiais.
Duvidar dos números que nos são apresentados.
Sorrir da mais recente falcatrua.
Aceitar o atropelamento das leis.
Protestar somente no sofá da sala.
Substituir a indignação pela chacota.
Dizer que “no Brasil é assim mesmo”.
Admitir que o poder seja fatiado entre amigos.
Aceitar que incapazes sejam eleitos.
Tolerar a eleição de bandidos.
Sofrer com ladrões eleitos.
Valorizar pretensos sábios que não sabem sequer escrever.
Conviver com sábios que, cônscios do pouco (ou nenhum) saber, vendem o quase nada que sabem.
Ler revistas que vendem as páginas editoriais a quem paga mais.
Suportar opiniões de colunistas e blogueiros pagos com o nosso dinheiro.
Acreditar que, na montagem de alianças políticas, tudo é permitido.
Ouvir nulidades declamando platitudes em nosso nome.
Envergonhar-se frente ao mundo pela aceitação de um novo pai da pátria.
Ser tratados pelos poderosos de plantão como habitantes de um imenso curral eleitoral.
Pagar por serviços que não são prestados.
Trabalhar metade dos dias do ano para o sustento de uma estrutura governamental podre e corrupta.
Ser lesados como consumidores.
Ser roubados como contribuintes.
Ser enganados como eleitores.
Ser humilhados como cidadãos.
Contemplar a defesa do indefensável.
Submeter-se a argumentações ridículas e apostas na mentira.
Ver juízes que envergonham a toga agindo sem medo de assumir posturas servis.
Mas NUNCA nos acostumaremos com o desânimo. Parafraseando Facundo Cabra: talvez o Brasil não esteja desanimado, mas apenas distraído. E distração um dia passa…E neste dia veremos que valeu a pena nunca ter desanimado. Nem desistido.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O primeiro punk do mundo se chama Little Richard

POR ANDRE BARCINSKI

A capa do disco já chama a atenção: sobre um fundo amarelo, uma foto preta e branca de um jovem negro. Ele tem os olhos fechados e a boca aberta num sorriso largo e malicioso. Parece ter sido fotografado no meio de um urro de prazer. Dá para ver seus dentes. Olhando bem, dá para ver até a língua. Em 1957, não pegava bem um astro mostrando a língua…
Na cabeça, o rapaz ostenta um topete Pompadour, batizado em tributo à famosa cortesã que incendiou os palácios franceses no século 18. E o bigodinho fino lhe confere um ar misterioso, de bruxo ou ilusionista.
Seu nome é Richard Wayne Penniman, conhecido por Little Richard. Era um bom menino. Obedecia à mãe e ia à missa. Mas quem viu Ricardinho num palco tinha certeza que ele não era desse planeta.
Seus gritos eram lancinantes (não à toa a família o apelidara, ainda criança, de “Falcão de Guerra”, pela potência animalesca de seus trinados). Tocava piano como um possuído, espancando as teclas com uma ferocidade bestial. E cantava também sob uma espécie de possessão, talvez inspirado pelos fiéis que recebiam espíritos nos cultos pentecostais que freqüentava.
Em março de 1957, chegava às lojas “Here’s Little Richard”, LP de estréia do cantor. As faixas já tinham feito sucesso em compactos: “Tutti Frutti”, “Long Tall Sally”, “Rip It Up”, “Jenny Jenny”…
O LP é o beabá do rock and roll. Marco zero. O Mobral do gênero. E acaba de ser relançado em CD, com faixas-bônus e remasterizado. “Essencial” é pouco: uma discoteca que não tem esse LP já nasce morta.
De todos os pioneiros do rock, Little Richard é meu preferido. Não só pela qualidade de suas músicas e pela intensidade de sua interpretação, mas pelo radicalismo de sua figura pública. Ninguém desafiou o sistema como ele. Little Richard foi o primeiro punk da história.
Cada vez que ouço um rockstar bilionário reclamando da fama ou um indie estatal fazendo manifesto, lembro de Little Richard: pobre, preto e gay, tocando a música do demônio no quintal da Ku Klux Klan.
Little Richard reinou numa época em que negros eram linchados e pendurados em árvores, quando tocar rock era questão de vida ou morte. Fez incontáveis shows com público dividido: brancos de um lado, negros de outro.
Tinha de ser muito macho para ser Little Richard nos anos 50. Porque Ricardinho não era um gay escondido no armário: era uma bicha louca, uma diva, um pavão misterioso que desceu de um disco voador para levar os jovens da América à perdição.
Seis meses depois de lançar esse disco, Little Richard voava para um show na Austrália quando teve uma visão: viu o avião envolto pelas chamas do inferno. Decidiu, ali, no auge da carreira, largar o rock and roll.
Foi o que fez: por alguns anos, só gravou música gospel. Abandonou as orgias que fazia na estrada – com homens, mulheres e sabe-se lá o que mais – e virou pastor.
Até que, em 1962, foi tocar na Inglaterra a convite do empresário Don Arden (pai de Sharon, futura mulher de Ozzy), com uma bandinha iniciante como atração de abertura, uns moleques chamados The Beatles.
Quando o público inglês viu Little Richard cantado gospel, começou a pedir os hits. Queriam ouvir “Tutti Frutti”, queriam ouvir “Long Tall Sally”. Richard capitulou. Tocou seus velhos sucessos e saiu do palco em êxtase. Foi o início de seu retorno ao rock and roll, a ressurreição do performer mais incendiário que o rock já viu

