segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Baixio de Irecê

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O Projeto Baixio de Irecê com área irrigável estimada de 59.375 ha, compreende estudos e projetos, aquisição de terras, infraestrutura básica de uso comum e medidas de proteção ambiental. Inclui ainda administração fundiária, organização de produtores, apoio em administração, operação, manutenção, assistência técnica e capacitação de técnicos e agricultores na fase de operação inicial.
O acesso à área do projeto dá-se principalmente através da Rodovia BA-052, que liga Xique-Xique a Feira de Santana, interligando-se então à malha viária nacional.
Localizado na região do vale no médio São Francisco, entre os municípios de Itaguaçu da Bahia e Xique-Xique o Baixio de Irecê tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento da região semiárida através da agricultura irrigada, dentro da sustentabilidade ambiental, incorporando 59.375 ha ao processo produtivo, elevando a produção e a produtividade das safras agrícolas, gerando renda, aumento da oferta de alimentos e propiciando a abertura de empregos diretos e indiretos
PROJETO

O Projeto corresponde a uma área total irrigável de 58.659 hectares divididos em lotes para produtores, com construção em nove etapas, na região do sub-médio São Francisco.
O custo para a implantação do projeto é de 1300 milhões de reais.
Com estes recursos disponíveis, estará concluída toda a Primeira Etapa (4.723,10 hectares) quando serão disponibilizados 117 lotes agrícolas para os pequenos, médios e grandes produtores.

PRINCIPAIS CULTURAS

Frutas: Abacaxi, banana, coco, goiaba, limão, mamão, melancia, melão, maracujá tangerina e uva;
Legumes e Verduras: Abóbora,cebola, pimentão e tomate;
Grãos: Café, feijão e milho.

PÓLO AGRO ENERGÉTICO
Será montado um pólo agro energético com produção de oleaginosas tais como: Cana-de-Açúcar, Pinhão Manso, Dendê; Soja, Girassol e Mamona.

USO DAS TERRAS
Uso da Área (ha)
Área Irrigável 4.723,10
Áreas Inaptas para Irrigação 1.792,70
Áreas para Infraestrutura 333,30
Área de Reserva Legal 3.345,20
Sistemas de irrigação preconizados: Aspersão Convencional e Localizada, Sulcos de infiltração, gotejamento e microaspersão


OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO

O Projeto prevê sistema de produção baseado:
Ovinocaprinocultura associado as outras atividades complementares tais como:
Apicultura; Fruticultura; Avicultura.

BENEFÍCIOS

Geração de 180 mil empregos diretos e indiretos com a conclusão do projeto que ainda está em fase de construção.Quando concluído beneficiarão 240 mil pessoas, conforme estimativas do Ministério da Integração Nacional.

GERAÇÃO DE EMPREGO DIRETO

Agricultura: 24.375 empregos;
Produção Agrícola: 3.321 empregos nas atividades de apoio;
Produção Perímetro: 382 empregos nas atividades de apoio;
Centro de Serviços: 6.709 empregos.

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Instalação de viveiro de mudas para produção de 10.000 unidades de espécies nativas da caatinga: Aroeira; Angico; Ipê; Catingueira; Umburana de Cheiro.
Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, visando a recuperação dos locais utilizados para retirada de material mineral para construção do Canal Principal.
Palestra com os trabalhadores sobre Preservação da Flora e Fauna Local e conscientização Ambiental.


