quinta-feira, 26 de junho de 2014

Lula agora muda a versão e diz que Reinaldo Azevedo e outros oito não são os culpados pelas vaias e xingamentos a Dilma. O que dirão Trajano e suas melancias às avessas da ESPN, a “emissora estadunidense”?

Ai, ai… José Trajano, aquele senhor da ESPN que comanda os melancias às avessas — vermelhos por fora e verdinhos por dentro —, cuja existência descobri quando me atacou — e a mais três — de maneira vergonhosa, vai ficar chateado. Eles estavam convictos por lá, na emissora “estadunidense” (que é como devem falar esquerdistas autênticos como eles, certo?), que as vaias e os xingamentos a Dilma eram coisa dos leitores de Reinaldo Azevedo, entre outros. Coisa, como vituperaram por lá, da “elite branca de São Paulo”. Até cheguei a procurar por esses dias se a ESPN já havia emitido um comunicado renunciando a todos os seus assinantes da “elite branca de São Paulo”. Até agora, nada! Parece que se acovardaram. Eu entendo quando esquerdistas “autênticos” ficam de olho no caixa do Grupo Disney — e no Ibope. Até onde sei, parece que as acusações caíram como uma bomba na audiência. Que peninha! A do meu blog subiu pra caramba! Já bati o recorde antes de o mês acabar. Obrigado, Trajano e melancias às avessas amestradas! Bate que eu cresço! Adiante.
Quem também se acovardou é Lula. Ora, ora, ora… Tão logo a tese da elite branca surgiu naquela “emissora estadunidense”, o Apedeuta saiu a repeti-la pelos cotovelos. Seria tudo coisa de reacionários. O jornalismo áulico reproduziu a patacoada segundo a qual as vaias e os xingamentos tinham sido uma beleza para Dilma. Na minha coluna na Folha de sexta-feira, tirei o sarro dessa mentira. Escrevi lá: “É evidente que o lado positivo da vaia é cascata. Essa versão é obra de ‘spin doctors’, cujo trabalho só é efetivo quando conta com a opinião abalizada de ‘especialistas’ e com a sujeição voluntária ou involuntária da imprensa”.
O primeiro a perceber a armadilha foi Gilberto Carvalho, que correu para negar a tese da elite branca. Pesquisas do Palácio do Planalto apontam que, ao contrário da versão que tentaram emplacar, o evento tinha sido ruim para a presidente, e a versão  tornava tudo pior.
Em entrevista nesta quarta ao “Jornal do SBT”, o ex-presidente mudou o tom — e
sem
combinar nada com Trajano, santo Deus! Agora ele afirma que “o governo, possivelmente, tem culpa” por não ter “cuidado com carinho” das insatisfações da população. Ah, bom!!! Com aquela sua inclinação natural para o pensamento de cunho filosófico, afirmou: “Eu digo sempre que a vaia e o aplauso é só começar que acontecem. Agora, aqueles palavrões me cheirou a coisa organizada, o preconceito, a raiva demonstrada. Possivelmente a gente tenha culpa. Vou repetir: que a gente tenha culpa de não ter cuidado disso com carinho”.
A fala é ainda um tanto confusa, e não se pode esperar nada melhor do que isso. Ou bem os palavrões “são coisa organizada” ou bem “o governo tem culpa”. De qualquer modo, trata-se de uma mudança de tom. Quem também foi desautorizado é o sr. Alberto Cantalice, vice-presidente do PT, segundo quem os xingamentos eram consequência da pregação de pessoas como “Reinaldo Azevedo (este criado que escreve), Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Lobão, Demétrio Magnoli, Danilo Gentili, Guilherme Fiuza, Marcelo Madureira e Arnaldo Jabor.”
Não deixa de ser divertido. Os petistas não perceberam que algo está mudando no país e que a eterna guerra promovida pelo PT do “nós”, que são eles, contra “eles”, que somos nós, não funciona mais. O petismo botocudo achou que poderia usar o episódio do Itaquerão para promover um arranca-rabo de classes e, se necessário, até um conflito racial, opondo branco a negros, ricos a pobres, paulistas ao resto do país.
Deu-se mal. O tiro saiu pela culatra. Os que embarcaram nessa canoa furada colheram o óbvio: a embarcação virou porque fez água. A versão de que a vaia era coisa da “elite branca” tornou pior para Dilma o que já estava ruim.
Eu bem que adverti aqui, como sabem, que não foi promovendo a guerra de todos contra todos que o PT chegou ao poder em 2003. Ao contrário: aquela linguagem beligerante era coisa do tempo em que o partido só perdia eleições. Lula está tentando consertar o estrago que ele próprio fez com a ajuda do jornalismo idiota ou comprado. 
De vítima, a gente sente pena, mas não lhe dá voto. Lula só foi eleito quando parou de posar de coitado e deixou que toda a sua autoestima, que é gigantesca, viesse à flor da pele, não é mesmo? O PT aprendeu a lição. E o jornalismo?
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Brasileiro: cidadão de segunda classe em seu próprio país.



