terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Dilma, a mãe durona e incompetente.

No dia 22 de fevereiro do ano passado, escrevi um texto intitulado “Dilma, o dividendo, o divisor e o quociente do estelionato eleitoral”, de que reproduzo um trecho (em azul):
Dilma prometeu entregar 3,288 quadras esportivas em escolas neste ano. No dia 1º de janeiro, isso significava 9,01 por dia. Como não se fez nenhuma, agora, já são 10,5. Também garantiu construir 1.695 creches só em 2011 - 5 mil até 2014. São 5,42 creches a cada um dos 313 dias que faltam para encerrar o ano. Também neste ano, asseverou que seriam feitos 723 postos de policiamento comunitário -2,31 por dia agora. Unidades Básicas de Saúde seriam 2.174 neste ano: 6,95 por dia a partir de hoje. E, claro, há as UPAs, aquelas capadas pela metade: agora há 313 dias para entregar 125 unidades: 0,4 por dia.
Ao fim desta terça, Dilma terá deixado de entregar:
- 10,5 quadras;
- 5,42 creches;
- 2,31 postos policiais;
- 6,95 Unidades Básicas de Saúde;
- 0,4 UPA

Dilma ruim de serviço
Os petralhas ficavam sempre muito bravos. “Como? Você já está cobrando?” Ora, parodiando Camões, para tão grande obra, tão curto o mandato, não é? Como demonstrei no dia 26 de setembro do ano passado, Dilma é muito ruim de serviço. E não é de hoje. Toda a infra-estrutura brasileira, que patina no atraso, especialmente portos, aeroportos e estradas, estava sob o seu domínio no governo Lula. Desde quando ministra, ela sempre FOI MUITO COMPETENTE EM CRIAR A FAMA DE QUE É COMPETENTE. E assim foi avançando…
A imprensa, no geral, é fascinada por essa imagem da “Dilma mandona, que faz e acontece”. O Estadão de domingo fez uma edição particularmente interessante. Na página A4, lia-se: CEO do governo”, Dilma escala Gerdau para cobrar ministros e definir metas. Deixo para a ironia da história o fato de ser um empresário o homem encarregado, no Partido dos Trabalhadores, de cobrar eficiência dos companheiros… A matéria seguinte, na página A8, tinha este título: Broncas em público, rotina do Planalto. Éramos então informados de que Dilma não se constrange em fazer os ministros passar carão. Dá bafão mesmo! Huuummm… A terceira reportagem a abrir uma página de política, na A10, informava: Governo fecha 1º ano sem concluir nenhuma creche. Entendo.
Com qual Dilma você fica, leitor? Com a que sai distribuindo pitos, que chama o Poderoso do Bairro Peixoto para puxar a orelha de todo mundo, ou com aquela nossa velha conhecida, que promete a enormidade de 1.695 creches só no primeiro ano — 6 mil em quatro anos!!! — e que encerra 2011 sem entregar um miserável prédio de pé? Com a que prometeu acrescentar dois milhões de casas àquele milhão do programa “Minha Casa, Minha Vida” ou com a Dilma de verdade: tudo o mais constante, os três milhões de unidades só serão entregues daqui a uns 20 anos?
Talvez seja o nosso lado sentimental, não sei… Quem sabe haja algo de coletivamente edipiano nessa relação… O fato é que a imprensa, na média, é fascinada por homens sensíveis e por mulheres enérgicas. Sempre se apreciou em Lula o seu lado meio bonachão, um tanto amoroso, tendente ao confessional — tudo devidamente estudado e calculado pelo marketing petista. Mas ele sempre foi muito convincente no papel. Chora com impressionante facilidade. Há, curiosamente, algo de feminil em sua personalidade rascante. Já na Soberana se apreciam as supostas características que fogem ao estereótipo feminino: autoritária, ríspida, durona. E tudo faz um enorme sentido. Não por acaso, os homens aderiram a Dilma antes das mulheres… Saudade da autoridade materna: “Lavou as mãos, moleque? Tomou banho? Limpou as orelhas? Chacoalhe bem o pipi depois de fazer xixi pra não sujar a cuequinha…”
A relação da média dos brasileiros e de amplos setores da imprensa com o governo nunca foi tão infantilizada, desde o primeiro mandato de Lula. Até o jornalismo tende a hostilizar os políticos movidos pelo racionalismo e por cálculos frios. Prefere a abordagem amorosa, extremada, seja o afeto do pai generoso (Lula), seja o rigor da mãe cobradora (Dilma). Nesse ambiente, dane-se a eficiência. Convenham, nas famílias, esse não é um critério de aceitação ou rejeição…
Isso tudo explica por que se escreveram quilômetros de texto ironizando o “FHC intelectual”, mas sempre pareceu um crime fazer blague com a ignorância afirmativa e propositiva de Lula.
Por Reinaldo Azevedo

Dilma, a “barbárie” e a ditadura

A presidente Dilma Rousseff tem tido uma agenda muito interessante. Na semana passada, ela foi ao tal Fórum Social, por onde já havia passado o terrorista e assassino Cesare Battisti (que mereceu um abraço apertado de Tarso Genro; na verdade, eles se merecem), e definiu lá a desocupação do Pinheirinho como “barbárie”. Não houve barbárie nenhuma! Ao contrário. Dado o tamanho da operação, a Polícia Militar se saiu muito bem. No dia seguinte, Gilberto Carvalho, um humanista conhecido — de notáveis serviços prestados ao partido, especialmente no caso Celso Daniel —, endossou as palavras da chefe e avançou: falou em “terrorismo”. Talvez os miasmas deixados pela passagem de Battisti por lá o tenham contaminado.
Ontem, Dilma foi à Bahia, onde uma cozinheira ficou cega de um olho em razão de um confronto com a Polícia. A Soberana não viu barbárie nenhuma e preferiu ignorar o assunto, a exemplo do que fizeram as TVs. Seguindo os passos do antecessor, atacou governos passados, que não teriam se preocupado com casas populares… Já fizemos a conta: a presidente que prometeu quase 1.600 creches para o ano passado (seis mil até 2014) e que fechou 2011 sem entregar nenhuma é a mesma que prometeu 3 milhões de casas até o fim do mandato. Dado o ritmo atual, chegar-se-á a esse número por volta de 2034!!!
Dali ela rumou para Cuba. Cuba é aquela ilha para onde Tarso Genro despachou dois pugilistas. Eles haviam justamente fugido da ditadura dos irmãos Castro. Parece que os rapazes tinham a ficha limpa demais para merecer refúgio. O então ministro da Justiça impediu até mesmo que tivessem contato com a imprensa.
A presidente que acusa “barbárie” num ato de reintegração de posse no Brasil (ato que cumpre os mais estritos princípios do estado democrático e de direito), visita alegremente uma tirania — onde o Brasil financia obra de quase R$ 700 milhões — e deixa claro que sua pauta está voltada para os negócios. Nada de política! Dilma não pretende tratar de questões que digam respeito aos direitos humanos e, obviamente, não quer conversa com os críticos do regime. O limite do Brasil foi conceder o visto à blogueira Yoani Sánchez caso a ditadura cubana permita que ela saia da ilha para participar de um seminário no Brasil.
É… Faz sentido! A decisão de Dilma de não se encontrar com críticos do regime é coerente com o seu passado. Afinal de contas, ela queria instalar no Brasil, quando militante, justamente o regime hoje vigente em Cuba. O paraíso dos facinorosos irmãos Castro é a utopia da militante Dilma.
No dia 29 de março de 1978, o então presidente norte-americano, Jimmy Carter, desembarcava no Brasil. Respondendo ao discurso frio de recepção do presidente Ernesto Geisel, foi direto: “Hoje estamos todos nos unindo num esforço global em prol da causa da liberdade humana e do Estado de Direito. Esta é uma luta que só será vitoriosa quando estivermos dispostos a reconhecer as nossas próprias limitações e a falarmos uns com os outros com franqueza e compreensão”. Encontrou-se com líderes da oposição e críticos do regime, como dom Paulo Evaristo Arns e Raymundo Faoro, presidente da OAB. Recebeu um dossiê com nomes de pessoas mortas, torturadas e exiladas.
Dilma vai adular dois ditadores que promovem a barbárie, esta sim, há mais de 50 anos. Carter veio ao Brasil e cobrou democracia de um regime acusado de matar 424 pessoas. Em Cuba, entre fuzilamentos e pessoas que se afogaram tentando fugir, morreram 100 mil (234,8 vezes mais) — e passam de um milhão as que vivem no exílio. E há outra gigantesca diferença: a população brasileira é 19 vezes maior do que a cubana.
Dilma foi às armas contra a ditadura de cá. Eleita pela democracia, continua a adular a ditadura de lá.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cubanos reforçam apelo por intervenção de Dilma

Segunda, 30 de Janeiro de 2012 11:32

A advogada Barbara Estrabao tem no passaporte um visto dos Estados Unidos. Em Cuba, a página com o símbolo americano e a permissão para entrar no país dos sonhos da maioria dos cubanos equivale a um troféu. Ela o obteve em 26 de agosto de 2011 e, teoricamente, poderia ir a Miami visitar sua família — mãe, duas irmãs e cinco sobrinhos. Mas, o documento tem apenas seis meses de validade. O prazo se encerra no mês que vem. E não há nenhuma esperança de que Barbara consiga viajar para estar com seus parentes por um período.

Mesmo se tivesse meios econômicos, a burocracia foi quase intransponível: mais de dois anos de espera para obter o sonhado visto. A papelada incluiu uma carta assegurando que Barbara não trabalha para o governo cubano — coisa rara na ilha — agendamento de entrevista, carta dos parentes convidando-a a visitá-los, informações sobre quem pagaria pela passagem e estadia. Além disso, teve de pagar 150 pesos conversíveis, cerca de US$ 180, o que é muito para uma população cujo salário médio é de apenas US$ 20 por mês. Outros US$ 200 foram para o governo processar seu pedido de viagem. O sim das autoridades cubanas é a parte mais difícil de todo o processo, sobretudo para ela, uma opositora ao regime.

— Não quero ir embora definitivamente. Aqui é o meu país. Mas quero ter o direito de sair para visitar minha família e poder voltar tranquilamente — afirmou. Barbara lembra de um caso famoso: o filho de Ilda Molina, um médico, foi para a Argentina e de lá não regressou. Resultado: a mãe esteve presa por dez anos. Só foi solta graças à intervenção da presidente Cristina Kirchner. Agora, Ilda vive na Argentina, com o filho.

É uma intervenção dessa que Barbara espera da presidente Dilma Rousseff:— Não é uma questão política, mas um problema de família. É muito triste você não poder sair do país para visitar sua família. A presidente Dilma poderia falar com o presidente Raúl Castro para amenizar a situação — disse ela. Informações são do O Globo.

Jovem sorocabano é internado com overdose de Michel Teló


Michel Teló negou ser filho de Roberto Leal e Ana Maria Braga

CAMPOLIM – O estudante de medicina Kleibs César de Olveira deu entrada no Hospital Santa Lucinda aturdido e desorientado pela onipresença de Michel Teló nos meios de comunicação. Com os olhos perdidos no horizonte, Kleibs precisou ser carregado por amigos pois não conseguia interromper a coreografia de “Ai, se eu te pego”. “Ele está dançando e cantando esse troço desde 2011. Não para nem para comer e dormir. O pior é que é contagioso”, declarou Hamilton Pedreira, amigo da vítima, contendo a perna esquerda que teimava em querer iniciar a dança.

Kleibs foi tratado e passa bem. Diante do estado do amigo, Pedreira deu um depoimento emocionado. “Não é fácil para nossa geração resistir à febre Teló. Ontem mesmo liguei a TV e lá estava o apresentador do Globo Esporte dançando e cantando ‘Ai se eu te pego’. Corri para a internet e topei com um vídeo em que chihuahuas belgas latiam no ritmo do refrão. Saí de casa e topei com o cantor estampado na capa de uma revista semanal. A música martelou minha cabeça. Respirei fundo e, com um esforço hercúleo, evitei cantá-la. Não foi fácil”, disse, esbofeteando o braço direito que já se lançava na coreografia.

