terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O conflito da Ucrânia com a Rússia

 A palavra Ucrânia deriva do eslavo antigo ukraina, que significa “região de fronteira”. Esse país de 45 milhões de habitantes, que até 1991 marcava a fronteira ocidental da extinta União Soviética, foi a região que sofreu mais abusos do ditador comunista Josef Stalin. Entre 1932 e 1933, Stalin planejou e executou contra os ucranianos – que ele via como um povo orgulhoso e nacionalista demais para seu gosto – o mais cruel plano de genocídio da história contemporânea. A Ucrânia foi isolada pelas tropas soviéticas. Mais de 5 000 intelectuais foram deportados e mortos em campos de concentração. A população foi privada de todos os meios de sobrevivência. Metodicamente, a policia soviética confiscou todo o gado, toda a produção de trigo. Famílias pegas com trigo estocado em casa eram sumariamente fuziladas. No auge da campanha de terror, 25 000 ucranianos morriam de fome por dia. Em dois anos, Stalin matou a tiros ou de fome 10 milhões de pessoas na Ucrânia. A censura interna e eficiente propaganda comunista no Ocidente esconderam durante décadas esse hediondo crime contra a humanidade. Com o fim da tirania soviética, a verdade foi aos poucos sendo restabelecida, mas só em novembro de 2006 o Parlamento da Ucrânia aprovou a lei que reconheceu oficialmente o genocídio premeditado por Stalin e tornou ilegal negar sua existência. É esse país que, agora, a Rússia quer manter em órbita pressionando Viktor Yanukovich, presidente ucraniano, a desistir de assinar um acordo de livre-comércio e associação com a União Europeia. O documento, que vinha sendo negociado fazia seis anos, abriria caminho para a Ucr}ania se tornar um dos membros do bloco. Milhares de pessoas ocuparam a Praça da Independência, no centro de Kiev, e pediram a renuncia de Yanukuvich, a uma temperatura de 11 graus negativos. O presidente frustrou as esperanças de modernização, reabrindo as feridas do genocídio stalinista e reavivando o pesadelo da vida sob a para do urso soviético. Vladimir Putin, presidente da Rússia, decidiu que a Ucrânia tem de se unir não à Europa, mas à União Eurasiana, zona de livre comércio que inclui o Cazaquistão e a Bieloruússia. Putin mostrou os dentes à moda antiga, ameaçando, caso contrariado, cortar o fornecimento de gás natural à Ucrânia. “É assim que Moscou trata as antigas repúblicas soviéticas”, diz Kataryna Wolczuk, da Universidade de Birmingham, na Inglaterra.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Prefeito tem como certa a aprovação de suas contas pela Câmara de Vereadores

Paulo Maracajá, presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, fez as seguintes considerações a respeito do julgamento de contas das prefeituras e Câmaras de Vereadores: “As contas dos prefeitos são rejeitadas. A Câmara vai julgar se nós estamos certos ou não? Nós que inclusive fiscalizamos as contas da Câmara? Isso é uma incoerência. E se a Câmara disser que as contas estão certas, nosso parecer ficaria como? É um absurdo e um contrassenso. Já quando nós julgamos a Câmara Municipal, de qualquer uma que seja não há recurso para isso. Somos a última instância disso. Mas prefeitura não. Prefeitura ainda tem como último recurso a Câmara Municipal.” Essa introdução vem por conta do verdadeiro descalabro em que se tornou a administração municipal de Morro do Chapéu. São dois anos alternados em que a prefeitura tem suas contas rejeitadas pelo TCM, bem como a da Câmara de Vereadores que decidiu embarcar na nau dos insensatos. Como frisou Paulo Maracajá, a prefeitura conta com a Câmara para dar a parecer final sobre a rejeição. É por isso que o prefeito foi numa emissora de rádio local, explicar esse detalhe, com muita satisfação por sinal, pois deixou claro que elas serão aprovadas como sempre foram em todas as administrações. É um acinte, uma prova inequívoca do desprezo pela opinião pública cultivada pelo atual prefeito, eleito que foi por uma margem mínima de votos numa demonstração cristalina da vontade de mudança desejada pela população morrense. Essa falta de transparência, de respeito pelo contribuinte, vem de longa data. Contas reprovadas vem desde o tempo a administração de Wilson Mendes Martins. Como naquele tempo não havia a Lei de Responsabilidade Fiscal e a exigência de limites máximos aplicados ao Fundef, Saúde e pagamento do funcionalismo público, criados no governo de Fernando Henrique Cardoso, as contas da prefeitura eram reprovadas em determinados itens e não sofria sanções que tornassem o prefeito inelegível. A LRF só passou a vigorar a partir de maio de 2000. Antes disso o ex-prefeito Aliomar da Rocha Soares conseguiu o feito inédito de ver suas contas reprovadas em todos os itens em 1999. Campeão de contas reprovadas pelo TCM, o ex-gestor teve suas contas rejeitadas nos anos de 2005 e 2008, constando como inelegível pelo TCE e TCU. O ex-prefeito Edgar Dourado Lima foi igualmente punido pelo TCM em 2003, Cleová Barreto em 2010 e 2012 e os presidentes da Câmara Erasmo Lúcio Rocha Barreto (2004) e João Humberto Batista (2010 e 2012). Como veem é uma situação insustentável que conta com a leniência da Câmara de Vereadores que não move um dedo para tentar sanar esse descalabro administrativo. Como se sabe a Câmara é o órgão fiscalizador das contas da prefeitura, bem como a do presidente que a comanda. Não podendo dar um basta extinguindo essa casa legislativa, os eleitores estão cada vez mais exigentes na proposta de apoio a candidato a vereador. Exigente no aspecto financeiro, bem entendido. A cada renovação de mandato, o eleitor pede cada vez mais: dinheiro, telhas, tijolos, portas, janelas, pagamento de contas de luz e água, emprego para um filho; tudo isso porque ninguém acredita mais em propostas políticas de uma classe cada vez mais desprezada, com raras e honrosas exceções.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

PT: um partido que endossa o crime


Fonte: GLOBO
Há quem tente jogar todos no mesmo saco podre. Há, ainda, quem tente enaltecer a postura ética do PT, posição insustentável após a passagem pelo governo. Mas o fato é o seguinte: quem ainda tem vergonha na cara não pode mais permanecer em um partido que, em vez de seguir o próprio estatuto e expulsar criminosos presos, sai em público para defendê-los!
O que o PT fez em seu quinto congresso, com as presenças de Lula e Dilma, foi um ato vergonhoso. Claro que o histórico petista já era vergonhoso antes disso, sendo o mensalão seu ápice. Mas esperava-se, ao menos, um mínimo de compostura diante da situação. O próprio ex-presidente Lula tinha dito que não ia se manifestar agora sobre o assunto. Mas não consegue se controlar.
Para uma plateia inflamada de cúmplices ideológicos dos criminosos presos, o ex-presidente disse:
Nosso partido tem sido vítima das suas virtudes e não só de seus defeitos. Somos criticados pelas coisas boas que fazemos, não só pelos erros. Se for comparar o emprego do Zé Dirceu no hotel com a quantidade de cocaína no helicóptero, pelo menos houve uma desproporcionalidade na divulgação do assunto.
Tem que ter muito pouco apreço pela verdade e até pelos quase 90% de entrevistados simpatizantes do próprio PT que aprovam a prisão dos mensaleiros, para desviar tanto assim o foco da questão. O que tem alho com bugalhos? Não só a imprensa deu bom destaque ao helicóptero apreendido com drogas, como tem mais do que direito – tem a obrigação de investigar e relatar uma proposta de emprego tão suspeita como a feita para Dirceu. Tanto que foi logo desfeita, justamente porque a imprensa demonstrou que havia muito podre debaixo dos panos.
O presidente do PT, Rui Falcão, diante da presidente da República, ou seja, de todos os brasileiros, teve a cara de pau de afirmar sobre o julgamento do mensalão: 
É o típico caso da manipulação realimentando a mentira e da mentira realimentando a manipulação. A história vai provar que nossos companheiros foram condenados sem provas, em um processo nitidamente político, influenciado pela mídia conservadora.
Como pode uma presidente da República, que indicou vários dos ministros do STF junto com o ex-presidente Lula, ficar passiva diante de uma acusação tão grave dessas? Quem cala consente! Então quer dizer que Lula e Dilma colocaram no STF farsantes, “golpistas conservadores”? É isso?
A situação toda é bizarra demais, digna de uma República das Bananas. Em qualquer país sério do mundo isso seria motivo, no mínimo, para um processo contra a presidente. Ela tem a obrigação de se explicar. Participa de um evento de seu partido onde o presidente afirma, em sua presença, que a Corte Suprema do país não respeita as leis!
O PT não vai expulsar criminoso algum. Isso já ficou claro. Tampouco vai tentar ignorar essa enorme mancha em seu currículo. A opção foi pelo ataque às instituições republicanas mesmo. Com isso, o PT prova ser um partido que endossa o crime, que abriga e protege criminosos condenados e presos.
Resta perguntar: que tipo de gente ainda defende o PT? Não pode ser o mesmo tipo que defende o império das leis…

