quinta-feira, 12 de junho de 2014

Ministério da Saúde suspende recursos repassados a UPA de Morro do Chapéu



O ano de 2012 foi pródigo em eventos políticos: micareta, reforma da praça do Derba, patrolamento das estradas vicinais, primeira colheita de uvas viníferas, ambulâncias do SAMU e inauguração da UPA.  Tudo certinho? Tudo nos eixos? Nada disso. Sabemos agora que a inauguração da UPA não passou de encenação para enganar o povo vez que era ano de eleição. E que eleição! A corrupção, seguindo a tendência desses novos tempos e dias piores,  atuou escancaradamente. O montante de dinheiro desviado, tomado de empréstimo e outras maracutaias, nem dá para calcular. Recentemente o prefeito foi acusado pelo Ministério Público Federal de apropriação indébita de recursos descontados do funcionalismo publico e que seriam repassados  à  Previdência Social. O montante ultrapassaria a cifra de mais de dois milhões de reais.
Recentemente a Auditoria do Ministério da Saúde fez uma fiscalização na UPA, porque o município felizmente conta com uma vereadora oposicionista que encaminhou a denúncia. E fez-se a apuração. Consta na Declaração datada de 14/03/2012 com assinatura do Prefeito Municipal, Secretária de Saúde e Engenheiro responsável, a conclusão da obra de construção da UPA de Morro do Chapéu, porém a Unidade nunca entrou em funcionamento.
E o que também se apurou é que a Unidade de Saúde não tem as mínimas condições de funcionamento. A secretária de saúde do município foi notificada a ressarcir os cofres públicos tendo em vista a não localização de alguns itens que foram declarados como efetivamente adquiridos mas não foram localizados na UPA. A prefeitura recorreu pedindo uma visita técnica para atestar que as irregularidades já tinham sido corrigidas, revogando-se a punição. Contudo, o que se atestou é que nenhuma das infrações apontadas tinham sido sanadas, continuando tudo como estava quando fez-se a Auditoria. Em vista do que foi apurado, a Auditoria do Ministério da Saúde encaminhou o processo para os canais competentes, suspendendo-se os repasses que eram feitos para a UPA.
Agora cabe a pergunta; se a UPA nunca funcionou como eram aplicados os recursos repassados para essa unidade de saúde? Não há médico trabalhando lá, nem enfermeiros ou qualquer funcionário de menor escalão. Construiu-se um muro ao redor, calçou-se a entrada e procura-se sanar outras irregularidades, correndo-se contra o tempo porque esse é ano de eleição e o deputado precisa ter votos suficientes para ser majoritário no município. A oposição contra o prefeito cresceu e o deputado teme o esvaziamento de sua candidatura apesar da ajudinha do Língua de Trapo na rádio.
Para relembrar o que foi apurado pelo Ministério da Saúde, relacionamos as irregularidades encontradas:
Constatou-se que os equipamentos, materiais e mobiliários adquiridos para a UPA num total de 32 itens, foram desviados para duas USFs, Centro de Especialidades Médicas, Vigilância Epidemiológica, Laboratório e SAMU sem que fossem apresentadas justificativas.
O mais grave no relatório da equipe do Ministério da Saúde foi a não localização de 24 itens entre equipamentos e materiais adquiridos para a UPA no valor de R$ 47.306,00. A Secretaria de Saúde do município foi notificada no sentido de fazer a devolução dessa quantia com acréscimos legais, ou, se for o caso, instauração de Tomada de Constas Especial, na forma da legislação vigente.
Inúmeras irregularidades foram constatadas, dentre elas as seguintes.
- Rede de gases ainda não está sendo instalada;
- os aparelhos de ar condicionado e demais equipamentos e materiais adquiridos para uso da UPA, ainda estão embalados;
- O gerador de energia, equipamentos de Raio X e Central de Gases ainda não foram adquiridos;
- Falta de blindagem, que proporcione proteção radiológica na sala de Raio X;
- Falta de contratação de equipe de saúde e de apoio administrativo;
-  Unidade sendo utilizada para armazenamento de materiais e equipamentos adquiridos para uso da Atenção Básica, ainda embalados (geladeira, aparelho de ar condicionado, computadores, seringas, anestésicos de uso odontológico, luvas estéreis, dentre outros). A estocagem destes materiais e equipamentos não obedecem critérios mínimos de organização, dificultando a checagem de alguns materiais da UPA que estão no mesmo ambiente;
- A unidade não possui Alvará emitido por autoridade sanitária;
- Foi verificado vazamento na pia do sanitário, indícios de fungos no teto da área de circulação, infiltração no teto da sala de observação masculina e feminina e sala de urgência, causando acúmulo de água pluvial no piso e consequente perda de alguns materiais descartáveis armazenados nesta última.