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Filhos da mãe

João Pereira Coutinho
 
Aborto. A minha semana foi dominada por ele. Nos Estados Unidos, o republicano Todd Akin fez estragos na campanha de Mitt Romney com uma afirmação miserável sobre o tema: quando há violação, o corpo da mulher tem maneiras de resolver isso, rejeitando a gravidez.

A miséria da frase não está no delírio acientífico do homem, nem sequer na sua recusa do aborto em casos de violação --uma posição tradicionalista, sim, que é possível entender (não por mim) e até respeitar (idem).
A verdadeira miséria está na defesa explícita de que há violações e violações. Se a violação é verdadeira, o corpo da mulher é uma espécie de nave espacial que se desvia dos meteoritos, impedindo que o espermatozoide faça a sua aterragem triunfal em solo ovular.

Se, pelo contrário, a violação é ambígua, ou "amigável", como sacrificar a vida de um inocente? Sobretudo quando esse inocente é o produto de uma violação-que-não-é-bem-uma-violação?

Já escrevi nesta Folha. Repito: sou contra a liberalização do aborto, exceto quando está em causa a saúde física e psíquica da mãe.
E imagino que uma mulher violada --a sério ou a brincar-- não fica propriamente no seu melhor estado anímico. As palavras de Todd Akin são, por isso, duplamente aberrantes.

Mas o aborto, e a minha semana a pensar no assunto, não veio dos Estados Unidos. Veio de Portugal.
Na imprensa lusitana, encontro notícia séria que merece reflexão séria: um pesquisador português, Jorge Martins Ribeiro, escreveu um estudo universitário sobre a paternidade.

Melhor: defendendo a possibilidade de um homem não reconhecer a paternidade de um filho nascido contra a sua vontade.
O pesquisador português baseia-se na mais pura igualdade entre gêneros. E invoca a liberalização do aborto no país (desde 2007) em socorro das suas teses: se, em Portugal, a mulher pode decidir abortar até as dez semanas de gestação, independentemente da posição do homem sobre o assunto, por que motivo o homem não pode recusar a paternidade de uma criança?

O raciocínio de Martins Ribeiro é exemplar --e exemplar porque parte da mesma noção de "autonomia" que está no centro das discussões progressistas sobre o aborto.
É a mulher grávida quem decide o que fazer com a criança. Sempre. A opinião do homem; os seus interesses; o desejo (ou não) de ser pai --tudo isso tem importância, digamos, conjugal ou sentimental.

Mas nada disso determina o fim do processo. Porque a "autonomia" da mulher é sempre soberana.
Nenhum homem pode obrigar uma mulher a abortar. No esquema geral das coisas, o homem não passa de um doador de esperma que, depois do serviço, é atirado para as bordas do prato, assistindo a um filme onde ele será apenas ator coadjuvante.

Como? Perfilhando (obrigatoriamente) a criança e sustentando-a, caso a mãe decida tê-la.
O pesquisador Jorge Martins Ribeiro, com impressionante sensibilidade paritária, inverte as premissas tradicionais do debate e conclui: se um homem não pode obrigar a mulher a abortar, não pode também ser obrigado pela mulher a perfilhar uma criança que ele não desejou.

E mais: nem a autoridade do Estado pode invadir essa esfera de "autonomia" (masculina). O Estado não pode determinar que uma mulher aborte uma criança.
Como pode desencadear uma averiguação oficiosa de paternidade? Se o pai não quer ser pai, o filho será, literalmente, filho da mãe.

Claro que, no meio do debate, algumas consciências progressistas acabarão por apelar para "os superiores interesses da criança".
Curioso: quando é para abortar, não há "superiores interesses da criança"; quando o homem ameaça fazer as malas, a criança passa a ter "superiores interesses".

Nada disso perturba o raciocínio do nosso pesquisador. "Superiores interesses da criança"?
Diz ele: um sistema que já acomoda o aborto livre até as dez semanas pode perfeitamente conviver com filhos sem atribuição da filiação paterna.

Eis, no fundo, a beleza da "autonomia" progressista: todos sabemos como ela começa; ninguém sabe como ela acaba.

Agora petistas querem pôr limite ao direito de greve dos servidores públicos… Epa! São agora “reacionários” como eu???

Que delícia!