Estágio atual:

A etapa 1, com cerca de 4.723 ha, está com as obras civis concluídas. As adutoras e estações de bombeamento de pressurização encontram-se em fase de montagem. Esta etapa destina-se a pequenos e médios produtores.
O canal CP-0 está concluído até o km 13. Do km 13 ao km 27, as obras estão em fase de conclusão, e do km 27 ao km 42, as obras estão em implantação. Este canal é responsável pelo abastecimento das etapas 1 e 2 que estão em implantação.
A etapa 2 com área estimada de 5.288 ha será abastecida pelo canal CP-0 no trecho em fase de conclusão. Essa etapa será destinada a lotes empresariais e está com as adutoras em fase de aquisição e montagem.
A Estação de Bombeamento Principal teve sua primeira fase de implantação das obras civis concluídas, assim como a montagem dos equipamentos elétricos e mecânicos. A segunda fase de implantação ainda deverá ser objeto de estudos a serem executados.
A etapa 3, com aproximadamente 4.843 ha, deverá ser a próxima etapa a ser implantada
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domingo, 29 de novembro de 2015

O marginal e o soldado

O bairro de São Miguel Paulista é um bairro operário localizado na zona Leste de São Paulo por onde passa os trilhos da Central do Brasil. O bairro é divido em vários aglomerados de casas aos quais se dá o nome de Vila. Depois de residir por pouco tempo no bairro da Penha, fui morar na Vila Camargo. A Vila era vizinha daVila Jacuí, Vila Xingu e Vila Cruzeiro. Em todas elas havia um campo de futebol e um time representando a vila. Tínhamos o União Camargo F.C no qual joguei como zagueiro um bom tempo.
A Central do Brasil, linha férrea que tinha início no bairro do Brás e terminava em Mogi das Cruzes, era onde pegávamos a ferrovia que nos levava ao trabalho. É chamada de linha Variante em contraponto à linha Tronco. A partir de São Miguel, a linha Variante servia aos bairros de Ermelino Matarazzo , Engenheiro Goulart, Engenheiro Trindade, Penha, Quinta Parada, Quarta Parada e Brás. Era a linha demarcatória entre a Vila Xingu e Vila Camargo. O Rio Tietê também ficava do outro lado. Mais ao longe podia se ver aviões pousando e decolando no aeroporto de Cumbica, naquela época um simples campo de pouso.
A molecada era violenta e quem residisse na Vila Camargo não se arriscava a passar pela Vila Xingu e vice versa, a não ser para participar de alguma partida de futebol previamente combinada. Também havia um armistício quando se ia nadar e pescar no tio Tietê.
Uma garota da Vila Xingu ficar de namoro com um garoto da Vila Camargo era impensável, a  menos que a paixão fosse tão forte que suportasse uma surra de deixar o sujeito meio morto. Um soldado namorar a irmã do chefe da gang era algo tão fora de cogitação que caso acontecesse era morte certa para um dos lados. Mas foi o que aconteceu comigo então soldado da Polícia Militar de São Paulo, quando namorei a irmã de João Catarino, o chefão da gang de todas as Vilas ao redor.
Nadando e pescando no mesmo rio, jogando nossas partidas de futebol ora lá, ora cá, correndo atrás de balão na época de São João, jogando pião e gude, frequentando a mesma escola, éramos todos amigosdesde a infância. Depois que surgiu o União Camargo F.C. passamos a ser companheiros de equipe. De modo que eu estava relativamente tranquilo. E depois eu já tinha me mudado para o bairro do Bom Retiro no centro São Paulo, mas sempre aparecia na Vila Camargo para rever os amigos e me encontrar com a namoradinha.
Meu avô, chamado de Véi Mestre viera da Bahia junto com toda a família e fora morar na Vila Camargo. Meus pais foram residir no bairro da Penha e como meu avô queria reunir toda a família num só lugar, um dia chegou com um caminhão de mudança e nos levou para morar na Vila. Na ocasião morava conosco um primo recém chegado da Bahia onde, depois de casar-se com um garota na cidade de Santos, fora tentar a sorte em sua terra natal. Chamava-se Filemon e sua esposa era quase adolescente apesar de já terem vários filhos. Lá na Bahia a sorte não o ajudara e tivera de voltar para São Paulo onde fora acolhido por meus pais. Na Vila cada um alugou uma casa, onde posteriormente foram adquiridas por compra.
