REYNALDO ROCHA
Vamos combinar?
Que tal agora, após
o pronunciamento da Justiça que transitará em julgado (sem apelações), por ter
sido proferido pela mais alta corte do Brasil, passarmos a chamar as coisas
pelo nome?
Sai o deputado João
Paulo e entra o corrupto condenado João Paulo.
Sai o empresário
Marcos Valério e entra o bandido Marcos Valério.
Onde se lê
“recursos não contabilizados”, leia-se simplesmente roubo!
Mas, antes de mais
nada, deletemos o uso da palavra “suposto” para qualificar o que é a mais
absoluta verdade.
É cansativo ler que
existia um suposto esquema de compra de votos. Nada disso: existiu um esquema
criminoso de compra de votos!
Boa parte da
imprensa parece buscar, em nome de uma pretensa imparcialidade, o que seria um
distanciamento dos fatos. Isso é saudável até que se comece a agredir os fatos
em nome desta falsificação ausente de todos os manuais de redação.
Excesso de cautela
também pode ser sinônimo de discordância. Ou mesmo de covardia.
Nós, leitores,
exigimos que os meios de comunicação sejam informativos. Pedir que jornalistas
relatem fatos é estranho. Mas, infelizmente, necessário.
Sei que os
“blogueiros progressistas” e os membros do PIG (Partido da Imprensa
Governamental) jamais deixarão de usar o “suposto”. É o que resta a quem
compactuou e protegeu uma camarilha de bandidos que sempre soubemos existir.
Mas a imprensa
séria que, provavelmente por excesso de zelo, insiste em expressões como
“suposto mensalão”, “suposto participante” ou “suposto desvio de verbas
públicas” está obrigada – pelos fatos! – a revogar o termo que inspira dúvidas.
Não há nada
suposto! Há fatos comprovados. E julgados como tal.
Espero que
aprendamos, na esteira de tantas lições, a usar as palavras na exata dimensão
que possuem.
Assim teremos uma
imprensa sem meios-termos. E sem medo de expor o que é simplesmente verdadeiro.
Por supuesto!
(Que, em espanhol, quer dizer claro, óbvio,
certamente.)