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

REYNALDO-BH: A diferença entre o jornalista Augusto Nunes e o “jornalista” autor do livro “A Privataria Tucana”


Augusto Nunes e Amaury Ribeiro Jr., a diferença entre um Jornalista e um "jornalista" (Fotos: VEJA :: LCA)




Reynaldo-BH: A diferença entre Augusto Nunes e Amaury Ribeiro Jr. é a diferença entre um jornalista e um “jornalista” (Fotos: VEJA :: LCA)
Post do leitor e amigo do blog, Reynaldo-BH
Post-do-Leitor1
O último mês foi pródigo de exemplos e, por menores que tenham sido na divulgação, foram imensos no significado.

No começo de novembro o jornalista Augusto Nunes mais uma vez – perdi as contas – foi inocentado em uma ação na qual o ex-presidente enxotado do Planalto (e atual aliado do PT) Fernando Collor pretendia ser indenizado em meio milhão de reais por ter sido chamado de “bandido”, “chefe de bando” e “farsante”.
A Justiça negou o pedido, pois o jornalista somente exerceu o direito de manifestar a opinião. (O que traz em si um juízo de valor embutido. Se os mesmos termos houvessem sido utilizados contra Sobral Pinto por exemplo, certamente o jornalista teria sido condenado).
A favor de Collor, o comportamento de ter procurado a Justiça para buscar a proteção jurisdicional a que julgava ter direito.
Soubemos, depois disso, da instauração de ação penal contra Amaury Ribeiro Júnior (mais uma) por corrupção ativa, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, falsidade ideológica e uso de documento falso. E a autorização para que a Polícia Federal continue as investigações das ligações de Amaury com o submundo da arapongagem.
Ficou provado que Amaury Júnior e mais cinco comparsas (sendo um deles, uma funcionária do SERPRO, o Serviço Federal de Processamento de Dados, empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda) obtiveram ilegalmente dados fiscais do ex-presidenciável e ex-governador paulista José Serra, de sua filha, a advogada Verônica Serra, e do ex-secretário-geral da Presidência durante o governo FHC Eduardo Jorge, entre outros.
Estes dados formaram um dossiê usado pelo comitê de Dilma na campanha de 2010.
A justificativa de Amaury Ribeiro Júnior – na fase de investigação da Polícia Federal – foi que os dados lhe teriam sido enviados sem que ele soubesse como. Ao ser confrontado com o dossiê falso descoberto no comitê de Dilma, afirmou que os mesmos dados (que estariam em seu computador) teriam sido roubados por Rui Falcão.
Este nega.
Este é o autor de A Privataria Tucana, livro de cabeceira de muitos lulopetistas.
A movimentação financeira de Eduardo Jorge foi explicada documentalmente. Na de José Serra e da FILHA dele, nada foi encontrado de anormal.
O que diriam os lulopetistas se um jornalista autor de algum livro contra o PT houvesse quebrado (e roubado) o sigilo fiscal de Lulinha (o filho), de filhos de José Dirceu, de Genoino ou de Dilma? Seria ou não o fim do mundo?
Ao contrário, desta feita, os fins justificam os meios. No mínimo, covardia do autor, que se revela quando tenta incriminar Rui Falcão como sendo o autor do malfado dossiê.
Porque os fatos listados no Privataria Tucana não ensejaram NENHUMA ação por parte de quem tinha POR OBRIGAÇÃO JURÍDICA assim agir? Ao contrário, quem buscou a Justiça foi José Serra e os citados no dossiê falsificado.
Collor foi mais honesto em suas ações. Mesmo carecendo de direito, buscou o caminho da Justiça. O PT e o governo federal preferiram o silêncio e a inação.
Certamente pelo fato de sequer haver causa de pedir, como se diz em Direito. Corria o risco que assistimos agora: o acusador se transformar em réu.
O silêncio dos adoradores de Aumaury Ribeiro Jr. é ensurdecedor. O jornalista, que foi despedido de jornais pelos métodos nada éticos que empregava, conhecido como quem não apurava notícias (antes preferia criá-las, mesmo que fantasiosas), que era amigo da pior escória de Brasília (os arapongas de aluguel), que tentou vender o dossiê tão sólido como um castelo de areia e buscou uma editora para publicação só conseguindo após a quinta tentativa, é o heroi dos lulopetistas.
Seu livro – carente de fatos, pois TODOS eram públicos e sem lógica (insisto que Amaury desconhece o que seja um fundo de investimento, chamando o maior do mundo – algumas centenas de vezes maior que o fundo de pensão da Petrobras, o Petros, por exemplo – de “lavanderia” e não sabendo distinguir Conselho de Administração de Conselho Executivo) é usado e reusado como “prova” contra Serra.
Não tenho – e rejeito! – qualquer procuração de Serra para defendê-lo. Não me é nem um pouco simpático, ao menos. Daí a considerá-lo (e à FILHA, em uma atitude ABJETA) como corrupto, vai uma imensa diferença. Posso discordar – e discordo quase 100% – de Eduardo Suplicy, para citar apenas um exemplo, mas reconheço sua honestidade, em se tratando de dinheiro público.
Meu foco é a idolatria CEGA a um “jornalista” que desonra a imprensa brasileira. Que está sendo acusado de corrupção, uso de documentos falsos, falsificação de documentos, etc. Pergunta-se: tem que credibilidade pode ter esse senhor como jornalista?
Reconheço o direito de todos de publicar o que queira. O contrário seria censura. Caso quem tenha sido citado, que busque a Justiça. Como fez Collor (sem nenhuma razão) e Serra (com todas).
O que assusta é a adoração a qualquer um que “bata” no PSDB e na herança de FHC, mesmo que diga em um livro que Serra é na verdade um vampiro que suga sangue e dorme de cabeça para baixo ou, no passado, foi o Lobo Mau que atacou a Chapeuzinho Vermelho!
Seria um sucesso. E considerado como verdade.
Diferenças existem para ser realçadas.
Ficou claro a diferença ente um JORNALISTA (Augusto Nunes) e um “jornalista” (Amaury Jr.)?
Será preciso desenhar?

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sancionada Lei que trata da reestruturação administrativa da PMMC

QUINTA, DIA 05 DE DEZEMBRO, FOI SANCIONADA A LEI QUE TRATA DA REESTRUTURAÇÃO ADMINISTRATIVA DA PMMC.

O projeto de Lei 010/2013 foi sancionado pelo prefeito no dia 11 de setembro e teve sua anulação publicada no Diário Oficial do dia 13 do mesmo mês.

Segundo a Lei Orgânica do Município, o prefeito perdeu o prazo para qualquer manifestação, e coube ao Legislativo sancionar a Lei, que entra em vigor hoje....

O Projeto de Lei nº 010/2013 trata da reestruturação administrativa da PMMC, com a emenda de autoria da vereadora Professora Sheila, Ademar Ferreira, Leonardo Moreira e André Valois, com apoio dos demais vereadores, que altera o prazo de 180 para 90 dias, a contar da data de vigência a elaboração da Plano de Cargos e Salários e do Estatuto dos Servidores.

Agora estamos mais perto de garantir um direito que é legítimo dos servidores Públicos Municipais que ocupam cargos efetivos de terem seu Plano de Carreira.

Aos servidores, mais uma vez, a luta ainda não terminou, precisamos estar juntos com o SISPUMUMC porque apenas o primeiro passo foi dado!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A trapaça histórica, conceitual e moral da carta-renúncia de Genoino

O deputado José Genoino enviou uma carta de renúncia. O tom é o de sempre: o do herói injustiçado. E continua a produzir mistificações sobre o passado e sobre o presente. Leiam o texto. Volto em seguida.

