terça-feira, 31 de maio de 2011

Irecê comemora mais uma vez a data errada e agora para sempre.

A revisão da história do Brasil está em alta. Nada menos que três livros tratando do assunto estão na lista dos mais vendidos. Em primeiro “Guia politicamente incorreto da história do Brasil”; 2º “1822” e 3º “1808”. O Guia politicamente incorreto trata da derrubada de alguns mitos que nos foram ensinados nas escolas. Os outros dois trata da independência do Brasil e o terceiro da chegada da família real no Brasil. Em todos, uma visão iconoclasta dos fatos ali narrados. Conclui-se então que o brasileiro está interessado nos fatos reais, não naqueles edulcorados que nos foram repassados por professores indolentes, segundo a versão sancionada pelo MEC de sucessivos governos.
Somos nordestinos, baianos do Polígono das Secas, dominados por uma política clientelista onde ainda vige a república dos coronéis. Isso é tanto verdade que Morro do Chapéu cultua e até ergueu estátua para o seu mais famoso coronel. Aqui neste sertão as verdades estabelecidas não podem ser contestadas. Não podem e não devem. Experimente fazer uma crítica, minimamente que seja ao coronel Dias Coelho para ver a enxurrada de protestos que surgirá. Toda cidade precisa de um mito, de um herói a ser cultuado, já que a cota de heróis atuais parece ter se esgotado. O futuro é de total desesperança neste aspecto.
Enquanto a história do Brasil está sendo desmistificada, a nossa continua rígida e imutável. Nada menos do que quatro municípios da Chapada Diamantina comemoram suas emancipações em datas erradas, a saber: Jacobina, Morro do Chapéu, Irecê e Xique Xique. Tudo porque quando foram emancipados receberam a denominação de Vila. E vila, cidade, distrito, termo, comarca são denominações que deixam nossos pesquisadores em completa confusão. Num dos blogs aqui de nossa cidade, diz-se que Irecê comemora hoje sua data de elevação a cidade. Não é. Hoje Irecê comemora sua RESTAURAÇÃO a município.
Assim como a de Morro do Chapéu, tudo na história de Irecê está errado. Diz-se que ele foi elevado a categoria de distrito em 1906 quando na verdade isso ocorreu em 1910. Em 1926 Irecê foi DESMEMBRADO de Morro do Chapéu elevado que foi a categoria de município. Agora que vem a confusão: elevado a categoria de município com a denominação de Vila? Isso mesmo. Vila era a SEDE do município e não o município todo. Até 1938, todo município criado tinha sua sede com a denominação de Vila. Antigamente o município tinha que satisfazer certas exigências para que sua SEDE fosse elevada a condição de CIDADE. A partir de 1938, por decreto do presidente Getulio Vargas, todos os municípios tiveram suas sedes elevadas a categoria de cidade. Veja que todos os municípios que foram desmembrados de Irecê, já tinham suas sedes como cidade. E agora que vem a data totalmente ignorada pelos ireceenses: Irecê passou a categoria de cidade em 30 de março de 1938.
Está difícil o entendimento?  Adiante.
Em 1931, não só Irecê como uma vasta relação de municípios voltaram a pertencer a seus territórios de origem. Mas preservaram sua área de quando passaram a município, tendo como administrador um sub-prefeito. Em 1933, por interesses políticos do governador Juracy Magalhães todos os municípios supressos recuperaram  sua independência. E é essa data que querem nos impingir ignorando as administrações de Aristides Rodrigues Moitinho e Teotonio Marques Dourado Filho, intendente e prefeito que foram em 1926/1927 e 1927/1931. Trata-se de um esbulho que ficará eternizado, vez que o prefeito (ironicamente um Dourado) resolveu oficializar a data.
Irecê é um caso perdido. Morro do Chapéu pelo menos discute-se o assunto. Falaremos da emancipação do nosso município no próximo post.  

Prefeitura abre crédito especial de R$ 2.250.000,00 para obras.

Lei nº. 927, de 16 de maio 2011
"Autoriza o Poder Executivo Municipal a abrir Crédito Especial e dá outras providências"
O PREFEITO MUNICIPAL DE MORRO DO CHAPÉU, Estado da Bahia, no uso de suas atribuições e em conformidade com a Lei Orgânica Municipal.
Faço saber que a Câmara de Vereadores aprova e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei.
Art. 1º.
Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a abrir Crédito Especial de até R$ 2.250.000,00 (dois milhões, duzentos e cinquenta mil reais) para Pavimentação de Ruas nos Bairros da Pedra Grande, Ferro de Engomar e da Capelinha na sede do Município, bem como, recuperação de Estradas Vicinais nas Regiões do Gaspar, Barriguda e Lagoa do Cazuza, além de perfuração de cinco Poços Artesianos no interior do Município.
Art. 2º.
O Crédito Especial que trata o artigo anterior será aberto mediante a utilização dos recursos provenientes dos Convênios firmados com os Ministérios das Cidades e da Agricultura, PAC-2 e CODEVASF.
Art. 3º.
A divisão de contabilidade fará a devida classificação da despesa, na forma prevista na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964.
Art. 4º.
Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 5º.
Revogam-se as disposições em contrário.
GABINETE DO PREFEITO, 16 de maio de 2011.
Cleová Oliveira Barreto
Prefeito Municipal

História de Morro do Chapéu III

Estrada de Jacobina a Rio de Contas – a Estrada Real.