Agora os petistas querem debater a lei que regulamenta o direito de greve dos servidores para tentar botar um pouco de ordem na bagunça. Sempre que o funcionalismo botou pra quebrar contra governos adversários, a petezada apagava o incêndio com gasolina. Lembro de novo: a candidata Dilma Rousseff recebeu a presidente da Apeoesp, que tentava liderar uma greve de professores, enquanto a mulher saía esgoelando pelas ruas que era para “quebrar a espinha do Serra”. Deixo claro, hein: sou favorável à regulamentação, sim! Mas não me dispensarei, por isso, de acusar os petistas de hipócritas.
Leiam o que informa Kelly Matos na Folha Online.  Volto em seguida.
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e a ministra da Articulação Política, Ideli Salvatti, afirmaram nesta terça-feira (28) que o Congresso Nacional deve ao país um debate e uma decisão sobre a lei para regulamentar o direito de greve. Atualmente, a Constituição inclui o direito de greve para os servidores públicos federais. Mas até hoje não há uma lei até regulamentando em detalhes como deve ser exercido esse direito. “Tem um debate no Congresso Nacional, acho que o Congresso deve esse debate e essa decisão ao país”, disse a ministra Gleisi Hoffmann durante evento pela manhã.
Hoje, um projeto do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), que tramita no Congresso, busca fixar limites às greves no setor público. O texto tem como objetivo assegurar e disciplinar o direito de greve, mas também garantir que a sociedade não seja prejudicada. Questionada sobre o tema a ministra Ideli Salvatti endossou o comentário de Gleisi e disse que ‘está na hora do Congresso se manifestar’.
“Eu não só concordo como acredito que no Congresso nos temos ambiente para fazer esse debate. Infelizmente tivemos vários excessos, varias situações que são inadmissíveis para o bem estar da população, segurança da população e prestação do serviço público. Então eu acho que está na hora mesmo do Congresso poder se manifestar”, afirmou Ideli. De acordo com a ministra, responsável pela articulação política com o Congresso, o Planalto e “o Brasil inteiro” precisam se empenhar para agilizar a tramitação da lei. “Nós todos, o Brasil inteiro, precisamos. Acho que é uma necessidade”, disse.
Voltei
Pois é… O projeto é de um tucano! Cadê a tese do governo? Cadê a proposta oficial? Estivesse FHC no poder, a “professora” Ideli Salvatti seria a primeira a sair gritando: “Fogo, fogo na floresta!”. Como Dilma está no governo e como há uma boa perspectiva de reeleição, então chegou a hora de pôr freios nos companheiros mais exaltados…
Eu, que sou contra qualquer greve de servidores públicos, apoio ao menos a regulamentação. Mas sabem cumé… Dizem que sou reacionário, né? Como podem os progressistas do PT estar comigo nessa?
Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Eleições municipais: candidatos de nomes bizarros ou absurdos — para rolar no chão de rir (e de chorar também). São da eleição de 2008. Vai ocorrer isso de novo? Até quando nossas leis serão tão tolerantes?

 

 

Chica Chiclete -- Francisco Spala Neto, candidato a vereador em Vila Velha / ES, em 2008, pelo PMDB
Esta é uma certa Chica Chiclete -- o travesti Francisco Spala Neto, candidato a vereador em Vila Velha (ES), em 2008, pelo PMDB: é hora de nomes bizarros
 