Por Fabio Ostermann, publicado no Instituto Liberal

A Copa do Mundo está nos trazendo diversas lições sobre como funcionam as coisas no Brasil. Dentre elas está uma cuja compreensão é de suma importância para o futuro do país: aos olhos dos nossos governantes e em nosso próprio país, nós brasileiros somos cidadãos de segunda classe.
Tal conclusão decorre do fato de que nunca antes na história do Brasil se viu tanto policiamento quanto se vê ocorre agora nas maiores cidades brasileiras. Aparentemente foi necessário que alguns milhares de estrangeiros dessem as caras em nossas cidades para que a segurança pública fosse tratada seriamente.
Nossos quase 60 mil homicídios ao ano, incontáveis roubos, estupros e sequestros-relâmpagos não sensibilizam nossa Presidente e nossos governadores, pelo visto. Mas aparentemente nossos governanetes querem evitar ao máximo qualquer possibilidade de algum cidadão estrangeiro vir a ser mais uma vítima da criminalidade brasileira. Imagina a vergonha internacional se um grupo de turistas americanos é sequestrado? Uma alemã estuprada? Uma família coreana roubada e o pai da família assassinado??! Não podemos correr tais riscos!
Mas como o cobertor é curto, o aumento de efeitvo policial que garante a segurança dos gringos (1ª Classe) e, meramente por tabela, dos brasileiros moradores das cidades sedes (2ª Classe) se dá às custas do deslocamento de boa parte do efetivo das cidades do interior, deixando seus moradores à mercê da criminalidade. Ou seja, dentro desse sistema de divisão de classes temos um grupo ainda mais abaixo de nós, moradores das capitais. Aqueles que habitam as cidades do interior fazem parte, pelo visto, de uma classe ainda mais baixa de cidadãos, cuja segurança realmente não vale nada.
A Copa termina em 3 semanas. Que aproveitemos nossa segurança temporária para refletirmos sobre por que raios o Estado no Brasil se envolve com tantas atribuições (governo federal, p.ex., tem 39 ministérios e participa ativamente da gestão de centenas de empresas nas mais variadas áreas) e não consegue priorizar a atuação em sua função FUNDAMENTAL, que é a segurança pública.
Daqui 3 meses e meio, teremos uma oportunidade única de demonstrar nosso descontentamento com esse tratamento desrespeitoso e indigno. Para alguns milhares de brasileiros será, infelizmente, a última oportunidade antes de se tornarem parte da estatística.

Sob a presidência de Lewandowski e com relatoria de Barroso, STF deve dar hoje autorização para que mensaleiros trabalhem fora da cadeia.

O Supremo Tribunal Federal vai julgar hoje, em sessão presidida pelo ministro Ricardo Lewandowski, o pedido para que quatro presos do mensalão que cumprem pena em regime semiaberto possam trabalhar fora da cadeia. O relator é o ministro Roberto Barroso. Joaquim Barbosa não participa porque vai se declarar impedido.
O que vai acontecer? A autorização será concedida, certo como dois e dois são quatro. De fato, outro tribunal, o STJ, tem garantido essa licença, ainda que isso contrarie o Artigo 37 da Lei de Execução Penal, que estabelece o cumprimento de um sexto da pena — o que ainda não aconteceu — para que o preso ganhe essa permissão. Mais: a concessão não é automática. O juiz tem de avaliar se o preso faz por merecer o benefício, mesmo com um sexto da pena cumprido. Mas isso tudo deve ficar pra lá.
Notem: não estou entre aqueles que consideram que essa concessão vai desmoralizar todo o julgamento etc. e tal. Parece-me uma visão meio apocalíptica e errada. Mas também não vou conceder com falcatruas e mentiras. E uma delas é a história de que José Dirceu e os outros estão em regime fechado — vale dizer: nem o direito que têm ao regime semiaberto estaria sendo cumprido. É falso.
O tribunal vai ainda decidir uma outra questão. A buliçosa defesa de José Genoino entrou com pedido, como sabemos, para que ele cumpra a pena em regime domiciliar. Alega que as condições do presídio não permitem que receba o devido tratamento; aponta crises hipertensivas, problemas de coagulação e alerta para um suposto risco de AVC caso o petista permaneça na cadeia. Cumpre lembrar que ele já foi examinado por duas juntas médicas que disseram que as condições em que está recluso são compatíveis com seu estado de saúde. Tendo a achar que também essa licença será concedida.
E, nesse caso, claro!, ouviremos elogios rasgados, então, ao novo relator e à condução do Supremo sob os auspícios de Ricardo Lewandowski. E, se Joaquim Barbosa foi tomado como o verdugo dos mensaleiros, não se tomem os novos protagonistas como as suas fadas madrinhas. Nada disso! Ministro que vota contra os petistas está necessariamente de má-fé; quando vota a favor, é claro que está apenas cumprindo a lei, certo?
Pois é… Vamos ver onde vão trabalhar os valentes. Delúbio Soares voltará para seu acintoso “emprego” na CUT, onde, na verdade, atua como chefe, como dirigente? E José Dirceu? Qual será a sua ocupação? Assumirá mesmo uma cargo de direção naquele hotel esquisito, onde poderá fazer política à vontade? O que os mensaleiros, em suma, ganharão? O direito de trabalhar ou de voltar justamente às atividades que lhes renderam a prisão?
Todos já sabemos qual será a decisão. Eu ficarei particularmente atento aos argumentos. Para o sim e para o não, podem ser dignos ou indignos.
Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 23 de junho de 2014

"Acorda jornalista"

Publicado no Blog Vespeiro
FERNÃO LARA MESQUITA

Um golpe contra a democracia está em curso desde o último dia 26 de maio e a circunstância que o torna mais ameaçador do que nunca antes na história deste país é a atitude de avestruz que a imprensa tem mantido, deixando de alertar a população para a gravidade dessa agressão.
O decreto nº 8.243, assinado por Dilma Rousseff, que cria um “Sistema Nacional de Participação Social”, começa por decidir por todos nós que “sociedade civil” deixa de ser o conjunto dos brasileiros e seus representantes eleitos por voto secreto, segundo padrão universalmente consagrado de aferição da legitimidade desse processo, e passa a ser um grupo indefinido de “movimentos sociais” que ninguém elegeu e que cabe ao secretário-geral da Presidência, e a ninguém mais, convocar para examinar ou propor qualquer lei, política ou instituição existente ou que vier a ser criada daqui por diante em todas as instâncias e entes de governo, diretas e indiretas, o que afeta também os governos estaduais e municipais hoje na oposição.