*
“Dirijo-me a Vossas Excelências após mais de 25 anos dedicados à Câmara dos Deputados, e com uma história de mais de 45 anos de luta em prol da defesa intransigente do Brasil, da democracia e do povo brasileiro, para comunicar uma breve pausa nessa luta, que representa o início de uma nova batalha dentre as tantas que assumi ao longo da vida.
Assim, e considerando o disposto no inciso II, do artigo 56 da Constituição Federal;
Considerando ainda, a transformação midiática em espetáculo de um processo de cassação;
Considerando, de outro modo, que não pratiquei nenhum crime, não dei azo a quaisquer condutas, em toda minha vida pública ou privada, que tivesse o condão de atentar contra a ética e o decoro parlamentar;
Considerando que sou inocente;
Considerando, também, que a razão de ser da minha vida é a luta por sonhos e causas ao longo dos últimos 45 anos, reitero que entre a humilhação e a ilegalidade prefiro o risco da luta; e
Considerando, por derradeiro, que sempre lutei por ideais e jamais acumulei patrimônio e riqueza.
Por tudo isso e ao tempo em que agradeço a confiança em mim depositada, ao longo de muitos anos pelo povo do Estado de São Paulo e pelo Brasil, RENUNCIO ao Mandato Parlamentar e encaminho a presente missiva através do deputado José Guimarães PT/CE e do Dr. Alberto Moreira Rodrigues, Advogado inscrito na OAB/DF nº 12.652
Atenciosamente
José Genoino Neto
Deputado Federal Licenciado
Dr. Alberto Moreira Rodrigues
OAB/DF nº 12.652″
Comento
Vamos pôr 0 devido pingo nos “is”. Começo pela questão propriamente jurídica. Existe uma diferença entre uma declaração subjetiva de inocência; a expressão, em suma, de uma consciência ou convicção individuais, e a inocência, digamos, jurídica. Não! Genoino foi condenado por corrupção ativa em última instância. Para o Estado, ele não é inocente, mas culpado.
Sim, ele praticou crimes — aquilo que a ordem jurídica de um estado democrático e de direito define como tal. Genoino pode não gostar dessa ordem, isso é com ele, com não gostava daquela outra, sob o regime militar. Naquele caso, escolheu a pior maneira de enfrentá-la. Nesse caso, também. Sempre destacando que há, sim, diferenças entre ser marginal do poder na ditadura e ser marginal do poder na democracia.
Eis o ponto. Genoino fala dos seus 25 anos de vida parlamentar. Até o advento do mensalão, era, sim, considerado um dos príncipes do Congresso. Aliás, era mais fácil encontrar pessoas que o admiravam fora do PT do que  no petismo — onde era tachado, imaginem vocês, de “a direita do PT”.
Ocorre que Genoino diz ter dedicado 45 anos à luta democrática. Aí é preciso discordar, não ? A menos que ele me prove que o PC do B queria democracia e que a guerrilha do Araguaia era seu instrumento.
E este é não o equívoco, mas a trapaça histórica, conceitual e moral da narrativa inventada por Genoino e pelos petistas: democracia não é ditadura; assinar um empréstimo fraudulento não é como pegar no trabuco. São crimes diferentes. Nem aquele serviu para construir a ordem democrática — que foi obra da resistência pacífica — nem este outro serviu para consolidar o “poder do povo”. Guerrilha e fraude bancária eram só escolhas erradas de partidos que supõem, em tempos distintos e com equívocos distintos, que detêm a condução da história.
Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Haddad no ato de desagravo a vereador que aparece ligado a fiscais da máfia: o PT como herdeiro de um pântano moral

Homens de vermelho: Donato e Fernando Haddad. Eles estão juntos. Sempre.
Homens de vermelho: Donato e Fernando Haddad. Eles estão juntos. Sempre.

O PT reuniu nesta quinta deputados estaduais, federais, vereadores, lideranças nacionais do partido e, não poderia faltar, o prefeito Fernando Haddad num ato de desagravo ao vereador Antonio Donato, ex-secretário de Governo da Prefeitura — teve de ser demitido — e ex-coordenador de campanha de Haddad. Donato foi recebido, como já se informou aqui, aos gritos de “Donato guerreiro do povo brasileiro” — é o grito de saudação que o partido costuma dispensar ao patriota José Dirceu. Isso quer dizer que os petistas consideram os dois igualmente inocentes, entenderam?
É claro que é um escracho e um acinte. Haddad decidiu deflagrar a operação para pegar os fiscais — havia mesmo uma máfia atuando na Prefeitura — e tinha a intenção de jogar o passivo no colo de Gilberto Kassab. Era um esforço para tentar reverter o brutal desgaste de sua imagem na cidade. Ocorre que a primeira vítima política do escândalo acabou sendo… Donato! De resto, Kassab tinha um acordo de mais alta esfera com Dilma Rousseff, e do Planalto veio a ordem para deixar o ex-prefeito em paz. Adiante.
De todos os políticos com alguma projeção na cidade, nenhum apareceu tão perto da máfia como Donato:
a: já secretário de governo, ele nomeou para uma diretoria da SPTrans Ronilson Rodrigues, considerado o chefe da máfia;
b: Donato chamou para trabalhar em seu gabinete outro auditor fiscal envolvido com a fraude: Eduardo Barcelllos;
c: num acordo de delação premiada, Barcelllo afirmou que pagava uma pensão mensal de R$ 20 mil ao vereador; o dinheiro, afirmou, era entregue em seu gabinete na Câmara;
d: quando soube que estava sendo investigado pela controladoria do município, Ronilson decidiu procurar justamente Donato;
e: a ex-namorada de um dos auditores, num telefonema ameaçador, captado pela polícia, ameaça revelar que o vereador era ligado ao esquema e que recebeu R$ 200 mil do grupo para financiar sua campanha eleitoral;
f: em depoimento ao Ministério Público, uma ex-auditora diz que o grupo de fiscais financiou a campanha de Donato.
Donato caiu. Mas deixou claro que não aceitava a condição de boi de piranha. Vale dizer: não tem a têmpera de um Delúbio Soares ou mesmo de um José Dirceu. Não é do tipo que aguenta o tranco calado. O vereador exigiu a solidariedade do partido — inclusive a do prefeito — e a obteve.
Atenção! Que petista se reúnam para declarar a inocência de seus soldados, convenham, é do jogo. E todos já estamos acostumados com isso. Que Fernando Haddad tenha comparecido ao evento sem que o Ministério Público tenha concluído a investigação e sem que a própria Controladoria do Município tenha terminado o seu trabalho, eis um absoluto despropósito. Donato exigiu, e obteve, a solidariedade do Prefeito. Eu já havia cantado essa bola aqui no dia 15 de novembro.
Donato - cúpula do PT
Sabem como é… Um coordenador de campanha é sempre um homem muito sabido.
Concluindo
Um dos principais alvos dos petistas no desagravo ao “guerreiro do povo brasileiro” foi o Ministério Público. Como a gente sabe, esse órgão só é batuta quando investiga os adversários do PT
Na minha coluna na Folha desta sexta, lembro um trecho do texto de Trotsky “A moral deles e a nossa”. O líder socialista responde a uma suposta indagação: na luta contra os capitalistas, todos os meios são admissíveis, inclusive “a mentira, a conspiração, a traição e o assassinato”? E ele então diz: “Admissíveis e obrigatórios são todos os meios, e só eles, que unam o proletariado revolucionário (…), que o ensinem a desprezar a moral oficial e seus democráticos arautos”.
Ou seja: sim, tudo é permitido em nome da causa, inclusive mentir, conspirar, trair e matar.
O PT é herdeiro desse pântano moral.
Por Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Tribunal da França manda desmontar torres eólicas: prejudicam aos homens e à natureza

Escrito por Luis Dufaur | 28 Novembro 2013             
                            eoliennes
Os proprietários do castelo de Flers, na região francesa Nord-Pas-de-Calais, obtiveram ganho de causa no Tribunal de Grande Instância de Montpellier, o qual ordenou desmontar dez torres eólicas responsáveis por danos à saúde e ao horizonte visual do castelo e da aldeia vizinha.
A Compagnie du Vent, filial da grande empresa de eletricidade GDF-Suez, também foi condenada a pagar indenizações e vai recorrer.
A sentença causou rebuliço nas fileiras ambientalistas, e segundo o jornal “Le Monde”, poucas sentenças foram tão consultadas, copiadas e analisadas em toda a França, pois as queixas contra as torres eólicas estão se fazendo ouvir pelo país inteiro, enquanto cientistas e economistas criticam seu custo e real utilidade.
Para o ambientalismo há o risco de se abrir uma “caixa de Pandora” de processos contra as torres eólicas, até agora consideradas como totens intocáveis das “energias limpas” tão propaladas por certo ecologismo utópico.
pasdecalais
Para moradores, torres eólicas estragaram o meio ambiente original.