No século XVIII, Jacobina e Rio de Contas eram os maiores produtores de ouro na Bahia. A fim de cobrar o quinto de todo o mineral extraído, o rei de Portugal determinou a Pedro Barbosa Leal, que já edificara as vilas de Jacobina, no Saí, e Rio de Contas, no sopé da serra das Almas, a tarefa de abertura da estrada de ligação dessas duas vilas mineradoras, por onde, mais rapidamente, se deveria deslocar o ouro extraído.
    Leal concluiu sua obra em 1725, como atesta a carta do vice-rei e capitão-general do Brasil, Conde Sabugosa, Vasco Fernandes César de Menezes ao rei D. João V, para dar conta da abertura de um caminho de ligação de Jacobina ao Rio de Contas e da criação de uma vila para cobrar e arrecadar os quintos das minas. Portanto, a cobrança do quinto e o efetivo escoamento do ouro com a segurança e a rapidez possíveis. Por ter sido uma obra determinada pelo rei de Portugal, a primeira estrada aberta no interior da Bahia, ligando as duas minas, ficou conhecida como Estrada Real.
     Na construção das estradas coloniais, em geral, utilizavam-se técnicas rudimentares, apenas de terraplanagem de uma estreita faixa, para o deslocamento, sem embaraços, de cavaleiros e tropas. O sertanista Joaquim de Quaresma Delgado, empreendeu uma viagem por essa essa estrada que caracterizada pelos detalhes, permite identificar praticamente todo o seu curso e a maioria das referências geográficas, das fazendas e povoações, dos caminhos vicinais. Trata-se, pois, de preciosa fonte para o estudo da história colonial da Capitania da Bahia, em particular das regiões mineradoras de Jacobina e Rio de Contas.
   
Roteiro empreendido por Joaquim Quaresma Delgado, respeitando-se a grafia original.

Da Jacobina à Fazenda da Motuca. Da Jacobina à Lagoa dos Padres da Missão da Jacobina uma légua, desta ao pé das serras do Tombadouro2 2 léguas e aqui está uma casa com sua roça desta acima do Tombadouro ao Sorvedouro um quarto de légua e está um poço formado da natureza, cujo fim não se tem ainda vasado e está a direita da estrada debaixo de umas árvores que o cobrem, desate à fazenda de gado cavallar por nome a Motuca um quarto de lágua e fica esta a parte esquerda da estrada. Tem água e pastos.
                
OJatubá3, fazenda do dito gado e 2 léguas. Das Motuca ao Jatubá há 2 léguas e fica esta em direitura da estrada, tem pastos e água pela banda de detraz da fazenda à parte do sudoeste.

Ao meio da Catinga das Flores4 4 léguas. De Jatubá ao meio da Catinga das Flores há 4 léguas, não tem pasto nem água em toda a jornada, somente aqui tem algum pasto antes de chegar a uma porteira que aqui tem e por força se deve fazer esta viagem.

Da fazenda das Flores à fazenda da Volta e o rio Jacuipe5. Das porteiras ao meio da catinga a fazenda das Flores duas léguas, desta à fazenda da Volta pouco menos de 1 légua e mais adiante cousa de meio quarto de légua rancho ao pé do rio Jacuipe. Estas duas fazendas crião gado cavallar e em qualquer dellas se apode arranchar que pasto e água.

A fazenda do Coronel das Estradas  João Peixoto6, districto já do Morro do Chapéo7 4. Do rio Jacuipe à fazenda do coronel João Peixoto há 4 léguas e não há água, mas não falta pasto, mas é conveniente ir a dita fazenda que tem água e pastos e cria gado vacum e cavallar.

Á Boca da Catinga. Desta fazenda à Boca da Catinga são 2 léguas e 1 quarto aqui à parte esquerda fica o Morro do Chapéo e entre elle e o rancho que é ao pé da estrada de uma catinga, fica aguada em um alagadiço.

A Lagoinha 3. da Boca da Catinga em distancia de 1 légua, descendo para baixo, se dá em uma várzea que em tempo de água há de ter água e bons pastos mas agora não tem e d´aqui uma légoa se dá uma várzea grande que aqui chamam Lagoinha e fica a parte direita da estrada ao despedir de uma catinga baixa e aqui se vê o rancho também a parte direita mais agora não tem nem uma acousa nem outra e por força se há de descançar aqui.

Ao Riacho das Pedras9 cinco léguas. Desta Lagoa Riacho das Pedras há cinco léguas e aqui descendo para baixo em uma varzinha como Riacho ao pé a parte direita e o Rancho debaixo de uma grande árvore. Aqui tem pasto e água, mas agora na seca tem água em Caldeirão e pasto nenhum, mas quando o tem se vai por um caminho que fica para a parte do sul pela catinga dentro e um bocado de caminho que fica para a parte do sul pela catinga dentro e um bocado de caminho se dá em cima de um monte sem matto aonde cria capim.

A estrada prossegue passando por várias localidades que depois se tornariam municípios, mas optamos encerrar a descrição até aqui, pois nosso objetivo é descrever a história de Morro do Chapéu, portanto a estrada chegou ao limite do município com Cafarnaum.

