segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Reynaldo-BH: Pílulas do doutor cubano

REYNALDO ROCHA

1) Dá para desculpar quem entrou no PT há 10 anos. Mas, e hoje? Alguém poderá alegar mais tarde que estava enganado?
2) Antes de exigir da NSA que pare de espionar Dilma, daria para pedir à CEF que pare de espionar caseiros?
3) O foguete do Cristo Redentor caindo na capa da revista The Economist explica a subida dos que ganham mais?

4) Alguém já imaginou alguma ligação entre o número de analfabetos crescendo no Brasil e a celebração da ignorância amparada por Bolsas – Família, Sofá, etc?
5) Quantos votos serão necessários para que Celso de Mello seja execrado pelo PT?
6) As entidades de defesa dos negros do Brasil (a maioria vivendo de dinheiro público) informam: Joaquim Barbosa não é negro. Começou a desbotar em 2012 e hoje é considerado cinza intenso. Está explicado o silêncio?
7) Antonio Patriota ─ seguindo a lógica do Brasil ─ sofre de amnésia. Na sabatina do Senado, esqueceu-se da Bolívia. Ou teria sido um truque para preservar a sanidade mental?
8) Cada qual escolhe o conselheiro que mais admira. Henrique Alves parece que só ouve o Bode Henriquim… Fica tudo explicado. Até a existência na Câmara dos Deputados de mensaleiros Henriquim é mesmo o bode expiatório… Brasil, país da piada pronta (apud José Simão).
9) Restringiram a saída de presos das cadeias. Uma compensação por deixarem os congressistas soltos?
10) Dilma demorou três anos para aprender a usar o Twitter. Vai passar 4 anos tentando entender o que é governar um país. E não vai conseguir.
11) Ciro Gomes, irmão de Cid da Sogra, chama Eduardo Campos de canalha. Impressionante como os iguais se reconhecem. A sorte do Ceará é os Gomes são somente dois…
12) Uma dúvida: Zé Dirceu voltou a namorar a Rose? Está tão calado como Lula por ter pedido a prenda de volta?
13) E a fixação de Zé Dirceu com secretárias? Apareceu mais uma, agora no Senado de Renan. Mais uma paga com nosso dinheiro. Quem vai herdar a prenda?
14) Novo partido na praça (a R$ 3,75 o voto): PROS. Quando vai ser criado o CONTRAS?
15) E a REDE?  Um partido que não consegue nem obter o registro certamente terá dificuldades para conseguir até os votos dos próprios candidatos.
16) Evo Morales, a lhama andina, quer tirar a ONU de New York. Precisa combinar com Dilma, que tirou férias na cidade e atrasou o voo de volta em 5 horas para passear num museu. Esses bolivarianos precisam se entender ou consultar algum passaralho venezuelano. Maduro diz que ele sabe.
17) Por que todo filho de stalinista prefere ir à Disney em vez de cortar cana em Cuba e comprar charutos no mercado negro?
18) Os médicos de Cuba entendem perfeitamente a língua portuguesa. Estudaram por mais de um ano o que Dilma fala. Estão no mesmo nível dos lulopetitas. Eles não dizem coisa com coisa e quem os ouve tem a mesma expressão de quem escuta um discurso da gerentona. Um caso clássico de nada sobre coisa alguma.

sábado, 28 de setembro de 2013

Apocalípticos ressuscitam a expressão “aquecimento global” e aposentam “mudanças climáticas”: não tinha o mesmo peso escatológico.

Alguns amigos, gente que gosta sinceramente de mim, costuma recomendar que eu não entre em determinados temas. Dizem que só rendem desgaste; afinal, vão contra a “doxa” ou o “espirito do tempo”. Mas então existimos, os jornalistas, para referendar tudo o que há? Um desses temas é o “aquecimento global”, expressão que foi ressuscitada, depois de ter sido substituída por “mudanças climáticas”.
Ocorre que o apelo publicitário e escatológico — no sentido teológico da palavra — de “mudança climática” é muito inferior ao de “aquecimento global”. Este último desperta no imaginário o temor de que a Terra vá mesmo derreter se a gente não fizer alguma coisa. Seu horizonte apocalíptico é muito mais forte. O outro era fraquinho, não mobilizava o medo — e houve até quem começasse a considerar os aspectos positivos da “mudança”: poderia ser favorável à produção agrícola em alguns lugares, facilitaria o trânsito de navios no polo Norte do planeta… Então que se recupere o original: o “aquecimento global” está de volta. E com força!
“Lá vem você, que não entende nada de clima…” É verdade! Mas entendo um pouco de linguagem religiosa e sei fazer algumas contas. Nessa área, costumo acompanhar o pensamento de Richard S. Lindzen, sobre quem já escrevi aqui algumas vezes. Ele entende. É professor de Meteorologia do Massachusetts Institute of Technology. As pessoas têm todo o direito de achar que, no MIT, só existem picaretas. Eu tenho o direito de achar que não. Lindzen não é um “cético”. É só um cientista sério que afasta a hipótese apocalíptica. Ele era o coordenador do capítulo científico do Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC, em 2001. Seus “colegas” publicaram, então, conclusões sem o seu conhecimento. Como não é um embusteiro, demitiu-se.
Quem quiser contestações científicas as mais detalhadas contra os apocalípticos tem em Lindzen um bom caminho. Leio agora em reportagem da VEJA.com que o novo relatório da ONU amplia de 90% para 95% a possibilidade (ou certeza…) de que o aquecimento global seja mesmo produzido pelo homem. E, noto, o Apocalipse de São João voltou a ameaçar a humanidade.
De novo: quem quer contestação com minudências científicas deve recorrer a Lindzen. Ele tem um currículo respeitável. Eu me atenho a algumas circunstâncias que são ditadas pela lógica — ou falta dela. O IPCC, como é sabido, passou por um processo de desmoralização — e por bons motivos. Suas previsões catastrofistas de curto prazo não se realizaram, e surgiram evidências de que cientistas falsificavam dados para não perder o financiamento de pesquisas. Agora eles estão de volta anunciando que seus métodos de análise são bem mais severos e precisos. Certo! Como a esmagadora maioria da humanidade confiava nos anteriores, resta-lhe confiar neste também. Leio, por exemplo, o que segue na reportagem da VEJA.com (em vermelho):
“Como resultado, o IPCC baixou — um pouco — sua previsão de aquecimento global para este século. Enquanto o relatório de 2007 previa que esse aumento na temperatura iria ficar entre 1,1 e 6,4 graus Celsius, o novo relatório afirma que a temperatura deve subir entre 0,3 e 4,8 graus Celsius — o que está longe de ser tranquilizador.”
VAMOS FAZER CONTA?
No modelo anterior, a diferença entre a elevação mínima estimada (1,1) e a máxima (6,4) era de 482%. No novo modelo, muito mais preciso, segundo se informa, vejam que maravilha: a elevação mínima é de 0,3, e a máxima, de 4,8 — uma variação de 1.500%. Entenderam? O modelo teria se tornado mais preciso, isso forçou os apocalípticos a baixar as previsões, mas a diferença entre o mínimo e o máximo aumentou estupidamente: de 482% para 1.500%. Deve ser o único modelo matemático no mundo que, ao aumentar o espaço da incerteza, reivindica o estatuto de “modelo mais preciso”.
O “reconhecimento”
Reproduzo outro trecho da reportagem de VEJA.com (em vermelho):
A principal controvérsia do relatório, no entanto, deve ser mesmo o hiato constatado no aquecimento global. Segundo o texto de 2007, a Terra vinha passando por um aquecimento linear nos últimos 50 anos, aumentando 0,13 grau Celsius por década. Os cientistas, no entanto, haviam falhado em perceber que, desde 1998, essa tendência havia sido interrompida — o que serviu de forte munição para os críticos do IPCC.
Hoje, o painel reconhece o hiato, afirmando que, entre 1998 e 2012, o aquecimento global caiu para apenas 0,05 grau Celsius por década. No entanto, os cientistas preveem que a taxa deve voltar a subir nos próximos anos. Segundo eles, hiatos de dez ou quinze anos nas mudanças climáticas são comuns, e o que deve ser levado em conta para traçar tendências devem ser períodos mais longos de tempo.
Voltei
Notem que não se trata apenas de uma revisão, mas, quando menos, da admissão de um erro estúpido — e as malandragens denunciadas fazem supor que era, digamos, um erro metódico. Num modelo em que “zero vírgula alguma coisa” pode representar o fim do mundo, é preciso que se note, então, que haviam superestimado o aquecimento por década em… 160% (de 0,05 para 0,13) — e isso, claro, na hipótese de que o 0,05 não seja um, digamos, novo engano.
O novo relatório, como se vê, vai aumentar a certeza dos cientistas, mas ampliando o intervalo do palpite, com uma redução das grandezas, menos num item: o nível do mar. Afinal, é preciso trazer de volta o risco da tragédia. Em 2007, previa-se que ele subiria de 18 cm a 59 cm até 2100 (227% de variação) — em seu filme, Al Gore previu 6 metros!!! Agora, a coisa piorou: a estimativa vai de 26 cm a 82 cm (215%). O mínimo teve uma majoração de 44,4%, e o máximo, de 40%.
Concluo
Eu só faço algumas contas que me deixam um tanto espantado num modelo em que, insisto, índices de “zero vírgula alguma coisa” significam a diferença entre a sobrevivência e o fim da Terra. Como o modelo é chamado “matemático”, parece que a matemática é importante. Mas não sou, obviamente, referência em matéria de contestação científica. Já Richard S. Lindzen é.
E agora volto ao começo. Uma economia bilionária, trilionária, sei lá eu, já se formou em torno desse negócio de aquecimento global. Que importância tem, no balanço geral, um jornalista fazer algumas contas? Não escrevo com a finalidade de mudar o mundo, de ganhar adeptos ou de impor uma agenda. Logo, não sou ideólogo, guru ou político. Só faço algumas continhas e noto que, com modelo “matemático” com essa precisão, em vez de chegar à Lua, o homem teria ido parar na casa do chapéu. Já os “especialistas” e fanáticos do aquecimento, reitero, briguem com Lindzen (entre outros), não comigo. Provem que é ele o idiota. 
Por Reinaldo Azevedo

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Partido virou negócio? Política virou negócio!