Na realidade a produção de energia elétrica dessas imensas hélices está muito abaixo do prometido, e os danos à população e ao meio-ambiente estão ficando intoleráveis para as populações atingidas.
Os autoproclamados defensores “verdes” apareceram, mas para agir contra o meio-ambiente!
“É uma decisão alucinante, disse o advogado ambientalista Alexandre Faro. Eu acho que eles não ganharão na segunda instância, ainda que seja só pelo mau precedente que uma decisão dessas pode criar”.
Os castelões de Flers invocaram ante o Tribunal de Montpellier os danos sonoros e visuais que sofre a população, assim como “a total desnaturação da paisagem bucólica e campestre”.
castelo
O castelo de Flers existe há séculos bem encaixado na natureza.
Mas, as torres do ambientalismo estragaram o meio ambiente.

Esses argumentos são muito do agrado dos ambientalistas e deveriam conquistá-los.
Mas não! A utopia “verde” quer uma coisa diferente da que promete.
E o ambientalismo caiu em cima dos defensores da natureza.
As dez torres eólicas implantadas a 40 km de Amiens não serão desmontadas enquanto o apelo não for julgado.
Segundo os castelões, elas estragam a vida das pessoas e o horizonte do castelo, um elegante prédio histórico do século XVIII profundamente integrado na natureza local com um parque de 17 hectares.
As ventanias e os assovios produzidos pelos movimentos das pás desses moinhos de tamanho monstruoso são claramente audíveis e estragam a vida outrora tranquila da cidadezinha de Flers.
Elas atingem 110 metros de altura e emitem um flash luminoso a cada dois segundos, dia e noite.
Os juízes do Tribunal viram nisso um fator gerador de “tensão nervosa” entre os habitantes. Voltando ao castelo após a restauração, “parecia um verdadeiro jogo de fogos”, disse a castelã Ingrid Wallecan.
De fato, a Companhia do Vento consultou os vizinhos, porém ninguém sabia ao certo as consequências reais desses imensos engenhos. No máximo tinham ouvido falar positivamente na TV.
Agora estão imersos no pesadelo. Os políticos locais estão contentes com o lucro adicional proporcionado pelas torres eólicas.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Cuidado. Aquele que lhe puxa o saco quer mesmo é puxar-lhe o tapete

 

by André J. Gomes
O chefe chega mais tarde ao escritório e o vassalo corre ao seu encontro, o rabo abanando, uma bolinha de borracha entre os dentes.
— Tudo bem, patrão?
— Tudo.
— Chegando tarde?
— É.
— Aconteceu alguma coisa?
— Nada. Fui ao oftalmologista.
— Cuidar dos olhos?
— Não. Do pé.
O tributário solta uma gargalhada submissa e retorna saltitando à sua baia de funcionário, agradecido por participar da vida de seu dono. É assim que ele gosta de se comportar. Como um estúpido. É assim que aprecia ser tratado. Como lixo.
Incapaz de um raciocínio mais complexo que contar os minutos para a hora da próxima refeição, ele nem desconfia de que pertence a uma espécie ordinária, a mais danosa entre todas as pragas que hoje assolam o mundo, mais daninha que o gafanhoto, a traça, o cupim, o spam ou as duplas sertanejas. Nem imagina o quanto encarna fielmente o clássico bajulador. Ele mesmo, o bom e velho puxa-saco.
Acredite. Essa racinha miserável não tem mãe. Nasce em casulos pendurados nas protuberâncias que ficam na região pélvica de artistas, celebridades, endinheirados de alguma classe, políticos de qualquer cargo e chefes de toda sorte.
Os bajuladores, da família dos Adulatoris Babaovis, há tempos foram abandonados pelas propriedades cognitivas e neurológicas. E agora andam por aí à espreita, em busca de novas vítimas que serão obrigadas a se equilibrar em chão lambido e suportar toda sorte de mesuras falsas e servilismos.
Nas empresas, repare bem, os aduladores estão sempre no mesmo lugar: exatamente onde estiver o chefe. Esperando para fazer uma lisonja sem nenhum propósito senão o de amenizar seu sentimento de medonha insegurança. Os puxa-sacos sofrem de uma autoestima tão baixa que vivem de se arrastar e se submeter a toda sorte de humilhações. São sujeitos que fazem da facilidade de rasgar elogios interesseiros a sua única vantagem competitiva. No mais das vezes, elogiam pela frente e profanam pelas costas. São capazes das piores tramoias contra seus colegas e, desgraçadamente, se reproduzem como ratos, baratas e mosquitos cinzentos de banheiro em todos os departamentos de qualquer corporação.
Subservientes por desgraça da natureza, os escova-botas aplaudem toda e qualquer porcaria produzida por aqueles a quem desejam adular. O objeto de um puxa-saco nem termina uma frase e logo surge, do nada, alguém pronto a despejar-lhe um balde de baba.
— Genial! Que inteligência! Você é o máximo, sabia?
Sim, é isso mesmo o que passa por aí. E o pior: esse tipo de assédio provoca na vítima — o alvo do puxa-saco — os mais baixos instintos. Intimamente, o elogiado até reluta, tenta, segura, morde a língua. Mas por fim a empáfia passa a rasteira na modéstia e levanta os braços, vitoriosa:
— Você acha? Imagina! É só a maneira como fui criado. Pertenço a uma casta que se alfabetizou ouvindo os grandes pensadores. Devo isso à mamãe. Rá, rá, rá!
Pronto. Venceu a vaidade, a imodéstia e o pedantismo! Viva a bajulação!
Quando engata, a conversa entre o balujador e o bajulado, palavrosa e convencida, aspergindo cuspe e mau gosto para todo lado, embrulha o estômago até do vira-lata mais habituado a rolar na carniça.
— Adorei aquela piada suja e pesada que você contou, chefe!
— Qual? A do elefante que caiu na lama?
— Essa! Genial! Não conhecia. É nova, né?
— É. Eu sou assim mesmo.
— Procura se atualizar sempre?
— Não. Sujo e pesado.
E as gargalhadas ecoam pelos arredores, matando pernilongos e grilos e pulgas e gambás e ratazanas do banhado a quilômetros de distância.
Nas festas corporativas, os lambedores de sola ajoelham para sair nas fotos com os patrões. Depois publicam as imagens no Facebook com legendas elogiosas e cheias de gratidão. Aí a empresa perde um negócio, toma um prejuízo, a equipe inteira é esculhambada e sabe o que acontece? Os mesureiros pegam a foto com o chefe e correm até a primeira macumbeira de má fé formada pela internet.
— É esse aqui o maldito, mainha.
— Deixa comigo.
— Bota esse lazarento na boca do sapo, minha mãe, bota.
No fundo, a esperança de todo lisonjeiro é assistir à penúria do lisonjeado. O puxa-saco quer mesmo é puxar o tapete de seu “herói”. Quer sentir um imenso dó quando ele cair doente. Quer chorar no enterro de quem ele tanto admira. Mas enquanto isso não acontece, vai destilando seu açúcar.
Em qualquer organização há chefes que não podem se movimentar na cadeira sem esbarrar nos cuidados de um intrépido puxa-saco.
— Majestade chamou?
— Não. Isso foi um peido.
E se o chefe demonstrar que está saindo da sala, a situação piora ainda mais:
— Posso ajudar, alteza?
— Não. Estou apertado. Vou ao banheiro.
— Precisa de ajuda para limpar o popô?
— Não, obrigado.
— Nem aceita um refresco de limão com bastante açúcar?
— Também não.
— A gargantinha de vossa grandeza não está seca, não?
— Não.
— Mas eu vou trazer o refresco assim mesmo. O senhor usa para lavar o cabelo, tá? Fortalece a raiz.
Até que uma hora, curtido num mar de baba, o elogiado acredita ser mesmo especial e deixa de se esforçar, desiste de se superar e começa a se repetir. Ele se acomoda. Também, tanta gente diz que ele é bonito, rico, esperto, gostoso. Ele se convence. E daí para o buraco é só um passo.
Quando, por qualquer motivo, um chefe bajulado perde o trono, seus bajuladores comemoram o fracasso de quem idolatravam e, na manhã seguinte, começam tudo de novo, com um novo alvo.
— Está bonito hoje, hein, chefinho!
— É.
— Tá comendo o que aí? Lasquinha de gengibre torrada?
— Não. Casquinha de nariz. Quer?
— Quero!
E então o vassalo come o acepipe de seu líder, lambe os beiços manchados de sol e veneno e vai correndo para a rua, urinar no primeiro hidrante e rosnar para quem passar perto

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A doença de Genoino é real; a sua transformação em mártir é uma farsa; petista e seu advogado recusaram exame do IML no dia da prisão; em seguida, deram início à narrativa do suposto calvário. Vejam o documento assinado por ambos

José Genoino está doente, sim! Mas a sua transformação em herói é uma farsa calculada. Faz parte do seu show e do show do PT. O que vocês veem abaixo é um documento da Polícia Federal. No dia da prisão, em São Paulo, atenção!, O SENHOR JOSÉ GENOINO E SEU ADVOGADO DISPENSARAM O EXAME PREVENTIVO NO IML. Vejam.