1         Pedro Barbosa Leal, baiano, filho de um coronel de ordenança homônimo e de Antonia Maria de Vasconcelos, capitão de infantaria em 1691, senhor de engenho, sesmeiro entre os rios Sergipe e Japaracuba. Por determinação do governador geral João de Lancastre (1694-1702), procurou Belchior da Fonseca Saraiva, o Moribeca, para se  informar sobre minas de prata que o seu bisavô teria descoberto no interior da Bahia. Com pequena expedição, palmilhou os montes de Picaraçá e  Jacobina, até as margens do São Francisco, onde descobrira ametistas e salitre. De Itabaiana regressou a Salvador. Em 1697, voltou a Jacobina, depois de nomeado por Lancastre administrador do salitre de Curaçá, onde permaneceu até 1702. no ano seguinte, descobriu ouro em Jacobina e, em seguida, acompanhou Lancastre em inspeção à fábrica de salitre de Curaçá. Decepcionado por não conseguir sesmarias no rio de São Francisco, pleiteou e obteve terras entre o rio Doce e Itacambira onde pesquisou minerais e guerreou contra populações nativas. Por determinação do vice-rei, em 1720 edificou Jacobina, em 1724, Rio de Contas, e em 1725, a estrada de interligação dessas vilas pioneiras nos sertões da Bahia. Nesse mesmo ano, comunicou ao vice-rei Vasco Fernandes César de Menezes (1720-1736), a descoberta por Antonio Carlos Pinto, das minas do rio Paramirim (FRANCO, 1989:207).

2         Ramificação da cordilheira do Espinhaço que atravessa o municipio de Jacobina de norte a sul, no qual se desenvolveu a atual povoação de Tombadouro do Araújo.

3         Atual povoado de Praça do Jatobá, na serra do Tombadouro, nascente do Itapicuru-Mirim.

4         Atual povoado de Flores, no município de Morro do Chapéu.

5         Curso d´água que nasce nas cercanias de Morro do Chapéu e deságua na Bahia de Todos os Santos.

6         João Peixoto Viegas, neto do português de Viana do Castelo, de nome idêntico, e Bárbara Fernandes; filho de Francisco de Sá Peixoto e Ângela Bezerra. Combateu índios no Paraguaçu com Antonio Veloso da Silva e Francisco Alves Correia, em 1727, quando se feriram no ataque à aldeia de João Amaro. Cinco anos depois, com André da Rocha Pinto e Manoel Queiroz Sampaio explorou ouro em Rio de Contas (CALMON, 1985: 491-494; FRANCO, 1989:438).

7         Municipio criado em 1864, com território da freguesia de N. S. das Graças do Morro do Chapéu, desmembrado de Jacobina e da freguesia de N. S. da Conceição  de Mundo Novo, que se emancipou de Monte Alegre, atual Mairi. Em 1880, a freguesia de Mundo Novo se reincorporou a Monte Alegre.

8         Povoação do município de Morro do Chapéu, limítrofes do atual município de Cafarnaum.

9         Atual povoado de Lagoa das Pedras, no município de Cafarnaum.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Alemanha será 1ª potência a renunciar à energia atômica

O governo alemão prometeu fechar seus últimos reatores nucleares até 2022
Ao anunciar que vai desligar todas as suas usinas nucleares até 2022, a Alemanha passa a ser a primeira potência industrial a renunciar à energia atômica.
Queremos que a eletricidade do futuro seja segura e, ao mesmo tempo, confiável e econômica"
Angela Merkel
Ao anunciar que vai desligar todas as suas usinas nucleares até 2022, a Alemanha passa a ser a primeira potência industrial a renunciar à energia atômica. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo ministro do Meio Ambiente do país, Norbert Röttgen, após acordo da coalizão de governo liderada pela chanceler Angela Merkel.
Além de parar de usar a energia nuclear, a Alemanha também planeja reduzir o uso de eletricidade em 10% até 2020 e dobrar a participação de fontes renováveis de energia para 35% no mesmo período, segundo um documento do governo obtido pela agência de notícias Reuters. Dos 17 reatores alemães, 14 não estarão mais em serviço no fim de 2021 e os três últimos - os mais novos - serão utilizados até 2022 no mais tardar, explicou o ministro, enfatizando que a decisão é "irreversível".
"Nosso sistema energético tem de ser mudado fundamentalmente e pode ser mudado fundamentalmente. Queremos que a eletricidade do futuro seja segura e, ao mesmo tempo, confiável e econômica", destacou a chanceler a jornalistas nesta segunda-feira. Merkel não deu mais detalhes do plano, mas o documento afirma que a meta alemã de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em 40% até 2020 está mantida.
Instalações - A Alemanha tem 17 reatores nucleares, sendo que oito deles já estão desconectados da rede de produção de energia elétrica. Conforme destacou o ministro, estas oito instalações não serão reativadas. O país tem mais onze anos para encontrar uma forma de cobrir 22% de suas necessidades em termos de energia elétrica, atualmente atendidas pelas centrais nucleares.
A decisão pode ser até mais ambiciosa do que a saída da energia nuclear planejada pela coalizão entre sociais-democratas e verdes quando estavam no poder em 2000, mas ainda pode enfrentar oposição de empresas do setor. A chanceler alemã conseguiu aprovar no fim de 2010 uma prorrogação de 12 anos em média para a duração legal da exploração dos reatores do país. Por ser contra a opinião pública alemã, a medida provocou uma explosão do sentimento antinuclear na Alemanha.
Após a catástrofe da central nuclear japonesa de Fukushima em março, no entanto, Merkel interrompeu imediatamente o funcionamento das centrais mais antigas do país e iniciou um debate sobre o abandono da atividade nuclear civil, que deve resultar em uma decisão formal no conselho de ministros de 6 de junho. Em 23 de março, a chanceler declarou que, quanto antes for abandonada a energia atômica, melhor.
Protestos - Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas no sábado em diversas cidades da Alemanha para reivindicar o abandono da energia nuclear. No domingo, um grupo de ativistas da ONG Greenpeace voltou a protestar em Berlim, pedindo que o prazo fosse antecipado para 2015. A maioria dos eleitores na Alemanha é contra a energia atômica, que fornecia 23% da energia do país antes de sete unidades antigas serem fechadas em março