Dois novos partidos oficiais no Brasil. PROS e Solidariedade. Já são mais de 30 no total. E os dois novatos já nascem com direito a R$ 600 mil antes de disputar qualquer eleição. O fundo partidário é uma mina de ouro para muitos partidos pequenos que mais parecem negócios particulares. E o tempo de TV é ótima arma de troca fisiológica também.
Como evitar a transformação de partidos em negociatas? Muitos sugerem cláusulas de barreira. A ideia é que o partido mostre ter representatividade de parcela razoável da população brasileira. Ou seja, se não chegar a 5% dos votos no Congresso, ou em certa capilaridade nacional, então estaria fora do bolo, ou teria acesso a um segundo bolo bem menor.
Pode ser uma. Países europeus contam com isso. Na Alemanha, agora mesmo, os liberais foram vítimas dessa cláusula, pois conseguiram apenas 4,8%, não chegando ao limite mínimo de 5%, e ficaram totalmente de fora do Parlamento. Ruim para Merkel, ruim para a Alemanha. Regras do jogo.
Mas há riscos. Na Rússia, Putin utilizou esses instrumentos para ir asfixiando a oposição e concentrando mais poder no Kremlin. Foi a forma que encontrou de eliminar da disputa seus opositores, alguns com muita força regional.
Talvez o foco devesse ser outro. Afinal, argumentam que os partidos viraram negócios, e pequenas legendas de aluguel surgem só para seus donos enriquecerem, mas esquecem que o grande balcão de negócios está no maior partido, o PMDB, totalmente fisiológico. Qual o programa do PMDB? Qual sua ideologia? Pois é.
O PDT é outro, que mais parece um veículo privado de Carlos Lupi para fechar bons negócios. O próprio PT, que tem claramente um viés ideológico – aquele que aponta para Cuba ou Venezuela – virou um grande trampolim para a riqueza privada também. Os escândalos abundam, e os casos legais, porém imorais, também. Vários “consultores” vivem como burgueses ricos só porque passaram pelo PT e pelo poder.
Ou seja, talvez o problema esteja menos no tamanho do partido e mais na política nacional em si. E é justamente isso que penso. O Brasil, além da cultura patrimonialista, onde os políticos confundem a coisa pública com a “cosa nostra”, concentra poder e recurso demais na esfera política.
Ora, quando o prêmio é grande demais, os incentivos atraem bandidos como o mel atrai as moscas. Quem chegar ao poder irá controlar 40% do PIB. É coisa demais! Soma-se a isso a impunidade quando se é pego com a boca na botija, e tem-se um grande convite para o que há de mais podre participar do jogo político.
Não são os pequenos partidos que viraram negócios no Brasil. É a política em si que virou um grande e lucrativo negócio. Nos países desenvolvidos, a política serve para ajudar, alavancar muitos negócios. No Brasil, ela virou o próprio negócio. Isso tem que mudar.
Não acho que adianta criar cláusula de barreira. Acho melhor acabar com o fundo partidário e com a propaganda obrigatória na TV. Sem isso, sou a favor até da candidatura avulsa, independente. Nos Estados Unidos pode. Marina Silva, em vez de tentar passar por cima das regras do jogo para aprovar sua REDE, poderia simplesmente ser candidata sem partido. Por que não?
Desde que isso não garanta privilégios e acesso a verbas públicas, não vejo problema algum. Logo, considero o problema a própria verba pública, e o prêmio que está disponível para quem vencer: um cartão de crédito que controla 40% de toda a riqueza criada pela iniciativa privada no país. Reduza esse prêmio, que o incentivo para tratar política como negócio será menor.

Rodrigo Constantino

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

MENSALÃO: Chega de LUTO diante da decisão do Supremo. Vamos trocá-lo pela LUTA para tirar o lulopetismo do poder, com o VOTO . Eis 20 RAZÕES para votar contra o PT em 2014


C
O voto em outubro de 2014 é a grande arma para mudar o atual estado de coisas (Foto: Agência Senado)

CHEGA DE LUTO. A decepção pela decisão do Supremo de aceitar os embargos infringentes e, com eles, esticar o julgamento da quadrilha de mensaleiros até Deus sabe onde — com o risco de crimes graves serem prescritos, e quadrilheiros saírem livres, leves e soltos — foi um golpe duro na confiança na Justiça.
Escrevi dias atrás que jogava a toalha, e, quanto ao Supremo, joguei mesmo. Se vier cadeia para aqueles que tentaram um golpe de Estado branco contra a democracia, me considerarei no lucro. Mas, infelizmente — admito –, não deposito esperanças no tribunal.
Isso não me impedirá de continuar a escrever apontando as mazelas do lulopetismo que nos governa há já quase treze anos. Muito menos de apontar, sempre, a necessidade de não jogar a toalha quanto às ELEIÇÕES — não apenas para a Presidência, mas para o Congresso, algo para que grande parte dos brasileiros não dá a devida atenção na hora de votar.
Insistirei, sempre, na necessidade de tirar essa gente do poder pelo instrumento democrático do voto.
E começo hoje, dia em que dou um basta ao luto e proponho, em seu lugar, a LUTA política, por apontar PELO MENOS 20 RAZÕES PARA VOTAR CONTRA O PT NO ANO QUE VEM — o que significa votar contra o projeto hegemônico de Lula.
 O projeto hegemônico de Lula é também…
1. O projeto de tomar conta do Congresso, comprando-o com dinheiro sujo, e subordiná-lo ao Executivo,
2. O projeto daquele que o Ministério Público denunciou como sendo “chefe da quadrilha do mensalão” — e que como tal foi aceito pelo Supremo Tribunal –, o ex-ministro José Dirceu, o velho projeto totalitário de “bater neles nas urnas e nas ruas”,
Dirceu com Lula nos tempos em que comandava a Casa Civil e Lula era presidente: projeto hegemônico e de manter o poder a qualquer custo (Foto: veja.abril.com.br)

3. O projeto de quem cooptou a maior parte dos partidos políticos representados no Congresso num processo obsceno de fornecimento de cargos, verbas parlamentares, vantagens e facilidades várias, tudo o que antes o lulopetismo criticava como sendo a “velha política” brasileira — que agora ele próprio pratica de forma descarada, em aliança espúria com gente como Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Sarney, Paulo Maluf, Fernando Collor e semelhantes, com o objetivo de manter-se no poder até onde a vista alcança.
4. O projeto de um “núcleo duro” estalinista que nunca escondeu seu desprezo pela “democracia burguesa” — e que continua não escondendo.
5. O projeto de Rui Falcão, aquele que, embora nascido e cevado nela, denuncia “a elite” e ofendeu o Supremo Tribunal Federal ao incluí-lo entre a oposição “conservadora, suja e reacionária”.
6. O projeto de Franklin Martins — que voltou a frequentar o Planalto — e sua turma, que a cada momento ressurge dentro do PT querendo um certo “controle social” da imprensa, sinônimo de calar a boca da imprensa independente.
7. O projeto dos que somente aplaudiram o Supremo Tribunal Federal APÓS a admissibilidade dos embargos infringentes — ANTES, denunciavam as condenações impostas pela corte aos quadrilheiros ladravazes como sendo um “golpe” da oposição e da imprensa e uma condenação arbitrária e “sem provas” – , não aceitando as regras mais elementares da democracia e do Estado de Direito,
8. O projeto de quem enfraqueceu o Supremo com designações de integrantes sem currículo para estar na Corte, e depois procurou aparelhá-lo, no transcurso do julgamento do mensalão, com certos ministros escolhidos a dedo para absolver Dirceu et caterva.
Lula na foto histórica de sua peregrinação até a mansão de Maluf em São Paulo para selar o apoio a Fernando Haddad (centro) como candidato a prefeito: qualquer aliança para manter o poder (Foto: Folhapress)

9. O projeto daqueles que, propositalmente, martelam nos ouvidos da opinião pública que quem se opõe aos desígnios e propósitos do lulopetismo “é contra o Brasil”, dividindo os brasileiros entre “nós” e “eles” — exatamente como fazia a ditadura militar com o odioso “ame-o ou deixe-o”.
10. O projeto de quem esvaziou, desmoralizou e politizou as agências reguladoras — criadas durante o período FHC para serem entes do Estado, e não de governos, com composição, padrão e ação técnicos –, distribuindo-as como moeda de troca entre partidos, recheando-as de militantes ideológicos e de gente despreparada.
11. O projeto de quem, com propósitos políticos e de atender a uma “elite” clientelista, inchou com milhares de militantes partidários os quadros da administração pública.
12. O projeto de quem distribuiu cargos gordos e de alto salário em conselhos de estatais e de fundos de pensão de funcionários de estatais a sindicalistas “companheiros” — não pela competência, em quase todos os casos perto de nula, mas pela afinidade ideológica,
13. O projeto de quem prestou durante o lulalato, e em menor grau continua prestando no governo Dilma, seguidas homenagens a regimes párias como o de Cuba e o do Irã, estendeu o tapete vermelho para demagogos autoritários como o falecido Hugo Chávez e passou a mão na cabeça de governantes que pisoteiam interesses brasileiros, como Evo Morales, da Bolívia.
Evo Morales (capacete branco) com militares em instalações da Petrobras ocupada pelo Exército boliviano: governo lulopetista passou a mão na cabeça de quem pisoteou interesses brasileiros (Foto: typepad.com)