Genoino documento dispensa 2
 
O documento está assinado pelo próprio José Genoino.
O documento está assinado por seu advogado, Luiz Fernando Pacheco.
O documento está assinado pelo delegado Eduardo Augusto Afonso.
Não sou cretino. O documento não muda as condições objetivas de saúde do petista. Também não vou dizer “ele que se dane”. A minha questão é outra: por que ele seu advogado recusaram o que lhes foi oferecido como rotina? Para, em seguida, dar início à farsa da saga do mártir que teria sido torturado por Joaquim Barbosa?
Ora, um exame feito naquela sexta-feira, então, atestaria as mesmas condições logo em seguida verificadas. Esse documento, lamento constatar, evidencia que há muito de mentira e má-fé se misturando à verdade.
Não! A doença de Genoino não é uma farsa. É de verdade! Se eu decidisse, mandaria que cumprisse a pena, por enquanto ao menos, em casa. O Genoino transformado em mártir, no entanto, é puro cálculo. O documento que vai acima é parte da pantomima que tenta transformar Genoino em juiz dos juízes. Ah, as esquerdas… Quer coisa mais típica do que recusar o que lhes é oferecido pelo “estado burguês” para, em seguida, reivindicar a mesma coisa com estardalhaço?
Post publicado às 21h17 desta quarta
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Sepulturas sem sossego


exumacao-jango

Em São Borja, uma brigada internacional de especialistas, semelhante à que agiu em Caracas, vigiou o rito que começa a substituir o embalsamamento de divindades civis como Lenin, exposto à visitação pública em Moscou desde 1924
 
AUGUSTO NUNES
 
Três anos e quatro meses depois de aberta por Hugo Chávez com a exumação de Simón Bolívar, a temporada de caça ao veneno chegou à etapa brasileira no interior gaúcho. Em sossego desde dezembro de 1976 no cemitério de São Borja, cidade onde nasceu e até agora jazia em paz, o presidente João Goulart foi transformado na bola da vez pelos praticantes da política dos mortos. Eles vivem à procura de pretextos para algum acerto de contas com o passado que permita reescrever a história com a mão esquerda. Os organizadores do resgate da última quarta-feira, por exemplo, sonham provar que Jango sucumbiu não ao infarto mais que previsível, mas a uma florentina troca de remédios tramada por envenenadores a serviço das ditaduras que infestavam o subcontinente. Aconselhados pelo que lhes resta de juízo, os celebrantes do rito fúnebre no Rio Grande do Sul substituíram por um velório pelo avesso a carnavalesca recepção armada por Hugo  Chávez, em julho de 2010, para homenagear El Libertador à saída do seu mausoléu.

Em julho de 2010, a reencarnação de Bolívar resolveu desenterrar o original para descobrir que o herói da independência morreu envenenado com arsênico pelos pérfidos colonialistas. Transmitido  ao vivo pela TV e narrado pelo ministro do Interior, o espetáculo da morbidez chegou ao clímax quando Chávez confiscou o microfone para advertir os espectadores: ”Tirem as crianças da sala, que a cena que vamos exibir será forte”. Dado o alerta, a câmera exibiu em close a ossada gloriosa. Na madrugada, ainda grávido de emoção, o chefe da revolução bolivariana decidiu ressuscitar o exumado pelo Twitter: “Levanta-te, Simón, porque não é hora de morrer!”, ordenou. Bolívar só foi devolvido ao mausoléu depois de sete dias sem sair da horizontal — e sem saber do resultado dos exames: para decepção dos  profanadores de túmulos com bons índices de popularidade, ele morreu de tuberculose.
Nesta quarta-feira, a exumação de Goulart foi feita sem câmeras de TV nem jornalistas por perto. Para frustração dos turistas que lotaram a mirrada rede hoteleira de São Borja, só tiveram acesso ao cemitério — além da brigada internacional de especialistas formada por brasileiros, uruguaios, argentinos e cubanos — alguns parentes, uns poucos amigos de fé e três celebridades federais: o governador Tarso Genro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e a inevitável Maria do Rosário. Secretária dos Direitos  Humanos (com status de ministra), a combatente do PT gaúcho encarregou-se da retórica hiperbólica. ”Exumar Jango é exumar a ditadura”, informou. Como se vinte anos coubessem num único personagem ou num caixão. Como se merecesse ser levada a sério uma frase que pode acabar inocentando o regime militar de todos os homicídios que lhe são atribuídos. Basta ficar comprovado que Jango foi abatido pelo coração arruinado por falta de cuidados e excessos de sobra.
Essa hipótese é mais que provável, previnem os dois casos registrados em território chileno entre a exumação de Bolívar e a de Jango. Em maio de 2011, Salvador Allende foi retirado do túmulo para eliminar a suspeita que afligia os derrotados pelo golpe militar chefiado 38 anos antes por Augusto Pinochet: o presidente cometera suicídio ou fora executado depois da invasão do palácio em que estava entrincheirado? Foi suicídio, reiteraram os exames. Em abril de 2013, chegou a vez do poeta Pablo Neruda. Neste 8 de novembro, uma junta de onze médicos chilenos e estrangeiros concluiu que Neruda morreu há quarenta anos em decorrência do câncer na próstata que precipitara a internação num hospital. Mas não vai descansar por muito tempo. Inconformado com o resultado adverso, o juiz Mário Carroza promete exigir uma segunda bateria de testes. O desvendamento de um assassinato político justifica qualquer gastança, ensinou Maria do Rosário aos jornalistas interessados nas despesas exigidas pela exumação de João Goulart, incluídos exames e traslados. “Custa menos do que uma ditadura”, resumiu.
E exumar é bem mais barato que embalsamar, poderia ter acrescentado a ministra. Embalsamar é verbo que não combina com os  humores pendulares do subcontinente, como atestam a saga de Evita Perón e o fiasco produzido por Nicolás Maduro quando tentou transformar Hugo Chávez na versão cucaracha de Lenin (veja o quadro ao lado). Bem menos complicada é a exumação. Não tem contraindicações, nem provoca efeitos colaterais. Se der em nada, o exumado volta à tumba sem perdas nem danos. Se funcionar, qualquer despesa parece irrisória. Para quem confunde urna funerária com urna eleitoral, morte morrida é de pouca serventia. Muito mais proveitosa é morte matada. Essa não tem preço.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Ordem dos fatores

DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo

Rememorando o que foram antes e a condição em que estão hoje José Dirceu e José Genoino - para falar dos que nos anos áureos desfilavam com mais visibilidade e discorriam em tom imperativo sobre o "projeto" - compreende-se a razão pela qual procuram vestir o figurino de presos políticos.
Na perspectiva deles tudo o que fizeram nunca teve outro objetivo senão a política. Partindo desse princípio desenharam, cada qual à sua maneira, a cena do momento fatal: braços erguidos, punhos cerrados, a capa bordada com referência a poema de Mário Quintana, protestos por escrito contra o "casuísmo", saudações de correligionários, vivas ao PT, clamores contra a injustiça.
Mas a realidade conta outra história: são políticos presos. Aqui a ordem dos fatores altera o resultado.
O que são presos políticos? Por definição, pessoas privadas da liberdade por atos de retaliação do poder em decorrência de opiniões ou ações que contrariem a vontade e/ou a lei imposta pelas autoridades ilegítima e ilegalmente constituídas no País.
Nenhuma semelhança, portanto, com o Brasil de hoje.
As leis decorrem de um Congresso eleito, a Presidência da República tem seu poder emanado do voto popular e o Supremo Tribunal é composto por nomeações do chefe da nação aprovadas pelo Legislativo. Tudo nos conformes da legalidade e da legitimidade.
Diferente de "ontem", da ditadura contra a qual Dirceu, Genoino e tantos outros se insurgiram pagando caro com a supressão da liberdade, a violação da integridade física e, em muitos casos, com a vida.
Na época, sim, foram presos políticos, vítimas do arbítrio de um regime ao qual se opunham.
Agora não, integram a situação. O tribunal que os condenou é instituição de um país democrático, cujo governo, ao contrário de lhes ser hostil, é chamado por eles de "nosso" em contraposição aos "outros", vistos como infratores por serem adversários.
Governo em nome do qual cometeram os atos sobre os quais até poderiam não ter noção da gravidade, admita-se, mas pelos quais foram condenados por se acharem acima da lei e atuarem como donos das instituições, senhores de todas as vontades.
Ao aceitarmos a denominação de presos políticos para os petistas, devemos aceitar também para os políticos não petistas: Roberto Jefferson, Bispo Rodrigues, Valdemar Costa Neto, Pedro Henry, Pedro Corrêa e companhia. Por que não?
Porque seria mera fantasia.
Em 2025. Enquanto não tiver início a execução da pena de Henrique Pizzolato, corre o prazo de prescrição dos crimes aos quais foi condenado: lavagem de dinheiro (três anos e oito meses), peculato (cinco anos 10 meses) e corrupção passiva (três anos e nove meses), num total de 12 anos e sete meses.
Os prazos são contados separadamente e no dobro de cada sentença. Considerando a pena mais alta de quase seis anos, daqui a no máximo 12 anos, se não for preso nesse meio tempo, Pizzolato pode sair da Itália - até voltar ao Brasil - porque seus crimes estarão prescritos.
Calendário. Fala-se muito em demora no exame do mensalão mineiro no Supremo, mas há uma razão para isso. O uso do esquema de Marcos Valério na campanha pela reeleição de Eduardo Azeredo ao governo de Minas, em 1998, foi descoberto durante as investigações das denúncias de Roberto Jefferson em 2005.
Só então Azeredo virou investigado. A acusação de peculato e lavagem de dinheiro foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal em 2009, dois anos depois de recebida pelo tribunal a denúncia do Ministério Público relativa à compra de apoio político ao governo Lula. Apenas neste ano foi designado o relator, ministro Luís Roberto Barroso.

domingo, 17 de novembro de 2013

Energia solar vira fonte de renda no sertão baiano

ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO

Contemplada pelo programa Minha Casa, Minha Vida há dois anos, Gilsa Martins de Oliveira, 54, tornou-se proprietária de uma casa de dois quartos no condomínio Morada do Salitre, em Juazeiro (BA). A partir do fim deste mês, ela passa a gerir também uma "microusina" doméstica de energia solar.
"Eu estou animada, já tinha ouvido falar dessas placas, mas sabia que existia só em casa de rico", conta.
Síndica do condomínio, ela se refere aos painéis fotovoltaicos colocados sobre os telhados de 1.000 casas em dois residenciais populares para transformar luz do sol em energia no sertão baiano.
A 395 km dali, em Feira de Santana (BA), a nova fábrica de pneus da Pirelli, prevista para ser inaugurada em meados do ano que vem, também vai utilizar coletores solares gigantes para produzir vapor, tecnologia inédita no mundo em escala industrial.
O calor do sol nordestino será colhido por espelhos gigantes espalhados por uma superfície de 2.400 m² e armazenado em tubos que manterão a temperatura a 500°C. "O equipamento solar será conectado diretamente às linhas de vapor utilizadas para a produção de pneus", diz Mario Apollonio, gerente de energia da Pirelli.
Divulgação
Painel fotovoltaico é instalado em residência do Minha Casa, Minha Vida em Juazeiro (BA)
Painel fotovoltaico é instalado em residência do Minha Casa, Minha Vida em Juazeiro (BA)
"Com a energia solar, a emissão de carbono será zerada nessa etapa", afirma o técnico. A estimativa é de redução de 2.000 toneladas na emissão gás carbônico, em cinco anos, sem a queima de gás natural ou diesel para alimentar as caldeiras.
O investimento é de cerca de € 2 milhões, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente da Itália.
As duas experiências-piloto são sinais de que o Brasil, terra das hidroelétricas gigantes, começa a despertar para outras formas de geração de energia limpa.
VENDA DE ENERGIA
Parceria do fundo socioambiental da Caixa Econômica Federal com a empresa Brasil Solair, o projeto de Juazeiro, também pioneiro no Minha Casa, Minha Vida, foi regulamentado no mês passado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A estimativa é que a instalação de 9.500 painéis solares nos dois condomínios possa produzir 3.600 megawatts por ano. "Toda a energia gerada será medida e vendida para a própria Caixa", afirma Nelson da Silveira, presidente da Brasil Solair.
O projeto tem capacidade instalada para gerar 3.500 MW/h, suficientes para abastecer 1.600 casas populares. Os sistemas serão conectados à distribuição da Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia).
Estudos preliminares calculam que a energia excedente a ser produzida nos dois residenciais corresponderá à quase totalidade do consumo anual do prédio central da Caixa em Salvador.
O valor que o banco pagaria à Coelba será repassado então à associação de moradores pela distribuidora.
Orçado em R$ 7 milhões, o projeto de microgeração de energia é voltado para moradores com renda de até três salários mínimos, organizados numa associação que vai administrar os recursos.
Depois de abatidas as despesas, cada morador deve receber por mês cerca de R$ 90.
TECNOLOGIA ITALIANA
Os italianos também apostam no potencial brasileiro. "Além do projeto na Bahia, estamos propondo o uso de tecnologia similar para geração de eletricidade em São Paulo, na construção civil, em universidades e em hospitais", afirma Corrado Clini, diretor do Ministério do Meio Ambiente da Itália.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Desenterraram dois corpos errados antes de chegar ao de Jango; Maria do Rosário montou um palanque em São Borja; até empresa de eventos foi contratada

 

Técnicos que fizeram a exumação dos restos mortais de Jango (Foto: Felipe Bächtold/Folhapress)
Técnicos que fizeram a exumação dos restos mortais de Jango (Foto: Felipe Bächtold/Folhapress)
 