Especula-se que o jogador Ronaldo tenha sido internado pelo mesmo motivo. Hospitais de Goiás estão sobrecarregados desde o réveillon. A Anvisa não descarta decretar estado de pandemia. “Qualquer pessoa que apresente um desejo incontrolável de dançar ‘Ai se eu te pego’ deve procurar orientação médica”, explicou Túlio Pessegueira, psiquiatra do SUS.

O Departamento de Estado norteamericano denunciará à ONU a intenção da TV Globo de misturar Michel Teló com Big Brother. “Perto do que o Brasil está prestes a fazer, o Irã é inofensivo”, diz trecho do relatório

The Piaui Herald

Governador da Bahia tenta se afastar de ministro que pode entregar cargo

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), adotou um discurso de distanciamento do ministro das Cidades, Mário Negromonte, que pode entregar o cargo nos próximos dias.

Um dos padrinhos de Negromonte, Wagner fez questão de lembrar que a indicação dele coube ao PP e que não depende de nenhum ministro, porque tem relação direta com a presidente Dilma Rousseff.

"Eu não posso depender de um ministro, eu dependo de um relacionamento com o governo e esse relacionamento se dá principalmente com a presidente", disse o governador, ao deixar solenidade em que participou ao lado da presidente neste domingo, em Salvador.

O ministro perdeu o apoio da bancada do PP no Congresso. Seu desgaste se agravou na semana passada, após a Folha revelar que ele participou de reunião com um lobista de uma empresa de informática interessado em contratos com a pasta.

"Quando o ministro Mário Negromonte foi para o ministério deixei muito claro que essa era uma indicação do PP. Foi elogiada por mim porque cada baiano que ocupe um papel [no governo] é importante", disse Wagner.

A provável substituição do ministro seria discutida pela presidente e o governador em um jantar na noite de hoje. Indagado se defenderia perante Dilma a permanência de Negromonte no ministério, o governador lavou as mãos: "Essa caneta não me pertence".

sábado, 28 de janeiro de 2012

Equanto isso no pequeno planeta: norte-coreanos estão proibidos de usar celular durante o luto de Kim Jong-il

Um decreto da Coreia do Norte adverte que não sejam utilizados celulares no país durante o período de cem dias, em luto pela morte do ditador Kim Jong-il. Os cidadãos norte-coreanos que forem contra serão considerados “criminosos de guerra”, e receberão punições como tais.
Além disso, o “alerta” prevê que as mesmas medidas serão aplicadas aos que tentarem desertar para a China. Algumas fontes de notícias internacionais e os poucos coreanos que conseguem enviar informações de dentro do país, pelas redes sociais e microblogs, relatam que a alimentação está escassa, e que aumentou o número de pessoas que tentam atravessar a fronteira para a China.
Aqueles que forem pegos tentando fugir da pobreza e opressão política estabelecida pelo governo da Coreia do Norte, ou que forem detidos na China e mandados de volta para o país, serão enviados para campos de concentração e trabalho pesado. Os reincidentes na tentativa de deserção são executados.
Essas foram as medidas que o governo da Coreia do Norte encontrou para evitar o êxodo. Quem emitiu o alerta foi o Partido dos Trabalhadores, que possui o poder no país, para garantir a estabilidade e a governabilidade de Kim Jong-un, filho de Kim Jong-il.
O governo teme que, com a morte do presidente, a agitação pública se inicie. Tais manifestações podem ser organizadas por celulares e smartphones, como aconteceu em países do Oriente Médio recentemente

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Queda-de-braço

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 26 de janeiro de 2012

Hoje, quinta-feira, 26 de janeiro de 2012, é a data marcada para Barack Hussein Obama comparecer ao Tribunal Administrativo da Geórgia e apresentar documentos que comprovem ser ele um cidadão nativo dos EUA, admissível portanto na lista de candidatos presidenciais naquele Estado.

É a segunda vez na história americana que um presidente da República é intimado a comparecer em juízo. A primeira foi em 1974, quando Richard Nixon teve de depor como testemunha no processo contra seu assessor John Erlichman e acabou ele mesmo se dando muito mal.

Os advogados de Obama tentaram livrá-lo do vexame alegando que os Estados não têm jurisdição sobre as eleições federais, o que é verdadeiro em tese, mas falso no caso concreto, porque admitir ou rejeitar candidatos nas listas eleitorais é de atribuição exclusivamente estadual. Argumentaram também que comparecer à audiência iria tomar o tempo precioso de um presidente ocupadíssimo, o que chega a ser cômico, pois, entre todos os presidentes americanos, Obama tem sido o recordista absoluto de férias, viagens de turismo pagas com dinheiro público, festas milionárias e longas temporadas de golfe, tendo merecido os apelidos de “Turista-em-chefe” e “Golfista-em-chefe”.

Qualquer que seja o caso, o juiz Michael Malihi rejeitou o pedido de dispensa e intimou Obama a comparecer de qualquer modo.

Muito provavelmente Obama não irá. Não irá, pelos seguintes motivos:

1) Ele não tem nenhuma prova de que é cidadão nativo, condição sine qua non para ser admitido como candidato presidencial segundo a Constituição Americana. Pelo menos desde uma sentença de 1875 a Suprema Côrte define como “cidadão nativo” o indivíduo nascido de pais (no plural) americanos, em território americano. A definição foi confirmada por uma decisão unânime do Senado, subscrita pelo próprio Obama em 2008. Segundo a certidão de nascimento divulgada pela Casa Branca, o pai de Obama nasceu no Quênia, sendo portanto súdito britânico. A única prova que o presidente pode alegar, a famosa certidão de nascimento, mesmo se admitida como autêntica, demonstra exatamente que ele não é cidadão nativo de maneira alguma. Tanto é assim que ele só tem conseguido se livrar dos processos de inelegibilidade, desde antes das eleições de 2008, mediante o apelo a tecnicismos jurídicos que se esquivam de entrar no mérito da questão.

2) Se a certidão de nascimento prova exatamente o contrário do que Obama desejaria provar, ela também não pode ser alegada em juízo por uma segunda razão: praticamente todos os peritos que a examinaram asseguram que ela é falsa. Os indícios de forjicação são tantos e tão patentes, que tudo o que os acusadores de Obama mais desejam no mundo é que ele apresente esse documento no tribunal, transformando um processo administrativo de inelegibilidade num processo-crime por fraude documental (forgery), que será certamente o maior escândalo político da história americana.

3) Não comparecendo, Obama pode ganhar tempo, esperando que o juiz Malihi repasse o processo a uma instância superior e esticando a embromação até as eleições de novembro. Mas há algum risco de que o próprio tribunal da Geórgia, tendo em vista a ausência de provas de elegibilidade, suprima o nome de Obama da lista de candidatos, tirando-lhe milhões de votos e dando um exemplo que poderá ser seguido em outros Estados.

Até agora, a disputa da elegibilidade tem sido uma queda-de-braço entre a letra da lei e a dificuldade política (alguns diriam: impossibilidade absoluta) de aplicá-la contra a força maciça de um presidente que tem a seu favor a totalidade da grande mídia, o aparato repressivo do Estado e uma vasta militância alimentada por financiamento bilionário, incomparavelmente superior ao de seus adversários. Nada me tira da cabeça que Obama foi posto na presidência por pessoas perfeitamente cientes da sua inelegibilidade, com o propósito específico de minar o sistema constitucional americano. Posso estar errado, mas a hipótese de que ninguém tenha reparado nas conseqüências legais da nacionalidade estrangeira de Obama pai é demasiado louca para ser verdade. Tanta inocência assim não existe no planeta Terra.

Qualquer que seja o resultado de hoje, a dupla questão da elegibilidade e da falsidade documental continuará sendo investigada na comissão nomeada pelo xerife do condado de Maricopa (Arizona), Joe Arpaio, a pedido de eleitores da região. O próprio Arpaio foi intimado a depor no tribunal da Geórgia, mas já anunciou que não tem nada a dizer antes do término das investigações, marcado para fevereiro. Tão logo noticiado o início dos trabalhos da comissão, o governo federal reagiu ameaçando abrir um inquérito contra Arpaio por suposta “discriminação contra hispânicos”, mas, solicitado a apresentar provas, recusou-se a fazê-lo e depois começou a amolecer, buscando um “diálogo” com o xerife.

Os brasileiros do Bolsa Família abdicaram do direito de sonhar

PUBLICADO EM 7 DE AGOSTO DE 2009

“Primeiro tenho de saber se a patroa deixa”, condicionou Neili dos Santos Ferreira ao ser convidada para uma entrevista na TV. Liberada pela dona do apartamento de que cuida uma vez por semana, a diarista nascida na Bahia, 39 anos e dois filhos escolheu a melhor roupa, cobriu-se com uma contrafação de casaco de pele, incompatível com a tarde quente, e apareceu no estúdio pronta para contar o que pensa e como vive uma brasileira inscrita no Bolsa Família.
Incluído o salário do marido, a renda familiar é de R$1,8 mil. Pelos critérios dos alquimistas federais, pertencem à classe média os quatro brasileiros que, sem dinheiro para a casa própria, moram com a sogra de Neili. Ganha do governo R$ 20 por mês, mas se daria por satisfeita com a metade. ”O Lula é um paizão”, abre o sorriso a diarista, decidida a votar no sucessor escolhido pelo único político em quem confia. ”Ele foi pobre igual à gente”, explica.
Não sabe quem é Dilma Rousseff, mas a ministra pode contar com quatro votos se Lula quiser. Ouviu dizer que, se a oposição vencer, o Bolsa Família vai acabar. Não sabe muito sobre o mensalão e outros escândalos. Não lê jornais nem revistas, nunca leu um livro. Anda evitando os noticiários da TV “porque só falam em coisa ruim”. Não vê diferenças entre os partidos, mas se declara fiel ao PT, “que mudou para melhor”. Na última eleição, só votou num candidato a deputado. Não recorda o nome: ”Foi meu irmão que indicou”.
Sempre falta dinheiro no fim do mês. Se ganhasse na loteria, compraria uma casa. Sem tempo nem verba para qualquer tipo de lazer, nunca viu uma peça de teatro e foi ao cinema só uma vez. A filha quer ser cabeleireira, o filho tem jeito para futebol. O que faria se o menino se tornasse um craque internacional? Ajudaria o irmão alcóolatra. Parou de estudar ainda no segundo grau porque não gostava.
Não dá maior importância à formação escolar. Lula, por exemplo, não precisa aprender mais nada para lidar com qualquer problema, até mesmo complicações internacionais. Se for preciso, basta chamar um professor particular. Neili acompanha à distância as bandalheiras no Senado, não entende direito o que está acontecendo. O ser humano é muito ganancioso, generaliza. Num recado a José Sarney, recomenda ao senador que, se tiver culpa no cartório, confesse o que fez e peça desculpas. Lula não tem nada a ver com a confusão, ressalva.
A incursão pelo universo do Bolsa Família é reveladora e inquietante. Como a diarista, milhões de brasileiros admitem que a vida anda difícil, mas não têm queixas a fazer, muito menos exigências a apresentar: sobreviver é suficiente. Abdicaram do direito de sonhar. Conformam-se com pouco mais que nada

Petista disfarçada de representante da ONU decide denunciar governo de SP por causa do Pinheirinho.