Bahia testa mosquito transgênico antidengue

Inseto alterado em laboratório produz filhotes incapazes de transmitir a dengue
Pelas ruas de terra do bairro de Itaberaba, em Juazeiro (BA), um carro com dois pesquisadores para a cada cem metros. Um deles desce e destampa um pote de onde saem cerca de 500 mosquitos Aedes aegypti, o transmissor da dengue. A cena se repete há três semanas e, até julho, a expectativa é de que sejam liberados 33.000 machos por semana. Depois, a ação subirá para 50.000 a 100.000 mosquitos por semana.
A "pulverização" de mosquitos foi repetida 22 vezes há duas semanas. O ritual faz parte de um projeto científico que causa expectativa na administração pública da saúde. "Se der o resultado esperado, podemos reduzir de maneira expressiva os números da dengue", avaliou o coordenador do projeto, Danilo Carvalho. "Não há dúvida de que o projeto é promissor", afirmou o diretor do Complexo Industrial e Inovação em Saúde do Ministério da Saúde, Zichy Moyses.
Mosquito transgênico - A chave dessa esperança está no mosquito solto no ambiente: é uma espécie transgênica que produz filhotes que morrem antes de chegar à vida adulta, quando podem transmitir a dengue. Na prática, a ciência patrocina o sexo entre mosquitos que geram filhotes incapazes de espalhar a doença. O ideal é que haja dez machos transgênicos para cada macho selvagem.
A estratégia é semelhante à usada em outras parte do país para combater a drosófila, a mosca da fruta: machos estéreis são liberados para disputar com a espécie selvagem a oportunidade de cruzar. Para o macho de laboratório ficar estéril, ele é exposto a radiação, o que não se consegue com o Aedes aegypti. “Por isso, recorremos à técnica transgênica”, diz a coordenadora do projeto, Margareth Capurro, bióloga da Universidade de São Paulo.
Desenvolvido na Universidade de Oxford, o mosquito transgênico carrega material genético da drosófila. Em laboratório, são alimentados com ração de peixe e, para fêmeas adultas, sangue. Na fase de ovos, todos recebem tetraciclina, o que permite completar o ciclo de vida prematuramente.
As fêmeas, as únicas que picam os humanos e transmitem o vírus da dengue, ficam em laboratório para novos cruzamentos. Para que não haja risco de serem liberadas, são adotadas duas medidas de segurança. A primeira é uma separação num túnel escorregador em forma de funil. Como as fêmeas são maiores, não ultrapassam certa faixa da descida. Há outro processo de separação, desenvolvido pela Oxitec, empresa incubadora da Universidade de Oxford. "Depois, é feito um controle de qualidade com lupas e microscópio", explica Andrew McKeney, técnico da Oxitec que está no Brasil para acompanhar a pesquisa.
Cinco bairros - Liberado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança em dezembro, o trabalho em campo teve início em fevereiro. Na primeira etapa, foram feitos lançamentos menores, para avaliar o comportamento do mosquito de laboratório no meio ambiente. Foram checadas a distância que o mosquito era capaz de percorrer e sua capacidade de sobrevivência.
A experiência ocorrerá por 18 meses em cinco bairros de Juazeiro. A escolha do local, diz Margareth, foi facilitada pela proximidade com a Biofábrica Moscamed, entidade ligada ao Ministério da Agricultura que já produzia moscas estéreis.
(Com Agência Estado)

Gilberto Carvalho e Maria do Rosário precisam parar de desfilar seus cadáveres com pedigree. O que eles dizem sobre os 50 mil cadáveres anônimos?