Apesar da violência desse enunciado, a maioria dos jornais e televisões do país nem sequer registrou o fato. E mesmo os que entraram no assunto depois vêm diluindo o tema no noticiário como se não houvesse nada com que seus leitores devessem se preocupar. Prossegue a sucessão de manchetes em torno do golpe de 1964, mas para o de 2014 o destaque é próximo de zero. Nenhum critério jornalístico justifica isso.
Esse decreto é, na verdade, um excerto do Terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que o PT já tentou impor antes ao país também por decreto – nas vésperas do Natal de 2009, no apagar das luzes do governo Lula –, mas que, graças à forte reação da imprensa e consequente mobilização da opinião pública, foi obrigado a abortar.
O PNDH-3 contém 521 propostas que, além da revogação da Lei de Anistia, que passou “no tapa” depois que a imprensa comprou a ideia do governo de que a prioridade nacional é voltar 50 anos para trás e não correr 50 anos para a frente, institui “comissões de direitos humanos” nos Legislativos para fazer uma triagem prévia das matérias que eles poderão ou não processar; impõe a censura à imprensa; obriga a um processo de “reeducação” todos os professores do país; veda ao Judiciário dar sentenças de reintegração de posse de propriedades “rurais ou urbanas” invadidas, prerrogativa que se torna exclusiva dos “movimentos sociais”; desmonta as polícias estaduais para criar uma central única de comando de todas as polícias do país, e vai por aí afora.
Ciente de que tal amontoado de brutalidades jamais será aprovado pelo Legislativo, o PT está tratando de fazer com esse Poder o mesmo que fez com o Judiciário. Os juízes não dão as sentenças que queremos? Substituam-se os juízes por juízes “amigos”. Um Legislativo eleito pelo conjunto dos brasileiros jamais transformará essas 521 propostas em lei? Substituam-se os legisladores por “movimentos sociais” amestrados sob a tutela da Presidência da República…
O argumento de que esse é o jeito de forçar o Congresso a reformas não é honesto. Para forçar reformas que o povo deseje, existem instrumentos consagrados tais como o do voto distrital com recall, que arma as mãos de todos os eleitores para demitir na hora os representantes que resistirem ou agirem contra a sua vontade. Este tipo de participação, sim, opera milagres estritamente dentro dos limites da democracia. Substituir os representantes eleitos por “representantes” que ninguém elegeu tem outro nome: chama-se golpe.
Depois da rendição do Judiciário com a renúncia de Joaquim Barbosa, só sobra a imprensa. E os feriados da Copa farão com que só haja pouco mais de meia dúzia de sessões legislativas completas em junho e julho somados. Depois é véspera de eleição. É bom, portanto, que ela desperte já dessa letargia, pois não haverá segunda chance: está escrito no PNDH-3 que a imprensa é a próxima instituição nacional a ser desmontada.

domingo, 22 de junho de 2014

Os últimos dias do PT no poder: a hipótese otimista e a pessimista.

O PT realizou a sua convenção nacional neste sábado (post anterior) e oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Ela vai ganhar? Ela vai perder? Não sei. Seja como for, estamos assistindo a um capítulo do fim de um ciclo. Se o PT tiver mais um mandato, o que espero que não aconteça, vai se arrastar no poder pelos próximos quatro anos, como um cadáver adiado. Não tem mais nada a oferecer ao país. Restará torcer para Dilma terminar o mandato sem uma crise de proporções gigantescas.

Acabou! Os petistas não têm mais futuro a oferecer. E explico o que quero dizer com isso. Um partido não tem de estabelecer com a sociedade uma relação de doador e donatário de benesses. Até porque a riqueza que se distribui tem de ser produzida por alguém — e, por certo, não é pelos partidos, não é mesmo? Quando afirmo que o petismo não tem mais “futuro” a oferecer, refiro-me à perspectiva de mudanças que possam efetivamente melhorar a vida dos brasileiros no médio e no longo prazos, fazendo deles mais do que pedintes e beneficiários de migalhas.
O repertório do PT se esgotou. Os programas sociais estão aí, em curso, mas a gestão não sabe como conciliar, em proporções ao menos razoáveis, crescimento econômico, combate à inflação e juros civilizados. Ao contrário: a realidade se tornou perversa, descompensada: inflação e juros altos para crescimento baixo. O que restou ao PT? Justamente a relação viciada de doador e donatário.
Para que esse discurso convença, é preciso demonizar o outro; transformá-lo na fonte de todos os males do Brasil e da política, a exemplo do que se viu, mais uma vez, neste sábado. A convenção petista, dados os discursos que lá se  fizeram — inclusive o da presidente —, oferece aos brasileiros apenas um debate sobre o passado. Lula, ele mesmo, foi bastante explícito a respeito. Convidou os presentes para a dialética do obscurantismo. Disse ser preciso convencer os eleitores que tinham 7, 8 anos quando o PT chegou ao poder e hoje estão com 19, 20. Afirmou que é preciso lhes dizer que quão ruim era o país…
Ocorre que só havia país em 2003 porque os tucanos haviam chegado ao poder em 1995 e porque o PT perdeu a guerra contra o Plano Real. Só havia país em 2003 porque havíamos vencido a batalha contra os fatores estruturais da hiperinflação. Só havia país em 2003 porque havíamos vencido a batalha em favor da privatização, que dotou o país de infraestrutura em setores essenciais. Quem, em 2002, votava pela primeira vez, aos 16, 17, 18, tinha de 8 a 10 em 1994, quando o plano foi implementado. A propósito: uma pessoa que nasceu em 1986 era uma criança no ano do Real, está hoje com 28, é um adulto, e não sabe o que é um país com hiperinflação. E só não sabe porque o PT foi derrotado em 1994 e 1998 e porque teve de jogar fora o seu programa para se eleger em 2002.
A disputa sobre o passado, como a propõe o partido, é essencialmente desonesta; é intelectualmente vigarista, porque define o adversário como um monopolista do mal e se coloca como um monopolista do bem. “E os adversários do PT? Não fazem o contrário?” Não. Desconheço quem lastime ou reprove a ampliação de programas sociais que o partido levou adiante no poder. Podem não ser, e não são, a resposta para todos os males, mas se trata de um ativo que a legenda tem — e reconhecido por todos. O PT, no entanto, é incapaz de admitir que é uma realidade derivada da estabilidade econômica contra a qual lutou. “Fez isso porque era mau?” Não! Porque, em razão de preconceitos ideológicos, não reconhecia seus instrumentos como válidos. E estava, obviamente, errado.
Agora o país chegou a um nó que requer mais do que o tatibitate redistributivista do PT. E a turma não sabe o que fazer. Está ilhada em seus próprios preconceitos e sua falta de alternativa. Daí que pretenda fortalecer essa fachada de grande doador de benesses, acusando o adversário de verdugo das causas sociais. Como resta pouco a oferecer no terreno da doação, os petistas repetem a sua propaganda de TV, inventam um passado que não existiu e o colocam como uma sombra a ameaçar o futuro.
Na convenção, em suma, o PT apelou a um passado que não houve para capturar as pessoas para um futuro que, com o PT no poder, jamais haverá. Não sei se vai funcionar. Caso seja bem-sucedido, depois de uma luta difícil — o que o obrigará a multiplicar o “promessismo” —, uma coisa é certa: será a última vez. O PT está por pouco: na hipótese otimista, seis meses. Na pessimista, quatro anos e meio. E aí o país se liberta de uma formidável teia de mistificação. Até poderia se cobrir de glórias. Mas, para tanto, teria de ser um defensor incondicional da democracia. O partido que faz lista negra de jornalistas, no entanto, gosta mesmo é de ditadura. “Ah, mas não é um ditador!” É só porque não pode, não porque não queira.

Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Um professor liberal no ensino público


R. Penny *, publicado no Instituto Liberal

O relato pessoal de um professor de História da prefeitura de São Paulo que revela o caos e o domínio esquerdista na educação pública brasileira

Sou professor concursado. Funcionário público. Tenho estabilidade e só posso ser exonerado se aprontar algo cataclísmico. Recebo rigorosamente em dia, sou crivado de benefícios trabalhistas, posso faltar quando quiser sem ser incomodado e não tenho de apresentar resultados. Ao final da carreira gloriosa, terei direito a aposentadoria integral.
Sobrevivi à dominação comuno-petista e à coação explícita das esquerdas terroristas na universidade.
Formei-me em história, o maior reduto “intelequitual” da corja. Não tive uma mísera aula sobre História Medieval ou uma definição político-social do Império Romano. Era apenas doutrinação marxista. Qualquer postura liberal era rechaçada de imediato pela maioria estridente.
De posse do canudo, passei num concurso, para, literalmente, buscar “endireitar” um pouco o ensino de História, atualmente agonizando nas mãos dos guevaristas.
Leciono para 6° e 7° anos do Ensino Fundamental numa escola na periferia paulistana, reduto que se considera acarinhado pelo PT por receber o assistencialismo comprador de votos do partido. Tenho quórum constante. Meus alunos não faltam nem sob chuva de enxofre com medo de perder o benefício do leite ou o bolsa-família. A presença maciça é um ponto positivo, mas seria melhor se ao menos trouxessem o material escolar (que receberam integralmente da prefeitura). Anos de permissividade e tolerância à indisciplina os tornaram imunes aos poucos mecanismos de controle que tenho. Damos o material, mas não podemos exigir que o levem. Damos o uniforme, mas não podemos impedir que entrem se estiverem sem ele, e em tempos de funk ostentação, o desfile fashion se torna inevitável. O Estatuto da Criança e do Adolescente os garante. Não há fator que posso impedir o Acesso e Permanência.
E isso os alunos aprenderam. Podem não ter aprendido a decompor frações, a enumerar a herança filosófica grega e a conjugar o futuro do pretérito, mas aprenderam que, perante a lei, são inimputáveis.
Alunos me xingam e me afrontam porque represento a autoridade que eles aprenderam nas manifestações recentes a repudiar, vendo a polícia apanhar nos protestos e ainda ser considerada a culpada por isso.Fui recentemente ameaçado de ir parar “na vala” por ter erguido minha voz com um aluno. Não sou “melhor do que ele” para querer impor minha vontade. Palmas para Paulo Freire!
Não há livros didáticos para os trinta e cinco alunos de cada sala. Por ser material compartilhado, há nas páginas pichações toscamente grafadas, com xingamentos e palavras de baixo calão, com crassos erros de ortografia.
Sou orientado a usar o livro deteriorado, mesmo sendo uma tranqueira escrita por prosélitos de Fidel. Outros materiais de apoio não podem passar disso, textos de apoio, comprados com meu dinheiro. A escola não tem condições de tirar cópias a meu bel-prazer. A verba da escola tem outros importantes destinos. Não está sujeita aos meus caprichos pedagógicos e ideológicos.
Há um laboratório de informática excelente. Não posso reclamar. O professor responsável é formado em geografia. Não tem preparo. Fez dois cursos na Diretoria Regional de Educação, ministrados por alguém que deve saber menos que ele e não consegue orientar-nos a como usar o ambiente. Os alunos usam o laboratório como lan-house. A burocracia para usar o equipamento para, por exemplo, fazer uma pesquisa em sala sobre os benefícios da Revolução Industrial é desalentadora. Querem que os alunos fiquem com a opinião do livro. Foi a Revolução do Capitalismo Perverso e Assassino.
Na sala dos professores a situação é ainda mais inominável. Num quadro de avisos um aviso de greve “eminente”. Sei que a categoria presta histórica reverência ao “grevismo”, não obstante, o erro ortográfico, em tal ambiente, deveria ser imperdoável. Não conhecem a diferença entre “iminente” e “eminente”, nem o contrassenso crasso que é um funcionário público concursado, prestador de um serviço essencial, entrar em greve para questionar o salário que aceitara ao ler o edital, prestar o concurso e tomar posse do cargo.
Recebemos “formação” diária. Oito horas-aula por semana a mais no holerite. É o momento em que os educadores se reúnem e atualizam-se. Mostram as fotos da viagem de fim de semana que postaram no “face”, fazem pedidos nas revistas “Avon” e “Natura” que proliferam-se no meio mais do que qualquer livro de pedagogia. Entre uma ação pitoresca e outra, motivos de greve são aventados, afinal, ninguém é de ferro.
O representante do sindicato aparece mais vezes na escola que o supervisor da Regional. Também cumpre seu “papel” de forma mais efetiva. Há sempre a possibilidade de um novo levante irromper se um abono, benefício ou exigência da “categoria” não for acatado.
O Conselho de Escola, como propagam orgulhosamente, é soberano. Toma as decisões que ditam o rumo das verbas. Definiu a compra de um telão para a Sala de Leitura. Agora, graças ao Conselho, os alunos entram na sala, onde há oito mil livros, para assistir comédias de gosto discutível e animações da Disney. A professora de Sala de Leitura sorri e não esconde que a situação melhorou muito. Agora ninguém tira os livros do lugar e lhe dá trabalho extra. Os oito mil livros, adquiridos às expensas dos contribuintes, estão protegidos da ação dos desavisados que poderiam cometer a temeridade de querer lê-los. Estão agora onde querem que estejam: adornando prateleiras.
Em flagrante desrespeito aos alunos frequentes, se um desaparece por seis, sete ou mesmo oito meses inteiros, devo proporcionar a ele a oportunidade de fazer um (!) trabalho de compensação que apague suas faltas. O trabalho, me explicam os superiores, não deve ser difícil demais. Apenas uma documentação para o prontuário que garanta a promoção do aluno para o ano seguinte, sem ter frequentado este. E lá vou eu, passar de ano, rumo ao Ensino Médio, um analfabeto que me imprimiu uma página da wikipedia e colocou o primeiro nome em cima, em garranchos de letra de forma, já que ele não aprendeu a cursiva e foi promovido mesmo assim.
Chega a reunião pedagógica bimestral e lá vamos nós, receber um pouco mais de “Paulo-Freirezação”. Tudo de acordo com a cartilha. Nós fingimos que ensinamos e eles fingem que aprendem.
Mas tudo bem. Temos estabilidade, aposentadoria integral e, claro, greves bienais que aumentam nossos benefícios regularmente.
* Professor de História

