quarta-feira, 4 de junho de 2014

PC do B de Morro do Chapéu denuncia esquema de corrupção na prefeitura



Ministério Público investiga prefeito por suposto esquema de corrupção

Indícios de irregularidades levantam a possibilidade de Aliomar Rocha ter desviado R$ 5 milhões dos cofres públicos

O Ministério Público Estadual da Comarca de Morro do Chapéu recebeu em dezembro de 2007, um dossiê, assinado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, que solicita uma fiscalização de supostas irregularidades na administração do dinheiro público realizada pelo prefeito do município, Aliomar  Rocha. No documento de 14 páginas, existem mais de 20 itens que apontam indícios de que o prefeito tenha realizado formação de quadrilha, desvio de verba pública com enriquecimento ilícito, duplicidade de pagamento em obras públicas, fraude de licitações e compra de notas fiscais frias.  
De acordo com o documento, nos pagamentos das construções de calçamentos há mais de uma nota fiscal referente ao mesmo serviço, uma emitida pela prefeitura e outra emitida pela empresa prestadora de serviço. Além disso, estas obras não foram executadas pelas empresas contratadas e sim por funcionários (pedreiros, serventes e batedores de pedra) da própria prefeitura e o transporte de material foi feito por veículos (caçambas) locados também pela prefeitura. Esses dados são indícios de que o prefeito, junto aos empresários, montou um esquema de corrupção para desviar dinheiro público. 
Outro caso grave citado foi a recuperação de calçamentos, no qual as notas fiscais apontam um gasto de R$ 115 mil, sendo que as ruas foram recuperadas todas em datas próximas e os valores foram pagos pela prefeitura em três vezes em apenas um mês para a mesma empresa. Um sinal de superfaturamento.
Outro sinal de gasto elevado e esquema para desvio de recurso do fundo especial, foi a recuperação de prédios escolares, nos quais foram gastos R$ 44. 450, e não há nenhuma lista com os nomes das escolas reformadas. Em 2007, foram gastos R$ 250 mil em material didático, mas não existe nenhum detalhamento da quantidade de material adquirido. 
Já na ampliação do sistema de abastecimento de água do povoado de Ouricuri, também houve indício de duplicidade de pagamento, já que foram gastos R$ 61.200 e “a obra também foi realizada por funcionários da própria prefeitura e não pela empresa contratada”.
O relatório também levanta suspeita de desvio de verbas federais do Fundeb (Fundo da Educação Básica), através de altos valores pagos a locação de veículos para transporte escolar. “Como o carro que transporta alunos de Montevidéu e Grotão para o Angelim e percorre por dia 40 Km, mas na nota fiscal o valor corresponde a 91,2 Km por dia, que equivale a R$ 1.596,o que deveria ser na realidade R$ 700, já que são cobrados R$ 0,70 por quilômetro”.  
Ainda existem mais itens no documento, como a de funcionário fantasma, falsidade ideológica, desvios de recursos do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e uma lista com diversos bens supostamente adquiridos pela família do prefeito nos últimos quatro anos.
“Com o suposto esquema montado, há possibilidade do prefeito junto aos donos das construtoras terem desviado dos cofres públicos, municipal, estadual e federal aproximadamente R$ 5 milhões”, aponta o dossiê.     
De acordo com a promotora, Dra. Édna Márcia de Oliveira, “as investigações já estão bem adiantadas, mas seguem em segredo de justiça”.


Escrito por PCdoB de Morro do Chapéu às 10h43