Emparedado por um ministro milionário e pobre em explicações, por uma Rainha Muda que repudia a política, por um Congresso inquieto, por um ex-presidente buliçoso, pela inflação renitente e pela virtual paralisia da administração, o governo está em busca de “causas”. Se preciso, sairá pelas ruas carregando cadáveres sobre a cabeça para tentar conjurar inimigos inventados no calor da hora. Foi o que fizeram Gilberto Carvalho, secretário-Geral da Presidência, e Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos. Divulgaram uma nota conjunta lamentando a morte, em Rondônia, de Adelino Ramos — ex-líder do MST, presidente do Movimento Camponeses Corumbiara e da Associação dos Camponeses do Amazonas — e do casal de “ativistas ambientais” José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, no Pará.
Diz a nota:
“O assassinato de Adelino Ramos merece o nosso total repúdio e indignação. Há três dias o Brasil se chocou com a execução de duas lideranças em circunstâncias semelhantes, no Pará. Hoje, mais uma morte provavelmente provocada pela perseguição aos movimentos sociais. Essas práticas não podem ser rotina em nosso país e precisam de um basta imediato”.
Que diabo de cristão (ooops!) é esse Carvalho? Sim, eu também lastimo esses fatos. Eu levo a sério a máxima de que a morte de qualquer homem me diminui. Eu sou, inclusive, um militante radical contra a pena de morte. A vida, mesmo a do pior facínora, jamais pode ser tirada pelo estado e por qualquer outro a não ser em legítima defesa. Eu não transijo nisso. Por isso causa-me certo asco a nota dos dois ministros, seu oportunismo tosco. Fica visível, no texto, que o que enche os companheiros de indignação é a suposição de que sejam ocorrências provocadas “pela perseguição aos movimentos sociais”. Daí, então, concluem: “Essas práticas não podem ser rotina em nosso país e precisam de um basta imediato”.
Entendi tudo muito bem! O que os deixa especialmente chocados não são as mortes em si, não, mas a vinculação política das vítimas. São mortos de respeito. São mortos de pedigree ideológico. Os direitos humanos no Brasil são, sim, um valor, mas na sua vertente ideologizada. Nem todos, descobrimos, são humanos igualmente. É por isso que este é o país que já torrou mais de R$ 4 bilhões indenizando vítimas — e, sobretudo, supostas vítimas — com o Bolsa Ditadura, mas permite que a tortura corra solta nas cadeias contra presos comuns. Direitos humanos existem para aqueles que foram “humanizados” pela militância política, pela “luta”, pela “causa”, pela ideologia!
São assassinados por ano, no país, mais de 50 mil brasileiros anônimos. No dia em que Adelino morreu, dada a média, outras 136 pessoas se foram com ele. Não há guerra civil  — na Líbia, no Iêmen ou no Iraque — que mate tanto assim. Não sou ingênuo e repudio a demagogia. Não espero, evidentemente, que os dois valentes emitam 137 notas de protesto por dia. O que se espera do governo que representam, que caminha para a segunda metade do nono ano, é uma política pública de combate aos homicídios, que baixe esse número escandaloso. Inexiste. A prática estúpida e demagógica em curso se limita a recolher garrucha enferrujada.
Sim, o governo tem de mandar investigar, tem de botar na cadeia os assassinos dos três, tem de se indignar, mas não porque haveria uma escalada contra os ditos movimentos sociais, o que, como se verá abaixo, pode não ser exatamente verdade. Essa nota é indecente. Trata-se de uma ideologização descabida do episódio quando se fala em nome do estado brasileiro.
Pode matar, mas a pessoa certa!Reportagem de Carlos Mendes no Estadão Online (ver abaixo) informa que o casal de “ativistas ambientais” José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, assassinado no Pará, estava em conflito com os próprios assentados. Parte deles defendia os negócios com os madeireiros da região. Leiam isto:“(…) um agricultor conhecido por Pelado não aceitava a liderança do casal e dizia abertamente na comunidade que não gostava do ambientalista. Em agosto de 2009, José Cláudio e o irmão, Claudemir, foram armados tomar satisfações com Pelado sobre a posse de um lote de terra no assentamento. Durante a discussão, Claudemir atirou e matou Pelado. A polícia de Nova Ipixuna não apurou o caso na época. Por pressão de familiares de Pelado, um inquérito policial só foi aberto em dezembro de 2010.”
Vocês leram tudo direitinho. Aquele extrativista pacifista agora assassinado resolvia suas pendengas de arma na mão, levando junto o irmão como capanga. Na briga por causa de um lote, o tal Pelado foi assassinado. A polícia da então governadora Ana Júlia Carepa, do PT, decidiu não apurar o caso. Abriu um inquérito mais de um ano depois… E por quê? O morto de 2009 estava do lado do “mal”, e os mortos de agora estão do lado do “bem”. O errado não é matar, mas matar “companheiros”. Como há madeireiros por ali  — e também em Rondônia —,  e a maioria não é mesmo flor que se cheire, então os culpados de sempre já estão dados. E ninguém vai querer apurar os métodos de José Cláudio ou de Adelino para exercer a sua liderança. Num caso, ao menos, fica claro: era com revólver na cinta. Não! Não estou justificando nada! Apenas trabalho com a hipótese de que, se o assassino Claudemir estivesse na cadeia, talvez seu irmão e sua cunhada continuassem vivos. Como dizem Gilberto Carvalho e Maria do Rosário, “essas práticas não podem ser rotina em nosso país e precisam de um basta imediato”.
Os deputados Arnaldo Jordy (PPS-PA) e Dr. Aluizio (PV-RJ) apresentaram requerimento para acompanhar as investigações sobre a morte do casal. Esperam que incluam Pelado nas suas preocupações — ao menos disfarça a vocação da política papa-defunto.
Não é de hojeNão é de hoje que essa gente é assim, não! No dia 15 de fevereiro de 2005, ainda no site Primeira Leitura — este blog publicou o primeiro post no dia 24 de junho de 2006 —, escrevi o texto Silva, um morto sem sepultura. A missionária Dorothy Stang havia morrido fazia três dias, no dia 12, e eu afirmei o óbvio: que seus assassinos fossem em cana! Mas lembrei a história de Luiz Pereira da Silva, um policial torturado e morto num assentamento do MST na cidade de Quipapá, em Pernambuco. Um colega seu também foi torturado, mas sobreviveu. Silva morreu 10 dias antes de Dorothy.
Não se derramou uma lágrima pública por Luiz Pereira. A Pastoral da Terra não mandou rezar uma missa em memória de Luiz Pereira. A imprensa não se interessou em saber quem era o assassino de Luiz Pereira. Mulher e filhos de Luiz Pereira ficaram entregues à própria sorte. Luiz Pereira era um morto sem pedigree militante, um morto sem importância, apenas um policial preto de Pernambuco. Escrevi então:Luiz Pereira da Silva é um morto sem sepultura; Luiz Pereira da Silva é um morto de quinta categoria; Luiz Pereira da Silva confunde as afinidades eletivas dos demagogos brasileiros; Luiz Pereira da Silva pertence àquela estranha categoria de homens que, por mais que sofram, jamais vão se tornar mártires de coisa nenhuma; Luiz Pereira da Silva era pobre demais, desimportante demais, vulgar demais até para ser oferecido em holocausto no altar de fantasmagorias de dom Balduíno; Luiz Pereira da Silva não serve como cordeiro do Deus justiceiro do MST.
Omite-se o governo — e, portanto, estimula a violência no campo — quando permite que, ao arrepio de qualquer controle ou acompanhamento responsável, a questão fundiária se transforme em objeto de disputas de organizações não-governamentais e grupos de pressão que põem seus preconceitos e idiossincrasias acima das necessidades econômicas das comunidades nas quais atuam, elegendo, por critérios que lhes são próprios e alheios a qualquer estratégia pública, os perdedores e os vencedores, satanizando uns, incensando outros, fazendo de uns as bestas do apocalipse e, de outros, os anjos da redenção.
A propósito do caso Dorothy: pouca gente sabe ou se lembra que Adalberto Xavier Leal, funcionário de um dos então suspeitos de terem ordenado a morte da freira, também foi assassinado em represália. O barracão em que morava foi invadido por oito homens, e ele foi executado na frente da mulher e de cinco filhos. O que aconteceu com seus assassinos? Quais assassinos? O que o mundo disse a respeito?
Ele era outro morto sem pedigree, por quem Gilberto Carvalho e Maria do Rosário não emitem notas nem derramam lágrimas militantes. Luiz Pereira da Silva, Pelado e Adalberto não tiveram tempo de aprender o seguinte: vivendo ou morrendo, é preciso estar “do lado certo”.
Por Reinaldo Azevedo