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Ministério da Saúde suspende recursos repassados a UPA de Morro do Chapéu



O ano de 2012 foi pródigo em eventos políticos: micareta, reforma da praça do Derba, patrolamento das estradas vicinais, primeira colheita de uvas viníferas, ambulâncias do SAMU e inauguração da UPA.  Tudo certinho? Tudo nos eixos? Nada disso. Sabemos agora que a inauguração da UPA não passou de encenação para enganar o povo vez que era ano de eleição. E que eleição! A corrupção, seguindo a tendência desses novos tempos e dias piores,  atuou escancaradamente. O montante de dinheiro desviado, tomado de empréstimo e outras maracutaias, nem dá para calcular. Recentemente o prefeito foi acusado pelo Ministério Público Federal de apropriação indébita de recursos descontados do funcionalismo publico e que seriam repassados  à  Previdência Social. O montante ultrapassaria a cifra de mais de dois milhões de reais.
Recentemente a Auditoria do Ministério da Saúde fez uma fiscalização na UPA, porque o município felizmente conta com uma vereadora oposicionista que encaminhou a denúncia. E fez-se a apuração. Consta na Declaração datada de 14/03/2012 com assinatura do Prefeito Municipal, Secretária de Saúde e Engenheiro responsável, a conclusão da obra de construção da UPA de Morro do Chapéu, porém a Unidade nunca entrou em funcionamento.
E o que também se apurou é que a Unidade de Saúde não tem as mínimas condições de funcionamento. A secretária de saúde do município foi notificada a ressarcir os cofres públicos tendo em vista a não localização de alguns itens que foram declarados como efetivamente adquiridos mas não foram localizados na UPA. A prefeitura recorreu pedindo uma visita técnica para atestar que as irregularidades já tinham sido corrigidas, revogando-se a punição. Contudo, o que se atestou é que nenhuma das infrações apontadas tinham sido sanadas, continuando tudo como estava quando fez-se a Auditoria. Em vista do que foi apurado, a Auditoria do Ministério da Saúde encaminhou o processo para os canais competentes, suspendendo-se os repasses que eram feitos para a UPA.
Agora cabe a pergunta; se a UPA nunca funcionou como eram aplicados os recursos repassados para essa unidade de saúde? Não há médico trabalhando lá, nem enfermeiros ou qualquer funcionário de menor escalão. Construiu-se um muro ao redor, calçou-se a entrada e procura-se sanar outras irregularidades, correndo-se contra o tempo porque esse é ano de eleição e o deputado precisa ter votos suficientes para ser majoritário no município. A oposição contra o prefeito cresceu e o deputado teme o esvaziamento de sua candidatura apesar da ajudinha do Língua de Trapo na rádio.
Para relembrar o que foi apurado pelo Ministério da Saúde, relacionamos as irregularidades encontradas:
Constatou-se que os equipamentos, materiais e mobiliários adquiridos para a UPA num total de 32 itens, foram desviados para duas USFs, Centro de Especialidades Médicas, Vigilância Epidemiológica, Laboratório e SAMU sem que fossem apresentadas justificativas.
O mais grave no relatório da equipe do Ministério da Saúde foi a não localização de 24 itens entre equipamentos e materiais adquiridos para a UPA no valor de R$ 47.306,00. A Secretaria de Saúde do município foi notificada no sentido de fazer a devolução dessa quantia com acréscimos legais, ou, se for o caso, instauração de Tomada de Constas Especial, na forma da legislação vigente.
Inúmeras irregularidades foram constatadas, dentre elas as seguintes.
- Rede de gases ainda não está sendo instalada;
- os aparelhos de ar condicionado e demais equipamentos e materiais adquiridos para uso da UPA, ainda estão embalados;
- O gerador de energia, equipamentos de Raio X e Central de Gases ainda não foram adquiridos;
- Falta de blindagem, que proporcione proteção radiológica na sala de Raio X;
- Falta de contratação de equipe de saúde e de apoio administrativo;
-  Unidade sendo utilizada para armazenamento de materiais e equipamentos adquiridos para uso da Atenção Básica, ainda embalados (geladeira, aparelho de ar condicionado, computadores, seringas, anestésicos de uso odontológico, luvas estéreis, dentre outros). A estocagem destes materiais e equipamentos não obedecem critérios mínimos de organização, dificultando a checagem de alguns materiais da UPA que estão no mesmo ambiente;
- A unidade não possui Alvará emitido por autoridade sanitária;
- Foi verificado vazamento na pia do sanitário, indícios de fungos no teto da área de circulação, infiltração no teto da sala de observação masculina e feminina e sala de urgência, causando acúmulo de água pluvial no piso e consequente perda de alguns materiais descartáveis armazenados nesta última.
 


