domingo, 31 de julho de 2011

Sobre encéfalos

Ser bicéfalo é uma tremenda vantagem competitiva. Principalmente se o adversário é anencéfalo. Aí é covardia.

sábado, 30 de julho de 2011

Em solidariedade a Marcos Decliê

Caro Marcos

Estive lendo o que disseram de você num site noticioso local. Inclusive de um elemento arqueroso que usa um nome falso para atacar a todos. Não se intimide e também não dê bola.Você não tem de dar satisfações a ninguém. Como dizia o saudoso Sergio Porto, a "malta ignara" tomou conta da internet. Somos civilizados e a favor da democracia, do direito e da liberdade de expressão, coisas a que os esquerdistas abominam. Vejam as expressões que eles usam para nos ofender. Para eles o único governo admissível é o da ditadura. De esquerda, bem entendido.
Abraços.

O “PAC” que funciona: Programa de Aceleração da Corrupção

 Leia Editorial do Estadão:O sistema de vale-tudo nas relações entre a burocracia do Executivo, parlamentares e as empresas que conhecem o caminho das pedras para fazer negócios com a área federal engendrou no governo Lula um outro “PAC”, mais bem-sucedido do que o original. Seria o Programa de Aceleração da Corrupção. Diga-se desde logo que conluios entre servidores venais, políticos de mãos sujas e negociantes desonestos não são uma exclusividade nacional e tampouco surgiram sob o lulismo. Mas tudo indica que a roubalheira na escolha dos fornecedores de bens e prestadores de serviços ao Estado brasileiro e nos contratos que os privilegiaram alcançou amplitude nunca antes atingida na história deste país nos governos petistas, e não apenas em função do patamar de gastos públicos. Mais decisivo para o resultado estarrecedor a que se chegou foi o perverso exemplo de cima para baixo. No regime do mensalão e das relações calorosas entre o presidente da República e a escória da política empoleirada em posições-chave no Parlamento, corruptores e corruptíveis em potencial se sentiram incentivados a assaltar o erário com a desenvoltura dos que nada têm a perder e tudo a ganhar. Nos últimos 30 dias, as histórias escabrosas trazidas à tona pelos escândalos revelados no Ministério dos Transportes tiveram o impacto de uma bomba de fragmentação que lançasse estilhaços em todas as direções da capital do País. Mas elas parecem apenas uma amostra do que vinha (e decerto ainda vem) se passando na máquina federal. Ao passar o pente-fino em 142 mil licitações e contratos do governo assinados entre 2006 e 2010, referentes a obras e serviços no valor de R$ 104 bilhões, o Tribunal de Contas da União (TCU) topou com escabrosidades que caracterizam um padrão consolidado de delinquência, evidenciado em praticamente todos os aspectos de cada empreendimento (pág. A-4 do Estado de sexta-feira). As licitações se transformaram no proverbial jogo de cartas marcadas. Não apenas o governo fechava negócios com firmas cujos sócios eram servidores públicos aninhados no próprio órgão que encomendava a empreitada, mas em um dos casos esses funcionários integravam a comissão de licitação que acabaria por dar preferência às suas respectivas empresas.

Licitações eram dispensadas sem a apresentação de justa causa. Só uma empresa interessada ganhou 12 mil licitações; desistiu de todas para favorecer “concorrentes” que haviam apresentado lances mais altos. Duas ou mais empresas com os mesmos sócios participaram de 16 mil disputas. Cerca de 1.500 contratos foram assinados com empresas inidôneas ou condenadas por improbidade. Aditivos da ordem de 125% sobre o valor original - o limite legal é de 25% - engordaram 9.400 contratos. As irregularidades, que somam mais de 100 mil, “estão disseminadas entre todos os gestores”, concluiu o relatório de 70 páginas da mega-auditoria realizada pelo tribunal de abril a setembro do ano passado.
Lamentavelmente, o tribunal manteve em sigilo - salvo para as Mesas da Câmara e do Senado, e o Ministério Público Eleitoral - a relação de parlamentares sócios de empresas contratadas pelo governo. A participação dos políticos nesses negócios ajuda a fomentar a corrupção, em razão dos seus íntimos entrelaçamentos com os centros de decisão no aparato administrativo. Além disso, a Constituição proíbe explicitamente que empresas que tenham parlamentares entre os seus sócios sejam contratadas pelo governo. Para contornar essa barreira, os políticos costumam deixar a gestão direta de suas firmas. Em pelo menos um caso, porém, o mandatário não se pejou de assinar ele próprio o contrato com uma repartição pública.
Quanto aos políticos citados no relatório, só dois nomes são conhecidos, graças ao trabalho de reportagem do Estado. São o senador e ex-ministro das Comunicações (afastado por suspeita de ilícitos) Eunício Oliveira e o notório deputado Paulo Maluf. Uma empresa do primeiro venceu uma licitação fraudada de R$ 300 milhões na Petrobrás. Uma empresa do segundo alugou um imóvel para o governo por R$ 1,3 milhão ao ano. Com “dispensa de licitação”.
Vamos aguardar a divulgação da lista em poder dos membros das mesas do Senado e da Câmara dos Deputados.
Por Reinaldo Azevedo

Comento
Essa é a tal "revolução social, econômica e política" que o governo do PT nos legou.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Glauber Gomes assumirá cadeira do legislativo municipal

Segundo o presidente da Câmara de Vereadores de Morro do Chapéu Glauber Gomes será o mais novo vereador a assumir uma cadeira no legislativo, fato marcante na história do município, afirmou João Humberto em entrevista a rádio Diamantina FM. Glauber que é suplente, e em decorrência ao estado de saúde da vereadora Francisca Neide, Galuber será convocado ainda hoje por ofício para assumir a cadeira que pertencia à vereadora Francisca Neide Furtado de Lucena. Galuber será empossado nesta segunda feira, 01/08

Comento
É com grande alegria que noticiamos este fato, visto ser Glauber um grande amigo é um dos mais jovens capazes de Morro do Chapéu para assumir tão honroso cargo. Boa sorte.

Aqui tem mais marxismo do que na China

Voces leram bem. Em Irecê vão promover uma discussão sobre a pedagogia marxista. Espantoso. E não se pode fazer qualquer crítica sob a ameaça de ser clasisficado de "reacionário", "direitista", "atrasado", e outras ofensas mais. Um esquerdista não aceita críticas. Veja o que um colunista do site Morronotícias falou sobre Lula: "revolucionou os conceitos políticos, sociais e administrativos..numa visão nacionalista inovadora'. Ainda se fosse um beneficiado do Bolsa Família, se entenderia tamanha puxação de saco, mas um indivíduo esclarecido? A corrupção ameaça paralisar o Brasil, legado que Lula deixou para Dilma, mas para o petista vivemos no melhor dos mundos. A revista Veja, que os esquerdistas odeiam tanto, denunciou a roubalheira no Mistério dos Transportes e Dilma está fazendo a faxina. E se a Veja não tivesse denunciado? Tudo ficaria como dantes no quartel de abrantes.

Enxergando a dialética marxista num simples poema

Lauro Adolfo

Era apenas um poema narrando as brincadeiras infantis lá pelos idos dos anos 70 no sertão, onde falta tudo, até os brinquedos, com os tempos atuais de internet, videogame e sites de relacionamento social. Naturalmente  a autora do poema, relembrava nostalgicamente sua infância, atitude muito comum em qualquer ser humano. Esse seria o resumo sucinto do poema, mas um veículo da mídia local tinha que ideologizar as imagens ali transcritas. E saiu-se com isto:
“...um poema que fez relembrar as vicissitudes das crianças de antigamente com os hábitos das crianças da modernidade, numa exuberante exposição da metamorfose dos costumes, denunciando a dinâmica da dialética materialista tão bem explicada pelos pressupostos marxistas.”
Segundo se pressupõe, a ideologia marxista condena a “dialética materialista”, seja isto o que for , em favor talvez, de uma dialética espiritualista. Mas como se o marxismo condena qualquer tipo de espiritualidade, incluindo religiões populares até aquelas que se reúnem em sociedades secretas (maçonaria)?
Vejam em que terreno pantanoso um simples poema foi nos colocar. A ideologia marxista condena tanto o materialismo quanto o espiritualismo. O que resta então? Eu respondo: a completa e irrevogável eliminação da individualidade. Não existe mais um indivíduo e sim a coletividade. Ninguém possui nada pois tudo é de todos. O indivíduo é apenas uma peça numa gigantesca engrenagem. Sem direito a ter opiniões a não ser aquelas autorizadas pela nomenklatura. Um mundo cinzento, onde vivem por viver. Não há paraíso nem inferno além túmulo pois não há deuses nem anjos, nem demônios (o demônio é o capitalismo).  O que foi no passado será no presente e no futuro. Um mundo absolutamente previsível, perfeitamente adequado para se ter o controle total dos indivíduos, favorecendo o tirano de plantão.
O enfoque “marxista” do singelo poema, está adequado a visão anticapitalista de quem professa a cartilha socialista. Para essa corrente ideológica, toda a arte que não enfoque o “realismo socialista” se enquadra na vertente burguesa, e como tal, decadente. Deixa-se de lado as imagens bucólicas, sentimentais do poema em favor de uma visão ideológica rígida e implacável, em detrimento da sensibilidade artística. Sensibilidade artística é coisa de burguês decadente, segundo o marxismo,  e como tal, deve ser combatida.

Encontro regional em Irecê discute marxismo na prática pedagógica


O Coletivo de Estudos e Pesquisas em Educação e Emancipação Humana (Cepehu), do Campus XVI da Uneb, em Irecê, inscreve para o IV Encontro Regional de Educação, Marxismo e Emancipação Humana (Eemeh) até este domingo (31). Os interessados em participar devem preencher a ficha de inscrição, disponível no blog cepehu.blogspot.com, e enviá-la para o e-mail cepehu@yahoo.com.br. A taxa é de R$ 15 para estudantes e de R$ 20 para profissionais. O evento, que acontece entre os dias 21 a 23 de setembro no campus, aborda o tema Marxismo e a formação humana na educação escolar. O objetivo da iniciativa é discutir a relação entre a teoria e a prática do materialismo histórico dialético com referencial no desenvolvimento para o trabalho educacional escolar, reforçando a perspectiva marxista na área pedagógica.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Crack ajuda a elevar estatísticas de homicídios no país


BELO HORIZONTE - O consumo do crack já provoca uma epidemia de homicídios no país, que vitima principalmente jovens de 15 a 24 anos e é um dos principais fatores do aumento da violência, especialmente no Nordeste. Luiz Flávio Sapori, professor da PUC Minas e um dos principais estudiosos do tema no Brasil, em dois anos de análise conseguiu constatar claramente este fenômeno nos dados de violência em Belo Horizonte, capital mineira.
- A fatia mais considerável da violência nas principais cidades brasileiras está relacionada à introdução do crack. Em especial no Nordeste, onde estão as capitais que tiveram o maior aumento de homicídios - afirma o pesquisador, que classifica o crack como a droga mais danosa da sociedade atual e critica a falta de medidas concretas de atenção ao problema por parte do governo federal.
Em Pernambuco, o crack já se alastrou por todas as cidades do estado . Ao lançar no ano passado o Plano de Ações Sociais Integradas de Enfrentamento ao Crack, o governador Eduardo Campos afirmou que 80% dos homicídios no estado tinham vinculação com o tráfico de drogas e que a grande maioria estava ligada ao crack.
" O Brasil simplesmente não tem uma política de atendimento ao usuário do crack "

Em Minas, Sapori conseguiu estabelecer esta relação entre o crack e o aumento da violência a partir de uma amostragem aleatória de inquéritos da Polícia Civil. Nos anos anteriores à inserção da droga na capital mineira, no meio da década de 90, o comércio de drogas era responsável por 8% dos crime contra a vida. A partir de 1997, este percentual cresceu consideravelmente, alcançando 19% dos crimes até 2004, e 33% em 2006.
- O Brasil simplesmente não tem uma política de atendimento ao usuário do crack. O SUS não está preparado tecnicamente para atender à especificidade do dependente de uma droga diferente de todas as outras existentes por aqui - diz o especialista.
Especialista defende internação forçada
Entre as medidas urgentes que ele defende estão a produção de conhecimento sobre o assunto e a quebra de tabus, entre eles a resistência à internação forçada - o que começou a ocorrer no Rio -, fundamental em vários casos, na opinião dele:
- As pessoas têm de saber que é uma droga muito sedutora e prazerosa, mas capaz de criar uma dependência química sem relação com outras drogas. O usuário não pode cair na visão ingênua de que vai conseguir fazer uso controlado do crack, pois a chance disso acontecer é quase nula.
Neste mês o tema se transformou em pauta principal do Instituto Minas pela Paz, organização da sociedade civil mantida por empresas ligadas à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A ONG buscou o apoio do Conselho Estadual de Políticas Sobre Drogas (Conead-MG) e do Tribunal de Justiça para uma campanha para conscientizar sobre o drama. A mobilização levou um grupo de agências de publicidade a produzir todo o material voluntariamente.
" Não queremos que o governo federal dê comida, queremos que banque vagas "

Para especialistas, a timidez do apoio do Estado à política de atendimento aos usuários tem de acabar, e o desafio é encontrar um modelo de apoio. Por lei, o SUS não pode financiar a atividade que não do próprio governo, o que obriga o Ministério da Saúde a buscar maneira eficiente de financiamento. Uma das alternativas oferecidas pelo governo é oferecer ajuda na alimentação de dependentes.
- Não queremos que o governo federal dê comida, queremos que banque vagas - afirma o mineiro Aloísio Andrade, à frente do Colegiado de Presidentes de Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas.
O colegiado propôs criar uma contribuição social de 1% do rótulo de bebidas e tabaco, carimbada para o financiamento de vagas para atendimento ao dependente químico. Mas não conseguiu o apoio do governo federal. O problema se agrava ainda com o crescente consumo de outras drogas devastadoras, como o oxi, ainda mais barata e letal que o crack.











quarta-feira, 27 de julho de 2011

A última entrevista de Antonio Carlos Magalhães

Antonio Carlos Magalhães, o político mais longevo no poder no Estado da Bahia, despertava ódio ou admiração, não havia meias medidas. Mas a política não tem muitos mistérios. Desde quando Maquiavel lançou seu livro, que a arte de governar se tornou uma ciência. Considerando o poder exercido por ACM por tanto tempo, seus ensinamentos são de grande valia para quem se interessa por política. Alguns servem para a vida particular. Confiram. 
Perg. – Como distinguir coragem de imprudência?
ACM – O observador é quem vai julgar se o sujeito é corajoso ou imprudente. Quem gosta de você diz que é coragem. Quem é adversário acha imprudência. No fundo o que vale é a consciência de cada um. Ou melhor, certos atos nem são de coragem, mas de respeito a si mesmo, ainda que sejam imprudência.
Você não pode é, por prudência perder o brio. É muito comum um político tentar ser tão prudente que acaba pecando por insensibilidade moral. Tenho vários exemplos desse tipo de político que desapareceu da política. Nesse e em outros casos, o sujeito tem de estar atento às circunstâncias. As circunstâncias são muito mais fortes que os nossos desejos.
P – O perigo de brigar com presidentes não é muito maior do que os dividendos de ser estilingue?
ACM – Deve-se brigar sempre para cima. É muito melhor. Brigar para baixo não dá vantagem alguma, ninguém toma conhecimento e ainda lhe acham covarde. Para cima é ótimo, sobretudo se for em defesa de um aliado mais fraco. Todo mundo passa a lhe respeitar mesmo que você não tenha razão. Ao brigar para cima, especialmente se for com o presidente, normalmente se perde, mas se sai mais forte.
P – Como tratar os inimigos?
ACM – Esqueça o nome de nossos inimigos. Pense neles, mas não os mencione. Não se deve sequer falar o nome deles para que não sejam lembrados. Às vezes até atacá-los é bom para eles e prejudicial para você. Esta é a coisa  mais certa que tem na política. Hoje sou forte na Bahia por causa de meus adversários.
P – No caso de um adversário mais fraco, como avaliar quando se deve atacá-lo ou ignorá-lo?
ACM – Depende. A princípio deve-se tratar os inimigos tão mal quanto se trata bem os amigos. Só é preciso tomar cuidado para que não se cometa nenhuma covardia ao brigar com os mais fracos. Também é preciso pensar que, muitas vezes, aquele que é pequeno hoje pode crescer amanhã. O inimigo só cresce em cima de seus erros. Agora, se o sujeito tem mérito, ele cresce de qualquer forma, independentemente da vontade dos mais fortes. Cresce por seus méritos e cresce mais ainda em cima dos erros dos adversários, a regra é clara.
P – Como saber da lealdade de um amigo?
ACM – Se ao entrar numa casa uma criança lhe olha torto, pode estar certo de que ali você não é benquisto. Também não acredite na lealdade de alguém cuja mulher não gosta de você.
P – Qual é o maior pecado de um político?
ACM – O maior pecado de um político é a traição e o maior defeito de caráter de um homem é a ingratidão. Sou leal até a medula com os meus amigos.
P – Qual seu último conselho?
ACM – Se você quer que os outros sejam amigos, apesar de seus defeitos, não se pode querer que os outros não os tenham. Só guarde reclamação do inimigo. Se amigo, bote tudo para fora, resolva na hora. Com os amigos a gente chega e resolve logo. Com os inimigos, não reclame dos golpes recebidos, prepare o troco. Vale a máxima: A vingança é um prato que se come frio.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A primeira e única eleição perdida pelo Cel. Dias Coelho

Considera-se que o major Pedro Celestino Barbosa era padrinho de Dias Coelho e seu mentor político. Ocorre que Dias Coelho enfrenta Pedro Celestino na eleição para Intendente Municipal em 1899. Tal eleição deixou perplexo Dantinhas, o principal historiador de Dias Coelho. Como Dias Coelho iria enfrentar seu padrinho político? Poderia ter sido alguma armação contra um adversário? Nunca se poderá saber. Transcrevemos a ata para conhecimento dos interessados na história de Morro do Chapéu. Note-se que Dias Coelho era tabelião.

Ata especial da Junta Municipal apuradora desta Vila do Morro do Chapéu para se proceder a apuração das Eleições dos membros do Conselho Municipal, do Intendente, da Junta Administradora Distrital e dos Juizes de Paz como abaixo se declara.

Aos vinte e sete dias do mês de Novembro do ano de mil oitocentos e noventa e nove, nesta Vila do Morro do Chapéu no edifício do Conselho Municipal na sala de suas sessões às doze horas da manhã, ali presente o Cidadão Antônio de Souza Benta, Presidente do Conselho, Francisco Nery Baptista, Marcolino Alves de Andrade, Quintino Francisco Britto, Pedro Antônio de Queiroz, e Tenente João  Ferreira da Silva Reis, membros e suplentes do Conselho Municipal e Presidente da primeira sessão eleitoral da sede desta Vila, já se tendo instalada a mesa como consta da ata que em virtude do art. 29, 30, e seus §§ da Lei de Agosto de 1895, ia se proceder apuração das eleições que teve lugar no dia 12 do corrente mês de Novembro de 1899, para membros do Conselho Municipal do Intendente da Junta e Administrador Distrital, e dos Juizes da Paz. O Presidente segundo as disposições do art. 30 da lei acima citada fez abrir os ofícios recebidos, mandou contar as autênticas que foram examinadas, e designou o membro Marcolino Alves de Andrade, para proceder leitura, e pelos demais membros o trabalho do apanhamento e apuração dos votos por algarismo sucessivo da numeração natural de modo que o último número mostre a totalidade dos obtidos por cada cidadão e publicarem em alta voz os números a medida que fossem escrevendo. Foram apresentadas cinco autenticas sendo duas da primeira e segunda secção d’esta Vila, uma da terceira secção da Freguesia do Riachão d’Utinga, uma da quarta secção da Povoação de Wagner, e uma da quinta secção da Canabrava do Miranda. Procedeu-se a apuração das cinco autênticas que concluída esta foi por mim Secretário da mesa. Feito as relações parciais dos votos somados pelos  mesários, uma lista dos votados que deu o resultado seguinte:  para Intendente Municipal,  Major Pedro Celestino Barboza, 495 votos, Tenente Coronel Francisco Dias Coelho 76 votos. Para membro do Conselho Municipal, Antonio Gonçalves de Araújo 348 votos, José da Silveira Costa 345 votos, Francisco Nery Baptista 327 votos, Marcolino Alves de Andrade 311 votos, Ângelo Arlego 300 votos, Antônio Dourado Seixas 279 votos, Pedro Antônio de Queiroz 278 votos, Pedro Ribeiro do Nascimento 110 votos, Antônio Mateus de Queiroz 67 votos, Manoel Victorio dos Santos 44 votos, Para Juiz de Paz desta Vila João Ferreira da Silva Reis 204 votos, Luiz Cassiano de Araújo Costa 198 votos, Domingos Gonçalves de Araújo 189 votos, Herminio Barboza dos Reis 178 votos, Martinho Gomes da Almeida 36 votos, Quintino Antônio de Souza 28 votos, Esperidião Nunes da Silva 25 votos. Para Administrador Distrital da Freguesia do Riachão d’Utinga, João José Pereira 125 votos, Nicolau Gomes de Azevedo 25 votos, Jorge Pereira da Rocha 100 votos, João Martins de Araújo 46 votos. Para Juizes de Paz da mesma Freguesia do Riachão d’Utinga, Tenente Reginaldo Antônio de Carvalho 70 votos, Francelino José de Souza 68 votos, José Antônio de Carvalho 66 votos, Alexandrino Rodrigues da Silva 14 votos, Sabino Viridiano do Carmo 12 votos, Egidio José Boaventura 12 votos, José Ferreira dos Santos 12 votos. Para Juizes da Paz da povoação de Wagner Capitão Pedro José da Hora 60 votos, farmacêutico João de Miranda Neves 55 votos, João Gaspar de Souza 50 votos, Antônio Ribeiro dos Anjos 18 votos, José Felipe de Cerqueira 16 votos, Teófilo Oliveira Lemos 13 votos, Estevão Joaquim da Hora 12 votos.
   Para Juizes de Paz da Canabrava do Miranda, Herculano da Silva Dourado 72 votos, Vitorino da Silva Dourado 41 votos, Abílio Cardoso Pereira 38 votos, João da Silva Dourado 37 votos, Aurélio Galvão Dourado 12 votos, Clemente Marques Dourado 11 votos, Joaquim Augusto de Castro Dourado 9 votos, Aristides Rodrigues Moitinho 8 votos. A Junta Apuradora deixou de apurar os votos para Administrador e da Junta Distrital que continha autentica da quinta secção da Canabrava do Miranda as quais eram designadas as pessoas desta Vila para tal fim em vista da decisão do governo de 11 de Outubro do corrente ano de 1899, que declara que pela lei nº 224 de 10 de Março de 1898 foi supressa a Junta Distrital no Distrito de Paz em que se achar situada o Paço Municipal. Assim como deixou de unir os votos dado aos membros do Conselho Municipal que também continha a mesma autentica da quinta secção do Canabrava do Miranda por não estar de acordo com a disposição do art. 36 § 1º da Lei de 12 de Agosto de 1895 pois esta Vila compondo-se de sete Conselheiros Municipais votaram na chapa em seis nomes com o total dos eleitores que compareceram; esta votação não altera nem diminui a votação das quatro secções eleitorais por ser muito pequena. Porém segundo o dispositivo do art. 30 § 1º da lei de 12 de Agosto de 1895 (95)  a Junta apurou  esta votação que é a seguinte: Antônio da Silva Dourado Júnior 76 votos, Vercelencio Pereira de Souza 76 votos, Marcolino Alves de Andrade 40 votos, Antônio José de Souza Benta 36 votos. Concluída a apuração sem nada haver ocorrido mandou o Presidente, que eu Francisco Nery Baptista, lavrasse a presente ata a qual ao depois de lida, aprovada e assinada pela Junta apuradora fosse transcrita no livro do tabelião Tenente Coronel José Francisco Dias Coelho, que se acha presente, e fosse extraída duas cópias autenticas as quais depois de conferida pelo escrivão judicial consertada e assinada fosse uma remetida ao Conselho Municipal e outra ao Juiz de Direito da Comarca enviando-se também cópias autenticas da apuração a cada um dos eleitos que lhes servirá de diploma e que se afixasse edital na porta do edifício declarando-se nele a relação dos eleitos. E eu Francisco Nery Baptista Secretário da mesa, e membro da Junta a escrevi, na qual me assino com os mais membros.
Antonio de Souza Benta
Francisco Nery Baptista
Marcolino Alves de Andrade
Quintino Francisco de Britto
Pedro Antônio de Queiroz
João Ferreira da Sª Reis

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Funcionários protestam contra demissão em massa

Alean Rodrigues /Feira de Santana
Cerca de dois mil funcionários da construtora R. Carvalho fecharam o trânsito, em dois pontos da cidade de Feira de Santana, durante toda esta quinta-feira, 21. O motivo do protesto foi o anúncio da demissão em massa dos 5,2 mil funcionários.
Logo no início, os trabalhadores fecharam o acesso ao viaduto da Av. Getúlio Vargas em frente ao escritório da empresa. “Queremos uma posição sobre os nossos salários, somos pais e mães de família e queremos pagar nossos compromissos e não temos nenhuma posição da empresa que está nos fazendo de cachorro”, gritavam.
O clima ficou tenso quando vigilantes da empresa solicitaram aos funcionários que entregassem suas carteiras de trabalho, o que levou policiais militares a interceder. A presença de representante do sindicato para falar sobre a reunião com o Ministério Público do Trabalho na quarta, 20, causou mais revolta ainda.
Em virtude do bloqueio da via, os motoristas realizaram manobras irregulares pelo viaduto. Depois, os trabalhadores seguiram em passeata até a prefeitura, onde queimaram fardamentos e ameaçaram invadir as obras. O trânsito também foi interditado nas Avenidas Senhor dos Passos.
O secretário de Habitação Gilberto Rui Rocha e o chefe de gabinete Milton Brito receberam uma comissão de seis funcionários para ouvir as reivindicações, que segundo eles serão levadas para uma reunião com a Caixa Econômica Federal e à empresa.
Demissão - A decisão de demitir os 5.200 funcionários foi apresentada na tarde de quarta, em uma reunião com os representantes da empresa R. Carvalho, do Sindicato e da Federação da Construção Civil no Ministério Público do Trabalho.
Uma nova reunião está agendada para acontecer no próximo dia 27, em que serão determinados os dias para pagamentos da rescisões.
A R. Carvalho parou as obras em Feira de Santana desde o último dia 8, alegando problemas financeiros. Mais de dez mil imóveis estão inacabados, incluindo empreendimentos do programa do Governo Federal Minha Casa, Minha Vida.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O escândalo da insegurança pública

Alex Ferraz
A revista Época desta semana traz uma reportagem de duas páginas sobre uma cartilha que está sendo distribuída nos Estados Unidos aos americanos que pretendem viajar para o Brasil. Em resumo, a cartilha adverte que nosso país é “extremamente violento” e “desorganizado”.
  Não me causa surpresa, muito menos qualquer reação patriótica de repulsa à atitude do Tio Sam. Na verdade, se fôssemos um pouquinho mais honestos, nós mesmos já deveríamos ter feito este tipo de aviso. Vejamos uma lista de coisas que turista (nem brasileiro) não pode mais fazer neste país.
1.       Hospedar-se em hotéis de luxo. Ano passado, foi o Intercontinental no Rio, e, agora, um cinco estrelas no bairro de Santa Tereza, na mesma cidade. Invadidos por bandidos que levaram tudo.
2.       É cada vez menor o número de caixas eletrônicos, pois são isca para ladrões que explodem tudo.
3.       Andar tranquilo pelo Pelourinho, em Salvador? Também não pode.
4.       Carregar máquinas fotográficas e/ou filmadoras? Nem pensar.
5.       Passear tranquilo pelas ruas do Rio? Naninha! Se o bandido não pegar, corre-se o risco de ir pelos ares com a explosão de bueiros.
6.       Frequentar restaurantes em São Paulo? Desista. Só este ano, já ocorreram 20 arrastões nesses estabelecimentos, inclusive de alto luxo.
7.       Finalizando: e se o turista ficar doente ou ferido, nem pensar em procurar hospitais públicos. É morte certa.
Quem ganha com isso (I)
  Há um setor que vive sorrindo para as paredes com a incompetência (será mesmo incompetência?) na condução das políticas de segurança pública no Brasil. São as empresas que oferecem segunraça privada. Faturam bilhões.
Quem ganha com isso (II)
   Nas grandes cidades, incluindo Salvador, empresas menores do setor de segurança privada chantageiam moradores para obriga-los a entrar nos pacotes de vigilância de bairros inteiros. Quem não tiver o selo da dita empresa na porta pode ficar certo que será assaltado. Mistério...
Quem ganha com isso (III)
  Em São Paulo, maior metrópole brasileira, há cerca de seis mil vigias, que chegam a ganhar R$ 200 mensais por cada casa ou prédio que fiscalizam, ao longo de ruas inteiras.
    Agora a Polícia Civil está cadastrando essas pessoas, pois descobriu-se que havia até foragidos da Justiça fazendo “segurança”. É ou não é o caos?

O repórter que desafiou Lourinho

Essa semana os jonais da Bahia anunciaram a morte de Lourinho, o mais famoso e folclórico chefe da torcida do Bahia. Então me lembrei desta crônica que publiquei no jornal Cultura & Realidade de Irecê que fez muito sucesso à época. Será que os fatos aqui narrados aconteceram de fato? Tire sua conclusão.
Lauro Adolfo   

 Corria o ano de 1982 e o Flamengo brilhava no cenário futebolístico brasileiro. Os flamenguistas mais do que nunca orgulhavam-se em ostentar a briosa camisa de seu time. Havia um jovem repórter do combativo jornal “O Farol do Sertão” da pequena cidade baiana de Pandemônio do Oeste, que também era um torcedor fanático da equipe carioca. Seu nome era Tomas Ladino e um dia foi convocado para cobrir a peleja do Flamengo contra o Bahia no Estádio da Fonte Nova.
      Tomas Ladino mal pôde acreditar em tamanho privilégio. E já no Estádio quase explodiu de felicidade por estar vendo ao vivo e em cores seus ídolos do Flamengo ali na área de treinamento em frente aos vestiários. Olhava maravilhado o bate-bola de Raul, Adílio, Júnior, Cláudio Adão, Tita, e seu ídolo maior.. .Zico. Ficou ali paralisado, tão embevecido com sua sorte que se esqueceu de pedir autógrafo aos jogadores.
      O jornal em que Tomas trabalhava pertencia a um deputado que o colocou no estádio para fazer a reportagem do jogo. Ele nunca tivera acesso nos gramados e muito menos nos vestiários de algum grande estádio de futebol. Não conhecia o Bahia, e nem o Vitória posto que vivera em São Paulo desde pequeno, torcendo pelo Palmeiras e pelo Flamengo. Foi por esse desconhecimento das tradições do Bahia que ele cometeu.um ato de extrema coragem que ficou para sempre gravado nos anais históricos do Estádio da Fonte Nova.
      Antes do jogo iniciar-se ele viu um galego alto, de bermuda e camisa do Bahia ajoelhar-se debaixo das traves onde Raul iria ficar. Aquele galego era o Lourinho, chefe da torcida do Bahia e conhecido por suas mandingas e feitiços contra as equipes adversárias do esquadrão baiano. De modo que Lourinho vestiu alguns bonecos com a camisa do Flamengo e amarrou fitas nos olhos e nas pernas dos mesmos. Acendeu velas e fez gestos como se estivesse rezando. Com os bonecos de olhos vendados e pernas atadas os jogadores rubro-negros não enxergariam e nem chutariam a bola com precisão. Pelo menos era o que o feitiço de Lourinho pretendia.
      Tomas foi lá na trave conferir e ficou aflito com o que viu. E se o Flamengo perdesse por causa daquele “despacho”? Teve vontade de ele mesmo pegar os bonecos e rasgar aquelas fitas. A timidez momentânea porém o impediu. Armou-se de toda autoridade que pode reunir e chamou um gandula.
      - Ô garoto, vai lá naquela trave e tira aqueles bonecos que estão debaixo da rede.
      O gandula olhou para aquele sujeito desabusado buscando algum vestígio externo que afirmasse tanta autoridade e não vendo nada, respondeu:
      - Vou não.
      E Tomas com cara de enfezado:
     - Caminha menino!
      - Oxe, vou nada.
      E saiu fazendo deboche do pobre do Tomas.
      E agora? O que fazer? Tomas não teve dúvidas. Imbuído de uma coragem suicida foi lá no gol do Flamengo, pegou os bonecos e rasgou aquelas fitas todas. Agora os jogadores do seu time iriam enxergar a bola e chutá-Ia direitinho no gol adversário. Ouviu-se por toda a Fonte Nova um hóóóóóóóó de milhares de gargantas. Quem era aquele individuo que desafiava abertamente o Lourinho? Seria um grande mandingueiro do Rio de Janeiro que acompanhava a comitiva do Flamengo? Seria uma alta autoridade da CBF disposta a acabar com as palhaçadas do chefe da torcida do Bahia? Ou seria alguém que resolvera perder o juízo em hora errada? O Lourinho já no meio da torcida do seu time espumava de ódio e queria invadir o campo para dar uma lição naquele sujeito abusado, fosse quem fosse, maluco ou não. Todavia o jogo estava correndo e ninguém queria perder um lance.
      Um sujeito que estava por ali na beira do campo abordou Tomas e perguntou se ele sabia o que estava fazendo.
      - Sei, estou rasgando as fitas destes bonecos para não atrapalhar os jogadores do Flamengo.
      - E quem é você para fazer isso?
      E Tomas na maior inocência.
      - Sou repórter do jornal O Farol do Sertão.
      - Farol do Sertão? Que jornal é esse?
      - É lá da cidade onde eu moro.
     - E cadê o gravador, o caderno de apontamentos? Afinal, quem colocou você aqui dentro?         
      - Ora o dono do jornal que é muito bem relacionado.
      O desconhecido então percebeu tudo.
      - Rapaz, dê uma olhada naquele lado do campo onde está a torcida do Bahia.
      E Tomas olhou e não gostou do que viu. A torcida rugia querendo o seu sangue. Lourinho estava possesso. E foi aí que ele percebeu a tremenda besteira que fez. O desconhecido assustou-o ainda mais:
      - Rapaz se o Bahia perder ou empatar você não sai vivo daqui, nem a polícia vai te salvar.
      - É mesmo? O que é que eu faço então pelo amor de Deus?
      - Se pique, suma, desapareça e agora mesmo.
      E o locutor da Rádio Sociedade da Bahia anunciou:
      - O suicida agora está passando em frente a torcida do Bahia que joga nele, sapatos, sandálias, latas de refrigerante e cerveja e todo objeto que estiver à mão. O Lourinho quer esfolá-Io vivo e a muito custo está sendo seguro pela torcida. Que besteira o suicida irá fazer agora?
      Tomas procurou o dono do jornal e não encontrou. E também o chefe de redação do jornal já tinha sumido àquela altura do campeonato. De modo que ele estava sozinho e mal pago. Todo mundo já estava ciente do seu problema. Tomas não era tão bestinha assim como a princípio se pode pensar. Toda vez que se via em apuros, ele adotava a postura de um tabaréu só para que ficassem com pena dele, em vez de se enraivecerem, as pessoas procuravam ajudá-lo.
      -Ô moço, como é que eu saio daqui? Perguntou com voz chorosa a um rapaz vestido com roupas esportivas.
      - Para você sair daqui vivo tem de ser por aquele túnel que passa por baixo das cadeiras numeradas. Seguindo direto você sai para fora do estádio. Não deixe nem nome nem endereço a ninguém.
      Aqueles poucos metros dentro do túnel que dariam a liberdade a Tomas nunca foram tão longos e assim que chegou ao hotel onde estava hospedado, trancou-se no quarto depois de dizer ao gerente do hotel que não estava para ninguém. Só para seu companheiro de quarto que era o chefe de redação do Farol do Sertão. E Tomas pela primeira e única vez na vida torceu, e como torceu contra seu time. E gemia desesperado:
      - Faz um gol Bahia, ganha essa partida pelo amor de Deus!
      Mas o Bahia não ganhou. O jogo terminou empatado sem abertura de contagem. Dali a pouco chega o chefe de redação do Farol do Sertão apavorado.
      - Rapaz, o Lourinho te procurou por todo canto lá no Estádio querendo o seu couro. E não sei se ele não vai procurar por tudo quanto é hotel aqui em Salvador. Se ele te acha não quero nem pensar!
      - Se ele te acha uma zorra! Se ele nos acha!
      O chefe de redação que sempre andava armado, por via das dúvidas, engatilhou o revólver e ficou com ele na mão a noite inteira. Se alguém batesse na porta do quarto levava tiro. Afinal, ele estava tão encalacrado quanto o seu desastrado repórter.
    O deputado que era torcedor do Bahia, logo depois demitiu Tomas, o chefe de redação e fechou o jornal. Felizmente para ele, ninguém descobriu para qual jornal aquele maluco repórter que miraculosamente conseguira sair vivo da Fonte Nova, trabalhava. E se descobrissem, o fechamento do Farol do Sertão seria sua salvaguarda.
      Quanto a Tomas Ladino, Fonte Nova dali por diante, só na geral, bem quietinho, bem escondidinho e o mais longe possível daquela doido do Lourinho.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Assim é o líder

Nelson Rodrigues
O líder é um canalha. Dirá alguém que estou generalizando. Exato: estou generalizando. Vejam, por exemplo, Stalin. Ninguém mais líder. Lenin pode ser esquecido, Stalin, não. Um dia, os camponeses insinuaram uma resistência. Stalin não teve nem dúvida, nem pena. Matou, de forma punitiva, 12 milhões de camponeses. Nem mais, nem menos: – 12 milhões. Era uma maravilhoso canalha e, portanto, o líder, o puro.
E não foi traído. Aí está o mistério que, realmente, não é mistério. É uma verdade historicamente demonstrada: – o canalha, quando investido de liderança, faz, inventa, aglutina e dinamiza as massas de canalhas. Façam a seguinte experiência: – ponham um santo na primeira esquina. Trepado num caixote, ele fala ao povo. Mas não convencerá ninguém, e repito: – ninguém o seguirá. Invertam a experiência e coloquem na mesma esquina, e em cima do mesmo caixote, um pulha indubitável. Instantaneamente, outros pulhas, legiões de pulhas, sairão atrás do chefe abjeto.
Mas, dizia eu que Stalin não foi traído, nem Hitler. O Führer, para morrer, teve de se matar. (Nem me falem do atentado dos generais grã-finos. Há uma só verdade: – nem o soldado alemão, nem o operário, nem o jovem, nem o velho, traíram Hitler.) E, quanto a Stalin, ninguém mais amado. Só Hitler foi tão amado. Aqui mesmo, no Brasil. Bem me lembro, durante a guerra, dos nossos stalinistas. Na queda de Paris, um deles veio-me dizer, de olho rútilo e lábio trêmulo: – “Hitler é muito mais revolucionário que a Inglaterra”.
Sim, o que se sentia, aqui, por Stalin, era uma dessas admirações hediondas. Eu via homens de voz grossa, barba cerrada, ênfase viril. Em cada um dos seus gestos, a masculinidade explodia. E, quando falavam de Stalin, eles se tornavam melífluos, como qualquer “travesti” do João Caetano ou do Teatro República. O que se sentia, por trás desse arrebatamento stalinista, era um amor quase físico, uma espécie de pederastia idealizada, utópica, sagrada. Com as mandíbulas trêmulas, uma salivação efervescente, os fanáticos chamavam o Guia de “o Velho”. E essa paixão era de um sublime ignóbil.
Já o Czar foi o antilíder. Há um quadro russo da matança da Família Imperial. (A pintura de lá, tanto a czarista, como a soviética, é puro Osvaldo Teixeira.) Eis o que nos mostra a tela: empilhados, numa bacanal de defuntos, o Czar, a Czarina, as princesinhas, etc., etc. Uns por cima dos outros, e cravejados de bala. Os soldados receberam a ordem e estouraram a cara dos velhos, das mocinhas, dos meninos. Mas não vamos assumir, aqui, nenhuma postura sentimental. Eis o que importa dizer.
Na véspera de morrer, o nosso Nicolau entretinha-se na redação do seu diário. Fazia diário como qualquer heroína da Coleção das Moças. Reparem no antilíder, no anti-rei, no antitudo. No dia seguinte estariam à mostra os intestinos dele mesmo, as tripas da mulher, dos filhos, dos sobrinhos, dos netos. Mas ele não teve nenhum sentimento da morte. No jardim havia um “lago azul” como o da nossa canção naval. E, lá, dois ou três cisnes deslizavam mansamente. Um mundo já morria e outro ia nascer. E o Czar estava fascinado pelos cisnes, e a última página do diário era a eles dedicada. Um homem assim teria de ser exterminado a bala ou a pauladas, como uma ratazana.
Alguém lembrará a figura de Kennedy. Era um líder que preservava um mínimo de humanidade. Mas não era líder. Lembro-me da babá portuguesa da minha garotinha. Ao ver o retrato de Kennedy, gemeu com sotaque: – “Bonito como uma virgem”. Era um líder de luxo, isto é, um antilíder. Ao entrar na política, o pai, outro aristocrata, deu-lhe um cheque de um milhão de dólares. E mais: – Johnny casou-se com Jacqueline. E a mulher bonita é própria do falso líder. Nem Stalin, nem Hitler, fariam essa dupla concessão ao sentimento e ao sexo. Reexaminem toda a vida de Kennedy: – não foi, em momento nenhum de sua história e de sua lenda, um canalha. E não soube fazer pulhas para juntá-los em torno de sua liderança.
Pensem no pacto germano-soviético. Todos os que o aceitaram ou que ainda hoje o justificam eram e são perfeitos, irretocáveis canalhas. De um só lance, Stalin e Hitler degradaram toda uma época. Eis o que desejo ressaltar: – faltava a Kennedy essa capacidade de aviltar um povo. Ao passo que Stalin fez seu povo à imagem e semelhança da própria abjeção. Mas foi na morte que Kennedy demonstrou a ineficácia e falsidade de sua liderança.
O líder não morre antes, nem depois. O derrame escolheu a hora certa para matar Stalin. Hitler meteu uma bala na cabeça no momento justo em que precisava estourar os miolos. Waterloo aconteceu quando se esgotou a vitalidade histórica da era napoleônica. Se Lenin vivesse mais quinze dias, seria outro Trotski. E Kennedy caiu antes do tempo, morreu quando não tinha que morrer. Imaginem um cristo morto de coqueluche aos três anos. Não seria Cristo, não seria nada. Kennedy morreu ao lado da mulher bonita. E, de repente, veio a bala e arrancou-lhe o queixo, forte, crispado, vital. Restava tudo por fazer; o horizonte da reeleição abria-se diante dele. Esta morte antes do tempo mostrou que Kennedy não era Kennedy. O amor que lhe consagramos é um equívoco.
Falo, falo, e não sei bem por que estou dizendo tudo isso. Agora me lembro, Eu disse algo parecido ontem, num sarau de grã-finos. Não achem graça. Aprende-se muito no grã-finismo, e repito: certos grã-finos têm um sutil faro histórico, diria melhor, profético. Sentem, por vezes, antes dos outros, o que eu chamaria “odor da História”. E um desses estava-me dizendo, num canto, com uma convicção forte: – “Vai haver o diabo neste país”. Disse e fez um “suspense”. Instiguei-o: – “O diabo, como?” E ele, misterioso: – “Você não sente que vem por aí não sei o quê?” Esse “não sei o quê” era pouco para a minha fome. O grã-fino punha mais gelo no copo. Insinuou: – “”Há muita insatisfação”. Ainda era pouco. E eu queria saber, concretamente, o que vinha por aí. Perguntei: – “Sangue?” E o outro: cara a cara comigo e um ar de quem promete hemorragia nacional inédita: – “Sangue”.
Todavia, o “suspense” continuava. “Sangue”, dissera ele. Mas, quem ia derramar o sangue, e que sangue? Ainda olhei para os lados, como a procurar, entre os convidados, um possível Drácula. Quando, porém, o grã-fino falou em “esquerda”, a minha perplexidade não teve mais tamanho. Recuei dois passos avancei outros tantos e perguntei: – “Você acredita na nossa esquerda? Nessa que está aí?”
Ele acreditava. Então perdi a paciência e falei sem parar, Quem ia mudar qualquer coisa neste País? A esquerda tem um canalha para exercer uma liderança concreta e proveitosa? Senhoras entraram no debate. Fez-se, ali, uma alegre pesquisa de pulhas. Mas os canalhas lembrados eram, ao mesmo tempo, imbecis. E o que a história pedia era um crápula com seu toque de gênio. Em suma: não ocorria aos presentes um nome válido. A última palavra foi minha. Disse eu mais ou menos o seguinte: – enquanto a esquerda que aí está não for substituída até seu último idiota, não vai acontecer nada, rigorosamente nada

Porque "eles" odeiam a revista Veja

Foram demitidas mais seis pessoas do Ministério dos Transportes. Desde que a VEJA chegou às bancas, no dia 3 de julho, com a primeira reportagem sobre a quadrilha instalada na pasta, já são 12 os demitidos — 13 se contarmos Luiz Antonio Pagot, que, por enquanto, não “aceitou” a própria exoneração. No Diário Oficial de hoje, perderam a cabeça três funcionários do ministério propriamente — José Osmar Monte Rocha, Darcy Michiles e Estevam Pedrosa — e três do Dnit  (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes): Luiz Claudio dos Santos Varejão, Mauro Sérgio Almeida Fatureto e Maria das Graças de Almeida. São dadas ainda como certas a demissão do petista Hideraldo Luiz Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, e a de Felipe Sanches, presidente interino da Valec.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A oligarquia de esquerda

 Luiz Felipe Pondé
Você acredita em justiça social? Tenho minhas dúvidas. Engasgou? Como pode alguém não crer em justiça social? Calma, já explico. Quem em sã consciência seria contra uma vida “menos ruim”? Não eu. Mas cuidado: o jargão “por uma sociedade mais justa” pode ser falado pelo pior dos canalhas. Assim como dizer “vou fazer mais escolas”, dizer “sou por uma sociedade mais justa” pode ser golpe.
Aliás, que invasão de privacidade é essa propaganda política gratuita na mídia, não? O desgraçado comum, indo pro trabalho no trânsito, querendo um pouco de música pra aliviar seu dia a dia, é obrigado a ouvir a palhaçada sem graça dos candidatos. Ou o blablablá compenetrado de quem se acha sério e acredita que sou obrigado a ouvi-lo.
Mas voltando à justiça social, proponho a leitura do filósofo escocês David Hume (século 18), “An Enquiry Concerning the Principles of Morals, Section III”. Cético e irônico, Hume foi um dos maiores filósofos modernos. É conhecida sua ironia para com a ideia de justiça social. Ele a comparava aos delírios dos cristãos puritanos de sua época em busca de uma vida pura. Para Hume, os defensores de um “critério racional” de justiça social eram tão fanáticos quanto os fanáticos da fé.
Sua crítica visava a possibilidade de nós termos critérios claros do que seria justo socialmente. Mas ele também duvidava de quem estabeleceria essa justiça “criteriosa” e de como se estabeleceria esse paraíso de justiça social no mundo. Se você falar em educação e saúde, é fácil, mas e quando vamos além disso no “projeto de justiça social”? Aqui é que a coisa pega.
Mas antes da pergunta “o que é justiça social?”, podemos perguntar quem seriam “os paladinos da justiça social”. Seria gente honesta? Ou aproveitadores do patrimônio dos outros e da “matéria bruta da infelicidade humana”, ansiosos por fazer seus próprios patrimônios à custa do roubo do fruto do trabalho alheio “em nome da justiça social”? Humm…
A semelhança dos hipócritas da fé que falavam em nome da justiça divina para roubar sua alma, esses hipócritas falariam em nome da justiça social para roubar você. Ambas abstratas e inefáveis, por isso mesmo excelentes ferramentas para aproveitadores e mentirosos, as justiças divina e social seriam armas poderosas de retórica autoritária e mau-caráter.
Suspeito de que se Hume vivesse hoje entre nós, faria críticas semelhantes à oligarquia de esquerda que se apoderou da máquina do governo brasileiro manipulando uma linguagem de “justiça social”: controle da mídia, das escolas, dos direitos autorais, das opiniões, da distribuição de vagas nas universidades, tudo em nome da “justiça social”. Ataca-se assim, o coração da vida inteligente: o pensamento e suas formas materiais de produção e distribuição.
A tendência autoritária da política nacional espanta as almas menos cegas ou menos hipócritas. A oligarquia de esquerda associa as práticas das velhas oligarquias ao maior estelionato da história política moderna: a idéia de fazer justiça social a custa do trabalho (econômico e intelectual) alheio.
Outro filósofo britânico, Locke (século 17), chamava a atenção para o fato de que sem propriedade privada não haveria qualquer liberdade possível no mundo porque liberdade, quando arrancada de sua raiz concreta, a propriedade privada (isto é, o fruto do seu esforço pessoal e livre e que ninguém pode tomar), seria irreal.
Instalando-se num ambiente antes ocupado pela oligarquia nordestina, brutal e coronelista, e sua aliada, a chique oligarquia industrial paulista, os “paladinos da justiça social” se apoderam dos mecanismos de controle da sociedade e passam a produzir sucessores e sucessoras tirando-os da cartola, fazendo uso da mais abusiva retórica e máquina de propaganda.
Engana-se quem acha que propriedade privada seja apenas “sua casa”. Não, a primeira propriedade privada que existe é invisível: sua alma, seu espírito, suas idéias. É sobre elas que a oligarquia de esquerda avança a passos largos. Em nome da “justiça social” ela silenciará todos.
Luis Felipe Pondé é filósofo e psicanalista, doutorado em Filosofia pela USP/Universidade de Paris e pós-doutorado em Epistemologia pela Universidade de Tel Aviv. Atuou como professor convidado nas universidades de Marburg (Alemanha) e de Sevilha (Espanha). Atualmente é professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião e do Departamento de Teologia da PUC-SP, da Faculdade de Comunicação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) e professor convidado da pós-graduação de ensino em ciências da saúde da Universidade Federal de São Paulo e da Casa do Saber.




segunda-feira, 18 de julho de 2011

O sujeito que achava que catinga era perfume

Lauro Adolfo
            Ninguém sabia dizer se aquilo era loucura, mania ou retardamento mental. O fato é que aquele elemento sentia enorme prazer em colocar a namorada no carro em dias chuvosos, pedir para ela fechar os vidros e depois soltar um ruidoso e fedorento traque. A namorada fugindo quase asfixiada e pedindo por socorro, deixava de sê-Io a partir daquele momento.
Mas quem disse que ele se corrigia? Era chover e lá ia ele com a namorada praticar seu vício nojento. Seus namoros duravam um pouco mais em época de estio, o que neste sertão dura de oito a nove meses. E foi, como não poderia deixar de ser, num período de seca inclemente que ele se casou. Contudo, foi só cair as primeiras chuvas para ele levar a infeliz esposa para dentro do carro para fazer vocês sabem o quê. O sádico sentia mais prazer ainda quando, após devorar uma enorme e indecente feijoada deixando-a fazer sua trajetória intestinal, castigar as narinas torturadas de sua esposa com sua flatulência criminosa. Os gases humanos, assim como os gases de cozinha são altamente inflamáveis, como todos sabem. De modo que a esposa daquele sujeito levava sempre uma caixa de fósforos consigo para qualquer emergência. Era ele chamá-la para dentro do carro para a sessão de tortura e ela já ia riscando o fósforo.
Quase em desespero, já a ponto de separar-se daquele débil mental, ela ouviu falar de um concurso de flatulência que seria realizado num lugar secreto. E para sua sorte deram-lhe o endereço do local onde seria realizado o indigitado campeonato. Pediu, rogou ao esposo que participasse daquela concorrência para ver se ele aprendia.
- Aprender o quê? Disse o desgraçado.
- Você vai ver o quê. Respondeu ela.
            A infeliz tinha a vã esperança que ele voltasse envergonhado para casa e passasse a usar o esfíncter de modo normal como todo mundo. E lá foi ele testar sua capacidade gasosa.
Os competidores eram profissionais no oficio. Os campeões eram Zé Trovão, Gás Mostarda, Acaba Ferrugem e o campeoníssimo Mata Rato. As notas eram dadas segundo três efeitos provocados no fiscal, ou cobaia melhor dizendo: o tonteio, o desmaio e o coma. A duração do traque bem como o som emitido também ganhavam nota. Nosso personagem caprichou na feijoada e na cachaça. De modo que no outro dia seus intestinos estavam prontos para liquidar qualquer incauto que ousasse cheirar o produto de tão horrenda mistura. Mas ele não contava com o preparo especializado dos fiscais. De modo que a única coisa que conseguiu foi um huuummm meio desenxabido. Ficou mortificado e só não foi embora com o rabo fedorento entre as pernas porque queria ver o desempenho dos campeões.
Zé Trovão demonstrou suas habilidades no ramo soltando um pum tão fenomenal que o médico, após examinar seu esfíncter, recomendou uma semana de repouso absoluto. Gás Mostarda botou a nocaute a primeira fileira de assistentes e tonteou o restante. Acaba Ferrugem era uma caso à parte. Seus gases tinham o miraculoso poder de destravar ferrolhos enferrujados, portas emperradas e parafusos renitentes. De modo que havia ali uma quantidade enorme de carros que não abriam portas e nem soltavam os parafusos das rodas firmemente apertados. Havia também muitos aparelhos enferrujados precisando de uma boa lubrificada. De modo que Acaba Ferrugem cumpriu sua tarefa com a costumeira competência.
Depois veio o campeão dos campeões: Mata Rato. Para fazer a demonstração de sua fantástica habilidade, levaram-no a um armazém  lotado de fardos de milho e também de centenas de ratos. Um fiscal entrou com ele devidamente protegido com uma máscara contra gases. E após ouvirem o som prolongado e harmonioso de seus gases intestinais, ratos saíram pelo ladrão guinchando desesperados. Mas não andavam nem dez metros e já começavam a sacudir suas perninhas nos estertores da morte. De maneira que fez uma limpeza completa no armazém recebendo uma ovação entusiástica e uma polpuda recompensa do fazendeiro proprietário do depósito.
Após tão fantásticos desempenhos será que o nosso personagem ainda teria coragem de soltar seus ridículos e inofensivos gases? Sua esposa ficou bastante esperançosa quando o viu casmurro e acabrunhado pela casa. Quando ela se atreveu a perguntar-lhe a razão daquela tristeza ele narrou sua fraca atuação.
- Bem, acho que agora você aprendeu a lição, não é?
- Aprendi. Vou treinar bastante e ainda serei conhecido não como um Mata Rato qualquer, mas sim como Mata Gato.