O salário e os benefícios recebidos por um deputado federal

Um deputado federal recebe R$ 26,7 mil por mês. Recebe ainda R$ 15 mil mensais de verba indenizatória, R$ 3 mil de auxílio aluguel, entre R$ 4 mil e R$ 16 mil em passagens aéreas, R$ 4,2 mil para despesas de telefone e mais uma cota anual para gastar com postagem. Atenção! Contratação de funcionário de gabinete é outra história. Para isso, há verba mensal específica, de R$ 60 mil. Só entre salário e verba indenizatória, são R$ 580,5 mil por ano. O trabalhador que ganha o salário mínimo recebe o mesmo em… 82 anos!

Safra de grãos barte recorde nacional na Bahia.

Preços no mercado internacional em alta, clima favorável e aumento da produção formam as condições fundamentais à produção agrícola. Na safra 2010/2011, o tripé atuou em condições ideais na região oeste da Bahia que contabilizou no período recorde de produção e a maior produtividade de soja, milho e algodão do País, de acordo com informações do 3º Levantamento de Safra produ-zido pelo Conselho Técnico da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).
A redução das chuvas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), favoreceu a fase final das safras de soja e milho. Por outro lado, reduziu a umidade disponível para o enchimento dos grãos de algodão. Nada que pudesse atrapalhar o cenário favorável.
Com os preços no mercado internacional elevados, os produtores baianos investiram nas fazendas e colhem agora os resultados. O preço do algodão, por exemplo, superou e muito a marca histórica de US$ 1,17 no mercado internacional, sendo vendido a US$ 2 em janeiro, o que representou um aumento 70% na comparação com o recorde anterior.
De acordo com o presidente da Aiba, Walter Horita, os preços se mantiveram elevados por algum tempo tanto pela oferta apertada em relação à demanda, quanto pela operação agressiva de fundos de investimentos. “Hoje, está em torno de US$ 1,50 a libra-peso, mas está precificado na Bolsa de Nova Iorque, para 2012, na faixa de US$ 1,10”, diz.
A produção de algodão cresceu 62%, somando 600 mil toneladas de plumas. Em área plantada, o crescimento foi de 51%, ocupando 371 mil hectares. No caso da soja, a produtividade passou das 51 sacas por hectare para 56 sacas, superando o período anterior em 10%. A produção, conforme o levantamento, bateu o próprio recorde anterior de 3,2 milhões de toneladas, alcançando os 3,6 milhões.
Único produto em que houve redução de área plantada, de 170 mil hectares para 153 mil, o milho compensou com o ganho de produtividade. O levantamento da Aiba apontou um aumento na produtividade de 12%, o que no fim das contas ainda permitiu um aumento de 1% na produção da cultura.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Política não é coisa para novatos.