segunda-feira, 9 de junho de 2014

O ataque ideológico ao agronegócio



A economia brasileira patina, não sai do lugar, apesar de uma política de alta inflação do governo. Se há um setor que vem sendo o “salvador da Pátria”, este é o agronegócio, com exportações de quase US$ 100 bilhões. Mas é justamente o setor mais odiado e atacado por uma ala esquerdista, que tem em Marina Silva seu maior ícone. O que se passa?
Essa perplexidade foi o tema da coluna de Kátia Abreu na Folha hoje. Ela participou de um seminário com um dirigente de uma ONG ambiental que foi o segundo na hierarquia do Ministério do Meio Ambiente quando Marina Silva era ministra do governo Lula (e hoje alguns poderiam pensar que isso faz décadas, quando observam a mesma Marina posando como forte oposição ao atual governo).
A pergunta ficou martelando em sua cabeça: por que essa gente repudia tanto os empresários do meio rural? Ao ver o que os ambientalistas têm a dizer sobre o agronegócio, fica até parecendo que ele é o grande vilão do país, não a locomotiva de seu crescimento nos últimos anos. Por que tanto ódio? Como coloca a senadora logo no título, seria desconhecimento ou má-fé?
Kátia Abreu usa seu curto espaço no jornal para rebater algumas acusações comuns, mas sem dúvida é possível aprofundar bem mais as respostas. Ela rechaça três ataques típicos, que envolvem o uso de agentes químicos, a emissão de gases de efeito estufa e o consumo de água. Diz ela sobre o primeiro deles:
Qualquer leigo percebe que, nos trópicos, o calor, a umidade e a menor diferenciação das estações são muito mais propícias aos insetos e aos diversos agentes patogênicos do que as zonas temperadas.
Assim, se quisermos produzir aqui, temos que conviver com pragas e doenças, combatendo-as com os agentes criados pela tecnologia e certificados pelos órgãos sanitários do mundo e do Brasil.
O caminho mais eficiente para a redução do uso de defensivos químicos é a utilização de sementes geneticamente modificadas que repelem os agentes patogênicos e dispensam os agroquímicos.
Mas o avanço da transgenia entre nós quase foi paralisado na gestão desse dirigente no Ministério do Meio Ambiente. Para ele, o único caminho parece ser não produzir e importar da Europa, matriz dessa espécie de ambientalismo.
Diante disso, podemos voltar à pergunta: trata-se de desconhecimento ou má-fé? Arrisco uma mistura. Vejo, aqui mesmo no blog, muita gente condenando o agronegócio com base em uma visão romântica de mundo. São aqueles que acreditam que seria possível alimentar 7 bilhões de bocas apenas com alimentos orgânicos, por exemplo. Gente que se encantou com o filme “Avatar”, em resumo.
Mas há também a má-fé, o oportunismo, já que o ambientalismo virou um negócio também, e um negócio multibilionário, com muitos interesses em jogo. Manter a chama do medo acesa, incutir verdadeiro pânico nos leigos, como se o planeta estivesse na iminência de uma catástrofe ambiental, e culpar o agronegócio como bode expiatório, isso tudo vende bem e enche muito bolso por aí.
No mais, há o fator ideológico, que jamais pode ser desprezado. Órfãos do comunismo, e com Deus “morto”, muitos encontraram refúgio no ambientalismo radical, que apela ao ecoterrorismo para cuspir no capitalismo, no lucro, na propriedade privada. São os “melancias”: verdes por fora, vermelhos por dentro. O estado será o instrumento de “justiça” contra esses gananciosos “latifundiários”.
Enfim, quando lembramos o que Marina Silva representa, é até compreensível a guinada que Kátia Abreu deu, apavorada com o risco de alguém assim chegar ao poder central. Mas a senadora ignora que o PT também faz parte dessa laia, que Marina foi ministra, afinal de contas, do ex-presidente Lula, e que o candidato atual que melhor representa os interesses desses produtores rurais é o tucano Aécio Neves, jamais a petista Dilma.
Será que é apoiando a reeleição de Dilma que o agronegócio vai se proteger dos ataques ideológicos que vem sofrendo? Não custa lembrar, senadora, que o ministro Gilberto Carvalho é “o cara” do MST dentro do Planalto. Isso não tira seu sono?
Rodrigo Constantino