A esquerda é fascinada por cadáveres, de modos distintos e combinados. Comecemos pelo óbvio: líder esquerdista não morre, vira múmia. Lênin, Stálin, Mao, Ho Chi Min, os coreanos do Norte Kim Il-Sung e Kim Jong-Il… Adoram ainda produzir cadáveres. Nos países em que há carne humana o suficiente, eles se contam aos milhões — só na China, 70 milhões; na antiga URSS, uns 40 milhões; mais de dois milhões no Camboja. A determinação parece ser sempre a mesma: a do estrago máximo. De uns tempos para cá, com o comunismo já enterrado, deram para desenterrar os mortos no afã de recontar a história: Pablo Neruda, Salvador Allende, João Goulart…
A foto: são os técnicos que Maria do Rosário, a ministra dos Direitos Humanos, arrumou para exumar os restos mortais de Jango. Tudo muito cenográfico, não é mesmo? Segundo o jornalista gaúcho Políbio Braga conta em seu blog, até uma empresa de eventos foi contratada. Pior: como tudo foi feito na base do improviso, meio à matroca, antes que se chegasse aos restos mortais de Jango, dois corpos errados foram exumados no jazigo da família. Os técnicos de Maria do Rosário tiveram de apelar à memória do filho do coveiro que enterrou o ex-presidente para saber, afinal, onde estava o corpo. Reproduzo abaixo, em azul, o texto de Políbio.
*
Por duas vezes seguidas, os peritos e agentes que a ministra Maria do Rosário mandou para São Borja desenterraram os corpos errados no jazigo da família Goulart. Os serviços ocorreram durante a tarde e a noite de quarta-feira, mais a madrugada desta quinta. A missão só acertou o passo depois que foi chamado ao cemitério o filho do coveiro que enterrou Jango, já que o coveiro propriamente dito morreu há muito tempo. Imaginou-se, acertadamente, que o pai tinha contado a história do sepultamento ao filho, cuja memória ajudou os peritos na hora da remoção dos restos mortais.
Foi um vexame. Um serviço de amador. Os 12 peritos vestidos como astronautas não prepararam o campo de provas. A ministra Maria do Rosário e o governo do PT dispensaram a condução profissional que Ministério Público Federal e MJDH (Movimento de Justiça e Direitos Humanos) tinham montado com peritos de renome internacional da PUC do RS, assumindo tudo sozinha. Maria do Rosário pediu ao prefeito a decretação de feriado e até um palanque. Ela será candidata a senadora em 2014. Tudo foi feito em clima eleitoral. Até uma empresa de eventos de Porto Alegre, a Capacitá, foi contratada para dirigir o espetáculo em São Borja e Brasília. A Capacitá deslocou 5 profissionais para fazer o serviço.
A ministra não saiu de perto do cemitério. Às 20h30, 12 horas depois de iniciados os trabalhos, a ministra falou em tom pausado com alguns jornalistas e admitiu que o prazo inicialmente previsto para a conclusão dos trabalhos, 15h, não poderia ser cumprido, e o novo horário seria meia-noite. Ela negou veementemente erros graves na exumação. Eis esta pérola da mentira oficial: “Em hipótese alguma [ocorreram erros graves]. Houve êxito absoluto na exumação, e a demora se justifica pelo cumprimento de um protocolo ético e científico muito rigoroso”.
A demora levou Maria a pedir ajuda ao perito cubano Jorge Perez. Ambos desconversaram. O cubano sabia de tudo, mas não queria se comprometer: “Pode ser hoje ou pode ser amanhã… Nós peritos, sabemos quando começamos, mas não quando terminamos”. Eles foram lacônicos até o fim. O clima era de tensão. Os boatos se intensificaram. Quem participou da exumação não pôde sair do local até as 4h da manhã, nem mesmo os coveiros, proibidos até de falar com a imprensa.
O jazigo dos Goulart possui oito gavetas. Por duas vezes foram retirados despojos errados. Todos os cadáveres da família estão em mau estado de conservação, e foi impossível identificar os restos mortais de Jango visualmente. Não foi a única trapalhada. É que, por falta de instrumentação adequada para a remoção, foi chamado o dono da maior funerária local, que acabou acudindo os agentes do governo federal.
Somente à 4 h da madrugada de hoje [quinta-feira] os restos mortais de Jango foram reconhecidos, embalados e levados ao aeroporto da cidade. Eles não foram conduzidos à base aérea de Santa Maria, como estava previsto, porque não havia mais tempo para cumprir a programação elaborada pela ministra Maria do Rosário, que previa recepção em alto nível por parte da presidente Dilma Roussef em Brasília. A urna com os despojos de Jango seguiram para Brasília em avião da FAB.
Em São Borja, muita gente pensa que podem ter ido os despojos errados.
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Governo da Bahia emprega filhos de juízes afastados pelo CNJ

Afastados temporariamente do Tribunal de Justiça da Bahia por decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), os desembargadores Mário Alberto Hirs e Telma Britto --presidente e ex-presidente da instituição-- têm filhos em cargos de confiança no governo Jaques Wagner (PT).

Duas filhas de Hirs --Renata Hirs e Patrícia Hirs-- e um filho de Telma Britto --Marcos Britto-- estão lotados na Secretaria da Administração do Estado, comandada até setembro deste ano por Manoel Vitório, hoje secretário da Fazenda.

A pasta da Administração diz que as nomeações são legais, e os desembargadores também negaram irregularidades.

O CNJ afastou os desembargadores Hirs e Britto de suas atividades na semana passada por suspeitas de participação num esquema de sobrevalorização de valores de precatórios (dívidas do Executivo com ordem judicial de pagamento) cujo prejuízo potencial é estimado em R$ 448 milhões.

Já nesta terça-feira (12), o CNJ abriu um novo processo para investigar os magistrados, por outros indícios de má gestão no Judiciário baiano, como problemas no funcionamento de cartórios e convênios irregulares.

Os filhos dos desembargadores ingressaram no governo baiano por meio de concurso para contratação temporária por um período de dois anos, renovável por mais dois anos.

Marcos Britto foi nomeado em 2008 para um cargo de assessoria jurídica ligado ao gabinete do secretário. Renata Hirs assumiu o cargo em 2009, para a coordenação do setor de intercâmbio e inovação da secretaria. Patrícia Hirs também foi nomeada em 2009, num cargo de nível médio, na área de recursos humanos.

Após vencido os prazos dos contratos, em 2012 e 2013, os três passaram a ocupar cargos de confiança na secretaria, com salários entre R$ 2.000 e R$ 5.000.

A nomeação dos três filhos de desembargadores se deu durante a gestão do ex-secretário de Administração Manoel Vitório. Ele assumiu o cargo em 2007, com a posse de Jaques Wagner, tendo no currículo o comando do Ipraj (órgão que administrava o Judiciário da Bahia) na gestão do ex-desembargador Carlos Alberto Cintra na presidência do TJ-BA.

A assunção de Vitório ao secretariado de Wagner foi creditada ao desembargador Dutra Cintra, que liderava o grupo no TJ-BA do qual fazem parte Telma Britto e Mário Alberto Hirs. Na época da nomeação, Vitório e Dutra Cintra negaram a suposta indicação.

OUTRO LADO

Em nota, os desembargadores Mário Alberto Hirs e Telma Britto afirmam que não há legislação "que proíba que ascendente ou descendente de um servidor público desempenhe suas funções em esferas diferentes do serviço público".

Também disseram que as nomeações dos filhos são anteriores ao período em que ambos comandaram o TJ-BA. "Os desembargadores não poderiam estar desconfortáveis por terem filhos trabalhadores e comprometidos com o desenvolvimento social", diz o texto.

Sobre a relação com o secretário Manoel Vitório, Hirs e Britto afirmam ser "respeitosa, não havendo beneficiamento nos poderes".

A Secretaria da Administração de Wagner informou que Renata Hirs, Patrícia Hirs e Marcos Britto "não ocupam posições de diretoria, mas cargos intermediários de assessoria técnica" e afirmou que os três cumprem suas funções de forma regular.

A secretaria também disse que os casos não configuram nepotismo. De acordo com o marco legal do Estado, pode haver nepotismo apenas em casos de nomeação de parentes de funcionários para um mesmo Poder.

Fonte: Uol

terça-feira, 12 de novembro de 2013

‘Tudo pelo poder’

Publicado no Estadão

Nunca antes na história deste país o aparelho do Estado foi tão acintosa e despudoradamente colocado a serviço dos interesses eleitorais dos detentores do poder. Dilma Rousseff não consegue fazer a máquina do governo funcionar com um mínimo de eficiência para planejar e executar os grandiosos projetos de infraestrutura que anuncia com enorme estardalhaço. Mas como numa campanha eleitoral – no momento, a prioridade absoluta do lulopetismo – o que vale é o marketing, o discurso, Dilma está bem instruída e firmemente empenhada em transformar em palanque essa imensa e inoperante máquina, e dele não pretende descer antes das eleições presidenciais do próximo ano.

