terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O conflito da Ucrânia com a Rússia

 A palavra Ucrânia deriva do eslavo antigo ukraina, que significa “região de fronteira”. Esse país de 45 milhões de habitantes, que até 1991 marcava a fronteira ocidental da extinta União Soviética, foi a região que sofreu mais abusos do ditador comunista Josef Stalin. Entre 1932 e 1933, Stalin planejou e executou contra os ucranianos – que ele via como um povo orgulhoso e nacionalista demais para seu gosto – o mais cruel plano de genocídio da história contemporânea. A Ucrânia foi isolada pelas tropas soviéticas. Mais de 5 000 intelectuais foram deportados e mortos em campos de concentração. A população foi privada de todos os meios de sobrevivência. Metodicamente, a policia soviética confiscou todo o gado, toda a produção de trigo. Famílias pegas com trigo estocado em casa eram sumariamente fuziladas. No auge da campanha de terror, 25 000 ucranianos morriam de fome por dia. Em dois anos, Stalin matou a tiros ou de fome 10 milhões de pessoas na Ucrânia. A censura interna e eficiente propaganda comunista no Ocidente esconderam durante décadas esse hediondo crime contra a humanidade. Com o fim da tirania soviética, a verdade foi aos poucos sendo restabelecida, mas só em novembro de 2006 o Parlamento da Ucrânia aprovou a lei que reconheceu oficialmente o genocídio premeditado por Stalin e tornou ilegal negar sua existência. É esse país que, agora, a Rússia quer manter em órbita pressionando Viktor Yanukovich, presidente ucraniano, a desistir de assinar um acordo de livre-comércio e associação com a União Europeia. O documento, que vinha sendo negociado fazia seis anos, abriria caminho para a Ucr}ania se tornar um dos membros do bloco. Milhares de pessoas ocuparam a Praça da Independência, no centro de Kiev, e pediram a renuncia de Yanukuvich, a uma temperatura de 11 graus negativos. O presidente frustrou as esperanças de modernização, reabrindo as feridas do genocídio stalinista e reavivando o pesadelo da vida sob a para do urso soviético. Vladimir Putin, presidente da Rússia, decidiu que a Ucrânia tem de se unir não à Europa, mas à União Eurasiana, zona de livre comércio que inclui o Cazaquistão e a Bieloruússia. Putin mostrou os dentes à moda antiga, ameaçando, caso contrariado, cortar o fornecimento de gás natural à Ucrânia. “É assim que Moscou trata as antigas repúblicas soviéticas”, diz Kataryna Wolczuk, da Universidade de Birmingham, na Inglaterra.