quinta-feira, 26 de maio de 2011

Política não é coisa para novatos.

O demonizado pelos petistas, Antonio Carlos Magalhães que já foi governador pela Bahia por três vezes e presidente do senado, disse em sua última entrevista:
“O maior pecado de um político é a traição e o maior defeito de caráter de um homem é a ingratidão. Sou leal até a medula com os meus amigos”.
Agora vejam a notícia dada nesta madrugada  pelo Estadão Online:
BRASÍLIA - Preocupado com as insatisfações e ameaças da base governista no Congresso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu nesta quarta-feira, 25, a senha da operação destinada a abafar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o patrimônio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Em conversa reservada com Palocci, na terça-feira, 24, Lula foi taxativo: avisou que ou o ministro atendia os parlamentares ou até aliados poderiam endossar uma CPI no Senado, encurralando o Planalto.
É isso.
Qual a diferença de tratamento dado a um amigo, entre ACM e Lula? Nenhuma. A política tem regras rígidas que são seguidas tanto por petistas quanto por tucanos. Ontem a presidente cancelou o kit-gay que seria distribuído às escolas, por temor da bancada evangélica composta de 74 deputados de fazer oposição ao governo. E depois há reclamações da base alugada com relação a nomeações em cargos vagos nas estatais. Ou cede ou perde nas votações de interesse do governo. E isso se dá tanto no governo federal, quanto no estadual e no municipal.
Isso nos remete ao panorama político de Morro do Chapéu. O prefeito Cleová Barreto foi eleito com o decisivo apoio do ex-prefeito Aliomar. Eleito, o que fez Cleová? Continuou leal ao amigo, exatamente como fazia ACM e como faz o ex-presidente Lula.
E quanto a Câmara de Vereadores? O prefeito age exatamente como a presidente Dilma e o governador Jaques Wagner: as reivindicações são atendidas para manter o apoio. Não tem meu pé tá doendo. É isso que os arautos de um novo nome a ser lançado para se candidatar a prefeito de Morro do Chapéu precisam entender. Política é jogo bruto; não casa com os fracos e pusilânimes. O chefe do executivo tem de ter pulso firme e atender as demandas do povo. E sobretudo, ser fiel até a medula com seus amigos.
Vejam essa matéria escrita por Guilherme Fiuza.
O escândalo de corrupção na prefeitura de Campinas não tem nada de escandaloso. Tudo nesse caso é absolutamente normal.
Há uma ordem de prisão contra o vice-prefeito, do PT, que está foragido. Segundo o Ministério Público, ele é uma das cabeças de um propinoduto montado no serviço de águas e esgotos.
Qual é a novidade? Nenhuma.
É mera repetição do padrão consagrado, que tem no caso Celso Daniel seu emblema máximo: PT, lixo, esgoto, propina.
Em meio a essa mesmice, mais uma revelação trivial: no caminho da propina entre a empreiteira e a companhia de saneamento aparece, como suspeito, um empresário. Adivinhe de quem ele é amigo?
Acertou. É amigo do filho do Brasil.
Luiz Inácio da Silva, o homem e o mito, é candidato a um verbete no Guinness. Entrará no livro dos recordes como o cidadão com o maior número de amigos acusados de alguma trampolinagem.
Até no episódio do dossiê dos aloprados, os principais suspeitos eram amigos de Lula.
Tinha o churrasqueiro do presidente, o segurança e personal-chapa do presidente, o sindicalista de fé e irmão camarada do presidente desde os anos 70, e assim por diante.
Isso para não falar em Delúbio, Silvinho, Gushiken e grande elenco mensaleiro – todos da cota afetiva de Lula.
O aparecimento de mais um amigo do ex-presidente no caso do esgoto de Campinas não tem, portanto, qualquer relevância. Será possível que o Ministério Público ainda não entendeu o jeito Lula de fazer amizades?
Em vez de ficarem implicando com o ex-operário, deveriam estimulá-lo a ampliar o temário de suas valiosas palestras. Além de ensinar o jeito PT de administrar, Lula poderia discorrer sobre a importância do afeto na política.
E explicar como se faz para ter um milhão de amigos fichas-sujas, mantendo intacta a estampa de herói.
Seria um sucesso. Ele nem precisaria explicar como ficou amigo de Dilma Rousseff

Guilherme Fiuza é jornalista e autor de vários livros, entre eles “Meu Nome não é Johnny”, adaptado para o cinema trata de grandes temas da atualidade, com informação e muita opinião principalmente sobre política.