domingo, 8 de junho de 2014

Agora, só rezando

J. R. GUZZO

Mais alguns dias, já na semana que vem, começa finalmente essa Copa do Mundo que fez o governo brasileiro exibir a si próprio e ao resto do planeta alguns dos piores momentos de toda a história do Brasil como país de segunda categoria. O que dá vontade de dizer, nessa hora, é: “Até que enfim”. Com a bola rolando, e os melhores jogadores de futebol do mundo em campo, explode,
sem
controle de nenhuma força conhecida, a emoção incomparável que só os jogos heroicos conseguem criar – com seus momentos sublimes de habilidade sobrenatural, a crueldade dos acasos ou os milagres de último minuto. No caso da Copa de 2014, junto com o primeiro jogo vem a esperança de que o futebol, a mais potente magia esportiva jamais criada pelas sociedades humanas, possa proporcionar aos brasileiros um momento de alívio numa tirania de sete anos que os governos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff impuseram à população durante os preparativos para o grande evento. Que tipo de tirania? Simples: a que forçou o país a testemunhar (e a pagar por) uma exibição inédita de incompetência em engenharia elementar, e de arrogância na negação de sua própria inépcia.
“Já perdemos a Copa fora do campo”, disse o deputado Romário de Souza Faria. “Agora só nos resta rezar para irmos bem lá dentro.” Ninguém poderia resumir melhor a realidade do que Romário. Antes mesmo do primeiro jogo, nada mais sobra daquela Copa de 2014 que Lula, em 2007, festejou como a glória máxima de seu governo. Prometeu, na ocasião, fazer a “melhor” Copa que o mundo já tinha visto desde a primeira, em 1930, um empreendimento que transformaria a vida das classes populares com quantidades prodigiosas de obras públicas e mais uma tonelada de pura conversa mole. Desde então o que aconteceu na vida real foi um massacre de mentiras oficiais, de humilhações na obediência servil a exigências feitas fora do Brasil e de suas leis e de promessas grosseiramente não cumpridas – como a de que não seria gasto “um tostão” de dinheiro público na Copa, quando no fim das contas o Erário vai pagar quase 100% dos custos. Os famosos benefícios para a população, como a “mobilidade” e outras palavras tolas inventadas para fazer propaganda de fantasias, são uma piada – as obras estão atrasadas, são de má ou péssima qualidade ou simplesmente foram abandonadas. “Estou envergonhado de ser brasileiro”, disse Ronaldo Nazário, até há pouco um dos mais entusiasmados promotores oficiais da Copa. Ronaldo, por sinal, lembra que todas as exigências da Fifa (que a presidente Dilma, agora, exige que lhe tirem “das costas”) foram aceitas em 2007, sem discussão alguma, pelo governo brasileiro.
Não tendo como responder à sua incapacidade, comprovada em sete anos, de organizar a Copa, o PT e admiradores fazem o de sempre: ficam agressivos e falam bobagens desesperadas. O primeiro a sacar o revólver foi o próprio Lula: disse que era uma “babaquice” reivindicar metrôs que chegassem aos portões dos estádios. Toda a ideia que sustenta o metrô, em qualquer lugar do mundo, é exatamente esta: levar o máximo de pessoas ao ponto mais próximo possível dos lugares aonde queiram ir. Para o ex-presidente, isso é um luxo idiota de que o brasileiro não precisa. “Vão a pé, vão descalços, vão de jumento”, concluiu. Como é que um homem que se considera o maior líder popular do mundo fala uma coisa dessas? Como um cidadão que construiu toda a sua vida dizendo que é um trabalhador pode tratar assim os trabalhadores – os mais necessitados de transporte coletivo de boa qualidade? No mesmo embalo, revelou que não estava preocupado em saber se a Copa ia movimentar “30 ou 40 bilhões de dólares” na economia brasileira – a seu ver, uma mixaria. Por que, então, não disse isso sete anos atrás? Lula, no fim das contas, não terá dificuldades de transporte – já anunciou que não vai comparecer a nenhum jogo da Copa. Não faz nexo: se era uma obra tão fabulosa, como é possível que bem agora, no que deveria ser seu maior triunfo, ele diga que não vai a “nenhum” jogo? Justo ele, que inaugura até maquete de abrigo de ônibus? Lula disse que prefere ver a Copa pela TV, pois terá muito mais conforto do que em seus estádios, tomando “uma cervejinha”. Cervejinha coisa nenhuma. Não vai porque tem medo de levar uma vaia que ficará na história. A Copa de 2014 era para ser uma coisa. Saiu outra. Paciência. O único remédio para isso chama-se coragem moral – a hombridade de que cada um precisa para assumir as consequências de seus atos. É artigo que saiu de linha no governo

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Prefeito de Morro do Chapéu é acusado por apropriação previdenciária indébita



Publicado por Ministério Público do Estado da Bahia - 1 mês atrás

O prefeito do município de Morro do Chapéu, Cleová de Oliveira Barreto, foi acusado pelo Ministério Público estadual de praticar ato de improbidade administrativa. Segundo ação civil pública ajuizada pela promotora de Justiça Edna Márcia de Oliveira no último dia 3 de abril, o gestor teria efetuado apropriação previdenciária indevida de R$ 2.117.128,45. O montante corresponde à soma dos valores descontados em folha de pagamento dos servidores municipais para efeito de contribuição previdenciária referente aos meses de outubro a dezembro de 2011; a dez meses de 2012 (com exceção de fevereiro e março); e de janeiro a junho de 2013, incluindo o 13º salários dos três recortes anuais.
A ação civil pública se baseou em procedimento instaurado pela Coordenadoria Geral de Auditoria, Atuária, Contabilidade e Investimentos, autarquia ligada ao Ministério da Previdência Social. Constatou-se que o prefeito deixou de recolher, no prazo legal, as contribuições à entidade autárquica previdenciária municipal referentes àqueles períodos, o que é descrito como apropriação indébita pelo artigo 168-A do Código Penal. A promotora Edna Márcia pede à Justiça que condene Cleová Barreto no termos do artigo 12 da Lei 8.429/92 (Improbidade Administrativa), que prevê ressarcimento integral do dano, se houver; perda da função pública; suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos; pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, pelo prazo de três anos.

Datafolha: Dilma cai e vai a 34%; diferença para Aécio no 2º turno é de apenas 8 pontos - era de 27 há quatro meses; petista é a mais rejeitada. E esses ainda não são os números piores.

A Folha de São Paulo publica nesta sexta pesquisa Datafolha sobre intenção de voto para presidente da República. Fica difícil escolher que número é o pior para a presidente Dilma Rousseff (PT), mas, parece-me, como vocês verão, que o mais dramático nem está no mais óbvio. Já chego lá. Vamos ao que é mais vistoso: em relação à pesquisa anterior do instituto, de 7 e 8 de maio, Dilma caiu três pontos: de 37% para 34%; o tucano Aécio Neves oscilou de 20% para 19%, e Eduardo Campos caiu de 11% para 7% — o que é também um péssimo resultado. Vejam a arte da Folha (todos os infográficos foram publicados pelo jornal).