14. O projeto de quem tratou os narcoterroristas das chamadas “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia”, as Farc, como grupo político legítimo no cenário colombiano, e não como os bandidos, sequestradores e assassinos que são, mostrando por eles mais consideração do que com os governos democráticos, mas “de direita”, de Bogotá.
15. O projeto de quem envergonhou o Brasil se abstendo de condenar, na ONU, regimes que massacram os direitos humanos, concedendo prioridade em desferir caneladas em aliados ocidentais, a começar pelos Estados Unidos,
16. O projeto de quem, seguindo a cartilha de uma república de bananas, abriu com generosidade os braços ao terrorista e assassino italiano Cesare Battisti, concedendo-lhe o status de refugiado político e insultando uma democracia exemplar como a Itália, tradicional amigo do Brasil e terra onde 35 milhões de brasileiros têm raízes.
17. O projeto daqueles que, na oposição, durante 22 anos sistematicamente se opuseram, por razões ideológicas, a medidas que beneficiavam o Brasil, de tal forma que nada que a atual oposição faça possa nem de longe lembrar o comportamento deletério e derrotista manifestado por Lula e o lulopetismo ao longo dos governos de quatro presidentes civis.
18. O projeto de quem, por razões ideológicas, está atado a um Mercosul inútil, cada vez mais bolivariano, que não consegue negociar acordos de livre comércio com ninguém importante e no qual, dando um passa-moleque no tradicional aliado que é o Paraguai, o Brasil contribuiu para abrigar a ditadura venezuelana, violando a “cláusula democrática” que só admite regimes livres no grupo.
Enquanto ficamos para trás no comércio internacional, países latino-americanos pequenos como a Costa Rica e o Panamá assinam acordos de livre comércio com todas as grandes potências econômicas, e o Peru, o Chile e a Colômbia unem-se ao México — que já tem acordo semelhante com os Estados Unidos e o Canadá — na Aliança do Pacífico.
19. O projeto de quem brinca com a inflação e procura ocultá-la debaixo do tapete, de olho nas eleições do ano que vem, garroteando e dando prejuízos à Petrobras, interferindo nas empresas de energia elétrica e criando uma insegurança jurídica que afasta investidores estrangeiros dos leilões de concessão.
20. O projeto de quem está jogando pela janela as chances de o Brasil dar um salto espetacular de progresso, com um governo medíocre, que promove um crescimento econômico ridículo, desequilibra as contas públicas, gasta cada vez mais com a própria manutenção e empurra com a barriga, por falta de liderança política, reformas essenciais, como a tributária.
Por hoje está bom, não? Estão aí vinte boas razões para votar CONTRA o lulopetismo no ano que vem.
Se fossem só essas vinte… Continuaremos com o assunto

Augusto Nunes

Tirando comida da boca das criancinhas pobres… Ou: Um companheiro no meio do caminho

A Polícia Federal cumpriu, nesta terça-feira, “11 mandados de prisão preventiva dentro da Operação Agro-Fantasma, que investiga um esquema de desvio de recursos públicos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), repassados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a associações e cooperativas rurais como parte do Programa Fome Zero.” O texto informa ainda que “além dos mandados de prisão preventiva, foram expedidos pela 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de Curitiba (PR) sete mandados de suspensão cautelar da função pública, 37 mandados de busca e apreensão e 37 mandados de condução coercitiva em quinze municípios do Paraná, em Bauru (SP) e em Três Lagoas (MS).”
 A Conab também tomou providências. Severíssimas! Afastou sete membros da cúpula do órgão no Paraná, epicentro da investigação. Mas, informa a Folha, manteve um: o diretor de política agrícola e informação Sílvio Porto. Ele é filiado ao PT desde 1995. A Conab explica o motivo em nota: “O diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia, área responsável pela operacionalização do PAA, prestou esclarecimentos na Polícia Federal e foi liberado em seguida, mas ainda aguarda acesso ao processo para se posicionar”.
Perguntinha óbvia: por que, nos outros casos, não é preciso “aguardar o processo para se posicionar”? Nota: o petista foi indiciado pela Polícia Federal por estelionato, peculato e formação de quadrilha.

O que é o PAA?
 
Vejam na página do Ministério do Desenvolvimento Social.

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma das ações do Fome Zero e promove o acesso a alimentos às populações em situação de insegurança alimentar e promove a inclusão social e econômica no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar.
O PAA também contribui para a formação de estoques estratégicos e para o abastecimento de mercado institucional de alimentos, que compreende as compras governamentais de gêneros alimentícios para fins diversos, e ainda permite aos agricultores familiares que estoquem seus produtos para serem comercializados a preços mais justos.
O Programa propicia a aquisição de alimentos de agricultores familiares, com isenção de licitação, a preços compatíveis aos praticados nos mercados regionais. Os produtos são destinados a ações de alimentação empreendidas por entidades da rede socioassistencial; Equipamentos Públicos de Alimentação e Nutrição como Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias e Bancos de Alimentos e para famílias em situação de vulnerabilidade social. Além disso, esses alimentos também contribuem para a formação de cestas de alimentos distribuídas a grupos populacionais específicos.
(…)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Agronegócio deve garantir metade do PIB

Com soja como carro-chefe, setor deve crescer 5%, o dobro do esperado para o PIB

Colheitadeira em lavoura de soja em uma fazenda de Sorriso, Mato Grosso, município que se destaca no mapa do PIB do IBGE
Expectativa é que safra de soja em 2014 bata recorde e Brasil ultrapasse EUA na produção do grão (Tiago Queiroz/Agência Estado)
Quase a metade da expansão da economia deste ano virá do agronegócio, que tem como carro-chefe a soja. Do crescimento de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo mercado para este ano, segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC) mais recente, um pouco mais de 1 ponto porcentual (p.p.) virá da agroindústria, calcula o diretor de pesquisa da consultoria GO Associados, Fabio Silveira.
Nas suas projeções, ele considerou o PIB do agronegócio de 2012 em 989 bilhões de reais e a estimativa de crescimento para o setor de 5% para este ano, ambos os dados da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). Se as estimativas de crescimento se confirmarem, o PIB do agronegócio deve somar 1,038 trilhão de reais em 2013 e responder 23% de toda a riqueza gerada no país.
"Essa cifra inclui os segmentos antes e depois da porteira", ressalta Adriana Ferreira Silva, economista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que calcula o PIB do agronegócio para a CNA. Isso significa que a cadeia da agroindústria considera não só os produtos primários da agricultura e da pecuária, mas também toda a riqueza criada no processamento e na distribuição, além do desempenho da indústria de insumos.

Recorde - Com recordes seguidos de produção, a soja deve levar o país a uma posição inédita: na safra 2014, que começa a ser plantada este mês, o Brasil poderá ser o maior produtor e exportador mundial de soja, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Chegou-se a projetar que o Brasil ultrapassaria os EUA ainda este ano, mas isso não se confirmou.
A produção brasileira esperada de 88 milhões de toneladas de soja para 2014 deve superar a safra dos EUA, de 85,7 milhões de toneladas, que está em fase final e foi afetada pela seca.

De acordo com o economista da Associação Comercial de São Paulo, Emílio Alfieri, o agronegócio está puxando não só a indústria de alimentos, mas também a de bens de capital. "Na minha avaliação, o agronegócio pode, neste ano, tracionar a economia mais do que o varejo", diz.
Enquanto a indústria patina e o varejo desacelera, as evidências da força do agronegócio para tracionar outros setores da economia já aparecem nas vendas de insumos. "Se não houver nenhum imprevisto até dezembro, as vendas de tratores de rodas neste ano serão recordes", afirma o diretor de Vendas da Agrale, Flávio Crosa.
Ele conta que 2012 já tinha sido um ano bom para a agricultura e foram vendidos no mercado 56 mil tratores de rodas, que são para o agronegócio. Para este ano, a estimativa inicial era vender 54 mil máquinas, mas até agosto foram comercializados 44,9 mil unidades, segundo a Anfavea. Assim, a projeção foi revisada para 60 mil tratores comercializados este ano. "Não imaginávamos que uma demanda tão forte assim", destaca Crosa.
Além da capitalização dos produtores, o diretor de vendas cita a manutenção até dezembro do Programa BNDES de Sustentação do Investiment (PSI) como fator de impulso às vendas. A história se repete no fertilizante. Em 2012, foram vendidas 29,5 milhões de toneladas. Consultorias projetam para este ano 30,5 milhões de toneladas. Até agosto, alta foi de 5,5%. "Teremos mais um recorde", prevê o diretor da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), David Roquetti Filho. ​
(com Estadão Conteúdo)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Cadê as ruas? A turma do “não é pelos 20 centavos” deveria lançar o movimento “Não é pelos R$ 170 milhões”