Amigas e amigos do blog, com a campanha eleitoral em marcha para as eleições de 7 de outubro, quando devemos escolher prefeitos e vereadores, é de novo a vez do horário eleitoral gratuito, de debates pela TV, da intensa batalha dos candidatos pelas cidades afora — e também dos eternos candidatos bizarros, que engendram nomes absurdos, cafajestes ou jogos de palavra pura e simplesmente obscenos para tentarem se fixar na memória dos eleitores.
Nossa legislação eleitoral é imensamente tolerante. Partiu de um formalismo inflexível para um virtual vale-tudo no que se refere à identificação dos candidatos por apelidos, ou supostos apelidos.
Vejam abaixo uma galeria desse tipo de coisa, que a meu ver avilta a política, uma atividade que devemos sempre nos empenhar para que seja nobre. Diante disso, a postura ”não gosto de política” parece tentadora — mas não custa lembrar que, se os bons não se interessam pela política, ela será conduzida pelos… outros.
Confira parte do enorme festival de besteirol utilizado em eleições passadas, a maioria em 2008 (clicando nas imagens é possível aumentá-las):
Simonete Bandeira Da Silva, candidata a vereadora em Mata Grande / AL, pelo PP, em 2008
Simonete Bandeira Da Silva, candidata a vereadora em Mata Grande (AL), pelo PP, em 2008. Notem a finesse do slogan
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Heitor Pit Bitoca -- Heitor Martins Sugimoto, candidato a vereador em Taubaté / SP, em 2008, plo PTN
Heitor Pit Bitoca -- Heitor Martins Sugimoto, candidato a vereador em Taubaté (SP), em 2008, plo PTN
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Pedro Precheca -- Pedro Lindolfo Barbosa, candidato a vereador em Alfenas / MG, em 2008, pelo PPS
Pedro Lindolfo Barbosa, candidato a vereador em Alfenas (MG), em 2008, pelo PPS. É preciso comentar alguma coisa?
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Pé de Cana -- Hamilton Carlos De Lima, candidato a vereador em Guarapuava / PR, pelo PP em 2008
Pé de Cana -- Hamilton Carlos De Lima, candidato a vereador em Guarapuava (PR), pelo PP em 2008. Aparentemente, o candidato se orgulha do que é um problema social
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Ninguém -- Ricardo Diorgeo Alves Dias, candidato a Vereador em Montes Claros / MG, pelo PSOL, em 2008
Ninguém -- Ricardo Diorgeo Alves Dias, candidato a Vereador em Montes Claros (MG), pelo PSOL, em 2008
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Lurdí Jipão -- Maria De Lourdes Gonçalves, candidata a Deputada Federal em Paranamirim / RN, pelo PCB, em 2006. Recebeu 3645 votos, mas não foi eleita
Lurdí Jipão -- Maria De Lourdes Gonçalves, candidata a Deputada Federal em Paranamirim (RN), pelo PCB, em 2006
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Leo Kret -- Alecsandro De Souza Santos, candidato a vereadora em Salvador / BA em 2008, e depois a deputado estadual, quando recebeu 22.534 votos e não foi eleito
Leo Kret -- Alecsandro De Souza Santos, candidato a vereador em Salvador (BA) em 2008
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Jorge Perereca -- Jorge Luiz Dos Santos, candidato a vereador em São Gonçalo / RJ, em 2008, pelo PTdoB
Jorge Perereca -- Jorge Luiz dos Santos, candidato a vereador em São Gonçalo (RJ), em 2008, pelo PTdoB
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Cueca -- Joel Minuz Alves, candidato a vereador em Trombudo Central / SC, pelo DEM, em 2008
Joel Cueca -- Joel Minuz Alves, candidato a vereador em Trombudo Central (SC), pelo DEM, em 2008
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Nêgo Cadete -- Jose Ribas Primo, candidato a prefeito em Araponga / MG, em 2008, pelo PRB. Seu vice era José Rola
Nêgo Cadete -- Jose Ribas Primo, candidato a prefeito em Araponga (MG), em 2008, pelo PRB. Veja o nome do candidato a vice
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Frei Damião -- Salvador Correa Neto, candidato a vereador em Ibitinga / SP, em 2008, plo PSL
Frei Damião -- Salvador Correa Neto, candidato a vereador em Ibitinga (SP), em 2008, pelo PSL
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Cristo Da Jerusalem -- Omedino Pantoja Da Silva, candidato a vereador em Porto Velho / RO, em 2008, pelo PRP
Cristo Da Jerusalem -- Omedino Pantoja Da Silva, candidato a vereador em Porto Velho (RO), em 2008, pelo PRP
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Claudete Alves Da Silva Souza, candidata a vereadora, em 2008, em Londrina, pelo PT
Claudete Alves da Silva Souza, candidata a vereadora em 2008 em Londrina (PR) pelo PT
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Cagado -- Hilton Emerick De Paiva, candidato a vereador em Mirante da Serra / RO, em 2008, pelo PPS
Hilton Emerick De Paiva, candidato a vereador em Mirante da Serra (RO), em 2008, pelo PPS
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Xota oi Meu Bem -- Sebastião Neves Evangelista, candidato a vereador em Barra dos Bugres / MT, em 2008, pelo PHS
Xota oi Meu Bem -- Sebastião Neves Evangelista, candidato a vereador em Barra dos Bugres (MT), em 2008, pelo PHS
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Burrinho Da Oficina -- José Carlos Oliveira Santos, candidato a vereador em Uruçuca / BA, em 2008 pelo PSDC
Burrinho Da Oficina -- José Carlos Oliveira Santos, candidato a vereador em Uruçuca (BA), em 2008 pelo PSDC
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Bimbim -- Adão Alves Do Amaral, candidato a vereador em Paiçandu / PR, em 2008, pelo PMDB
Bimbim -- Adão Alves Do Amaral, candidato a vereador em Paiçandu (PR), em 2008, pelo PMDB
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Paul das Girls (Vereador mais votado em Barra Bonita em 2000, com 1360 votos - em 2004 teve só 15)
Paul das Girls foi o vereador mais votado em Barra Bonita (SP), em 2000, com 1360 votos - em 2004, porém, teve só 15 votos
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Glaucia Marrequinha -- Glaucia Matildes Da Silva, candidata a vereadora em Viçosa / MG, em 2008, pelo PSDC
Glaucia Marrequinha -- Glaucia Matildes Da Silva, candidata a vereadora em Viçosa (MG), em 2008, pelo PSDC
 
Esses candidatos abaixo existiram mesmo, mas não conseguimos localizar seu nome, ou a cidade em que concorreram:
zezinho-merda
Seja lá qual for o verdadeiro nome do candidato, é preciso comentar alguma coisa?
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Moto Rosa
Moto Rosa
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domingo, 26 de agosto de 2012

Pensem nesta vergonha, senhoras ministras e senhores ministros do Supremo: até agora, esta inocente é a única punida do mensalão!