Datafolha 06.06.2014 1 geral
Alguém poderia dizer que a boa notícia para Dilma é que, há um mês, os dois principais candidatos de oposição, somados, tinham 31 pontos e, agora, têm 26. Mas eu lhes proponho uma outra leitura: em fevereiro, Dilma tinha 44% das intenções de voto, e Aécio e Campos somavam 25 — uma diferença de 19 pontos. Quatro meses depois, eles têm 26, mas Dilma está com 34 — uma diferença de 8 pontos. Os dois candidatos de oposição, é verdade, avançaram pouco, mas a presidente despencou.
Segundo turno
A outra má notícia para Dilma, péssima mesmo, está nos números do segundo turno. Há quatro meses, ela venceria Aécio por 54% a 27%, o dobro dos votos. Nesta pesquisa Datafolha, a presidente aparece com 46%, e o tucano, com 38% — a diferença diminuiu espantosos 19 pontos e é, agora, de apenas 8. Ele avançou 11, e ela caiu 8.
Datafolha 06.06.2014 2 segundo turno
Pessimismo
Cresceu o pessimismo com a economia, informa a pesquisa. Apenas 26% dizem que a situação econômica do país vai melhorar. Para 36%, vai piorar, e 32% dizem que ficará na mesma. Nada menos de 64% acham que a inflação vai aumentar, e só 7% acreditam na queda; outros 21% avaliam que ficará como está. Se 18% anteveem que o desemprego vai cair, 48% pensam que vai subir, e só 28% creem na estabilidade dos números.
Datafolha 06.06.2014 4 expectativas
Rejeição
Outra notícia ruim. Caiu a rejeição a Aécio e Campos em relação à pesquisa anterior: o tucano tinha 31%, e o peessebista, 33%. Ambos aparecem agora com 29%. Dilma se manteve nos 35% e é agora a candidata mais rejeitada.
Datafolha 06.06.2014 rejeição
A colheita de números negativos ainda não terminou. Em fevereiro, 21% achavam o governo Dilma ruim ou péssimo; agora, são 28%; os que o consideram ótimo ou bom caíram de 37% para 33%, e os que o veem como regular passaram de 41% para 38%.
Mudança
Entendo, no entanto, que o pior número para Dilma é aquele ao qual a imprensa tenderá a dar menos visibilidade. Vejam o quadro abaixo.
Datafolha 06.06.2014 5 Mudanças
Nada menos de 74% dos que responderam a pesquisa esperam que as ações do próximo governo sejam diferentes das que aí estão, e só 21% querem mais do mesmo. Quando indagados sobre quem poderia, então, operar essas mudanças, o nome mais lembrado ainda é o de Lula, com 35%, mas quem aparece em seguida, com 21%, é o tucano Aécio Neves. Dilma está apenas em terceiro, com 16%. Vale dizer: as pessoas querem outro rumo para o país e não acham que a atual presidente seja capaz de liderar a transformação.
Alguma boa notícia pra ela? Umazinha. Dizem que votariam num candidato apoiado por Lula 36% dos que responderam a pesquisa, mesmo índice dos que o rejeitariam por isso — e 24% afirmam que poderiam votar. Não endossariam um nome com apoio de FHC 57% dos entrevistados, contra 12% que fariam essa escolha — 24% poderiam votar. Na pesquisa, o segundo eleitor mais influente é Joaquim Barbosa: 26% escolheriam um nome que contasse com o seu apoio, mesmo índice dos que considerariam essa possibilidade. Mas 36% rejeitariam um postulante que ele indicasse.
Que conclusões tirar dessa pesquisa? Muito objetivamente, vamos lá:
1: Dilma não vence mais no primeiro turno. Ela teria hoje 34% dos votos, e seus adversários, considerados os demais nomes, somam 35%.
2: A diferença no segundo turno se estreita dramaticamente.
3: O eleitorado quer mudanças, e Dilma não é vista como a pessoa capaz de operá-las.
Esta sexta-feira será tensa no PT, e as viúvas de Lula voltarão a se assanhar.
Texto publicado originalmente às 5h
Por Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Após veto de Dilma, Câmara aprova nova proposta para a criação de novos municípios.

Deputados aprovaram nesta quarta-feira o projeto de lei que estabelece regras para a criação, fusão e emancipação de municípios brasileiros

Marcela Mattos, de Brasília
Câmara aprova nova proposta para a criação de municípios
Câmara aprova nova proposta para a criação de municípios (Saulo Cruz/Agência Câmara)
Após um acordo com o Palácio do Planalto, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira o projeto de lei que estabelece regras para a criação, fusão e emancipação de municípios brasileiros. Em outubro do ano passado, matéria semelhante foi aprovada pelo Congresso Nacional, mas recebeu o veto da presidente Dilma Rousseff pelo rombo que causaria aos cofres públicos: os gastos poderiam chegar a 9 bilhões de reais por mês. Com o aval do governo, o texto foi reajustado e agora deve dificultar a formação de municípios. Por ter sofrido alterações, a matéria volta para a análise do Senado.
Leia também:
Governo manobra para evitar derrota em projeto de criação de municípios

A proposta vetada por Dilma permitia a criação de até 188 novas cidades. Com o novo texto, a quantidade não deve ser superior a 50, estima o relator do projeto, deputado Moreira Mendes (PSD-RO).
O novo projeto alterou a quantidade mínima de habitantes exigida para a criação de municípios. Nas regiões Sul e Sudeste, o texto aprovado em outubro previa uma população de 12.000 habitantes – esse número subiu para 20.000. No Nordeste, a exigência passou de 8.400 para 12.000 habitantes. Já no Norte e Centro-Oeste não houve alterações: 6.000 moradores.
O processo deverá ser precedido por requerimento enviado à Assembleia Legislativa do Estado endossado por, no mínimo, 20% dos eleitores residentes no município ou em área geográfica envolvidos, no caso de emancipação ou desmembramento, e de 3% dos eleitores no caso de fusão ou incorporação. Também é necessária a realização de um plebiscito e da aprovação de projeto de lei que defina aspectos específicos da nova cidade, como nome e limites.
A matéria foi aprovada em maio pelo Senado, mas volta para a análise dos senadores por ter sofrido duas mudanças. A primeira inclui na contagem mínima exigida como requisito para a formação de municípios os imóveis de toda a área que pretende se emancipar - o texto original previa a contagem de imóveis apenas no núcleo urbano. Além disso, foi retirada do texto a área mínima que a nova cidade deveria ter. Antes, havia a previsão de área superior a 200 quilômetros quadrados, quando localizadas nas regiões Norte e Centro-Oeste, e 100 quilômetros quadrados nas demais regiões brasileiras.  
Gastos - A presidente Dilma justificou o veto com base em uma análise feita pelo Ministério da Fazenda, que apontou para o risco de desequilíbrio nos cofres públicos. De acordo com o despacho presidencial, o Ministério da Fazenda alertou que “a expansão expressiva do número de municípios” acarretaria o aumento das despesas com a manutenção da estrutura administrativa e representativa. O ministério argumentou, ainda, que o crescimento de despesas não será acompanhado por receitas que permitam a cobertura dos novos gastos, “o que impactará negativamente a sustentabilidade e a estabilidade macroeconômica”.