 Trinta pessoas protestaram na Avenida Paulista contra a admissão dos embargos infringentes na quarta-feira. Cinco atrizes postaram nesta quinta foto no Instagram em que aparecem, vestidas de preto com a legenda “atrizes em luto pelo Brasil”: Carol Castro, Rosamaria Murtinho, Nathália Timberg, Suzana Vieira e Barbara Paz. Aumentou meu respeito por elas. Artista que hoje não exibe o nariz marrom diante do partido do poder é coisa rara. Isso não quer dizer, obviamente, que sejam antipetistas — o que não tem a menor importância. Trata-se somente de um protesto contra a impunidade. No Distrito Federal, um grupo enviou 37 pizzas para o STF, endereçadas a Ricardo Lewandowski, que está tendo o seu trabalho devidamente reconhecido. Aqui e ali, houve outras pequenas manifestações de indignação. Mas resta evidente que nem o advento do deputado-presidiário nem o risco de o julgamento do mensalão desandar comoveram as ruas.
Quando Roberto Barroso, o “novato”, e Celso de Mello, o decano, decidiram demonizar as “multidões”, vociferando contra o clamor popular, eu fiquei aqui a me perguntar: “Mas a que clamor se referem estes senhores? Onde estão as multidões?”. Os truculentos já haviam expulsado do espaço público o povo de verdade enquanto aqueles dois batiam a mão do peito para exaltar a própria independência. Foi constrangedor. Não honra a biografia de um e não ajuda a construir a do outro. A miríade de grupelhos de esquerda, muitos deles financiados com dinheiro público, que alimentavam os protestos por intermédio das redes sociais já havia retirado o time de campo, num rápido processo de desmobilização. O PT foi muito eficiente no trabalho de contenção. E os setores da imprensa que estavam brincando de Primavera Árabe resolveram arrumar outra distração.
Se eu tivesse alguma dúvida — na verdade, como vocês sabem, nunca tive — sobre o real caráter das manifestações de junho, ela teria se dissipado agora. Não era “pelos 20 centavos”? Pois bem. Poder-se-ia criar agora o movimento “não é pelos R$ 170 milhões” — mais ou menos o valor a que se chegou na pequeníssima fatia do mensalão que foi investigada. O poder real do PT está hoje nos fundos de pensão, que conseguiram passar incólumes pela investigação. Onde estão os protestos?
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra a impunidade.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra um grupo que ousou se organizar para tomar a democracia de assalto.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma Justiça que se mostra incapaz de garantir aos réus as seguranças próprias de uma democracia e, ao mesmo tempo, demonstrar que essa democracia repudia o malfeito.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma óbvia operação de captura do Poder Judiciário por um partido político.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra uma Justiça que parece organizada para proteger malfeitores.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra o uso de dinheiro público para criar na Internet e nas redes sociais uma teia de apoio a larápios, que fraudaram o estado de direito.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra o uso de uma lei de incentivo à cultura para cantar as glórias de corruptos, peculadores e quadrilheiros.
Não é só pelos R$ 170 milhões, mas é também contra partidos e lideranças de oposição que silenciam diante do risco da impunidade.
Que fique claro! Não estou duvidando dos motivos de milhares que foram às ruas e da justeza de algumas de suas reivindicações. Estou aqui a destacar, isto sim, que aqueles protestos foram superestimados e, em boa parte, estimulados por setores da imprensa que tentam colar nas redes sociais num esforço meio desesperado e vão de acompanhar o frenesi. Ao fazê-lo, perdem profundidade, capacidade de análise e, infelizmente, a devida prudência.
Quaisquer que tenham sido os motivos que detonaram aqueles protestos — já escrevi muito a respeito —, nada aconteceu de mais grave do que o Poder Legislativo tentar inaugurar a sua “facção Papuda” e o risco de a corte suprema sofrer uma desmoralização inédita em tempos democráticos. Não, senhores! Não é só pelos R$ 170 milhões — só o escândalo recém-descoberto no Ministério do Trabalho pode chegar a R$ 400 milhões.
É pela afronta à dignidade.
Por Reinaldo Azevedo

Soberania de palanque

Publicado no Estadão

Não deverá ter grande efeito prático, nas relações entre Brasil e Estados Unidos, o cancelamento da visita de Estado da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos, que estava prevista para o mês que vem. Como se tratava de uma viagem que atenderia muito mais ao protocolo diplomático do que promoveria avanços concretos na área econômica, a decisão de Dilma deve ser vista apenas pelo aspecto simbólico. E, nesse sentido, conclui-se que, de fato, o clima para a visita não era mesmo dos melhores. Ainda assim, espanta que a presidente tenha tratado do assunto não com seus diplomatas, como deveria ser, considerando-se que era uma questão de Estado, e sim com seu conselho eleitoral, de olho exclusivamente nos efeitos que o caso certamente produzirá no eleitorado dito nacionalista.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Roubalheira sem fim: PF faz operação para barrar quadrilhas contra previdência social de 15 prefeituras

Esquema envolvia lobistas, prefeitos e policiais civis do DF. Mais de R$ 300 milhões foram desviados por duas organizações criminosas

Agentes da Polícia Federal durante a Operação Voucher - 09/08/2011
Trezentos agentes da Polícia Federal participam da Operação Miniquéias nesta quinta-feira (Pedro Ladeira/Frame/Folhapress)

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta manhã uma operação para desarticular quadrilhas que cometiam crimes contra entidades previdenciárias públicas de quinze prefeituras ao redor do país – a única capital é Manaus.  Ao todo, a PF tenta cumprir 102 mandados judiciais: cinco de prisão preventiva, 22 de prisão temporária e 75 de busca e apreensão no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.
A investigação da PF, que já dura dezoito meses, aponta que 300 milhões de reais foram desviados por duas organizações criminosas. Elas atuavam em frentes distintas: uma desviava recursos das previdências municipais e a outra se encarregava da lavagem de dinheiro.
A Operação Miquéias é a primeira na história da PF contra este tipo de crime, segundo a assessoria de comunicação do órgão.
Esquema - Segundo a apuração, os criminosos usavam contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de laranjas ou testas-de-ferro, com intuito de ocultar os responsáveis pelas movimentações financeiras. Uma espécie de holding fazia um serviço de terceirização para lavagem de dinheiro obtido.
Depois de creditados nas contas bancárias das empresas, os valores circulavam pelas demais contas em poder da quadrilha até serem sacados em dinheiro vivo. Os “laranjas” e as “empresas” eram periodicamente trocados para despistar órgãos de fiscalização.
A PF diz que pelo menos três núcleos criminosos foram identificados. Eles recebiam apoio de policiais civis do DF, que, segundo os investigadores, faziam a “proteção” da quadrilha.
Segundo a PF, líderes da organização criminosa usavam lobistas para aliciar prefeitos e gestores dos regimes próprios de previdência social dos municípios para que aplicassem recursos em fundos de investimentos com papéis pouco atrativos, geridos pela quadrilha e com alta probabilidade de insucesso. Esses fundos eram formados por “papéis podres”, decorrentes da contabilização de provisões de perdas por problemas de liquidez e/ou pedidos de recuperação judicial dos emissores de títulos privados que compõem suas carteiras. Os prefeitos e gestores previdenciários eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado, segundo os investigadores.
Além de Manaus, os criminosos causaram prejuízos em Ponta Porã (MS), Murtinho (MS), Queimados (RJ), Formosa (GO), Caldas Novas (GO), Cristalina (GO), Águas Lindas (GO), Itaberaí (GO), Pires do Rio (GO), Montividiu (GO), Jaru (RO), Barreirinhas (MA), Bom Jesus da Selva (MA) e Santa Luzia (MA).
De acordo com a PF, quem for preso ou indiciado poderá responder por crimes de gestão fraudulenta, operação desautorizada no mercado de valores mobiliários, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Trezentos policiais foram destacados para a ação. A operação teve apoio do Ministério da Previdência Social e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

MENSALÃO: Julgamento já durou mais do que a II Guerra Mundial — desde o começo, entre muitos outros fatos, 4 ministros se aposentaram, 1 morreu e o Brasil ganhou 13 milhões de habitantes mais


INTERMINÁVEL -- Até amanhã, dia do voto decisivo do ministro Celso de Mello sobre a aceitação ou não dos embargos infringentes, o processo do mensalão se arrastado por 7 anos, 5 meses e 7 dias (Foto: arche.org)
 
Na brilhante sacada do jornalista Carlos Brickmann, o processo do mensalão já durou mais do que a II Guerra Mundial, o maior conflito bélico da história da Humanidade e o acontecimento mais importante do século XX.
A guerra em que morreram 50 milhões de pessoas, iniciada com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista de Adolf Hitler a 1º de setembro de 1939, terminou com a cerimônia de capitulação do Japão — aliado da Alemanha e da Itália fascista no chamado Eixo –, a 2 de setembro de 1945, a bordo do cruzador norte-americano Missouri, fundeado ao largo da Baía de Tóquio.
A II Guerra durou 6 anos e 1 dia. O julgamento do mensalão, até amanhã, dia do voto decisivo do ministro Celso de Mello sobre a aceitação ou não dos recursos denominados embargos infringentes, terá se arrastado por 7 anos, 5 meses e 7 dias.
Amontoada numa das mesas de apoio do plenário do Supremo, a montanha de autos do processo; 50 mil páginas e 200 apensos (Foto: Nelson Jr / STF)
 
A trajetória do mensalão começou quando o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, ofereceu denúncia contra os envolvidos, a 11 de abril de 2006. O Supremo aceitou a denúncia — ou seja, reconheceu que, ali, havia um processo criminal a ser julgado — a 22 de agosto de 2007.
Desde então, mais de 700 testemunhas foram ouvidas, a montanha de autos do processo abrange 50 mil página e cerca de 200 apensos com material pertinente ao caso, e o Supremo realizou quase 60 sessões de julgamento.
General Douglas MacArthur, à esquerda, assite o ministro japonês Manoru Shigemitsu a entregar documento de rendição à bordo do USS Missouri, na Baía de Tóquio, em 2 de setembro de 1945, em cerimônia que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial (Foto: AP)
2 de setembro de 1945: no momento soleníssimo em que termina o maior conflito bélico da história da Humanidade: o comandante norte-americano para o Pacífico, general Douglas MacArthur (esq.), assiste ao chanceler Manoru Shigemitsu assinar o instrumento de rendição incondicional do Japão a bordo do cruzador "USS Missouri", fundeado na Baía de Tóquio. (Foto: AP)
 