O demonizado pelos petistas, Antonio Carlos Magalhães que já foi governador pela Bahia por três vezes e presidente do senado, disse em sua última entrevista:
“O maior pecado de um político é a traição e o maior defeito de caráter de um homem é a ingratidão. Sou leal até a medula com os meus amigos”.
Agora vejam a notícia dada nesta madrugada  pelo Estadão Online:
BRASÍLIA - Preocupado com as insatisfações e ameaças da base governista no Congresso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu nesta quarta-feira, 25, a senha da operação destinada a abafar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o patrimônio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Em conversa reservada com Palocci, na terça-feira, 24, Lula foi taxativo: avisou que ou o ministro atendia os parlamentares ou até aliados poderiam endossar uma CPI no Senado, encurralando o Planalto.
É isso.
Qual a diferença de tratamento dado a um amigo, entre ACM e Lula? Nenhuma. A política tem regras rígidas que são seguidas tanto por petistas quanto por tucanos. Ontem a presidente cancelou o kit-gay que seria distribuído às escolas, por temor da bancada evangélica composta de 74 deputados de fazer oposição ao governo. E depois há reclamações da base alugada com relação a nomeações em cargos vagos nas estatais. Ou cede ou perde nas votações de interesse do governo. E isso se dá tanto no governo federal, quanto no estadual e no municipal.
Isso nos remete ao panorama político de Morro do Chapéu. O prefeito Cleová Barreto foi eleito com o decisivo apoio do ex-prefeito Aliomar. Eleito, o que fez Cleová? Continuou leal ao amigo, exatamente como fazia ACM e como faz o ex-presidente Lula.
E quanto a Câmara de Vereadores? O prefeito age exatamente como a presidente Dilma e o governador Jaques Wagner: as reivindicações são atendidas para manter o apoio. Não tem meu pé tá doendo. É isso que os arautos de um novo nome a ser lançado para se candidatar a prefeito de Morro do Chapéu precisam entender. Política é jogo bruto; não casa com os fracos e pusilânimes. O chefe do executivo tem de ter pulso firme e atender as demandas do povo. E sobretudo, ser fiel até a medula com seus amigos.
Vejam essa matéria escrita por Guilherme Fiuza.
O escândalo de corrupção na prefeitura de Campinas não tem nada de escandaloso. Tudo nesse caso é absolutamente normal.
Há uma ordem de prisão contra o vice-prefeito, do PT, que está foragido. Segundo o Ministério Público, ele é uma das cabeças de um propinoduto montado no serviço de águas e esgotos.
Qual é a novidade? Nenhuma.
É mera repetição do padrão consagrado, que tem no caso Celso Daniel seu emblema máximo: PT, lixo, esgoto, propina.
Em meio a essa mesmice, mais uma revelação trivial: no caminho da propina entre a empreiteira e a companhia de saneamento aparece, como suspeito, um empresário. Adivinhe de quem ele é amigo?
Acertou. É amigo do filho do Brasil.
Luiz Inácio da Silva, o homem e o mito, é candidato a um verbete no Guinness. Entrará no livro dos recordes como o cidadão com o maior número de amigos acusados de alguma trampolinagem.
Até no episódio do dossiê dos aloprados, os principais suspeitos eram amigos de Lula.
Tinha o churrasqueiro do presidente, o segurança e personal-chapa do presidente, o sindicalista de fé e irmão camarada do presidente desde os anos 70, e assim por diante.
Isso para não falar em Delúbio, Silvinho, Gushiken e grande elenco mensaleiro – todos da cota afetiva de Lula.
O aparecimento de mais um amigo do ex-presidente no caso do esgoto de Campinas não tem, portanto, qualquer relevância. Será possível que o Ministério Público ainda não entendeu o jeito Lula de fazer amizades?
Em vez de ficarem implicando com o ex-operário, deveriam estimulá-lo a ampliar o temário de suas valiosas palestras. Além de ensinar o jeito PT de administrar, Lula poderia discorrer sobre a importância do afeto na política.
E explicar como se faz para ter um milhão de amigos fichas-sujas, mantendo intacta a estampa de herói.
Seria um sucesso. Ele nem precisaria explicar como ficou amigo de Dilma Rousseff

Guilherme Fiuza é jornalista e autor de vários livros, entre eles “Meu Nome não é Johnny”, adaptado para o cinema trata de grandes temas da atualidade, com informação e muita opinião principalmente sobre política.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dilma suspende “kit gay” após protesto da bancada evangélica

25/05/2011 às 15:23
Por Ana Flor, na Folha Online:
A presidente Dilma Rousseff determinou nesta terça-feira a suspensão da produção e distribuição do kit anti-homofobia em planejamento no Ministério da Educação, e definiu que todo material do governo que se refira a “costumes” passe por uma consulta aos setores interessados da sociedade antes de serem publicados ou divulgados. Segundo o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Dilma considerou o material do MEC “inadequado” e o vídeo “impróprio para seu objetivo”.
A manifestação ocorreu na esteira de uma reunião de Carvalho com a bancada evangélica da Câmara. O grupo de parlamentares chegou a ameaçar o governo com obstrução da pauta no Congresso, colaborar com assinaturas para convocar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) a se explicar sobre sua evolução patrimonial e propor uma CPI para investigar o MEC.
Ontem, no plenário, o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) chegou a pedir a demissão do ministro da Educação, Fernando Haddad. Na semana passada, o mesmo Garotinho, que é vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, afirmou que a bancada evangélica, composta por 74 deputados, não votaria “nada”, nenhum projeto na Câmara, até que o governo recolhesse os vídeos anti-homofobia.
Mesmo depois das declarações do Planalto, Gilberto Carvalho afirmou que não há “toma lá, dá cá” entre o governo e a bancada evangélica na questão do kit e da convocação de Palocci.
O MEC nega que o kit e os vídeos que vazaram na internet tenham sido aprovados pelo ministério. Eles teriam sido produzidos por ONGs que prestam serviços à pasta e estariam em avaliação.Os deputados da bancada evangélica afirmam que os vídeos e a cartilha anti-homofobia “são um estímulo ao homossexualismo”. “Mostramos ao ministro Gilberto Carvalho que é virulenta a maneira como o material está sendo aplicado”, disse o ex-governador do Rio