Piada! Petista disfarçada de representante da ONU decide denunciar governo de SP por causa do Pinheirinho. Então vamos ver quem é ela, o que faz e por que sua denúncia já está desmoralizada


Raquel Rolnik, a denunciante... Não é a ONU, é o PT quem está falando
Um dia antes de deixar o Ministério da Educação para concorrer à Prefeitura de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad afirmou, em desafio à Lei Eleitoral — lei pra quê? — que a campanha começava no dia seguinte. E começou! A pancadaria que os esquerdistas tentaram promover ontem na cidade já faz parte do processo. Mas não só. Num dos posts abaixo, mostro como a EBC, de Dilma Rousseff, afina seus ponteiros com a Telesur, de Hugo Chávez, para espalhar uma mentira grotesca. Sim, eles podem mentir à vontade. Eu desconstruo a mentira.

Muito bem! Há uma senhora chamada Raquel Rolnik que foi feita, por influência dos petistas, Relatora Internacional do Direito à Moradia Adequada do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Huuummm… Entendo! Se há alguém isento neste mundo, que só se preocupa com os fatos, é Rolnik!!! Por isso ela denuncia hoje o governo de São Paulo nas Nações Unidas, e há um escarcéu em certa imprensa, dizendo ser uma denúncia da ONU! Será mesmo?

Se vocês recorrerem ao Google, verão que Rolnik é professora da USP, relatora da ONU e coisa e tal, mas é quase impossível encontrar duas informações:
a) foi Diretora de Planejamento da cidade de São Paulo no governo Marta! Sim, no governo Marta, justamente aquele em que a Cracolândia se consolidou.

b) foi nada menos do que secretária nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades entre 2003 e 2007.

Rolnik espalhava aos quatro ventos que era preciso “repovoar o centro” quando pertencia ao governo Marta, mas nunca tomou uma miserável medida concreta pra isso. Ao contrário! Deixaram a região ao deus-dará. Quando a gestão Serra tentou interferir ali, Rolnik se juntou àquele padre esquisito para acusar “higienismo”. Ficou quatro anos no Ministério das Cidades! E o que se conhece de seu trabalho ali? Era um ministério que não existia, tanto que foi ocupado, por dois anos, por Olívio Dutra (com Rolnik, claro…). Digam uma só medida dessa gestão em favor da moradia ou do que quer que seja.

A impostura
Como “relatora”, dona Rolnik pode fazer uma denúncia, pedir uma investigação etc. Mas não pode expedir uma sentença antes mesmo que haja apuração — caso ela se mostre necessária. Mas a ex-auxiliar de Marta e ex-auxiliar de Lula já deu a sentença condenatória. Em seu blog, esta senhora condena a ação na cracolândia, no Pinheirinho e, atenção!, até mesmo a intervenção na USP para restabelecer a lei. A propósito: o que a USP tem a ver com moradia, que é a sua especialidade? É POR ISSO QUE A CHAMO DE “PETISTA DISFARÇADA DE REPRESENTANTE DA ONU”? Formalmente, ela tem, sim, uma atribuição das Nações Unidas. Mas suas convicções, fica evidente para mim, contaminaram sua capacidade de avaliar os fatos com isenção.

Notem, então, como se estabelece o cerco. Raramente vi uma trama tecida com tanto método e determinação. Eis o roteiro:
1 - governo federal assiste impassível à questão do Pinheirinho; poderia ter desapropriado a área, mas não o fez; apenas se disse “interessado” na questão;;;
2 - Planalto sabe que competência para decidir é da Justiça Estadual, mas finge acreditar que é da Justiça Federal;
3 - a PM, cumprindo ORDEM JUDICIAL, faz a desocupação da área sob pesadas críticas dos petistas, que, curiosamente, atacam o governo de SP, não a Justiça;
4 - Agência oficial de notícias, em linha com emissora de Chávez, denuncia a existência de mortos na operação. A mentira corre o mundo e é reproduzida no Brasil até por grandes portais, como UOL e Terra;
5 - a esmagadora maioria da imprensa omite o fato de que o Pinheirinho é comandado por um partido político de extrema esquerda, o PSTU, que atua, na margem, como linha auxiliar do PT (embora diga que não). Foi esse partido que impediu um acordo que evitasse a invasão;
6- uma petista incrustada num órgão da ONU, como Rolnik, decide denunciar o governo de São Paulo, e boa parte da imprensa omite a sua biografia. Aliás, ela própria, em seu blog, não informa que foi auxiliar de Marta Suplicy e burocrata do Ministério das Cidades no governo Lula. De sua lavra, num caso ou em outro, não se conhece uma maldita ação concreta que tenha melhorado a vida nas cidades.

COMO PODE UMA REPRESENTANTE DA ONU JÁ TER DADO UMA SENTENÇA EM SEU BLOG PESSOAL SOBRE O QUE É NÃO MAIS DO QUE UM PEDIDO DE APURAÇÃO? Em sua megalomania e delírio totalitário, os petistas aparelharam até as Nações Unidas. Bem, não é de estranhar. Os órgãos da entidade ligados aos direitos humanos estão coalhados de representantes de ditadores e facínoras. Raquel, nesse meio, é a melhorzinha, mas não necessariamente a mais sincera.

Encerro
Não adianta me xingar. Eu não dou a mínima. O que penso desta senhora, aliás, também não importa tanto. Eu quero ver é contestarem o seguinte:
1 - Foi auxiliar de Marta;
2 - foi secretária do Ministério das Cidades;
3 - é ligada ao PT;
4 - não elaborou um só projeto significativo para São Paulo ou para o Brasil;
5 - já condenou o governo de São Paulo em seu blog antes de qualquer apuração - portanto, perdeu a condição necessária para ocupar a função, que exige isenção;
6 - em seu afã antigoverno do estado, emitiu opiniões políticas que nada têm a ver com moradia e urbanismo.

RAQUEL ROLNIK DENUNCIA O GOVERNO DE SÃO PAULO NA ONU? E EU A DENUNCIO POR OMITIR A SUA CONDIÇÃO EX-SERVIDORA DE GOVERNOS PETISTAS.

Não venham os petralhas com conversa mole. Venham com fatos, como faço!

Haddad cumpriu a promessa: a campanha já começou!

Por Reinaldo Azevedo

Reprovado no Enem

Estadão, 26 de janeiro de 2012.

O Enem — Exame Nacional do Ensino Médio — foi criado pelo ex-ministro da Educação Paulo Renato de Souza, em 1998, como parte de um esforço para melhorar a qualidade das escolas desse ciclo educacional. Para isso, precisava de um instrumento de avaliação do aproveitamento dos alunos ao fim do terceiro ano, com o propósito de subsidiar reformas no sistema. Iniciativas desse tipo também foram adotadas nos casos do ensino fundamental e do universitário. Nada mais adequado do que conhecer melhor o seu produto para adotar as terapias adequadas. O principal benefício para o estudante era avaliar o próprio conhecimento.

O Enem é uma prova voluntária e de caráter nacional. As questões são as mesmas em todo o Brasil. Sua expansão foi rápida: até 2002, cerca de 3,5 milhões de alunos já tinham sido avaliados. Note-se que Paulo Renato chegou a incentivar que as universidades levassem em conta o resultado do Enem em seus respectivos processos seletivos. Em 2002, 340 instituições de ensino superior faziam isso.

Ainda que o PT e seus sindicatos tivessem combatido o Enem, o governo Lula o manteve sem nenhuma modificação até 2008, quando o Ministério da Educação anunciou, pomposamente, que ele seria usado como exame de seleção para as universidades federais, o que “acabaria com a angústia” de milhões de estudantes ao por fim aos vestibulares tradicionais.

A partir dessa data, dados os erros metodológicos, a inépcia da gestão e o estilo publicitário (e só!) de governar, armou-se uma grande confusão: enganos, desperdício de recursos, injustiças e, finalmente, a desmoralização de um exame nacional.

O Enem, criado para avaliar o desempenho dos alunos e instruir a intervenção dos governos em favor da qualidade, transformou-se em porta de acesso — ou peneira — para selecionar estudantes universitários. Uma estupenda contradição! Lançaram-se numa empreitada para “extinguir os vestibulares” e acabaram criando o maior vestibular da Terra, dificílimo de administrar e evitar falhas, irregularidades e colapsos. A angústia de milhões de candidatos, ao contrário do que anunciou o então ministro, Fernando Haddad, cresceu em vez de diminuir. E por quê?

Porque a um engano grave se juntou a inépcia. Vamos ao engano. Em 2009, o Enem passou a usar a chamada “Teoria de Resposta ao Item” (TRI) para definir a pontuação dos alunos, tornados “vestibulandos”. Infelizmente, recorreu-se à boa ciência para fazer política pública ruim. A TRI mede a proficiência dos alunos e é empregada no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) desde 1995, prova que não seleciona candidatos – pretende mostrar o nível em que se encontra a educação, comparar as escolas e acompanhar sua evolução, para orientar as políticas educacionais.

Como o Enem virou prova classificatória, o uso da TRI, que não confere pontos aos alunos segundo o número de acertos (Teoria Clássica dos Testes – TCT), renovou a “angústia”. O “candidato” não tem ideia da pontuação que lhe vão atribuir porque desconhece os critérios do examinador. Uma coisa é empregar a TRI para avaliar o nível dos jovens; outra, diferente, é fazer dela um mistério que decide seu destino. Na verdade, o “novo” Enem passou a usar a TRI para, simultaneamente, selecionar alunos, avaliar o desempenho das escolas, criar rankings, certificar jovens e adultos que não completaram o ensino médio e orientar o currículum desse ciclo. Não há exame no mundo com tantas finalidades discrepantes.

A Teoria Clássica dos Testes não distingue o acerto derivado do “chute” daquele decorrente da sabedoria. A TRI pode ser mais apropriada como forma de avaliar o nível da educação, mas, como critério de seleção, vira um enigma para os candidatos. Os vestibulares “tradicionais”, como a Fuvest, costumam fazer sua seleção em duas etapas; uma primeira rodada com testes e uma segunda com respostas dissertativas — que não comportam o chute.

O Enem-vestibular do PT concentrou, ainda, na prova de Redação a demonstração da capacidade argumentativa do aluno. Além de as propostas virarem, muitas vezes, uma peneira ideológica, assistimos a um espetáculo de falta de método, incompetência e arbítrio. O país inteiro soube de um aluno da escola Lourenço Castanho, em São Paulo, que recorreu à Justiça e sua nota, de “anulada”, passou para 880 pontos — o máximo possível é mil. Outro, ao receber uma explicação sobre seus pontos, constatou um erro de soma que lhe roubava 20 pontos. Outros 127 estudantes conseguiram ter suas notas corrigidas. Atentem para a barbeiragem técnica: nos testes, recorre-se à TRI para que o “chute” não tenha o mesmo peso do acerto consciente, mas o candidato fica à mercê de uma correção marcada pelo subjetivismo e pelo arbítrio.

É conhecida também a sucessão de outros problemas e trapalhadas: quebra do sigilo em 2009, provas defeituosas em 2010 e nova quebra de sigilo em 2011. Além disso, os estudantes que, via Justiça, cobram os critérios de correção das redações, costumam receber mensagens com erros grotescos de português. Todos nós podemos escorregar aqui e ali no emprego da norma culta. Quando, porém, um candidato questiona a sua nota de redação e recebe do próprio examinador um texto cheio de erros, algo de muito errado está em curso.

Se o MEC queria acabar com os vestibulares, não poderia ter criado “o” vestibular. Se o Enem deve ser também uma prova de acesso à universidade, não pode ser realizado apenas uma vez por ano — promete-se duas jornadas só a partir de 2013. A verdade é que o governo não criou as condições técnicas necessárias para que a prova tivesse esse caráter. A quebra de sigilo em 2011 se deu porque questões usadas como pré-testes foram parar na prova oficial. O banco de questões do Enem não suporta a demanda. O PT se esqueceu de cuidar desse particular no afã de “mostrar serviço” — um péssimo serviço!