Enquanto o Japão se rendia incondicionalmente, mais de 1.000 aviões de guerra da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoaram, com um longo e enorme rugido, a Baía de Tóquio, em demonstração de força minuciosamente organizada (Foto: AP)
 
A coisa parece que não termina mais.
O processo que procura colocar na cadeia um grupo de políticos e outras personalidades que tramaram colocar o Legislativo sob controle do Executivo por meio de dinheiro sujo — uma tentativa de “um golpe de Estado branco”, como definiu o ministro aposentado do Supremo Carlos Aires Britto — dura
Lula (2003) e Dilma (2010), em momentos de posse, com a faixa presidencial (Fotos: AFP :: Flávio Florido)
O processo já atravessou um pedaço do primeiro mandato presidencial de Lula, seu segundo mandato inteiro e a maior parte do de Dilma (Fotos: AFP :: Flávio Florido)
 
tanto que já abrangeu um pedaço do primeiro mandato de um presidente, Lula (mais da metade de 2006), seu segundo mandato inteiro (2007-2011) e quase dois terços do mandato de sua sucessora, Dilma Rousseff (de janeiro de 2011 a setembro de 2013).
Os ex-ministros do STF Eros Grau, Carlos Alberto Menezes Direito, Ellen Gracie, Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto (Fotos: STF)
Os ex-ministros Eros Grau, Carlos Alberto Menezes Direito, Ellen Gracie, Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto. Menezes Direito morreu, os demais se aposentaram desde que o processo começou a caminhar no Supremo (Fotos: STF)
Desde a denúncia do Ministério Público, quatro ministros se aposentaram (pela ordem, Eros Grau, Ellen Gracie, Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto) e um morreu (Menezes Direito, em 2011).
Ex-procuradores-gerais da República Antonio Fernando de Souza (que ofereceu a denúncia sobre o mensalão), Roberto Gurgel (que fez a acusação de viva voz no Supremo) e do atual, Rodrigo Janot (Fotos: STF :: STF :: André Borges / Folhapress)
O mensalão se estendeu tanto que esgotou os mandatos dos ex-procuradores-gerais da República Antonio Fernando de Souza (que ofereceu a denúncia) e Roberto Gurgel (que fez a acusação de viva voz no Supremo), avançando para dentro do mandato do atual, Rodrigo Janot (Fotos: STF :: STF :: André Borges / Folhapress)
 
O interminável julgamento também foi suficiente para engolir o mandato de dois procuradores-gerais da República — Antônio Fernando de Souza e Roberto Gurgel — e alcançar o começo da gestão de um terceiro, Rodrigo Janot.
Papa Francisco (à direita) cumprimenta Bento XVI no mosteiro Mater Ecclesiae, onde o Papa Emérito vive desde que renunciou (Foto: Laurent Kalfala / AFP)
Processo tão longo permitiu até que a Igreja tivesse, nesse entretanto, dois papas -- Bento XVI, que renunciou, e seu sucessor, o papa Francisco (Foto: Laurent Kalfala / AFP)
 
Houve tempo suficiente até para que um papa encerrasse por vontade própria seu período à frente da Igreja Católica (Bento XVI, que renunciou a 28 de fevereiro passado, após oito anos de pontificado) e fosse escolhido um outro, Francisco.
"Operários", de Tarsila Amaral
Enquanto o mensalão se desenrolava no Supremo, a população do Brasil cresceu em 13 milhões de habitantes (Ilustração: tela "Operários" (1933), de Tarsila Amaral)
 
Finalmente, o que poderia ser mais eloquente para falar do quanto este país esperou pelo desfecho do escândalo do que lembrar que, durante o arrastar interminável do processo, o a população brasileira aumentou em 13 milhões de novos habitantes – equivalentes a 30% mais do que a população inteira de um país como a Bélgica?

sábado, 14 de setembro de 2013

Rolnik, a brasileira da ONU, quer dar lição de moral sobre moradia social no Reino Unido, mas fica em hotel de luxo



Fonte: Daily Mail

Isso é tão PT. É tão esquerda. A arquiteta brasileira, da USP, que foi do governo petista, e que despertou a fúria dos conservadores britânicos ao afirmar que as medidas do governo para reduzir o gasto com moradia social eram uma ameaça aos pobres, hospedou-se em hotel de luxo na cidade.
Assim é fácil. Ela ficou em hotel quatro-estrelas cuja diária não sai por menos de 300 libras. O Rubens Hotel fica pertinho do Palácio de Buckingham. Ela rejeitou hotéis mais próximos de seu local de trabalho, por diárias bem menores, por metade da tarifa.
Nada mais esquerda caviar que isso: ONU, USP, PT, bandeiras sensacionalistas sobre moradia social, monopólio dos fins nobres para ajudar os mais pobres, e tudo isso defendendo medidas que, na prática, prejudicam os mais pobres, enquanto desfruta do bom e do melhor no luxo dos ricos!

O time escalado pelo governo para jogar no Supremo não rima com Celso de Mello



Ricardo Lewandowski descobriu já nos tempos de bebê de colo que seu projeto de vida seria amaciar para José Dirceu.
Dias Toffoli, por ver pênaltis a favor do PT até em jogadas no meio do campo e fechar os olhos aos impedimentos mais clamorosos, não serve sequer para juiz de futebol.
Rosa Weber é incapaz de dizer “boa noite” antes de certificar-se de que a chefe Dilma Rousseff deu por findas a manhã e a tarde.
Teori Zavascki deveria usar toga até quando dorme, para avisar que se trata de um sonífero tarja preta.
Luis Roberto Barroso, como ensinou Romário, é aquele novato que acabou de chegar e já quer sentar-se na janelinha  ─  no caso, para enxergar claramente os sinais que vêm dos padrinhos.
Esse é o time escalado pelo governo lulopetista para aparelhar o Supremo Tribunal Federal. Nenhum dos cinco exibe qualquer semelhança com o Celso de Mello que o Brasil conheceu ao longo do julgamento do mensalão. É difícil imaginá-los jogando juntos. Mas o Brasil ainda não sabe se o decano do STF vai evitar a prorrogação que tornaria inevitável a derrota da Justiça.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Ainda não temos um povo à altura do ministro Barroso. Ou: A impressionante coleção de vexames do “novato”

 

Luís Roberto Barroso: O Brasil ainda será merecedor de tal dádiva?
 