Vocês têm de espalhar na rede a história desta mulher porque ela é a evidência viva do modo como “eles” operam. Ela se negou a endossar a roubalheira dos mensaleiros no Banco do Brasil. Sabem o que aconteceu? Perdeu o emprego, não consegue mais trabalho e já foi ameaçada de morte três vezes. Leiam a reportagem de Gustavo Ribeiro e Hugo Marques na VEJA desta semana.

Danevita: ela fez a coisa certa e, por isso, perdeu o emprego e recebeu três ameaças de morte
A publicitária Danevita Magalhães não ajudou a desviar recursos públicos, como fez o PT e seus dirigentes, não fraudou empréstimos bancários, como o empresário Marcos Valério, nem sacou dinheiro sujo na boca do caixa de um banco, como fizeram os políticos. Sua situação, porém, é bem pior que a de muitos deles. Ex-gerente do Núcleo de Mídia do Banco do Brasil, Danevita foi demitida por se recusar a assinar documentos que dariam ares de autenticidade a uma fraude milionária.
Depois de prestar um dos mais contundentes depoimentos do processo — desconstruindo a principal tese da defesa, de que não houve dinheiro público no esquema —, Danevita passou a sofrer ameaças de morte e não conseguiu mais arrumar emprego. A mulher que enfrentou os mensaleiros cumpre uma pena pesada desde que contou o que sabia, há sete anos. Rejeitada pelos antigos companheiros petistas, vive da caridade de amigos e familiares, sofre de depressão e pensa em deixar o Brasil. Só não fez isso ainda por falta de dinheiro.
O testemunho da publicitária foi invocado várias vezes no corpo da sentença dos dois ministros que votaram na semana passada. Entre 1997 e 2004, Danevita comandou o setor do Banco do Brasil responsável pelo pagamento das agências de publicidade que fazem a propaganda da instituição. Sua carreira foi destruída quando ela se negou a autorizar uma ordem de pagamento de 60 milhões de reais à DNA Propaganda, do empresário Marcos Valério. O motivo era elementar: o serviço não foi e nem seria realizado. Mais que isso: o dinheiro, antes de ser oficialmente liberado, já estava nas contas da DNA, o que contrariava frontalmente o procedimento do banco. Ela, portanto, negou-se a ser cúmplice da falcatrua. Em depoimento à Justiça, Danevita contou ainda que ouviu de um dos diretores da DNA que a cam­panha contratada jamais seria realiza­da. “Como não assinei, fui demitida”, lembra.
Depois disso, ela não conse­guiu mais arrumar emprego e perdeu tudo o que tinha. Saiu de um padrão confortável de vida — incluindo um salário de 15000 reais, carro do ano e viagens frequentes — para depender da boa vontade de amigos e morar na casa da filha, que a sustenta. “Estou sofrendo as consequências desse esquema até hoje. O pior é que eu não participei de nada. Você deveria falar com Dirceu, Lula…”, disse.
Danevita hoje vive reclusa na casa da filha e evita conversar sobre o mensalão. Ela conta que sofreu três ameaças de morte. Sempre telefonemas anônimos, pressionando-a para mudar suas alegações às autoridades. Seu desespero é tamanho que, em entrevista a VEJA, ela pediu para não ser mais procurada: “Peço que me deixem em paz. Eu não tenho mais nada a perder”, disse. Danevita credita aos envolvidos no esquema — e prejudicados pelo teor do seu testemunho — as dificuldades que tem encontrado no mercado de trabalho. Apesar de um currículo que inclui altos cargos em empresas multinacionais, ela conseguiu apenas pequenos serviços. A publicitária não tem dúvida de que os mensaleiros a prejudicam, mas não cita nomes. “Fico muito magoada com isso. Já perdi meu dinheiro e minha dignidade”, desabafa. Ela não acredita que o Supremo Tribunal Federal vá punir os mensaleiros.
Situação parecida vive o advogado Joel Santos Filho. Ele foi o autor da gravação do vídeo no qual o ex-diretor dos Correios Maurício Marinho aparece recebendo propina e contando como funcionava o esquema de arrecadação do PTB. A reportagem, publicada por VEJA em maio de 2005, está na gênese do escândalo. Foi a partir dela que o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson, revelou a existência do mensalão. Joel conta que foi chamado por um amigo empresário, que tinha os interesses comerciais prejudicados nos Correios, para colher provas de que lá funcionava um esquema de extorsão. Pelo trabalho de filmagem, não ganhou nada e ainda perdeu o que tinha. Durante as investigações do mensalão, Joel teve documentos e computadores apreendidos — e nunca devolvidos. Apesar de não ter sido acusado de nada, foi preso por cinco dias e ameaçado na cadeia: “Fui abordado por outro preso, que disse saber onde minha família morava e minhas filhas estudavam. Ele me alertou: ‘Pense no que vai falar, você pode ter problemas lá fora”. Joel sustenta sua família hoje por meio de bicos. “Fiquei marcado de uma forma muito negativa”, lamenta

Diário da Dilma: Cavalo-marinho não puxa carroça


PUBLICADO NA EDIÇÃO DE AGOSTO DA REVISTA PIAUÍ

1º DE JULHO ─ Mamãe trouxe uns chips mexicanos para eu petiscar e fiquei zapeando a tevê. De repente, me apareceu o Lacombe de camisa regata. Aquilo me deu um tsunami de sentimentos que nem sei. Quando dei por mim, estava soltando a voz: “Feito louca, alucinada e criança/ Sentindo o meu amor se derramando/ Não dá mais pra segurar, explode coração…” No dó de peito, o que explodiu mesmo foram as vidraças. Já estava com o João Santana na linha, atrás de uma desculpa, quando me disseram que foi um avião da FAB.
2 DE JULHO ─Tentei marcar um teatro com a Gleisi, mas meu celular passou a manhã sem sinal. O lado bom é que o Lula não consegue me ligar.
4 DE JULHO ─ Era o que me faltava: agora o Lula vai dizer que a conquista do Corinthians só foi possível graças ao governo dele. Ainda bem que meu celular continua sem sinal.
Impressionante: ninguém consegue me explicar esse tal bóson de Higgs; ninguém consegue me explicar o que acontece na Síria! Bando de ignorantes…
5 DE JULHO ─ Que ódio! Não bastava ter que me despencar para São Bernardo. Quando chego lá, Marisa Letícia está com uma roupa quase igual. Achei melhor fazer cara de paisagem e não passei pito em ninguém. Malandro é o cavalo-marinho que se fingiu de peixe para não puxar carroça.
6 DE JULHO ─ Fui inaugurar 460 apartamentos do Minha Casa Minha Vida no Rio e veio uma estudantada me vaiar. Esse pessoal não tem maturidade: o Rio virou patrimônio paisagístico da humanidade, vai sediar Copa do Mundo e Olimpíadas, isso sem falar do Seedorf no Botafogo. No Botafogo! E essa gente vem pedir 10% do pib para a educação. Tenha dó!
Cruzei com o Lobão pelos corredores. Com aquela voz aveludada, o Moreno perguntou: “Recebeu meu telefonema, presidenta?” Ué, não recebi nada. Pedi para a Gleisi descobrir quem eu tenho de demitir.
O Lula passou o dia atrás de mim. Queria saber se dava para incluir o bóson de Higgs no pac. Ficou decepcionadíssimo quando eu tentei explicar que não…
7 DE JULHO ─ Só eu achei esse Lugo charmoso? A Ideli e a Gleisi não acham. A verdade é que adoro a aura romântica dos injustiçados políticos. Na minha mocidade, tinha uma queda pelo Jango, confesso.
Essa Nina é o Marcos Uchôa da teledramaturgia: fala vários idiomas e está em todos os lugares ao mesmo tempo! Danadinha!
8 DE JULHO ─ Alguém entende essas colunas que o Caetano Veloso escreve no Globo? Parece que o homem liga o iPod shuffle antes de escrever.
Agora gema de ovo ajuda a regular a tiroide. Todo ano muda isso. Ovo faz bem, ovo faz mal. Vou cortar as bolsas de pesquisa desses cientistas. Sobre isso, a cut não se posiciona.
9 DE JULHO ─ Quando achei que ia retomar minha agenda, eis que o Patriota vem me dizer que tenho um encontro com o presidente da República Dominicana. República Dominicana! Francamente.
10 DE JULHO ─ Quando algum banco reduz a projeção do PIB, fico sabendo no minuto seguinte; quando o Lula faz trapalhada, o telefone começa a tocar na mesma hora; e é só abrir um carguinho federal lá em Palmas para o Temer me aparecer no gabinete. Agora, para avisar que o Tom Cruise está solteiro, ninguém toma iniciativa! A Ideli ficou toda assanhada: a mulher perdeu o senso de noção.
Sinto um aperto no peito quando aparece o José de Abreu na novela. O retrato da nova classe média está feito com dignidade. Mas colocaram o comunista no lixão, com aquela barba maltrapilha, maltratando criancinhas. Haja clichê!
11 DE JULHO ─ O Lobão foi à Argentina e fez graça pra Cris. Tirou uma foto com ela e trouxe pra me mostrar. Fiquei na minha. O Moreno tem o seu charme e adora seduzir. Eu disse que a Cris estava bem. Contei pra Gracinha, que depois me ligou com voz de Gal Costa cantando “O seu Moreno fez bobagem…”. Bati o telefone na cara dela!
12 DE JULHO ─ “Não importa o tamanho do PIB, mas como tratamos as criancinhas.” A Marta Suplicy veio com essa ideia. Achei ótima!
Demóstenes saiu pela porta dos fundos. Pedi a Ideli que fizesse um levantamento para saber se ainda tem alguém na oposição.
João Santana vetou o slogan da Marta. Deve ter suas razões. Confio cegamente nesse homem.
13 DE JULHO ─ “Um Pibinho vale por um bifinho!” Dilminha sabe tudo! Vou pedir para o João Santana desenvolver a ideia. Estou por aqui de jornalista falando em Pibinho! Já dei uns gritos com o Mantega pra ver se ele me arruma uma notícia boa. A língua dele fica ainda mais presa e ele não consegue dizer nada…
14 DE JULHO ─ Tenho analisado minhas fotos. Acho que estou muito bem, a única coisa que me incomoda são os dentes da frente. Queria colocar um aparelho para fechar um pouco o espaço entre eles, tirar aquele biquinho.
15 DE JULHO ─ Gente, que babado soltou essa Rosane Collor! Será que ela conhece uma mandinga para aumentar o PIB? Se for necessário, faço ritual de magia negra aqui mesmo no Alvorada.
Liguei para a Anatel para reclamar da cobertura. O presidente disse que “Vai estar resolvendo meu problema em até dez dias ú…”. A ligação caiu.
16 DE JULHO ─ Temer soltou essa: “Reeleição de Dilma não é conceito pleno.” Perdeu a noção do perigo? Vou consultar o Sarney para saber se posso demitir vice-presidentes. O homem sabe tudo sobre o regimento interno da Casa.
Já era hora de alguém assumir essa causa: “Tenho celulite, mas tenho caráter!”, disse a Preta Gil! Somos duas, amiga.
17 DE JULHO ─ Serginho Cabral veio me dizer que está pensando em deixar o governo em 2013. Ué? Achei que ele já tinha deixado o cargo há muito tempo.
Gente, não para de chegar pedido para tirar foto para santinho, aparecer em palanque. Essa gente não trabalha? Estou pensando seriamente em entrar em greve. Se os servidores podem, eu também posso.
18 DE JULHO ─ Chegou meu helicóptero novinho!
19 DE JULHO ─ Quero o telefone de uma mulher de São Paulo que faz um trabalho chamado constelação. É uma coisa bem espiritual para desanuviar as relações familiares. Mamãe e titia estão precisando.
Me encheu os pacová de vez! Meu iPad tem 3G que nunca, nunca funciona direito. Fico louca da vida! Aí lasquei um corretivo nessas operadoras. Ninguém vende mais chip até meu iPad funcionar direito!
21 de Julho ─ Tô adorando o programa do Bial. Ele tem molho mesmo! O da Fátima vejo picado, mas acho que ainda não engrenou…
22 DE JULHO ─ Quero um avião igual ao do Obama! Ai, meu Deus, de comunista virei consumista.
23 DE JULHO ─ Já estou com a cabeça em Londres! Adoro abertura de Olimpíada, acho uma beleza! Vou aproveitar para matar a vontade de usar um fascinator. Ideli, que é jeca, não sabe o que é. Tive de explicar: “Aquele chapeuzinho de banda que ainda não chegou a Santa Catarina.” Só não sei se fica bem com cabelo curto, mas acho tão lindo. No encontro com a rainha vai ficar de um chic. Será que a Kate vai?
25 DE JULHO ─ O Banderas está se separando da Melanie Griffith! Que coisa! Ele sempre segurou a barra dela, que se viciava até em jujuba. É uma pena que ele seja muito baixinho pra mim. Ando tão assanhada. Só me falta virar periguete.
26 DE JULHO ─ Visitei os estúdio da TV Record aqui em Londres e topei com o bispo Macedo. O homem tem o dom da persuasão. Em cinco minutos, quase larguei o comunismo