O ex-ministro Haddad, antes de deixar o cargo, fingiu confundir a crítica que fizeram a seu desempenho com críticas ao próprio Enem, o que é falso. Talvez seu papel fosse mesmo investir na confusão para tentar apagar as pegadas que deixava. O nosso papel é investir no esclarecimento

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A burguesia enraivecida dá “voadora” em preto pobre que trabalha

Foto Márcio Fernandes, da Agência Estado

Eis aí. Vejam a fúria com que este “democrata de razão desentorpecia” avança contra seguranças, dois deles negros — e já explico por que faço essa referência. Essa extrema minoria de violentos que tem ocupado as ruas, buscando confronto, gosta de se fingir de “povo” e de denunciar a repressão da polícia, que atuaria em defesa dos poderoso etc e tal. Vocês conhecem a cascata.
A imagem é bastante eloqüente. Sou capaz de jurar que a mochila, o jeans e o tênis Nike desse “revolucionário”, somados, correspondem quase a um salário — a depender do caso, ultrapassa — dos seguranças. A cueca pode ficar fora da conta. Se um babaca desses acaba ferido no confronto, vai posar de vítima na imprensa, e os tais “coletivos disso e daquilo” farão do furioso um herói. E há o risco de o jornalismo cair na conversa.
Se um segurança branco aparecesse dando uma voadora num manifestante negro, o notório Frei Davi viria a público, com sua teologia perturbada, para denunciar “racismo”. Como se trata de um manifestante branco atacando seguranças negros, o tal Frei vai ficar de boca calada. No fim das contas, não é que essa gente seja contra agressão a negros — opõe-se à agressão aos “negros que são do movimento”, os que são ligados à “causa”. Bater em preto pode, desde que seja no preto certo, entenderam?
Por Reinaldo Azevedo

A blogueira cubana obriga a presidente a escolher entre a generosidade e a infâmia

Em outubro de 2009, a blogueira Yoani Sánchez fez a primeira tentativa de viajar para o Brasil. O setor de imigração da mais antiga ditadura do mundo recusou-lhe o visto indispensável para sair da ilha-presídio. Tentou de novo em março de 2010, para assistir em Jequié, na Bahia, à estreia do documentário Conexão Cuba-Honduras, do cineasta Cláudio Galvão, que conta como vive e trabalha a mais célebre dissidente do regime totalitário. Para contornar o cerco dos carcereiros, Yoani pediu socorro a Lula por escrito.

“O senhor tem dado mostras de que confia na boa-fé do governo cubano”, observou a remetente no penúltimo parágrafo da carta remetida ao então presidente da República. “Para manter viva essa confiança”, supôs, os irmãos Castro não rejeitariam uma solicitação do amigo brasileiro. ”O senhor estaria pedindo o que para qualquer ser humano é um direito inalienável”, argumentou. O episódio foi tema de um post publicado neste espaço.

“É a chance de Lula mostrar que a opção preferencial pela ditadura companheira, sempre vergonhosa, não é de todo inútil”, escrevi. “Depois de curvar-se tantas vezes à vontade de Fidel, depois de repreender o preso político Orlando Zapata por ter morrido de fome, o presidente brasileiro pode demonstrar que atitudes desonrosas trazem algumas vantagens. Por exemplo, conseguir que Fidel e Raul Castro permitam que uma jornalista conheça o Brasil. Mais uma vez, Lula está obrigado a escolher entre as cavernas e a civilização, entre a generosidade e a infâmia. Ele decide”.

Previsivelmente, decidiu-se pelo silêncio pusilânime. Sempre obediente à partitura do oportunismo, só neste janeiro lembrou-se de Yoani. Ao saber que a blogueira resolvera fazer uma terceira tentativa, Lula mandou-lhe um conselho pelo senador Eduardo Suplicy: deveria escrever a Dilma Rousseff pedindo à afilhada que fizesse o que o padrinho não fez. A carta foi enviada nesta semana. Se a presidente não ajudar a prisioneira sem condenação formal, estará reafirmando que, no começo dos anos 70, não estava interessada na restauração da liberdade e da democracia. Sonhava com a substituição da ditadura militar pela ditadura comunista.

Há poucas horas, o Itamaraty anunciou a concessão do visto de entrada no Brasil a Yoani. Bom sinal. Mas falta o essencial: a permissão para a saída. Dilma precisa afirmar publicamente que o colega Raul Castro deve autorizar a viagem. Como Lula em 2010, a presidente está obrigada a escolher entre a generosidade e a infâmia. Ela decide

Deputado desafia Dilma e diz que PMDB não perderá cargo

Por Andreza Matais e Catia Sebra, na Folha:

Em um gesto público de insatisfação com o governo de Dilma Rousseff, o PMDB desafiou ontem o Planalto a demitir o apadrinhado da legenda que comanda órgão federal de combate à seca. O recado foi dado pelo líder da bancada de deputados federais do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que é o candidato oficial da base governista a comandar a Câmara a partir de 2013. “O governo vai brigar com metade da República, com o maior partido do Brasil? Que tem o vice-presidente da República, 80 deputados, 20 senadores? Vai brigar por causa disso? Por que faria isso?”, questionou Alves, responsável pela indicação sob ameaça de exoneração.

O deputado também cobrou reciprocidade, defendendo que Dilma aja em relação a seu afilhado da mesma forma que agiu com ministros que, mesmo sob suspeita, foram mantidos nos cargos. No centro da crise está o diretor-geral do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), Elias Fernandes, filiado ao PMDB. O governo cogita tirá-lo depois que a CGU (Controladoria-Geral da União) apontou desvios de R$ 192 milhões na estatal. O Dnocs é vinculado ao ministro Fernando Bezerra (Integração), do PSB, que confirma a informação de que haverá mudanças no órgão.

“Se fosse assim, o Fernando Bezerra tinha sido demitido; o Fernando Pimentel [Desenvolvimento] tinha sido demitido; o Paulo Bernardo [Comunicações] tinha sido demitido. Mas não. Apresentaram suas explicações, convenceram, com nosso apoio inclusive, e ficaram”, disse Alves. Ele se referia a ministros contra os quais pesaram suspeitas de irregularidades. Bezerra, de favorecer parentes e seu Estado na liberação de verbas da pasta, entre outros pontos; Pimentel, por suspeitas em consultorias de sua empresa; Bernardo, por suposto uso de jato particular. Alves acrescentou: “Eu quero o mesmo tratamento ao representante do meu partido no Dnocs. Por que com o PMDB o tratamento é diferente? Não pode se explicar.”

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A cara do governo Dilma Rousseff


“É impossível administrar com tanta gente”, resumiu o empresário Jorge Gerdau, coordenador da Câmara de Gestão. Um primeiro escalão com 38 integrantes é coisa de doido, confirma a foto da reunião ministerial desta segunda-feira. Mas Gerdau, chefe do grupo escalado por Dilma para apresentar propostas que tornem o governo mais ágil e menos ineficaz, está perdendo tempo. As sugestões vão naufragar no mar das conveniências político-financeiras. Para satisfazer a gula do PT e da base alugada, a presidente não pode desativar nenhum cabideiro de empregos, muito menos fechar alguma fábrica de maracutaias.
A fala da presidente durou 30 minutos. Se quisesse saber o que andou fazendo o pior ministério de todos os tempos, cada pai-da-pátria precisaria de pelo menos 15 para explicar por que não fez o que prometeu ou combinou. Total: 570 minutos. Tamanha discurseira exigiria, no mínimo, dois intervalos de 15 minutos. Mais meia hora. Tudo somado, a reunião consumiria 630 minutos. Ou 10 horas e meia. Para quê? Para nada. Dilma tanto sabe disso que tratou de dispensar a turma de justificativas já na abertura do encontro. “Eu não quero balanço”, informou a voz na fronteira que separa a advertência do rosnado.
Melhor assim. O PAC é um balaio de fantasias esquecidas, projetos encalhados, canteiros de obras desertos, cronogramas atrasados e ruínas prematuras. As águas do São Francisco só chegaram ao sertão do Brasil Maravilha registrado em cartório. Os flagelados da Região Serrana seguem à espera das 6 mil casas prometidas para julho de 2011. As 6 mil creches da campanha continuam nos palanques. O Enem do primeiro semestre foi cancelado. Os figurões do governo tratam até resfriado em hospitais particulares. Há 12 meses no cargo, Dilma não presidiu nenhuma inauguração relevante. Nenhuma. Os casos de polícia protagonizados por ministros foram infinitamente mais numerosos que os fatos admistrativos produzidos pelo primeiro escalão.
Vale a pena ver de novo a multidão de nulidades contemplando a chefe invisível ou fingindo anotar os melhores momentos de outro discurso sobre o nada. Se cada gestão presidencial tivesse de providenciar uma carteira de identidade, o documento válido para o período 2011-2015 poderia ser ilustrado pela foto acima. É a cara do governo Dilma Rousseff.

Aula prática de mau e de bom jornalismos - “PM do PSB e do PT deixa estudante negro do Piauí cego de um olho; Gilberto Carvalho e Maria do Rosário fin

Vejam esta foto:

É Hudson Silva. Ele estuda filosofia na Faculdade Federal do Piauí e participava de uma das manifestações organizadas em Teresina contra a elevação da tarifa de ônibus. Fragmento de uma bomba de efeito moral usada pela PM para reprimir o protesto — violento, é bom que fique claro — o deixou cego do olho direito.
Agora vamos ao título lá do alto. O que lhes parece? Imito o procedimento das milícias esquerdopatas que atuam nas redes sociais e nos sites e portais da grande imprensa (aliás, nas redações também!). É claro que se trata de uma partidarização detestável do fato. O grave, meus caros, é que a imprensa por enquanto séria está se deixando contaminar por essa prática — desde, é claro, que o partido atacado não seja, como é o caso, de esquerda.
Acompanhem. Foi parar no Jornal Nacional o conflito entre um PM e um estudante invasor da USP — que lhe disse algo inaudível no vídeo, que o deixou furioso. Já escrevi mais de uma vez que o comportamento do policial foi inaceitável. O estudante em questão é um notório militante pró-invasão. Tocava, junto com outro invasor, um bar — isto mesmo!!! — na área pública invadida. Não saíram uma palavra e uma linha na chamada grande imprensa sobre a privatização do espaço público. Mais: foi parar em rede nacional a acusação de racismo. Afinal, o estudante é mestiço — nota: ele não era o único do grupo, como acusou um certo frei. Voltemos agora ao Piauí.
A manchete lá do alto, obviamente distorcida, é construída a partir de fatos, a saber:
1) O Piauí é governado por PSB e PT;
2) a PM do Piauí está, pois, sob o controle desses dois partidos;
3) houve um choque entre estudantes e PM;
4) fragmento de uma bomba de efeito moral deixou cego de um olho o estudante Hudson Silva;
5) Hudson Silva é, segundo os critérios adotados pelos militantes, negro — tão negro como o tal estudante da USP;
6) os dois ministros petistas não disseram mesmo nada a respeito.
Tudo isso é verdade. Mas é evidente que o título lá do alto força a barra, não é? É evidente que ele não é exemplo de bom jornalismo. Afinal:
1 - A PM está sob a gestão de um governo do PSB-PT, mas não é uma “polícia do PSB-PT”, e sim do estado do Piauí;
2 - o estudante que ficou cego de um olho é mestiço (os racialistas o chamam “negro”), mas não há a menor evidência de que jogaram uma bomba perto dele por isso — como não há a mais remota evidência de que o policial da USP se indispôs com aquele invasor por causa da cor de sua pele;
3 - ministros não têm a obrigação de ficar se pronunciando sobre confrontos que ocorrem nos estados;
4 - a formulação faz crer que a PM tem a intenção deliberada de ferir manifestantes;
5 - não fica claro, em nenhum momento, que a PM reagia a um protesto violento.
Este jornalista tem lado, sim!
Sim, eu tenho lado! O jornalismo “nem-nem” sempre me causou repulsa. Hoje, nem mais isso ele é. E qual é o meu lado? É o de algum partido? Uma ova! Sou aborrecidamente defensor da legalidade democrática. E parto do princípio de que a imprensa séria também. Ou não? Há casos que requerem conversa, e há casos que requerem polícia. Não se deve usar polícia quando é para conversar e conversa quando é para usar a polícia. “Ah, em conflitos sociais, sempre se deve bate papo”… Desde que os manifestantes não decidam que incendiar ônibus é uma forma de diálogo. Desde que os manifestantes não formem uma tropa de choque particular para enfrentar a ordem.
Alguns idiotas lotados mesmo na grande imprensa pretendem, para me desqualificar, que eu seja uma espécie de “outro lado” (sempre essa perspectiva) dos blogueiros a soldo do oficialismo, alimentados por estatais. Podem me detestar à vontade (aliás, quanto mais batem, mais cresço), mas saibam ao menos odiar. Errado! Eu não recebo dinheiro público, da administração direta ou de estatais. Mais ainda: também não lido, como Nelson Breve, com a grana que pertence a todos os brasileiros. Ainda que eu fizesse o trabalho sujo que fez a EBC, mas do “outro lado”, seria um caso diferente. Só que eu não faço.
Quando os subordinados de Breve puseram no ar aquela mentira sobre mortos no Pinheirinho, estavam fazendo um trabalho partidário. Ocorre, e eis a sem-vergonhice essencial do procedimento, que nem todos os brasileiros são petistas ou de esquerda. Usar o recurso que é de todo mundo para veicular um ponto de vista que é de um grupo, e ainda ancorado numa mentira, é prática de tiranos.
Um peso, duas medidas
NÃO, EU NÃO COBRO QUE A CHAMADA GRANDE IMPRENSA FAÇA COM OS PARTIDOS DE ESQUERDA O QUE AS ESQUERDAS FAZEM COM OS PARTIDOS QUE DIZEM SER DE DIREITA (JÁ QUE NÃO SÃO…). Cobro, isto sim, é que não se usem para uns e outros um peso e duas medidas.
Alguma emissora de televisão se interessou em conversar com o estudante do Piauí, que ficou cego de um olho? Alguma entidade de defesa dos negros acusou a prática de racismo? Alguém se lembrou de perguntar se houve ou não exageros da PM (o mesmo se diga de Pernambuco e Espírito Santo, também governados pela dupla PSB-PT)? Por que um “negro da USP” é uma causa — adotada até pela grande imprensa —, mas um “negro do Piauí” não interessa a ninguém? Será que as forças ainda dispostas a enfrentar o petismo terão, também elas, de criar uma máquina de mentiras e distorções para enfrentar a outra máquina de mentiras e distorções?
Acho este post muito importante porque ele destrincha os passos da manipulação da notícia. A grande imprensa, com raras exceções, está se tornando refém das ONGs e dos grupos organizados de pressão. Como eles correram para condenar a ação do PM na USP, acusando até racismo, o jornalismo foi atrás. Como eles ignoraram os eventos do Piauí, de Pernambuco e do Espírito Santo (afinal, os petistas financiam boa parte das entidades e as dirigem), então a grande imprensa faz o mesmo.
Tenho a impressão, às vezes, de que a chefia de reportagem de jornais, sites e portais desapareceu e é exercida hoje por alguns coronéis das redes sociais.
Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dilma nunca gostou de Gabrielli. Ou: sai o presidente de estatal que fez terrorismo eleitoral sem medo de parecer terrorista

Dilma nunca gostou de José Sérgio Gabrielli. Tentava ter controle da empresa desde que era ministra das Minas e Energia e nunca conseguiu. Na chefia da Casa Civil, como a tal gerentona, seguiu no mesmo esforço, também inútil. Gabrielli tinha e tem um padrinho muito forte: Luiz Inácio Lula da Silva. Quais são exatamente as divergências técnicas entre a agora presidente da República e o ainda presidente da Petrobras? Nunca ficaram muito claras. Quando ministra, Dilma reclamava que não conseguia ter acesso a dados da empresa que considerava essenciais à sua atividade. Maria das Graças é, sem sombra de dúvida, sua “mulher de confiança”.
E Gabrielli? Sempre foi um político, não um homem de empresa. A área teve um avanço importante nos últimos anos, especialmente com o pré-sal — esforço que vem de muito antes do governo Lula, é evidente —-, mas o petista-propagandista foi um grande alimentador do mito de que o PT redescobriu a Petrobras. Nunca distinguiu os limites limites entre a sua responsabilidade técnica e sua irresponsabilidade política.
Em 2010, em plena campanha eleitoral, entre o primeiro e o segundo turno, Gabrielli teve a desfaçatez de conceder entrevistas afirmando que FHC tentara, sim!, privatizar a Petrobras, o que é um afirmação escandalosamente mentirosa. Tratava-se de mero terrorismo eleitoral. O PT queria; Gabrielli fazia. Sempre foi um político, um militante. Agora, deve integrar o governo da Bahia, consolidando seu espaço para disputar a sucessão de Jaques Wagner pelo PT.
Sai o homem de Lula da Petrobras, entra a mulher de Dilma. Sem conhecer direito o trabalho de Maria das Graças Foster e sem ignorar o marido inconveniente — isso é, sim, relevante — , tendo a achar que se ganha um pouco mais de técnica e se perde um pouco de pirotecnia. Vamos ver. Afinal, é impossível ser menos técnico do que Gabrielli e mais fanfarrão do que ele.
Por Reinaldo Azevedo

Pinheirinho era dominado por milícia ideológica que cobrava taxa de moradores e comerciantes

Você não lerá da imprensa politicamente correta, mas é fato. Se os chefes de reportagem — ainda os há nas redações, ou agora o jornalismo é uma soma de mônadas destrambelhadas? — tiverem algum interesse, devem instruir seus repórteres a manter uma conversa franca com os antigos moradores do Pinheirinho.
A área estava submetida a um rígido controle, como direi?, ideológico. Tudo ali tinha preço. Para morar no Pinheirinho, era preciso pagar uma taxa aos “donos do pedaço”, uma espécie de adesão de caráter político, entendem? E variava de acordo com a área, a qualidade do barraco, essas coisas. Não era exatamente um aluguel, mas uma espécie de taxa de “condomínio” — nunca menos de R$ 100 mensais, segundo fiquei sabendo.
Mas não só. Os comerciantes também precisavam pagar uma “taxa” de administração aos leninistas que administravam aquele conjunto — no mínimo, R$ 500. E, vejam que coisa!, nunca o Ministério Público se interessou por isso. Era uma forma de milícia, evidentemente, só que com horizonte redentor. Basta colocar os repórteres para ouvir, e a verdade virá à tona.
Mas isso não vai acontecer. Sabem por quê? Porque boa parte dos jornalistas acredita que, se contar essa verdade, estará fazendo o jogo dos “reacionários”, entendem? Não pega bem! Então se contenta, e alguns se fartam, com as histórias inequivocamente tristes. É uma prática antiga. Sartre, na fase idiota, achava que era necessário esconder os crimes do comunismo para não tirar as esperanças da classe operária. O resultado dessa postura? O comunismo matou bem uns 150 milhões de pessoas sob o silêncio cúmplice da maioria dos intelectuais “progressistas”.
A verdade liberta, sempre. A mentira mata em silêncio.
Por Reinaldo Azevedo

Europa anuncia embargo a petróleo iraniano e amplia tensão no Golfo

Por Jamil Chade, no Estadão:

A União Europeia aprovou nesta segunda-feira, 23, um embargo contra o petróleo iraniano. Para diplomatas, a medida pode ser o último recurso para forçar o Irã a abandonar seu programa nuclear. Em Teerã, a reação foi imediata. O governo iraniano ameaçou fechar o Estreito de Ormuz e interromper o fornecimento imediato do produto, o que agravaria a crise econômica global.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, disse que o objetivo da nova sanção é fazer o Irã negociar. Segundo ela, a UE propôs o diálogo, mas ainda não obteve resposta. Nos últimos dias, apesar dos sinais desencontrados emitidos por Teerã, mediadores acreditam que a pressão esteja dando resultados e o regime iraniano estaria disposto a negociar.
Além do embargo sobre o petróleo iraniano, a UE congelou os bens do Banco Central do Irã, restringiu investimentos no país e proibiu a exportação de equipamentos para exploração de gás. No total, 500 iranianos já estão com suas contas congeladas e proibidos de viajar para a Europa.
No entanto, a grande ferramenta de pressão é mesmo o embargo sobre o petróleo, responsável por grande parte do financiamento externo da economia iraniana. A UE é o segundo maior importador de petróleo do Irã, superado pela China.
O embargo, porém, pode se transformar em dor de cabeça para a Europa, que vive sua pior crise desde a criação do euro. Pressionada por Grécia, Espanha e Itália, que importam do Irã grande parte do petróleo que consomem, a UE optou por um embargo progressivo. A sanção vale para todos os novos contratos, mas os países terão até julho para buscar alternativas.
Ameaça
Para Ali Fallahian, ex-ministro e membro da Assembleia dos Especialistas, colegiado que escolhe o líder supremo do Irã, o país deveria encerrar as exportações à Europa, afetando a zona do euro. “A melhor forma é parar as exportações antes dos seis meses de prazo e antes da implementação do plano”, disse. Segundo ele, se isso ocorrer, as sanções entram em “colapso”.
O Irã ainda ameaçou novamente fechar o Estreito de Ormuz. “Se qualquer problema foi registrado na venda de petróleo iraniano, o Estreito de Ormuz será fechado”, disse Mohamed Kossari, vice-presidente do Comitê de Segurança Nacional do Parlamento.
No fim de semana, um porta-aviões americano e navios de guerra franceses e britânicos desafiaram as ameaças e navegaram pela região. A Casa Branca já disse que não aceita o fechamento. Para o Ministério da Defesa britânico, a presença de navios na região “mostra o compromisso dos três países em manter a passagem aberta”.
A Rússia, que rejeita mais sanções, reagiu de maneira moderada. O chanceler russo, Sergei Lavrov, classificou o embargo como um “fator agravante” e disse que tentaria convencer o Irã a negociar. “Não podemos tomar medidas radicais”, disse.
Em comunicado, Alemanha, Grã-Bretanha e França também pediram a volta das negociações. “Pedimos que os líderes do Irã suspendam suas atividades nucleares imediatamente”, afirma o texto, que garante que “as portas estão abertas para que o Irã entre em negociações sérias e significativas sobre seu programa nuclear”. “Espero que o Irã recobre sua consciência e aceite negociar”, afirmou o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Causas sagradas

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 17 de janeiro de 2012

É um impulso natural do ser humano evadir-se da estreiteza da rotina pessoal e familiar para aventurar-se no universo mais amplo da História, onde sente que sua vida se transcende e adquire um “sentido” superior. A maneira mais banal e tosca de fazer isso, acessível até aos medíocres, incapazes e pilantras, é a militância num partido ou numa “causa”, isto é, em algum egoísmo grupal embelezado de palavras pomposas como “liberdade”, “igualdade”, “justiça”, “patriotismo”, “moralidade” ou “direitos humanos”. Essas palavras podem representar algum valor substantivo, mas não quando o indivíduo adquire delas todo o valor que possa ter, em vez de preenchê-las com sua própria substância pessoal. A mais criminosa ilusão da modernidade foi persuadir os homens de que podem enobrecer-se mediante a identificação com uma “causa”, quando na verdade todas as causas, enquanto nomes de valores abstratos, só adquirem valor concreto pela nobreza dos homens que a representam. O fundo da degradação se atinge quando algumas “causas” são tão valorizadas que parecem infundir virtudes, automaticamente, em qualquer vagabundo, farsante ou bandido que consinta em representá-las. A palavra mesma “virtude” provém do latim vir, viri, que significa “varão”, designando que é qualidade própria do ser humano individual e não de idéias gerais abstratas, por mais lindos e atraentes que soem os seus nomes.

