A economia
brasileira patina, não sai do lugar, apesar de uma política de alta
inflação do governo. Se há um setor que vem sendo o “salvador da
Pátria”, este é o agronegócio, com exportações de quase US$ 100 bilhões.
Mas é justamente o setor mais odiado e atacado por uma ala esquerdista,
que tem em Marina Silva seu maior ícone. O que se passa?
Essa perplexidade foi o tema da coluna de Kátia Abreu
na Folha hoje. Ela participou de um seminário com um dirigente de uma
ONG ambiental que foi o segundo na hierarquia do Ministério do Meio
Ambiente quando Marina Silva era ministra do governo Lula (e hoje alguns
poderiam pensar que isso faz décadas, quando observam a mesma Marina
posando como forte oposição ao atual governo).
A pergunta ficou martelando em sua
cabeça: por que essa gente repudia tanto os empresários do meio rural?
Ao ver o que os ambientalistas têm a dizer sobre o agronegócio, fica até
parecendo que ele é o grande vilão do país, não a locomotiva de seu
crescimento nos últimos anos. Por que tanto ódio? Como coloca a senadora
logo no título, seria desconhecimento ou má-fé?
Kátia Abreu usa seu curto espaço no
jornal para rebater algumas acusações comuns, mas sem dúvida é possível
aprofundar bem mais as respostas. Ela rechaça três ataques típicos, que
envolvem o uso de agentes químicos, a emissão de gases de efeito estufa e
o consumo de água. Diz ela sobre o primeiro deles:
Qualquer
leigo percebe que, nos trópicos, o calor, a umidade e a menor
diferenciação das estações são muito mais propícias aos insetos e aos
diversos agentes patogênicos do que as zonas temperadas.
Assim, se
quisermos produzir aqui, temos que conviver com pragas e doenças,
combatendo-as com os agentes criados pela tecnologia e certificados
pelos órgãos sanitários do mundo e do Brasil.
O caminho
mais eficiente para a redução do uso de defensivos químicos é a
utilização de sementes geneticamente modificadas que repelem os agentes
patogênicos e dispensam os agroquímicos.
Mas o avanço
da transgenia entre nós quase foi paralisado na gestão desse dirigente
no Ministério do Meio Ambiente. Para ele, o único caminho parece ser não
produzir e importar da Europa, matriz dessa espécie de ambientalismo.
Diante disso, podemos voltar à pergunta:
trata-se de desconhecimento ou má-fé? Arrisco uma mistura. Vejo, aqui
mesmo no blog, muita gente condenando o agronegócio com base em uma
visão romântica de mundo. São aqueles que acreditam que seria possível
alimentar 7 bilhões de bocas apenas com alimentos orgânicos, por
exemplo. Gente que se encantou com o filme “Avatar”, em resumo.
Mas há também a má-fé, o oportunismo, já
que o ambientalismo virou um negócio também, e um negócio
multibilionário, com muitos interesses em jogo. Manter a chama do medo
acesa, incutir verdadeiro pânico nos leigos, como se o planeta estivesse
na iminência de uma catástrofe ambiental, e culpar o agronegócio como
bode expiatório, isso tudo vende bem e enche muito bolso por aí.
No mais, há o fator ideológico, que
jamais pode ser desprezado. Órfãos do comunismo, e com Deus “morto”,
muitos encontraram refúgio no ambientalismo radical, que apela ao
ecoterrorismo para cuspir no capitalismo, no lucro, na propriedade
privada. São os “melancias”: verdes por fora, vermelhos por dentro. O
estado será o instrumento de “justiça” contra esses gananciosos
“latifundiários”.
Enfim, quando lembramos o que Marina Silva
representa, é até compreensível a guinada que Kátia Abreu deu,
apavorada com o risco de alguém assim chegar ao poder central. Mas a
senadora ignora que o PT também faz parte dessa laia, que Marina foi
ministra, afinal de contas, do ex-presidente Lula, e que o candidato
atual que melhor representa os interesses desses produtores rurais é o
tucano Aécio Neves, jamais a petista Dilma.
Será que é apoiando a reeleição de Dilma
que o agronegócio vai se proteger dos ataques ideológicos que vem
sofrendo? Não custa lembrar, senadora, que o ministro Gilberto Carvalho é
“o cara” do MST dentro do Planalto. Isso não tira seu sono?
Rodrigo Constantino