No feriado de Finados, Dilma reuniu no Palácio da Alvorada 15 ministros que atuam nas áreas social e de infraestrutura para puxar orelhas e exigir “agilidade” no anúncio de novos projetos e na execução daqueles em andamento. E deixou perfeitamente claro, para quem pudesse não estar entendendo do que se tratava, que precisa incrementar urgentemente uma “agenda positiva” a ser exibida em seus pronunciamentos oficiais e suas cada vez mais frequentes viagens por todo o País.
Antes que alguém pudesse levantar alguma suspeita maldosa sobre toda essa movimentação ter a ver com objetivos eleitorais, coube à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann – ela própria candidatíssima ao governo do Paraná – explicar: “Isso tem a ver com resultado de governo. Nós estamos num momento de prestação de contas e entregas”. E acrescentou: “São várias entregas que a presidente cobrou, que se agilizassem alguns resultados para que nós pudéssemos prestar contas para a população”. Então, está explicado.
Dá para entender a aflição de Dilma. Uma reeleição considerada favas contadas no primeiro semestre do ano passou a ser vista com preocupação pelos próprios petistas a partir do instante em que os índices de popularidade da presidente despencaram com as manifestações populares de junho e, apesar de se terem recuperado em parte, mantêm-se ainda muito abaixo dos mais de 50% de aprovação anteriores. Permanecem teimosamente empacados nos 38%. Isso significa que, na melhor das hipóteses, a se manter o quadro atual, Dilma poderá se dar por satisfeita se conseguir levar as eleições presidenciais para o segundo turno.
Não é por outra razão que Luiz Inácio Lula da Silva, inventor do poste que conseguiu transformar em presidente, decidiu chamar para si a responsabilidade de confrontar os candidatos de oposição. Mergulhou de cabeça na tarefa de fazer o que Dilma pode ter vontade, mas não tem vocação nem carisma para fazer, apesar de toda a máquina governamental à sua disposição: comunicar-se com a massa popular.
Nessa linha, o ex-presidente tem usado e abusado de seu insuperável populismo. Ele sabe que, mais do que “prestar contas” ou “entregar” realizações de governo, o importante é encantar os eleitores com as palavras que eles querem ouvir, ditas de um modo que eles gostam de escutar. E nisso Lula é mestre. Apesar de integrar hoje, movido por sua megalomania, o mais seleto jet set internacional, Lula tem logrado preservar a imagem de “homem do povo”, sustentada por altíssimos índices de popularidade. E isso lhe permite ignorar a lógica, o bom senso, o pudor, a civilidade e, sobretudo, a verdade, quando deita falação sobre as maravilhosas realizações com as quais resgatou o Brasil das mãos do “poderosos” e o transformou neste paraíso em que automóveis e filé mignon estão ao alcance de todos.
Transformar a máquina do governo em palanque eleitoral como Dilma Rousseff está fazendo, portanto, é apenas uma das consequências da erosão da moralidade pública que há mais de uma década se tem acentuado gravemente no País. Lula e o PT, é claro, não inventaram os malfeitos no trato da coisa pública. O Brasil sempre sofreu com a tradição paternalista e patrimonialista. Mas foi prometendo acabar com essa pesada herança que Lula e sua turma conquistaram, ou melhor, se apropriaram do poder. Natural, portanto, que se disponham a usar o que consideram seu para se eternizarem onde estão.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O governo só soube agora que os jalecos importados de Cuba vão custar o dobro

 

A importação de jalecos cubanos para o programa Mais Médicos foi tramada, meses a fio, em inúmeras reuniões clandestinas que juntaram representantes da ditadura caribenha, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Não foi por falta de tempo, portanto, que a dupla brasileira deixou fora da pauta exigências da legislação trabalhista que vão dobrar a conta da esperteza eleitoreira.
Na quarta-feira, num artigo publicado no Estadão sob o título ‘Médicos cubanos ─ sustos trabalhistas’, o economista José Pastore analisa a tunga imposta aos pagadores de impostos pela ação conjunta do poste que Lula instalou no Planalto e do poste que sonha instalar no Palácio dos Bandeirantes. Dilma capricha na pose de supergerente de país. Padilha zanza pelo país no papel de multiplicador de médicos. São apenas dois ineptos, reitera o texto que se segue. (AN)     
 
Li nos jornais que o governo se assustou ao saber que o subterfúgio da “bolsa-formação” a ser usado para remunerar os médicos cubanos não está isento do recolhimento das contribuições previdenciárias. O aviso veio da Secretaria da Receita Federal. O órgão alertou que a importância mensal paga aos médicos constitui salário e, como tal, está sujeita ao recolhimento ao INSS de 11% pelos contratados e de 20% pelo contratante. Para o governo, a despesa mensal subiu de R$ 10 mil para R$ 12 mil por médico.

Como se trata de salário, haverá sobre ele incidência de todos os encargos sociais (FGTS, seguro acidente do trabalho, salário-educação, descanso semanal remunerado, férias, abono, aviso prévio e outros) que somam 102,43% do salário. É isso que diz a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O governo, que previa gastar R$ 511 milhões para contratar 4 mil médicos cubanos por quatro anos, terá de reservar mais de R$ 1 bilhão só para essas despesas. Não estão nessa conta os gastos com transporte e acomodação dos médicos no Brasil, nem tampouco os adicionais por insalubridade e periculosidade a que muitos farão jus.
Há que se considerar ainda que, mais cedo ou mais tarde, os médicos cubanos conhecerão o alcance das nossas leis trabalhistas, que, se não forem cumpridas, detonarão ações judiciais ─ individuais ou coletivas ─ com vistas a receberem atrasados e reparar danos morais. Eles saberão que, ao contrário de Cuba, as portas dos tribunais do Brasil estão permanentemente abertas para todos os cidadãos que aqui trabalham. Basta acioná-los.
Por isso, a conta pode subir muito. Todos sabem que, no campo trabalhista, quem paga mal paga duas vezes. Pagamentos realizados por força de sentenças judiciais são sujeitos a elevadas multas e pesada correção monetária.
Suponho que os competentes advogados da União tenham prevenido os nossos governantes sobre os riscos a que estavam submetendo a Nação. Tudo indica, porém, que a urgência para montar um programa eleitoral falou mais alto, e venceu. Agora, o bom senso recomenda fazer provisões para o desfecho, que pode ser desastroso.
Tenho estranhado o silêncio do Ministério Público do Trabalho. Da mesma forma, intriga-me o mutismo das associações de magistrados do trabalho. Mais surpreendente ainda é a indiferença das centrais sindicais, que, sendo contrárias à necessária regularização da terceirização no Brasil, assistem pacificamente a um tipo de contratação que tem tudo do trabalho escravo. Basta lembrar que os médicos cubanos não podem trazer seus familiares; estão impedidos de sair do Brasil; se pedirem asilo, será negado; e ainda têm 70% do seu salário confiscado e remetido ao governo cubano, que nada pode fazer para os brasileiros. Situações mais brandas que essa têm sido denunciadas pelas centrais sindicais como “análogas ao trabalho escravo”. Neste caso, “ouve-se um sonoro silêncio”. Não me deterei nesse aspecto, pois o assunto já foi bastante comentado pela imprensa. Não comentarei tampouco a insinuação de que os recursos que vão para Cuba acabarão voltando para o Brasil ─ não se sabe para quê.
A minha preocupação está na área trabalhista, porque, a julgar pela conduta rigorosa da Justiça do Trabalho, a conta dessa contratação pode se tornar colossal, o que vai demandar recursos que poderiam ser aplicados na própria solução eficaz do problema da saúde em prazo médio.
Para dizer o mínimo, a fórmula escolhida pelo governo agrediu o interesse nacional. Por mais nobres que sejam os propósitos do Programa Mais Médicos, nada justificava afrontar o nosso ordenamento jurídico de forma tão contundente. Afinal, tudo poderia ser feito seguindo as regras vigentes, como, aliás, ocorre com os médicos que vêm da Argentina, Portugal, Espanha e de outros países que aqui estão para ajudar a aliviar a dor dos brasileiros. Até quando nossos governantes poderão desperdiçar o dinheiro do povo impunemente?

domingo, 10 de novembro de 2013

Grupos constroem shopping em Barreiras no interior da BA


As empresas Deltaville e Marca Empreendimentos, que atuam com projetos imobiliários, irão construir um shopping em Barreiras, no oeste da Bahia. O projeto terá aporte de R$ 150 milhões.

"Barreiras e região têm uma economia que se fortaleceu por causa do agronegócio. Há uma demanda reprimida no comércio local", afirma Antonio Guadagnin, presidente da Deltaville.

O centro de compras, o primeiro investimento da companhia no segmento, ficará ao lado de um bairro que foi implantado pela empresa, com cerca de 5.000 lotes.

Com previsão de entrega para 2016, o shopping terá espaço para 140 lojas, em uma área bruta locável de 17 mil metros quadrados.

"Pelo menos 60% das unidades serão ocupadas por lojistas da própria região", diz Avelino Cortellini Junior, dono da Marca, responsável pela concepção do centro de compras e também sócio do empreendimento.

"Não é o objetivo do projeto se transformar em um concorrente predador [do comércio local]", afirma.

Os aportes no shopping serão feitos com recursos próprios e de investidores, segundo os empresários.

A área onde será erguida a estrutura poderá, no futuro, agregar outros projetos, como um hotel e um centro médico, diz o presidente da Marca.

Além de loteamentos urbanizados na Bahia, a Deltaville atua no mesmo segmento nos Estados do Pará, do Maranhão e do Ceará.

A Marca, por sua vez, trabalhou no desenvolvimento de cerca de 30 shoppings, o último deles em Bauru (SP), de acordo com Cortellini Junior.