Não há maior evidência disso do que o próprio cristianismo, o qual, antes de ser um “movimento”, uma “causa”, uma instituição ou mesmo uma doutrina, foi uma pessoa de carne e osso, a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, da qual, e unicamente da qual, tudo o que veio depois na história da Igreja adquire qualquer validação a que possa aspirar.

Quando tomada como medida máxima ou única de aferição do bem e do mal, a “causa” adquire o prestígio das coisas sagradas e se torna objeto de alienação idolátrica. Ora, em maior ou menor medida isso acontece com todas, absolutamente todas as causas políticas, sociais e econômicas do mundo moderno, sem exceção. O comunismo, o fascismo, o feminismo, a negritude, o movimento gay, às vezes o próprio o liberalismo ou, em escala menor e local, o petismo, não admitem virtude maior que a de aderir à sua causa, nem pecado mais hediondo que o de combatê-la. Para os militantes, “bom” é quem está do seu lado, “mau” quem está contra. É um julgamento de última instância, contra o qual não se pode alegar, nem como atenuante, qualquer valor mais universal encarnado numa pessoa concreta. Embora todos esses movimentos sejam historicamente localizados, não fazendo sentido fora de um estrito limite cronológico, os julgamentos morais baseados neles vêm com uma pretensão de universalidade atemporal, abolindo até mesmo o senso da relatividade cultural: para as feministas enragées, a autoridade do macho é odiosa em qualquer época, mesmo naquelas em que a dureza das condições econômicas, os perigos naturais e a ameaça das guerras constantes tornavam impensável qualquer veleidade de igualitarismo sexual.

Mais ainda: o esforço desenvolvido em público a favor da “causa” é um critério tão absoluto e definitivo de julgamento, que, uma vez atendido, dispensa o indivíduo de praticar na sua vida pessoal as próprias virtudes que o movimento diz representar. Alegar, por exemplo, que Karl Marx instaurou em casa a mais rígida discriminação de classe, excluindo da mesa da família o filho ilegítimo que tivera com a empregada, é considerado um “mero” argumentum ad hominem que nada prova contra o valor excelso da “causa” marxista. Do mesmo modo, o sr. Luiz Mott é louvado por seu combate em favor do casamento gay, embora se gabe de ter ido para a cama com mais de quinhentos homens, isto é, de não ter o mínimo respeito pela instituição do casamento, seja hetero, seja homo. Mutatis mutandis, as mais óbvias virtudes pessoais do adversário tornam-se irrelevantes ou desprezíveis em comparação com o fato de que ele está “do lado errado”. Moralmente falando, Francisco Franco, Charles de Gaule ou Humberto Castelo Branco, homens de uma idoneidade pessoal exemplar, foram infinitamente superiores a Fidel Castro ou Che Guevara, assassinos em série de seus próprios amigos, isto para não falar de Mao Dzedong, estuprador compulsivo. Mas qual comunista admitiria enxergar nesse detalhe um sinal, mesmo longínquo, de que a nobreza da causa que defende talvez não seja tão absoluta quanto lhe parece? Mesmo as virtudes dos mártires e dos santos nada significam, em comparação com um alto cargo no Partido.

Quando digo que esse fenômeno traduz a sacralização do contingente e do provisório, não estou fazendo figura de linguagem. Mircea Eliade, e na esteira dele praticamente todos os historiadores da religião, definem o “sagrado” como tudo aquilo a que se atribui um valor último, uma autoridade julgadora soberana e insuperável, imune, por sua vez, a todo julgamento. Na medida em que tomam a adesão ou rejeição à sua causa como critério derradeiro e irrecorrível de julgamento das condutas humanas, os movimentos a que me referi acima se tornam caricaturas grotescas da religião e da moralidade, e por sua simples existência já produzem a degradação moral da espécie humana ao nível da simples criminalidade politicamente oportuna.

Gabrielli deve trocar Petrobras pela política baiana


Presidente da estatal deve deixar o cargo em fevereiro em consequência da pressão exercida pelo Planalto e pelo governador Jaques Wagner

Luciana Marques

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, deixará o cargo em fevereiro para seguir carreira política na Bahia. Apesar da informação ainda não ter sido divulgada oficialmente, nos bastidores, a saída de Gabrielli já é dada como certa pelo PT. De acordo com um petista, a demissão já estava “programada” e não causou surpresa.
Integrantes do partido avaliam que a decisão de Gabrielli de deixar a estatal é fruto da pressão da presidente Dilma Rousseff e do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Desde o ano passado, a presidente tinha a intenção de substituir Gabrielli pela diretora de Gás e Energia da estatal, Maria da Graça Foster. Dilma, contudo, não queria desapontar o ex-presidente Lula, padrinho do presidente da Petrobras.
Com a ajuda do governador da Bahia, ficou mais fácil convencer Gabrielli a deixar o cargo. Ele não manifestava interesse em perder o domínio da estatal mais prestigiada entre os políticos já em 2012. “Jaques estava insistindo para que ele disputasse o governo estadual em 2014”, disse um petista, sob condição de anonimato.
Até as eleições, Gabrielli deverá ocupar uma secretaria do governo baiano, provavelmente da área econômica. A carreira política do presidente da Petrobras, no entanto, não será fácil. Ele terá de enfrentar pretensões políticas de outros petistas - entre eles, o senador Walter Pinheiro (PT-BA), também cotado para disputar o governo da Bahia em 2014. “Não há consenso sobre o nome de Gabrielli e isso não será tranquilo de se resolver”, garante um petista.
O nome do presidente da Petrobras também foi lembrado para a disputa da prefeitura de Salvador neste ano. Mas o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA) é a opção número um do PT até agora.
Espera-se que o afastamento de Gabrielli, que comanda a empresa desde julho de 2005, seja confirmado no dia 13 de fevereiro, quando ocorrerá a primeira reunião do ano do conselho administrativo da estatal.
Sob nova direção - Maria das Graças Foster, que deve ocupar a presidência da Petrobras, é um nome de confiança da presidente Dilma. Ela chegou a ser cotada para ocupar a Casa Civil, mas a força política de Antonio Palocci à época prevaleceu. A diretora tem perfil próximo ao de Dilma: além de técnica, também tem fama de “durona”.

Megagrávida de Taubaté admite que gestação era farsa


De acordo com advogados da mulher, nem o marido dela sabia da fraude
A "gravidez" de quadrigêmeos de uma mulher de 25 anos de Taubaté, no interior de São Paulo, não passava de uma farsa. A revelação foi feita nesta sexta-feira pelos advogados de Maria Verônica Aparecida César Santos, a pretensa supermãe, e pelo delegado Ivahir Freitas Garcia Filho, que investiga o caso desde que surgiram as primeiras suspeitas de fraude.
Desde a semana passada, a pedagoga Maria Verônica vem concedendo entrevistas para falar sobre sua gestação e posando com uma gigantesca e redonda barriga. Ela dizia estar grávida de 35 semanas e pronta para uma cesariana marcada para esta sexta-feira. A suspeita da farsa surgiu quando um médico que atendeu Maria Verônica em outubro concedeu entrevista à Rede Record dizendo que ela nunca apresentou sinais de gravidez.
Depois disso, a mulher não foi mais localizada e a polícia passou a investigar o caso. Até que nessa sexta-feira, em Taubaté, o mistério teve fim. Os advogados de Maria Verônica, Marcos Antonio Leite e Enilson de Castro, confirmaram que ela nunca esteve grávida. A mulher usava uma barriga falsa, de silicone com enchimento de tecido, e teria enganado até mesmo o marido. "Nem o marido a tocava, ela dizia que estava com estrias e o marido acreditou na gravidez", disse Castro, que não explicou o motivo da farsa. Ele assumiu o caso nesta sexta-feira.
A família e os advogados da falsa grávida teriam ficado sabendo da verdade nesta madrugada, quando ela passou mal, recusou atendimento médico e acabou admitindo a farsa. O advogado Marcos Antonio Leite recebeu a informação por volta de 3h da manhã. Segundo ele, o marido, Kléber Eduardo Melo Vieira, entrou em estado de choque e teria chorado no momento em que viu que a barriga tinha apenas pedaços de tecidos e silicone. "Ela se mostrou bastante arrependida", disse o advogado.
Polícia - Com a maior dúvida respondida, a polícia agora deverá ouvir outros familiares. De acordo com o delegado Ivahir Freitas Garcia Filho, a mulher deverá prestar esclarecimentos na próxima semana e poderá ser ouvida em domicílio, a pedido da defesa que busca preservá-la do assédio das pessoas. A pena por falsidade ideológica e uma eventual vantagem sobre as doações recebidas podem levar a professora de um a quatro anos de prisão. Segundo o advogado Enilson de Castro, que agora defende Maria Verônica, ela se prontificou a devolver as doações que recebeu.
(Com Agência Estado

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

APROVADA REDUÇÃO DE CARGA HORÁRIA PARA PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM

Brasília – A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou na manhã desta quarta-feira (16), o Projeto de Lei 2295/2000, que reduz a carga horária de trabalho dos profissionais da Enfermagem de 40 para 30 horas semanais. A medida vai beneficiar enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras. A proposta altera a Lei 7.498/86, que regulamenta as atividades profissionais da categoria.

Em março, o deputado Décio Lima (PT) havia encaminhado requerimento à mesa diretora da Câmara dos Deputados pedindo a inclusão da matéria na pauta de votações.

A proposição foi feita atendendo à manifestação de profissionais de enfermagem de Santa Catarina, que estiveram em Brasília buscando apoio para a aprovação do projeto.

Estimativas do Conselho Federal de Enfermagem, da Associação Brasileira de Enfermagem, da Federação Nacional de Enfermeiros e das confederações dos Trabalhadores na Saúde e em Seguridade Social mostram que o impacto nos hospitais públicos com a mudança da jornada de 40 para 30 horas vai exigir a contratação de 21.965 profissionais de enfermagem com um custo anual de R$ 259, 4 milhões.

Dados do Coren – Conselho Regional de Enfermagem apontam que há, no Brasil, 1,3 milhão de trabalhadores de enfermagem, todos trabalhando mais de 40 horas semanais. Em Santa Catarina, enumerou o deputado, são 37 mil profissionais da área. Segundo Décio Lima, projeto com este teor já havia sido aprovado na década de 80, mas foi vetado pelo governo federal na época.

A deputada estadual Ana Paula Lima (PT), que é enfermeira de profissão, acompanhou a sessão.

A proposta, já aprovada em junho pela comissão de Seguridade Social e rejeitada anteriormente pela Comissão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público, será analisada agora pelo Plenário

Celso Daniel: dez anos e oito cadáveres depois.

Nesta quarta, o seqüestro do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, completa dez anos. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado numa estrada de terra em Juquitiba. Desde aquele dia, tem-se uma fila imensa de cadáveres e poucas respostas. A tese do Ministério Público é a de que Celso foi vítima de um crime de encomenda, desdobramento de um esquema instalado na própria Prefeitura, coordenado por ele, destinado a desviar recursos para o PT. Membro do grupo, Sérgio Sombra, amigo pessoal do prefeito, é acusado de ser o mandante.

Até agora, o único condenado é Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos. O julgamento aconteceu no Fórum de Itapecerica da Serra. Adriano Marreiro dos Santos, seu advogado, diz que seu cliente confessou sob tortura. O Ministério Público reuniu evidências de que ele dirigiu um dos carros que abalroou a picape em que Celso estava, encomendou o roubo de outro veículo que participou da operação e conduziu a vitima da favela Pantanal, em Diadema, para Juquitiba, onde foi assassinada.


Bruno Daniel, um dos irmãos de Celso, afirma que, no dia da Missa de Sétimo Dia, Gilberto Carvalho, hoje secretário-geral da Presidência do governo Dilma, confessou que levava dinheiro do esquema montado na Prefeitura para a direção do PT. Carvalho lhe teria dito que chegou a entregar R$ 1,2 milhão ao então presidente do partido, José Dirceu. Carvalho e Dirceu negam. Bruno e sua família são os únicos brasileiros na França que gozam do estatuto oficial de “exilados”. Tiveram de deixar o país, ameaçados de morte. Francisco, o outro irmão, também teve de se mandar. Eles não aceitam a tese de que o irmão foi vítima de crime comum.

O ressentimento de Bruno - ele e a mulher eram militantes do PT - com o partido é grande. Ele acusa os petistas de terem feito pressão para que a morte fosse considerada crime comum. Outro alvo seu é o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, então deputado federal pelo partido. Greenhalgh acompanhou a necropsia do corpo e assegurou à família que Celso não tinha sido torturado, o que foi desmentido pelo legista Carlos Delmonte Printes em relato feito à família. A tortura é um indício de que os algozes do prefeito queriam algo mais do que seqüestrá-lo para obter um resgate, o que nunca foi pedido. Por que Greenhalgh afirmou uma coisa, e o legista, outra? Difícil saber: no dia 12 de outubro de 2005, Printes foi encontrado morto em seu escritório. A perícia descartou morte natural e não encontrou sinais de violência. A hipótese de envenenamento não se confirmou. Não se sabe até agora o motivo.

Todos os mortos
A lista de mortos ligados ao caso impressiona. Além do próprio Celso, há mais sete. Um é o garçom Antônio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito e Sérgio Sombra no restaurante Rubaiyat em 18 de janeiro de 2002, noite do seqüestro. Foi assassinado em fevereiro de 2003. Trazia consigo documentos falsos, com um novo nome. Membros da família disseram que ele havia recebido R$ 60 mil, de fonte desconhecida, em sua conta bancária. O garçom ganhava R$ 400 por mês. De acordo com seus colegas de trabalho, na noite do seqüestro do prefeito, ele teria ouvido uma conversa sobre qual teria sido orientado a silenciar.

Quando foi convocado a depor, disse à Polícia que tanto Celso quanto Sombra pareciam tranqüilos e que não tinha ouvido nada de estranho. O garçom chegou a ser assunto de um telefonema gravado pela Polícia Federal entre Sombra e o então vereador de Santo André Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), oito dias depois de o corpo de Celso ter sido encontrado. “Você se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do jantar é o que sempre te servia ou era um cara diferente?”, indagou Klinger. “Era o cara de costume”, respondeu Sombra.

Vinte dias depois da morte de Oliveira, Paulo Henrique Brito, a única testemunha desse assassinato, foi morto no mesmo lugar com um tiro nas costas. Em dezembro de 2003, o agente funerário Iran Moraes Rédua foi assassinado com dois tiros quando estava trabalhando. Rédua foi a primeira pessoa que reconheceu o corpo de Daniel na estrada e chamou a polícia.

Dionízio Severo, detento apontado pelo Ministério Público como o elo entre Sérgio Sombra, acusado de ser o mandante do crime, e a quadrilha que matou o prefeito, foi assassinado na cadeia, na frente de seu advogado. Abriu a fila. Sua morte se deu três meses depois da de Celso e dois dias depois de ter dito que teria informações sobre o episódio. Ele havia sido resgatado do presídio dois dias antes do seqüestro. Foi recapturado. O homem que o abrigou no período em que a operação teria sido organizada, Sérgio Orelha, também foi assassinado. Outro preso, Airton Feitosa, disse que Severo lhe relatou ter conhecimento do esquema para matar Celso e que um “amigo” (de Celso) seria o responsável por atrair o prefeito para uma armadilha.

O investigador do Denarc Otávio Mercier, que ligou para Severo na véspera do seqüestro, morreu em troca de tiros com homens que tinham invadido seu apartamento. O último cadáver foi o do legista Carlos Delmonte Printes. Perderam a conta? Então anote aí:
1) Celso Daniel : prefeito. Assassinado em janeiro de 2002.
2) Antonio Palacio de Oliveira : garçom. Assassinado em fevereiro de 2003
3) Paulo Henrique Brito : testemunha da morte do garçom. Assassinado em março de 2003
4) Iran Moraes Rédua: reconheceu o corpo de Daniel. Assassinado - dezembro de 2003
5) Dionizio Severo: suposto elo entre quadrilha e Sombra. Assassinado - abril de 2002
6) Sérgio Orelha: Amigo de Severo. Assassinado em 2002
7) Otávio Mercier: investigador que ligou para Severo. Morto em julho de 2003.
8 ) Carlos Delmonte Printes: legista encontrado morto em 12 de outubro de 2005

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Todos juntos e misturados na escola

Metodologia diferenciada de aulas, na Escola Municipal Amorim Lima. Na foto Lanna Maria dos Santos Costa, Ezequiel Lopes da Silva, Brenda Pinho Gonçalves, Alex Vinicius e Ingrid Camily da Silva

Em SP, escolas oferecem ensino interdisciplinar; no Rio, crianças de várias idades dividem espaço
Carolina Benevides - Marcelle Ribeiro

RIO e SÃO PAULO - Cerca de cem colégios brasileiros estudam a adoção de projetos pedagógicos inspirados numa escola pública de Portugal considerada revolucionária. Na Escola da Ponte, localizada na cidade do Porto, não há séries, turmas ou salas de aula tradicionais. Os alunos, de idades diferentes e sentados em grupos de mesas, são os que definem a ordem dos estudos e como serão avaliados. Para melhorar a educação, algumas escolas brasileiras já derrubaram paredes, literalmente.

A mudança na escola pública portuguesa aconteceu na década de 1970. Atualmente, o ex-diretor da Escola da Ponte José Pacheco se prepara para ampliar a divulgação do projeto, que pretende tornar alunos e professores mais autônomos e participativos no projeto de aprendizagem. Pacheco pretende criar em Cotia, em São Paulo, um centro de referência para formação de professores e vai voltar à sala de aula à frente de uma escola gratuita que começará a funcionar na cidade no próximo período letivo. Além disso, ele e sua equipe acompanham regularmente cerca de cem colégios brasileiros que de alguma maneira pensam em mudanças.

— Os educadores brasileiros já perceberam que as escolas, do jeito que funcionam, na verdade, não funcionam, produzem ignorância. Alguns enxergam na Ponte uma mudança como a que tem que acontecer no sistema educacional brasileiro — afirma José Pacheco.

Segundo Pacheco, 20 dessas escolas, públicas e particulares, estão mais avançadas nesse sentido, principalmente nos estados de Minas Gerais, Porto Alegre, Paraná e São Paulo.

Alunos podem tirar dúvidas de estudantes do seu grupo

Entre elas estão dois colégios municipais de ensino fundamental da capital paulista: o Amorim Lima e o Campos Salles. Nos dois, a mudança foi tão radical que incluiu a derrubada de paredes. Mas, para respeitar as normas do governo brasileiro, as séries não foram abolidas, como aconteceu na Escola da Ponte.

Na escola Amorim Lima, sete salas de aula viraram dois salões, sendo que o maior comporta até 105 alunos. Em cada um dos salões, as carteiras dos alunos não ficam uma atrás da outra, mas sim arrumadas em círculos, cada círculo com cinco alunos. Ao mesmo tempo, pode haver alunos de séries diferentes, cada um estudando um assunto diferente de uma disciplina diferente. Todos que estão no salão aprendem usando como base roteiros de pesquisa interdisciplinares.

Num salão, como os da escola Amorim Lima, o quadro negro é pouco usado e os professores — um para cerca de 30 alunos — estão ali para tirar dúvidas, e o professor de uma disciplina pode ser chamado para tirar dúvida sobre outra disciplina.

— A ideia é que o estudante que tiver dúvidas peça ajuda a outro integrante de seu grupo. Se ele não souber, pede ajuda ao professor. Se o professor que o atender não souber, ele pede ajuda a outro professor — explica a diretora da escola Amorim Lima, Ana Elisa Siqueira.

Além disso, são programadas "oficinas" semanais, que podem ser aulas expositivas, feitas em outros espaços. O desenvolvimento dos alunos é acompanhado de perto pelos tutores. Cada aluno tem um tutor que, em reuniões semanais, conversa sobre as dificuldades encontradas e os avanços.

Aluno do 7 série do ensino fundamental, na escola Amorim Lima, Luca Mazzola, de 13 anos, faz algumas críticas ao método:

— Acho que aqui os alunos estão num nível um pouco abaixo de aprendizado do que na escola particular em que eu estudava antes. É ruim os alunos não aprenderem as mesmas coisas ao mesmo tempo.

Na escola Campos Salles, os alunos de séries diferentes não foram misturados nos salões. Também há roteiros de estudo, grupos e tutores, além de uma comissão para mediar conflitos formada por 12 alunos e monitorada por um professor. Quem explica o funcionamento é Keila Ramos Verdelho, de 9 anos, aluna da 3 série:

— Quando um aluno está mal na escola ou está bagunçando, reunimos a comissão mediadora. A gente conversa e dá chances para a pessoa melhorar. Se ela não melhora, a gente faz reunião com os pais e o diretor — conta Keila: — Uma vez, chamamos uma mãe para conversar e ela disse que não falaria com crianças. Aí, o diretor disse que ou ela conversava com a gente ou não conversava com ninguém. O problema foi resolvido.

Desde que a escola mudou o sistema de ensino, em 2006, as média obtidas no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) — criado pelo Ministério da Educação para medir a qualidade da educação — , melhoraram e ultrapassaram as metas previstas pelo governo.

— Mas o que mais tem valor para nós é que antes nós perguntávamos para um aluno da 8 série sobre as perspectivas de vida dele e víamos que ele não sonhava. Hoje mudou tudo, eles sonham em fazer faculdade — afirma o diretor da escola Campos Salles, Braz Rodrigues Nogueira.

No Rio, crianças de diferentes idades juntas

No Rio, crianças matriculadas na Escola Edem podem ter a experiência de conviver com alunos de várias idades. Para isso, precisam frequentar o horário extensivo, oferecido para crianças de 1 a 10 anos.

— Os pais podem matricular seus filhos na série regular, por exemplo, no turno da tarde e deixá-los na escola de manhã fazendo várias atividades extracurriculares. Então, eles são divididos em dois grupos: um para crianças de 1 a 5 anos e outro para as que têm entre 6 e 10 anos — conta Claudia Fenerich, assessora pedagógica da escola:

— Não é um aprendizado formal, ainda que as crianças tenham ajuda para fazer o dever de casa. Durante esse horário extensivo, elas têm atividades como natação, teatro e inglês e participam de passeios. O interessante é que os maiores ajudam aos menores, os menores se espelham nos maiores, elas crescem com mais autonomia, têm muita interação social.

— Esse contato com diferentes idades faz com que a criança seja mais solidária e amadureça. Além de proporcionar um grande número de amizades — diz Ana Bezerra, mãe de Carolina, de 11 anos, e que, desde os 4, frequentou o Horário Extensivo.

Mãe de um menino de 8 anos, Rosana Soares Zouain conta que, há dois anos, optou pelo horário extensivo para não deixá-lo em casa com uma babá:

— Achei mais interessante e não me arrependi. O Lucas era muito tímido e a convivência com crianças de várias idades fez ele ficar mais despachado.

Na Escola Sá Pereira, alunos matriculados no ensino infantil também podem conviver com crianças de várias idades:

— Temos essa estratégia de atendimento há tempos e percebemos que as crianças se tornam mais flexíveis, solidárias, tolerantes e com mais capacidade para desenvolver a cooperação — conta Maria Teresa Moura, diretora da Sá Pereira

domingo, 15 de janeiro de 2012

Os cafetões ideológicos dos desgraçados. Ou: Haddad dá início a guerrilha eleitoral explorando tragédia social

Um grupo de bacanas e descolados, ligados a ONGs e a movimentos sociais, decidiu organizar um churrasco em protesto contra a ação da Prefeitura e da Polícia Militar na cracolândia. Segundo a PM, o evento reuniu ontem umas 200 pessoas entre viciados e deslumbrados. Os primeiros são suicidas; os outros são homicidas. Já chego lá. O leitor Allan Pinho, de São João do Miriti, no Rio, envia uma indagação interessante. leiam:


“Reinaldo, aqui no Rio, no combate à cracolândia da favela do Jacarezinho, inclusive com a internação compulsória, houve grande apoio da população, da grande maioria da imprensa, do Poder Judiciário, inclusive do MP [Ministério Público] e da DP [Defensoria Pública]. Por que em São Paulo não está tendo esse apoio? Qual a diferença entre Rio e São Paulo nessa situação?”

Boa questão, Allan! Essas mesmas correntes de opinião e entes apoiaram, de modo inequívoco, a instalação das UPPs e a retomada de alguns morros. Qual a diferença? No Rio, o PT é situação, e Sérgio Cabral é considerado um aliado estratégico pelo Palácio do Planalto. Não há ninguém, em Brasília, sabotando as ações do governo estadual, nem no Ministério Público, na Defensoria, nas ONGs ou nos movimentos sociais. Em São Paulo, o PT é oposição a Geraldo Alckmin (PSDB) e está tentando entender qual é a de Gilberto Kassab (opôs-se à sua gestão ao menos até a criação do PSD).

O PT é mesmo assim: pode apoiar ou sabotar uma determinada medida a depender de quem a implemente. Assiste-se, em São Paulo, a um movimento de caráter político, com apelo eleitoral. Amplos setores da imprensa já se alinham com a candidatura do petista Fernando Haddad à Prefeitura. Vai ver estão encantados com a competência demonstrada pelo rapaz no Ministério da Educação, em especial no Enem… Na Folha de hoje, o ainda ministro aparece classficando a ação em São Paulo de “desastrada”. Bem, ao menos as coisas ficam mais claras agora.


Eis a diferença, meu caro Allan! Como os petistas dominam boa parte das ONGs, dos movimentos sociais e têm forte presença nas redações, consegue emplacar a sua pauta. É o caso da tal “Churrascada da Gente Diferenciada - Cracolândia”. Estará hoje em todos os jornais, foi amplamente noticiada nos sites e portais e ganha, assim, uma visibilidade muitíssimas vezes superior à sua importância. Só para você ter uma idéia, o Estadão informa que foram comprados 18 quilos de carne e alguns frangos, assados em quatro grelhas. O Globo Online não economizou: alguém contou à reportagem que foram consumidos nada menos de QUINHENTOS QUILOS. Imaginem que estrutura não seria necessária para assar meia tonelada!

Ainda no Globo, lê-se a declaração de Patricia Cornils, de uma certa “Transparência Hacker”, segundo quem a idéia do churrasco foi de um morador de rua. É mentira! A história começou num site que defende a legalização das drogas chamado “Desentorpecendo a Razão”. Parece piada macabra, mas não é. Viciados em crack, que já não têm mais nada de seu a não ser o vício - vivem em função da pedra -, estão servindo ao proselitismo de um grupo que fala em “desentorpecer a razão”. Não havia mais do que 200 pessoas lá, incluindo dependentes que perambulam pelo local. Boa parte não gostou do movimento e preferiu se afastar. Alguns pobres desgraçados só queriam um pouco de pão e carne - quem poderá condená-los por isso? Animados mesmo estavam os Remelentos & as Mafaldinhas de classe média, muitos deles certamente consumidores “recreativos” de drogas, que depois voltariam para o conforto dos seus lares, rumariam para as suas baladas, retomariam a sua rotina “burguesa”, deixando para trás os andrajos humanos que só pensam na próxima pedra…

Os viciados em crack praticam o suicídio lento - na verdade, nem tão lento assim. Esses deslumbrados que foram lá fazer política são, queiram ou não, homicidas cordiais. Sob o pretexto de defender os direitos dos viciados, fazem, na prática, a apologia do vício. A maioria dos paulistas, dos paulistanos em particular, estou certo, apóia as medidas da Prefeitura e do governo. Mas essa turma não faz churrasco, não ocupa as ruas, não pertence a “coletivo” nenhum! E a minoria, então, acaba dando o tom da cobertura.

Uma das estrelas do evento de ontem foi ninguém menos do que o padre Júlio Lancelotti, aquele que não conseguiu dar uma explicação razoável para o fato de ter comprado um carro de luxo para um ex-interno da Febem que o chantageava. Ele é o chefão de uma tal “Pastoral do Povo de Rua” - boa parte dessas pessoas, todos sabem, é viciada em crack. Há anos este, vá lá, “religioso”, histórico militante ligado ao PT, organiza a resistência a toda e qualquer tentativa do Poder Público de intervir na área. Não por acaso, quando prefeita, Marta Suplicy (PT) ignorou o problema. Foi em sua gestão que a cracolândia passou definitivamente para o controle dos viciados, dos traficantes e das ONGs que diziam fazer por ali um trabalho de “redução de danos”. Um desses trabalhos, acreditem!, era distribuir cachimbos novos aos viciados sob o pretexto de que era mais higiênico e impedia a transmissão de doenças.

A cracolândia se transformou num enorme mercado de almas para a caridade à moda Lancelotti. Ao Globo, ele deu uma declaração assustadora. Já que é um padre da Igreja Católica (fazer o quê? Há dessas coisas…), ouso dizer que suas palavras são inspiradas, sim, mas pelo antípoda de Deus. Leiam:
“Uma manifestação como essa é tudo que ninguém esperava: o povo que vive na cracolândia comendo com pessoas de outros segmentos sociais. Isso é um sinal de que a sociedade muda se todo mundo puder comer junto, se a comida for suficiente para todos, se eu olhar para o outro como meu irmão. Se houver partilha, se todos tiverem direito ao pão, a cidade vai ser nova e diferente”.

É para estômagos fortes. O que é que “mudou” exatamente? Nada! A fala de Lancelotti traz o desastre moral que já está embutido no nome de sua pastoral: “Povo de Rua”. Não existe um “povo de rua” como categoria sociológica, política, antropológica ou religiosa. Aquele que está na rua vive um drama pessoal e familiar que pede uma solução. Na fala desse padre, os viciados da cracolândia se transformam num segmento social dotado de direitos específicos. Errado! São cidadãos, sim, submetidos às mesmas leis que regulam a vida das demais pessoas. Se estão doentes, têm de buscar ajuda. Mas não dispõem de licença especial, como privatizar o espaço público, por exemplo.

Noto em setores da imprensa paulistana um viés delirante, estúpido. Aqui e ali, percebe-se um esforço para transformar os viciados da cracolândia numa comunidade com valores próprios, como se houvesse por lá uma variante antropológica. Não há dúvida de que um sociólogo ou antropólogo conseguiria fazer fascinantes trabalhos descritivos sobre aquela “subcultura”, encontrando todos os mecanismos de poder e de organização que estruturam a sociedade dos não-viciados. Não há dúvida, e os jornalistas babam embevecidos quando diante de uma historieta, que se multiplicam por lá manifestações de solidariedade e companheirismo. Não há dúvida de que os viciados têm sonhos, anseios, ambições, pequenas vaidades.

Pulsa, sim, senhores, a vida humana em meio àqueles escombros e andrajos físicos, morais, éticos… Por isso mesmo, cumpre ao Poder Público tomar uma medida drástica. E a primeira consiste em recuperar o território para dar combate ao tráfico, oferecendo, como está sendo feito, a oportunidade de tratamento aos viciados e prendendo os bandidos.

“E se os viciados não quiserem?” Bem, enquanto não há uma legislação que dê amparo à internação forçada, são livres para rejeitar ajuda, MAS, ATENÇÃO!, NÃO SÃO LIVRES PARA ESPALHAR A DESORDEM! Uma das faixas pregadas pelos organizadores do churrasco sustentava: “Nem criminoso, nem doente: usuário de drogas é cidadão”. Já o viciado Paulo Henrique Bispo, de 38 anos, pensa um pouco diferente: “A gente está doente e precisa de tratamento, não brutalidade”. Perceberam? Os proxenetas dos viciados, seus cafetões ideológicos, querem lhes emprestar uma voz política. Ocorre que muitos deles, no entanto, sabem-se doentes. O curioso é que tanto o discurso “sociologizado” como o “medicalizado” partem do princípio de que o dependente pode impor a sua vontade ao conjunto da sociedade. E não pode!

“A contrário do que dizem por aí, a operação não tem prazo para acabar. A polícia vai permanecer enquanto tiver necessidade. Vamos apoiar as próximas fases da operação, apoiar os agentes de saúde e de assistência social”. A fala é do secretário de Segurança de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto. Assim seja!

A região hoje conhecida por cracolândia precisa voltar a abrigar a churrascada da gente que não se diferencia: o homem comum, que não se droga, trabalha, estuda e luta para ter uma vida digna.

Por Reinaldo Azevedo

sábado, 14 de janeiro de 2012

Leonelli rebate Lúcio e dispara contra organização do Rally dos Sertões

Acusado pelo deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB) de “excluir” à Bahia do Rally dos Sertões deste ano por “interesses pessoais”, o secretário estadual de Turismo, Domingos Leonelli, rebateu as acusações e ainda fez duras críticas a organização do evento da empresa Dunas. O titular da pasta afirmou que “quem excluiu à Bahia foi o Rally dos Sertões”. “Trouxemos eles antes, mas temos vergonha na cara. Eles que estão em falta. Se comprometeram de manter o roteiro Goiás-Salvador, mas receberam um proposta melhor e foram embora”, disse Leonelli. Este ano o evento vai terminar em São Luís, no Maranhão.

Entretanto, o secretário reconheceu que foi ingênuo ao aceitar a palavra dos empresários. “Reconheço que errei em não ter tomado isso (acordo) por escrito e com a Stock Car foi tudo no contrato, inclusive o acordo de que vamos renovar por mais cinco anos”, pontuou. Mas na avaliação de Lúcio Vieira Lima a conversa foi outra. “Não sei o que aconteceu na primeira conversa, mas o Rally dos Sertões se queixa de que ouve um problema e agora o secretário não quer nem conversar. Ele pode até ter tido a razão no começo, mas agora, em mome de qualquer briga, ele se dá ao direito de deixar de trazer investimentos para Bahia”, disse.

Mesmo se o Rally dos Sertões decidir voltar, pode não ser aceito pelo governo estadual, já que além da briga, Leonelli garante que não tem dinheiro. “São dezenas de propostas, mas não tem dinheiro para tudo. Tem que selecionar”, explicou. A vinda do Rally dos Sertões em 2007 custou R$ 1 milhão, sendo R$ 500 mil do governo federal e outros R$ 500 mil da Petrobras. Já a Stock Car custou R$ 5 milhões no primeiro ano - por causa do investimento em infraestrutura para a pista no CAB - e este ano o valor cai para R$ 1,3 milhão.

Questionado sobre quem saiu perdendo, Leonelli foi taxativo: “eles”. “Substituímos pela Stock Car, que tem 10 vezes mais impacto. Qualquer pessoa pode ver a repercussão que dá e ainda podemos anunciar à Bahia em todos os circuitos do Brasil”, justificou. No final da entrevista, o secretário não deixou de alfinetar o peemedebista. “Não sabia que esse era mais um interesse dos Vieira Lima. O deputado está mal informado e se está advogando em nome do Rally dos Sertões, está advogando errado”, concluiu. O PH entrou em contato com a Dunas mas ainda não obteve retorno