terça-feira, 31 de maio de 2011

Irecê comemora mais uma vez a data errada e agora para sempre.

A revisão da história do Brasil está em alta. Nada menos que três livros tratando do assunto estão na lista dos mais vendidos. Em primeiro “Guia politicamente incorreto da história do Brasil”; 2º “1822” e 3º “1808”. O Guia politicamente incorreto trata da derrubada de alguns mitos que nos foram ensinados nas escolas. Os outros dois trata da independência do Brasil e o terceiro da chegada da família real no Brasil. Em todos, uma visão iconoclasta dos fatos ali narrados. Conclui-se então que o brasileiro está interessado nos fatos reais, não naqueles edulcorados que nos foram repassados por professores indolentes, segundo a versão sancionada pelo MEC de sucessivos governos.
Somos nordestinos, baianos do Polígono das Secas, dominados por uma política clientelista onde ainda vige a república dos coronéis. Isso é tanto verdade que Morro do Chapéu cultua e até ergueu estátua para o seu mais famoso coronel. Aqui neste sertão as verdades estabelecidas não podem ser contestadas. Não podem e não devem. Experimente fazer uma crítica, minimamente que seja ao coronel Dias Coelho para ver a enxurrada de protestos que surgirá. Toda cidade precisa de um mito, de um herói a ser cultuado, já que a cota de heróis atuais parece ter se esgotado. O futuro é de total desesperança neste aspecto.
Enquanto a história do Brasil está sendo desmistificada, a nossa continua rígida e imutável. Nada menos do que quatro municípios da Chapada Diamantina comemoram suas emancipações em datas erradas, a saber: Jacobina, Morro do Chapéu, Irecê e Xique Xique. Tudo porque quando foram emancipados receberam a denominação de Vila. E vila, cidade, distrito, termo, comarca são denominações que deixam nossos pesquisadores em completa confusão. Num dos blogs aqui de nossa cidade, diz-se que Irecê comemora hoje sua data de elevação a cidade. Não é. Hoje Irecê comemora sua RESTAURAÇÃO a município.
Assim como a de Morro do Chapéu, tudo na história de Irecê está errado. Diz-se que ele foi elevado a categoria de distrito em 1906 quando na verdade isso ocorreu em 1910. Em 1926 Irecê foi DESMEMBRADO de Morro do Chapéu elevado que foi a categoria de município. Agora que vem a confusão: elevado a categoria de município com a denominação de Vila? Isso mesmo. Vila era a SEDE do município e não o município todo. Até 1938, todo município criado tinha sua sede com a denominação de Vila. Antigamente o município tinha que satisfazer certas exigências para que sua SEDE fosse elevada a condição de CIDADE. A partir de 1938, por decreto do presidente Getulio Vargas, todos os municípios tiveram suas sedes elevadas a categoria de cidade. Veja que todos os municípios que foram desmembrados de Irecê, já tinham suas sedes como cidade. E agora que vem a data totalmente ignorada pelos ireceenses: Irecê passou a categoria de cidade em 30 de março de 1938.
Está difícil o entendimento?  Adiante.
Em 1931, não só Irecê como uma vasta relação de municípios voltaram a pertencer a seus territórios de origem. Mas preservaram sua área de quando passaram a município, tendo como administrador um sub-prefeito. Em 1933, por interesses políticos do governador Juracy Magalhães todos os municípios supressos recuperaram  sua independência. E é essa data que querem nos impingir ignorando as administrações de Aristides Rodrigues Moitinho e Teotonio Marques Dourado Filho, intendente e prefeito que foram em 1926/1927 e 1927/1931. Trata-se de um esbulho que ficará eternizado, vez que o prefeito (ironicamente um Dourado) resolveu oficializar a data.
Irecê é um caso perdido. Morro do Chapéu pelo menos discute-se o assunto. Falaremos da emancipação do nosso município no próximo post.