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

PT quer pôr seus tanques para cercar o STF. É o AI-13!!! Dizem que ministros precisam ser vigiados para não cometer atentados à democracia. E querem usar os advogados como massa de manobra de proposta fascistoide

Não lhes basta aparelhar a justiça! É pouco!Não lhes basta tentar desmoralizar ministros independentes do Supremo. É pouco!Não lhes basta transformar em réu o procurador-geral da República. É pouco!Não lhes basta ter a seu serviço o JEG, fartamente financiado por estatais e por administrações petistas (incluindo a federal), para fazer circular injúrias, calúnias e difamações contra adversários. É pouco!Não lhes basta ter uma CPI que investiga adversários e protege amigos e aliados. É pouco! 
Agora os petistas pretendem, ainda que de uma forma oblíqua, cercar o prédio do STF com os tanques da desqualificação, do ataque gratuito, da intimidação.
Um tal “Departamento Jurídico” do PT decidiu fazer o que, até ontem, parecia impensável. Quer que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) crie uma comissão para acompanhar o julgamento do mensalão para impedir que os ministros — sim, aqueles do Supremo (8 de 11 nomeados por petistas) — “cometam atentados à democracia”. Trata-se de um absoluto despropósito!
O pretexto é corporativo, mas é evidente que a intenção é provocar uma reação da categoria contra o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão. Com efeito, acho que o ministro exagerou ao pedir que o STF cobrasse da OAB providências contra três advogados que arguiram  a sua suspeição, acusando-o de parcialidade. Tanto exagerou que a proposta foi derrotada por 10 votos a 1. Tanto os advogados tinham o direito de dizer o que disseram como tem o ministro o direito de não gostar. Se isso resultará em providências legais, aí é outra história. Outros e um não foram bem-sucedidos em seus respectivos intentos, certo? Cadê “o atentado à democracia”???
A verdade, obviamente, está em outro lugar. Os ditos “advogados do PT” — e Rui Falcão vai dizer que não tem nada com isso, que é coisa do Departamento Jurídico do partido — estão descontentes é com o voto de Joaquim Barbosa, que consideram um “traidor” (falo em outro post como o seu antigo herói virou agora um vilão). Quem lidera a turma é um tal Marco Aurélio de Carvalho.
Esse rapaz tem problemas com o estado democrático e de direito. Há dias, ele anunciou a disposição de estudar medidas jurídicas para, ACREDITEM!, impedir o jornalismo (que os pterodáctilos chamam “mídia”) de usar a palavra “mensalão”. Ele também quer — mobilizado pelo deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) — que o Ministério Público Federal retire do ar uma página do órgão destinada a jovens e crianças que explica o processo do mensalão. Nota: a página existe já há alguns anos e sempre trouxe informações sobre as ações mais importantes da Procuradoria-Geral da República. Quando elas se referiam a coisas feitas por seus adversários, os petistas nunca se incomodaram e até aplaudiram.
O petista — e Joaquim Barbosa já foi um herói para eles — agora põe em dúvida, como se houvesse algo a ser feito, a capacidade de Barbosa de ocupar a Presidência do STF, cargo que ele assume em novembro, por dois anos. Diz Marco Aurélio (o do PT, não o do Supremo) à Folha: “Esse é um prenúncio de como será Joaquim Barbosa na presidência do STF e nos traz a compreensão de que ele ainda não se despiu do papel de procurador. Ele precisa vestir a toga de ministro do Supremo”. Huuummm…
“Vestir a toga”, entenda-se, significa não dizer coisas consideradas inconvenientes para o partido. Lula já tentou chantagear Gilmar Mendes; uma ação coordenada busca impedir o voto de Cezar Peluso; Luiz Marinho — prefeito de São Bernardo — já disse que Dias Toffoli “não tem o direito de não participar do julgamento”, evidenciando que ele não tem escolha; sugere que o outro não é dono nem do próprio voto. Como se diz no interior, “Toffoli se cada com quem quisé desde que seja com o Zé!!!” Como seria um escândalo — não que seja impossível — contestar o conteúdo do voto do relator, os petistas buscam, então, uma saída corporativista, intentando jogar os advogados contra um ministro do Supremo. Até parece que os defensores todos foram apenas lhanos e respeitosos com o procurador-geral, por exemplo. Nada que a democracia não suporte, é bom deixar claro.
Também essa iniciativa, a exemplo das outras duas, revela uma concepção fascistoide de democracia — e, pois, democracia não é.
É claro que alguns responsáveis indiretos por tamanha ousadia autoritária estão dentro do próprio Supremo. E têm nome: Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio de Mello. As intervenções desses dois têm servido de munição para que chicaneiros tratem o Supremo como tribunal de exceção. Algumas falas de Celso de Mello, lamento!, também não têm ajudado muito.
O Brasil não é a Venezuela (porque não deixamos, não porque eles não queriam). Na impossibilidade de milícias armadas constrangerem os órgãos do estado, busca-se a mobilização de milicianos virtuais para destroçar a reputação de desafetos. Posso entender os motivos. A parte inicial do voto do relator é, dizer o quê?, devastadora para os que pretendem sustentar que, afinal, nada de mau se fez no que ficou conhecido como “mensalão” (ver post específico a respeito).
É a transparência que está fazendo mal ao fígado dos petistas, aquela de que tanto eles diziam gostar quando estavam na oposição. Do tal Marco Aurélio (refiro-me àquele que é petista com carteirinha), não poderia esperar nada diferente. Afinal, esse rapaz quer tirar do ar uma página do Ministério Público Federal e impor censura à imprensa, impedindo-a de empregar a palavra “mensalão”. Por que ele não proporia, então, cercar o STF com os tanques da desqualificação? 
Por Reinaldo Azevedo