Nesta quinta, Barroso desempenhou um papel um tanto melancólico no Supremo. Já tem uma boa coleção de vexames para vida tão curta na Casa (ainda chego lá). Nesta quinta, ele se excedeu. Acusou os que não votam como ele de aderir ao casuísmo e sugeriu que estão preocupados com as multidões, não em fazer justiça. E o fez num ambiente em que, de modo oblíquo, demonizou também a imprensa. Eu ouvia ali o eco das hostes petistas. Se Delúbio Soares fosse jurista, seria como Barroso. Se Barroso fosse sindicalista, seria como Delúbio Soares. Recebeu uma dura e necessária resposta de Marco Aurélio. Mas quero fazer algumas considerações antes de dar sequência a essa questão. Nota à margem: já escrevi sobre esse truque de criticar a imprensa para se blindar. “Seu eu falar mal deles, tentam provar que estou errado e me ignoram”. Pois é. Em muitos casos, funciona. Faço diferente. Quando um homem público fala mal da imprensa, tento provar que ele está certo na espécie, demonstrando por que ele não gosta muito de jornalistas…
Quando Barroso foi indicado ministro, resolvi ler um livro seu. Escolhi “O Novo Direito Constitucional Brasileiro”. Sempre que alguém se jacta de ser porta-voz do “novo”, eu — que, como toda gente, estou no mundo velho (ou alguém já vive o futuro?) — me interesso em saber onde está a novidade. Com alguma frequência, verifico que o que se diz novo não é bom e que o que se pensa bom, na verdade, não é novo. Mas eu estou sempre pronto para o surgimento de vanguardistas como Barroso. Li seu livro e escrevi vários posts a respeito antes mesmo de ele assumir. Os leitores que acompanharam sabem por que não gostei. Os motivos estão lá expostos. Alguns leitores disseram que eu estava sendo precipitado. Como haveria tempo de ele demonstrar que eu poderia estar errado, publiquei o que me desagradava. Até agora, fui apenas premonitório… Pareceu-me, como síntese brevíssima de uma penca de restrições, que Barroso é capaz de exaltar as glórias da tradição quando isso é do seu interesse e de esconjurá-la como expressão do atraso e do reacionarismo quando isso também é do seu interesse. Pareceu-me que ele pode oscilar de um literalismo aborrecido e estreito à interpretação mais lassa dos textos legais. E o que determina o apelo a um extremo ou a outro? Eis a questão.
Confesso que fico sempre com um pé atrás quando um juiz ou um professor de direito ataca o “legalismo”. Nada me tira da cabeça de que se trata de um rompante fora do lugar, porque, parece-me, a determinação de forçar os limites legalmente estabelecidos cabe aos agentes sociais. Um juiz não pode ser militante de uma causa que não seja a da lei. Não raro, os críticos severos do legalismo acenam com um mundo bem mais perigoso, que é o do arbítrio e o da idiossincrasia.
De volta ao caso
Depois de um voto sereno e técnico da ministra Carmen Lúcia; de um não menos técnico, mas muito contundente de Gilmar Mendes, Barroso resolveu pedir um aparte a Marco Aurélio, que também demolia a tese da sobrevivência dos embargos infringentes. E deu início a uma catilinária que, lamento dizer, era nada mais nada menos do que a voz das hostes petistas levadas ao tribunal, até nas críticas indiretas que dirigiu à imprensa. A exemplo dos “companheiros”, parece que o ministro não tem em grande conta o jornalismo — ainda que revele, no tal livro, já ter apelado a favores de conhecidos seus na área (mas deixo isso pra lá agora). Como toda catilinária, esta também era contra alguém — o seu “Catilina” eram todos aqueles que não votaram como ele. Mas Barroso não tem a modéstia de Cícero — por que teria, não é? Assim, aproveitou o ensejo — e isso não é nada raro em suas intervenções, também as por escrito — para se elogiar.
Ao demonstrar como é consciencioso, sério, corajoso e honesto, sem que tivesse sido acusado por Marco Aurélio de coisa nenhuma, disparou:
“Como quase tudo que faço na vida, faço o que considero certo. Sou um juiz que me considero pautado pelo que é certo, correto. O que vai sair no jornal do dia seguinte não faz diferença para mim (…). Fico muito feliz quando uma decisão do tribunal constitucional coincide com a opinião pública. Mas, se o resultado não for (coincidente), aceito a responsabilidade do meu cargo. Não julgamos para a multidão, julgamos pessoas.”
Ulalá! Na quarta-feira, ao ler o seu voto, não teve dúvida em classificar de “casuísmo” — nada menos! — a rejeição dos embargos infringentes, acusação repetida nesta quinta, com outras palavras. Com mais um pouco de entusiasmo, o ministro lastimaria mais as multidões e o povo do que o Félix da novela quando entra em boteco de pobre. Perdeu a medida. É evidente que, por contraste, acusava, então, aqueles que dele divergiam de estar preocupados apenas “com o que vai sair no jornal no dia seguinte”. Ao fazer tal observação, alinha-se com os brucutus que saem por aí tentando invadir órgãos de imprensa, acusando-os de ser parciais. É o mesmo espírito. Agride também, é evidente, a independência de seus colegas. Ocorre, meus caros, que esse texto de Barroso tem copyright; esse texto é de José Dirceu, é de Rui Falcão, é de Lula; é de Delúbio Soares. Ora… Quem dizia ser surdo à voz da multidão? Barroso? Justo ele? Direi daqui a pouco a razão do meu espanto meramente retórico.
EU, COMO POUCOS, JÁ REPUDIEI JUÍZES QUE OUVEM MULTIDÕES. MAS EU EXECRO AINDA MAIS OS QUE OUVEM OLIGARQUIAS. EU SÓ RESPEITO JUÍZES QUE OUVEM AS LEIS.
Marco Aurélio mandou brasa:
“Vejo que o novato parte para a crítica ao próprio colegiado, como partiu em votos anteriores, no que chegou a apontar que, se estivesse a julgar, não decidiria da forma mediante a qual decidimos. Estimado amigo Luís Barroso, nós precisamos nos completar. (…) Não respondi a Vossa Excelência sobre a crítica que, para mim, não foi velada, foi uma crítica direta, porque achei que não era bom para a instituição a autofagia. (…) Vossa Excelência [referindo-se a Barroso] elogiou um dos acusados”.
Marco Aurélio se referia a um dos momentos mais constrangedores da história do Supremo, quando o novo ministro, ao simplesmente recusar um embargo de declaração da defesa de José Genoino, cantou as glórias de alguém condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha; que foi um dos principais protagonistas de um dos capítulos mais vergonhosos da história do país. Ele que elogie quem quiser. Que crie uma página na Internet para fazer seus panegíricos e confessar seus gostos (Taiguara, por exemplo). Que reúna os amigos num bar — longe da multidão, claro! — para expressar os seus afetos. Fazer, no entanto, o elogio a um condenado por crimes tão graves, por mais meritório que tivesse sido o passado deste (com o que não concordo, deixo claro!), é um acinte, um disparate, uma vergonha. CERTAMENTE O MINISTRO BARROSO NÃO ESTAVA FALANDO PARA SER OUVIDO PELAS MULTIDÕES. A QUEM FALAVA BARROSO QUANDO EXALTOU AS VIRTUDES DO CHEFÃO PETISTA?
Coragem?
Em tribunal em que estão Gilmar Mendes e Marco Aurélio, bater a mão no peito, quando se é Barroso, para dizer que não teme a multidão é prepotência imprudente, como todas. Alguém já viu um desses dois com medo do que vão dizer os jornais, as ruas ou as gangues organizadas na Internet? Ambos já passaram muitas vezes pelo corredor polonês da desqualificação por votar de acordo com o que consideram correto. A independência do “novato” ainda está por ser testada. No Brasil, quando se ocupa determinadas posições de poder, ser “independente” da “multidão” é até fácil; duro mesmo é ser independente dos oligarcas.
Vexames
Barroso fala sempre num tom bastante professoral, e parece que bebe diretamente da fonte da sapiência. Mas lhe foi dado ter uma grande ideia no Supremo, e ele, na prática, criou a figura do parlamentar-presidiário sob o pretexto de preservar a competência das Casas Legislativas para cassar seus respectivos membros. Cometido o erro, resolveu corrigi-lo com uma liminar que merece a qualificação de patética: não apenas interferiu, então, num Poder que ele dizia imune ao juízo da Corte nesse particular, como tentou firmar a máxima de que só estariam cassados os mandatos daqueles cuja pena excedessem o que lhes sobrasse de tempo como representantes do povo — criação batizada pelo ministro Gilmar Mendes de “mandato-salame”. Sobra-lhe de imprudência retórica o que lhe falta de prudência técnica.
De volta ao povo
Estou aqui com o seu livro, todo anotado, aberto na página 131. Aquele seu ataque de Félix em boteco de pobre não se ancora no que escreve (ou, então, se ancora, mas de um modo muito particular). O homem que não é reverente a multidões, sugerindo que esse é um mal que atinge seus pares avessos aos infringentes escreve isto:
“O pós-positivismo [e ele ser quer um pós-positivista, tá, leitor?] é uma superação do legalismo não com recurso a ideias metafísicas ou abstratas, mas pelo reconhecimento de valores compartilhados por toda a comunidade. Esses valores integram o sistema jurídico, mesmo que não positivados em um texto normativo específico. (…) Além dos princípios tradicionais como Estado de Direito democrático, igualdade e liberdade, a quadra atual vive a consolidação do princípio da razoabilidade e o desenvolvimento do princípio da dignidade da pessoa humana”.
Parece que o professor Barroso acha que a “comunidade” tem algo a ensinar ao direito e aos juízes, não e mesmo? Parece que, também no voto sobre os embargos infringentes, ele deveria ter atentado para a questão da razoabilidade…
Ocorre, e já vou começando a concluir, que Barroso tem uma visão muito particular de “multidão” ou, quem sabe?, de opinião pública. O patrocinador das causas do aborto de anencéfalos, da união civil de homossexuais e da permanência no Brasil do terrorista Cesare Battisti (sempre contra o disposto em textos legais, é bom que se diga) parece disposto a acatar não “os valores compartilhados por toda a comunidade”, como escreve, mas aqueles compartilhados por grupos de pressão, que se pretendem a vanguarda do progressismo. A “multidão”, ele despreza como expressão do senso comum e do vulgo (o boteco em que Felix não bebe nem água). Já esses grupos de pressão seriam, sei lá, como forças a educar esse povo xucro que ousa falar em Justiça.
Em suma: ainda falta um povo à altura do ministro Barroso. 
Por Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Jaques Wagner anuncia que Bahia não vai aderir ao horário de verão

Governador afirmou a decisão durante uma coletiva na tarde desta quarta.
Opção é a mesma do ano passado.
 
 A Bahia não vai participar do horário de verão no período de 2013/2014, afirmou o governador Jaques Wagner na tarde desta quarta-feira (11), durante uma coletiva à imprensa que anunciou 11 novos voos internacionais diretos de Salvador.
"Eu vou me manter fora do horário de verão. Nós fizemos uma experiência no ano retrasado, houve uma reação [negativa] muito grande da população, então, independente daquilo que eu acho, eu tenho que ouvir a ampla maioria da população. A rejeição foi muito grande. Então esse ano eu vou me manter, como no ano passado, fora do horário de verão", afirmou o governador.
A decisão é a mesma tomada no ano passado. Na ocasião, o governo da Bahia chegou a dizer que o estado iria aderir ao horário alternativo e depois fez uma solicitação ao Mistério de Minas e Energia pedindo a não participação.
De acordo com informações do governo, a população baiana, principalmente os trabalhadores, não é favorável ao horário de verão.
Em 2011, o estado adiantou em uma hora o relógio após oito anos. Nesse ano, de acordo com o relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico, a Bahia economizou 105 megawatts em 2011, o que corresponde a 4,2% de toda a energia elétrica que seria consumida neste período

Mensalão pode prescrever

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Em terras do PT – Subscretário da Bahia contém fúria do MST a tiros; o curioso é que movimento comanda uma pasta do governo