Entenda a polêmica sobre o novo Código Florestal

DA BBC BRASIL

A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do polêmico projeto do novo Código Florestal, proposto pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
A proposta, que já sofreu diversas modificações desde que foi apresentada pela primeira vez, dividiu ruralistas, ambientalistas e acadêmicos.
Entenda a polêmica em torno do novo Código Florestal:

O QUE É O CÓDIGO FLORESTAL?
Criado em 1965, o Código Florestal regulamenta a exploração da terra no Brasil, baseado no fato de que ela é bem de interesse comum a toda a população.
Ele estabelece parâmetros e limites para preservar a vegetação nativa e determina o tipo de compensação que deve ser feito por setores que usem matérias-primas, como reflorestamento, assim como as penas para responsáveis por desmate e outros crimes ambientais relacionado. Sua elaboração durou mais de dois anos e foi feita por uma equipe de técnicos.
POR QUE ELE PRECISA SER ALTERADO?
Ambientalistas, ruralistas e cientistas concordam que ele precisa ser atualizado, tanto por ter de se adaptar à realidade brasileira, mas também porque ele foi modificado várias vezes por decreto e medidas provisórias e seria necessário algo mais sólido.
No entanto, os envolvidos divergiram em relação à urgência de votá-lo. A bancada ruralista queria aprová-lo rapidamente para pôr fim à "instabilidade jurídica", que dá margem a diversas interpretações em alguns pontos polêmicos. Os especialistas defendiam uma modernização, mas queriam adiar a votação para dar tempo a uma discussão mais ampla do projeto. Já a chamada bancada verde quer mudanças, porém diferentes das propostas de Rebelo.
O QUE SÃO AS APPS, UM DOS PRINCIPAIS PONTOS DE DISCÓRDIA?
As chamadas Áreas de Preservação Permamente (APPs) são os terrenos mais vulneráveis em propriedades particulares rurais ou urbanas. Como têm uma maior probabilidade de serem palco de deslizamento, erosão ou enchente, devem ser protegidas. É o caso das margens de rios e reservatórios, topos de morros, encostas em declive ou matas localizadas em leitos de rios e nascentes. A polêmica se dá porque o projeto de Rebelo flexibiliza a extensão e o uso dessas áreas, especialmente nas margens de rios já ocupadas.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE APP E RESERVA LEGAL?
A Reserva Legal é o pedaço de terra dentro de cada propriedade rural --descontando a APP-- que deveria manter a vegetação original para garantir a biodiversidade da área, protegendo sua fauna e flora. Sua extensão varia de acordo com a região do país: 80% do tamanho da propriedade na Amazônia, 35% no Cerrado nos Estados da Amazônia Legal e 20% no restante do território. Os ambientalistas criticam a proposta do Novo Código que isentaria a recomposição da reserva legal para pequenos produtores.
POR QUE ELE CAUSA TANTA POLÊMICA?
Em junho de 2010, o deputado e relator Aldo Rebelo apresentou uma proposta com uma série de mudanças para alterá-lo. A aprovação final do novo Código emperrou justamente porque ele sofreu críticas de diversos setores políticos, de ambientalistas e de muitos acadêmicos.
A bancada ruralista, que defende boa parte das mudanças propostas originalmente, afirma que o Código Florestal em vigor atrapalha o desenvolvimento do país. Afirmam que ele foi criado em um momento em que a agricultura e a pecuária tinham baixa produtividade e que a alteração é necessária porque é preciso mais terra para ampliar a produção.
Sem as mudanças, dizem, não conseguirão suprir a crescente demanda de alimentos e o setor agropecuário brasileiro ficaria em desvantagem no cenário mundial.
Já os ambientalistas rebatem, afirmando que as terras já exploradas são suficientes para dobrar a produção, basta aprimorar a eficiência nas lavouras e nos pastos por meio de tecnologia e uso sustentável na agricultura e pecuária.
Organizações de defesa do meio ambiente --e boa parte da academia-- afirmam que as mudanças no Código abrem brechas para aumentar o desmatamento e podem pôr em risco serviços ambientais básicos, como o ciclo das chuvas e dos ventos, a proteção do solo, a polinização, o controle natural de pragas, a biodiversidade, entre outros. Esse desequilíbrio prejudicaria até mesmo a produção agropecuária, que está diretamente ligada a tais fatores ambientais.
O QUE É UM MÓDULO FISCAL?
É uma unidade de medida determinada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que varia de acordo com o estado. Ele pode medir de 5 a 110 hectares. Em Brasília, por exemplo, um módulo fiscal equivale a 20 hectares, por exemplo, e no Acre a 378 hectares.
O QUE DEVE OCORRER APÓS A VOTAÇÃO NA CÂMARA?
No passo seguinte, o projeto aprovado segue para ser votado no Senado e, após aprovado, deve ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff.