terça-feira, 10 de maio de 2011

” A energia nuclear é essencial”

O professor Alberto Brum, doutor em física pela Universidade Federal da Bahia e em geofísica pela Universidade de Londres é defensor da energia nuclear. Ele afirma que as usinas serão fundamentais ao País e considera inviável a substituição da matriz energética pelas chamadas energias renováveis. Brum é entrevistado por Vitor Pamplona na edição da Muito que circula neste domingo nas bancas. Confira trechos da entrevista:

Antes do acidente no Japão, governos dos EUA, China e países da Europa haviam anunciado investimentos na construção de novas usinas nucleares, como saída ecológica e econômica. Agora isso é questionado. O acidente mostrou que a energia nuclear é perigosa demais?

O acidente não fez nenhum país encerrar ou suspender seus projetos. Fizeram uma moratória, para ver os efeitos, o que realmente houve. As usinas do Japão são antigas, têm mais de 40 anos. A tecnologia de hoje já é muito melhor, há novos materiais e novas técnicas. Por outro lado, tem o seguinte: se não for energia nuclear, será o quê? As pessoas falam em energias limpas, mas toda transformação de energia gera poluição, causa mal ao ambiente. A energia eólica, com aqueles grandes geradores em forma de catavento, têm efeitos deletérios. A velocidade das pás é quase supersônica, gera poluição sonora e ambiental. Por quê? Você só constrói usinas eólicas em regiões onde se tem um canal de vento, e nesses canais é onde há migração de pássaros. A mortandade de pássaros por causa do movimento das pás é gigantesca. Além disso, o regime de ventos não é constante e você precisa acumular energia. Usar acumuladores é complicado, pois eles necessitam de metais pesados e substâncias químicas, que, cedo ou tarde, precisam ser descartadas. Mesmo a usina hidráulica, a hidroenergia, tem problemas seríssimos. Você tem de inundar imensas áreas férteis, há um impacto gigantesco, migração dos peixes e putrefação da floresta, que gera uma quantidade enorme de metano e CO2. Dizem que poderíamos substituir por energia solar, mas não é bem assim. A energia solar é para alimentar uma casa, não é uma solução em larga escala. É importante? É. Mas criar milhares de hectares com painéis ou usar desertos também pode causar problemas no ecossistema, não preparado para conviver com o sombreamento dos painéis. É preciso entender que, de toda energia produzida no mundo, cerca de 60% a 70% são para alimentar parques industriais. Casas e iluminação pública só consomem de 30% a 40%. A energia eólica, solar e por biomassa dificilmente deixarão de ser periféricas em virtude da menor produtividade. E com o desenvolvimento, os países do Bric – Brasil, Rússia, Índia, China – e a África do Sul vão precisar de muita energia nos próximos anos. Só energias alternativas não vão bastar