Pois é… Coisa igual nunca se viu. Fico cá a imaginar se o episódio tivesse acontecido no governo de um partido, como é mesmo?, “reacionário”, “conservador”, “de direita”, “dazelite”… O mundo viria abaixo. A esta altura, a gritaria nas redes sociais seria ensurdecedora. A imagem correria o mundo. Memes teriam sido criados e já teriam se multiplicado aos milhões. Mas, sabem cumé, tudo se deu no governo do PT. E os adversários do partido não são exatamente ágeis. A que me refiro?
O MST, com os métodos trogloditas de sempre, decidiu invadir a Secretaria de Segurança Pública da Bahia para cobrar agilidade na investigação do assassinado de um dirigente do movimento, ocorrido em abril, na zona rural de Iguaí. Como os policiais não conseguiram conter o grupo, Ari Pereira, subsecretário da pasta, não teve dúvida: efetuou disparos com uma arma de fogo — fala-se em três; a secretaria diz que foi apenas um — para conter o ânimo dos exaltados, que estavam armados de foices, paus, machados, facões, essas coisas que o MST costuma usar para argumentar. A foto no alto é do próprio MST e registra o subsecretário com a arma na mão.
Há uma nota a respeito do site da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, a saber (em vermelho):
Armados com foices, facões, machados, enxadas, facas e pedaços de pau, integrantes do Movimento dos Sem-terra (MST) invadiram, por volta das 8 horas de hoje (10), a sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), localizada no Centro Administrativo da Bahia. Eles ocuparam o térreo e, após tentarem tomar a arma de um soldado da guarda, já iam subir as escadas de acesso aos outros pavimentos, quando foram impedidos por um disparo de advertência.
Esta rápida ação fez os manifestantes – homens, mulheres, adolescentes e até crianças – recuarem, o que garantiu a integridade dos servidores, que já começavam a chegar ao trabalho, e das instalações do prédio. A Secretaria da Segurança Pública esclarece que o MST, com carro de som, suprimentos e acampado em barracas em torno da sede da instituição, não apresentou, até o final da manhã, qualquer pauta reivindicatória. A SSP também afirma estar aberta ao diálogo com o Movimento do Sem-terra, embora repudie qualquer manifestação violenta, que ameace a integridade dos funcionários e as instalações físicas de suas dependências.
Comento
A pasta também divulga fotos da invasão (acima). Se foi assim como diz a nota, com tentativa até de tomar arma de policial (e nada que venha dos bravos comandados de João Pedro Stedile me surpreende), considerando especialmente que se trata da Secretaria de Segurança Pública, e se o tiro foi mesmo só de advertência, digamos que a coisa tente ser compreensível… Mas não dá! É indesculpável e evidência, mais uma, de escandalosa incompetência. Por quê? E se, apesar do tiro, a turma tivesse avançado? Ari iria fazer o quê? Atirar para matar? Pior: o grupo poderia lhe ter tomado a arma. Dado um tiro, outros policiais presentes poderiam fazer o mesmo.
Parece-me que o correto — e sei que isso demoraria algum tempo, mas era o mais seguro — teria sido acionar a tropa de choque da Polícia Militar, não é? Ela poderia, a depender do tempo, ter coibido a invasão ou efetuado a desocupação. O que é mais curioso é que esse tipo de ação ocorre, e ninguém é preso; ninguém responde pela bagunça. Digam-me aqui: o que vocês acham que aconteceria se um baiano comum, que não pertença ao “movimento social”, decidisse invadir a Secretaria de Segurança Pública e tomar a arma de um policial?
A nota da secretaria sugere que se agiu com a devida energia e a tempo. Ao contrário: fica caracterizada, uma vez mais, a bagunça que vive essa área da administração na Bahia, o que talvez explique a escandalosa escalada de homicídios no estado sob a gestão petista.
MST é prata da casaVejam esta foto. 

O MST, de resto, é unha e carne com o governo da Bahia. Em 2011, os valentes invadiram a Secretaria de Agricultura do Estado. O que fez o governador Jaques Wagner? Recorreu à Justiça para obter a reintegração de posse, uma obrigação funcional sua? Não! Passou a alimentar a turma com 600 quilos de carne por dia. Era tanta comida que as sem-terra passaram a salgar a carne para que não apodrecesse (imagem acima). Vinte dias depois da desocupação, Wagner nomeou Vera Lúcia da Cruz Barbosa para a Secretaria de Políticas para as Mulheres. E quem é Vera? Dirigente do MST, membro da Via Campesina e integrante da Coordenação Nacional dos Movimentos Sociais (CMS). Ou por outra: a turma que invadiu a Secretaria de Segurança Pública da Bahia e foi contida a tiros está no… governo da Bahia.
Entenderam?
Por Reinaldo Azevedo

domingo, 8 de setembro de 2013

Os filhos dados das mães pobres do sertão. Entregar crianças para serem criadas por outras famílias ainda é comum no Nordeste

BRUNO PAES MANSO / TEXTO, TIAGO QUEIROZ / FOTOS, ENVIADOS ESPECIAIS, MONTE SANTO -

O Estado de S.Paulo

O sofrimento e os dilemas vividos pela lavradora Beatriz Oliveira Lopes durante a gravidez de seu primeiro filho, nascido em Euclides da Cunha, no sertão baiano, são dignos das tragédias do Cinema Novo. O pai da criança era um jovem covarde e desinteressado, que bebia demais e não quis assumir o romance com a mãe. Bia, como é chamada, tinha 20 anos e morava com uma família de 12 irmãos. O padrasto, ao saber das novas, apontou uma arma para a cabeça dela e a expulsou de casa.

Talvez por falta de hábito ou por convicção, aborto não era uma escolha. Na pobre cidade de Monte Santo, Bia também não poderia contar com bons serviços públicos como creches, escolas e postos de saúde. Ela acabou seguindo um costume secular da região, onde o beato Antônio Conselheiro ergueu Canudos e Glauber Rocha filmou Deus e o Diabo na Terra do Sol. Enfrentou a gestação e as dores do parto, viu o rosto da criança antes de dar o próprio filho para outra família criar.
"Era minha única opção. Se eu não tivesse dado, hoje o Max estaria morto. Ele precisou ainda passar por uma cirurgia quando tinha 2 meses. Eu não poderia pagar", conta Bia, na varanda de casa no povoado de Várzea dos Bois, na frente do terreno onde planta milho e feijão com a mãe e os irmãos.
Benhard Max Lopes seria o primeiro filho adotivo da gaúcha Carmen Topschall, de 49 anos, e do alemão Benhard, de 56, que tentavam montar na Bahia uma empresa de exportação de tripas para embutidos. Os dois são personagens da outra ponta do drama: representam o lado dos familiares de classe média, moradores das grandes cidades, que carregam para seus lares os filhos doados nos confins da seca. Cortam, assim, as longas filas de espera para adotar recém-nascidos.
Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, atualmente há uma criança disponível para cada seis pretendentes. O funil vai se estreitando conforme aumentam as exigências das famílias. Entre as crianças, menos de 1% são meninas brancas, com menos de 1 ano, tipo preferido pelos pais. "Se desejar uma menina branca recém-nascida, a fila de espera é longa. Se aceitar receber um menino negro, de 10 anos, que já viveu na rua, a adoção ocorre no dia seguinte", explica o advogado Antonio Carlos Berlini, presidente da Comissão Especial dos Direitos à Adoção da OAB-SP.
Em 2005, depois de perder uma criança e ser obrigada a tirar o útero, Carmen se candidatou à adoção em Salvador. Depois de Max, eles adotariam outras duas crianças e mediariam a adoção de mais uma dezena para famílias do Sul e do Sudeste. As articulações levantaram suspeitas, que resultaram em reportagens na televisão e jornais, motivando a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa da Bahia e no Congresso Nacional. Eles eram suspeitos de participar de uma organização criminosa que traficava crianças.
Percorrendo os povoados entre Monte Santo, Euclides da Cunha, Cansanção e Quijingue, para falar com as mães que deram seus filhos, o que sobressai, acima de tudo, são dramas familiares, arrependimentos, cicatrizes abertas - resultado do encontro de mães de dois mundos diferentes, com expectativas diversas sobre o futuro.
No povoado de Mandassaia, em Monte Santo, a reportagem chega à casa de Dona Belinha, de 60 anos, para falar de sua sobrinha-neta, entregue quando tinha 2 anos para ser criada por Carmen. É o início de uma longa conversa, regada a lágrimas. A mãe que deu os filhos é Lineide Barbosa, de 32 anos. Além de Andréia, ela deu também um filho recém-nascido para um casal do interior de São Paulo.
Lineide admite que pediu ajuda e queria se desfazer dos rebentos. Mas se arrependeu e, segundo ela, foi enganada pelas mães adotivas. Andréia, que tinha 2 anos e hoje é criada por Carmen, não queria ir embora. A menina, no dia em que foi dada, se agarrou à mãe pedindo para ficar. No hospital, levaram seu filho recém-nascido. "Como o pai estava envolvido com drogas, me disseram que eu seria presa, caso não desse meus filhos", conta.
Os parentes de Lineide, contudo, culpam a irresponsabilidade e o descaso da mãe pela perda da criança. E pedem apenas para ver a menina de 2 anos mais uma vez. "A forma como a menina foi embora, chorando, deixou a gente traumatizado. Ela desapareceu e a gente gostaria de saber pelo menos se está bem", diz Belinha.
Advogado de Carmen, Maurício Vasconcelos afirma que o costume de dar crianças é antigo no Nordeste. Ele próprio, segundo conta, foi criado com uma irmã dada pela mãe miserável. Seu tio-avô também foi dado por uma família pobre. A prática era recorrente entre cangaceiros, ele explica, que ofereciam seus filhos para serem criados pelas famílias abastadas do Nordeste. "Nunca houve controle de natalidade nos sertões e dar os filhos, na maioria das vezes, é uma maneira amorosa de garantir o futuro da criança."
A falta de estudos e de repertório para conversar com pessoas mais estudadas, no entanto, é própria para mal-entendidos, sentimentos de injustiça e impotência. A lavradora Maria José da Silva, de 26 anos, que deu seu filho em 2011 para uma família de São Paulo, se arrependeu. Se sentiu pressionada, diz, porque a cesárea foi paga pela família adotiva. Achava que veria a filha novamente e não guardou uma foto da criança. "Caí no conto deles."
Ao contrário da lavradora Eunice de Jesus, de 40 anos, que mora em uma casinha de barro à beira da BR-116, com dois filhos. Ela deu a menina recém-nascida a uma família adotiva, amiga de Carmen. Eunice, como as demais mães nordestinas, nega ter recebido dinheiro. A mãe adotiva pagou o hospital, o ultrassom e a ligação das trompas de Eunice. A menina nasceu com um problema no olho esquerdo. "Foi o melhor para minha filha ficar. De um pecado pelo menos Deus não vai me cobrar. Eu não tomei remédio para ter meu filho morto no meio do mato", diz Eunice, alegando que, pelo menos, não fez aborto.
Dúvida. Outra lavradora, Pascoalina Maria de Jesus, de 48 anos, ia dar seu filho Jonaelson, um menino de 3 anos e olhos verdes. A mãe adotiva chorou e comprou presentes para ele quando o viu. Mas Pascoalina se arrependeu antes de a criança ir definitivamente. Restaram as dúvidas sobre o futuro do filho, que hoje vive à base de doações de alimentos. Sem falar nas dúvidas que a perturbam sobre a vida que o filho teria se tivesse sido criado por uma família rica.

Bolsa Família faz dez anos; exame de paternidade aponta petistas, tucanos e neoliberais do Banco Mundial

“Deve-se confiar nos pobres, eles fazem boas escolhas”, disse a uma plateia de petistas de primeiro escalão o americano David de Ferranti, na época vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina.

A época era o ano de 2003, mais precisamente no dia 31 de março, quando o governo Luiz Inácio Lula da Silva completava seus primeiros três meses e debatia em seminário o seu mais importante programa social.
Um tal Fome Zero.
Sem muita sutileza, Ferranti atacava a proposta que havia encabeçado a campanha de Lula ao Planalto, cuja grande inovação seria a distribuição de cartões a serem utilizados obrigatoriamente na compra de comida.
A receita alternativa do economista era o que havia de mais consensual na agenda neoliberal de Washington: unificação de ações de combate à pobreza em um programa de renda focado apenas nos segmentos mais miseráveis da poupação, no qual os beneficiários têm liberdade para usar o dinheiro desde que se comprometam com contrapartidas como a frequência escolar dos filhos.
Poucos meses depois surgia o Bolsa Família, cujo primeiro decênio de vida começa a ser comemorado pelos petistas.
É óbvio que Ferranti não havia feito uma mera contribuição pessoal ao debate. Sua tese contava com aliados no Ministério da Fazenda de Antonio Palocci e seu secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa.
Lisboa vinha do Iets (Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade), entidade que tinha o Banco Mundial entre seus financiadores, e na campanha eleitoral havia coordenado um documento conhecido como a “Agenda Perdida”. O texto pregava reformas liberais na economia e ações sociais focalizadas _até então, a política social brasileira era composta basicamente por programas universais, ou seja, disponíveis para todos.
As ideias provocavam reações veementes no PT. Em um seminário no mês de abril, Guido Mantega, então ministro do Planejamento, chamou a “Agenda Perdida” de “agenda fajuta”.  Dias antes, em entrevista publicada pela Folha, a economista de maior renome no partido, Maria da Conceição Tavares, havia chamado Lisboa de “semi-analfabeto” e o Iets de “grupo de débeis mentais do Rio de Janeiro”.
Um documento publicado em 2007 pelo Banco Mundial tratou da paternidade do Bolsa Família. Relata-se um encontro sobre o assunto, naquele mesmo março de 2003, entre Lula, o presidente do organismo, James Wolfensohn, e Santiago Levy, formulador de um programa de combate à pobreza no México. Dali em diante, o banco prestou assistência técnica na elaboração do programa brasileiro.
Como o texto aponta, porém, as origens da ideia são mais antigas no debate e na prática administrativa do país. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), por exemplo, já defendia obsessivamente havia mais de uma década um programa de renda mínima.
Em 1995, quase simultaneamente, o governo do Distrito Federal, comandado pelo PT, e a Prefeitura de Campinas, do PSDB, lançavam iniciativas pioneiras, que seriam posteriormente copiadas ou adaptadas em uma série de municípios.
Em 2001, FHC criou o Bolsa Escola federal, repetindo o nome adotado no DF, e o Bolsa Alimentação. Até o final de seu mandato, outras ações de menor montante, como o Auxílio-Gás, seriam inauguradas.
Tucanos costumam reivindicar uma parcela majoritária do DNA do Bolsa Família, que, segundo sua argumentação, seria mera unificação de verbas já existentes. Mas foi a administração petista que deu ao programa uma escala antes inimaginável: em 2002, o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação gastavam juntos R$ 1,7 bilhão, ou R$ 3,2 bilhões em valores atualizados, enquanto o Bolsa Família desembolsará R$ 21,4 bilhões neste ano.

 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Médico desiste do programa de Dilma e afirma: “É uma aberração: teto caindo, muito mofo e infiltração, uma parede que dá choque, sem ventilação no consultório, sala de vacina em local inapropriado, falta de medicamentos”

Pois é… No ritmo em que vão as coisas, o país logo precisará de “Mais Médicos”… cubanos! As condições de trabalho no interior do país e nas periferias requerem mesmo a mão de obra escrava oriunda da ilha comunista. Os profissionais que conservam o seu direito de ir e vir e que são donos do próprio destino tendem a recusar os pardieiros que abrigam as unidades de atendimento. Leiam trecho de reportagem publicada nesta terça pela Folha. Volto depois.
Médicos questionam infraestrutura e exigências e abandonam programa
Por Daniel Carvalho e Nelson Barros Neto:
A carreira de Nailton Galdino de Oliveira, 34, no programa Mais Médicos, bandeira de Dilma Rousseff (PT) para levar atendimento de saúde ao interior e às periferias, durou menos de 48 horas e exatos 55 atendimentos. Alegando estar impressionado com a estrutura precária da unidade em Camaragibe (região metropolitana do Recife), onde atuou por dois dias, pediu desligamento. “É uma aberração: teto caindo, muito mofo e infiltração, uma parede que dá choque, sem ventilação no consultório, sala de vacina em local inapropriado, falta de medicamentos”, afirmou.
Casos de desistência como esse frustraram parte dos municípios que deveriam receber anteontem 1.096 médicos brasileiros da primeira etapa do programa (os estrangeiros só vão começar depois). A Folha encontrou exemplos espalhados pelo país, com justificativas variadas alegadas pelos profissionais –incluindo falta de infraestrutura, planos profissionais e pessoais e desconhecimento de algumas condições. Na prática, as desistências de brasileiros devem reforçar a dependência do programa por profissionais estrangeiros.
Um balanço da segunda rodada do Mais Médicos mostra baixa adesão de novos interessados na bolsa de R$ 10 mil por mês. Houve só 3.016 inscrições — mais de metade de formados no exterior. Enquanto isso, a demanda por médicos ultrapassou 16 mil — menos de 10% foi suprida na primeira etapa. O ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse que, após a nova fase, deve pensar “outras estratégias” para atrair mais médicos. Ele comparou as baixas às dificuldades cotidianas de contratação.
(…)
Voltei
Aí vai uma síntese do caráter deletério do programa Mais Médicos. O governo queria espalhar os doutores Brasil afora, mas sabia, e sabe, que inexiste a estrutura física para abrigar esses profissionais. Não é por acaso que o Ministério da Saúde não consegue a chamada “interiorização” dos médicos. Sentindo-se aviltados, acabam recusando o trabalho; outros tantos, como se lê acima, desistem quando constatam o cenário miserável em que terão de trabalhar.
Eis que surgem, então, os cubanos. Acostumados com situações até mais precárias do que as que encontrarão aqui; impossibilitados de dizer “não” ao regime que os exporta — a alternativa é ficar na ilha e receber US$ 35 por mês; impedidos de construir uma carreira no Brasil porque suas respectivas famílias ficaram em Cuba, e o visto provisório não lhes dá o direito de exercer outra atividade que não aquela do “contrato”; sabedores de que é inútil tentar desertar ou, como ameaçou o governo, serão “devolvidos”; submetidos ao regime férreo de obediência ao comunismo; postos, mesmo aqui no Brasil, sob a tutela de agentes cubanos, que são seus verdadeiros chefes, então os doutores de Fidel ficarão — com parede dando choque, mofo, sem ventilação… Mais: eles não reivindicarão nada. Ficarão longe de qualquer associação ou órgão de classe. Pronto! O modelo é perfeito. Na campanha do ano que vem, Dilma e Padilha se orgulharão do seu feito.
A ditadura cubana receberá, em valores de hoje (e tomando 4 mil médicos como referência) US$ 200 milhões por ano, na expectativa de que chegue a US$ 500 milhões, já que se fala lá em Brasília na contratação de até 10 mil cubanos — uma leva grande viria dos que atuam hoje na Venezuela. É um negócio bom para todo mundo, até para esses profissionais de Cuba — afinal, mesmo recebendo só uma pequena parcela dos R$ 10 mil, a alternativa é muito pior. Sem precisar prestar contas a quem quer que seja, a ditadura receberá a dinheirama. E sempre há, não custa relembrar, a chance de que parte dela volte na forma de financiamento de campanha, né? Será que os nossos patriotas fariam uma coisa feia como essa?
Informa ainda a Folha: “Em Vitória da Conquista (BA), dos cinco médicos que deveriam ter começado, três já desistiram. Na região metropolitana de Campinas, dos 13 selecionados, 5 pediram para sair. Na capital paulista, 1 de 6 voltou atrás. Em Salvador, 5 dos 32 convocados já abandonaram, assim como 11 dos 26 profissionais previstos em Fortaleza. No Recife, 2 desistências foram confirmadas de um total de 12 médicos selecionados.”
O sistema de saúde de que Padilha é o chefe máximo é incompatível com um regime de homens e mulheres livres.
Por Reinaldo Azevedo