Filemon tinha uma filha de nome Sônia que andava sempre em casa. Passamos a brincar juntos mas como já tínhamos passado da idade infantil, as brincadeiras evoluíram para jogos libidinosos. De repente fomos surpreendidos por uma paixão ardente que logo chamou a atenção de todos. Por exigência de seus pais passamos a namorar a sério e em casa. Entre voltas e reviravoltasacabamos por firmar um compromisso de casamento. E como meu salário era insuficiente para pensar em constituir família, fiz concurso para a Policia Militar de São Paulo sendo admitido.
Nem bem vestira a farda meu noivado com Sonia terminou. Continuei na corporação e fui trabalhar no Presidio Tiradentes localizado no bairro do Bom Retiro, bem perto de casa. Para me vingar de Sonia eu arranjara uma namorada que morava entre a Vila Camargo e Vila Xingu e essa namorada era irmã de João Catarino. Mas ele ainda não sabia do caso, pois andava sumido sem que ninguém soubesse do seu paradeiro.
De repente ali na muralha onde tirava plantão ouvi uma voz vinda de uma das celas rés ao chão onde ficavam os presos comuns chamando meu nome e não atinei quem poderia ser. Quando localizei o detento que me chamava fez-se a surpresa:era João Catarino. Entabulamos uma conversa e depois que me contou sua desdita, me pediu cigarros. Disse que não fumava, mas que ia providenciar para ele. Assim que tive folga no plantão (tirávamos turnos de três horas) fui a rua e comprei dois maços de cigarros e assim que retornei ao local de trabalho chamei-o e perguntei como poderia entrega-los a ele. Ele esticou uma camisa para fora das grades da cela e disse para eu jogar os maços que ele apararia naquele cesto improvisado. Joguei mas a pontaria não deu certo e os maços de cigarros foram ao chão. Ele disse que não me preocupasse que pois iria tomar providencias.
Fui cumprir o meu plantão e algum tempo depois ao retornar ao meu local de trabalho o carcereiro tinha pego os maços de cigarros a pedido de João Catarino, mas recusava-se a entregar esperando que eu confirmasse a história. Assim que me dei conta do que estava ocorrendo disse ao carcereiro que entregasse os maços de cigarros. Ele ponderou que aquilo violava as regras do presídio e que seu quisesse levar alguma coisa aos presos que fosse na portaria e pedisse autorização. Eu disse que desconhecia as regras mas que fizesse uma exceção pois da próxima vez faria as coisas conforme o protocolo. Meio constrangido pela autoridade com que eu pedia, ele entregou os cigarros para João Catarino que me agradeceu muito contente e fui completar o meu plantão.
Lá na Vila Camargo a conversa era de que assim que João Catarino saísse da cadeia iria fazer um acerto de contas comigo e não ia ser nada bom para a minha saúde. E o acerto se materializou num dia em que eu estava batendo papo com a turma num barzinho. Para surpresa de todos, ele me abraçou e depois disse para todos que quando estava na pior lá na cadeia eu fui o único cara que o socorreu. Disse mais, que soubera que eu estava namorando a irmã dele e que pudesse continuar o namoro sem problema. E arrematou com ênfase que eu era amigo dele, sempre fora, e que se alguém quisesse criar algum problema comigo iria ter de ser ver com ele.

E assim adquiri duas imunidades: uma como soldado e outra como protegido de João Catarino. 

Porque não me ufano do meu país

Existe algo no Brasil hoje do qual possamos nos orgulhar? Damos uma olhada nas redes sociais e lá podemos constatar que não existe quase nada de bom neste país devastado pela corrupção. Aquilo que devia nos orgulhar, é justamente o que sofre mais ataques. Basta citar Pelé, considerado o atleta do século XX, tão glorificado no exterior e tão enxovalhado na pátria tupiniquim. A TV líder de audiência, também respeitada no exterior recebendo todo ano prêmios internacionais, como o International Grammy Awards pela qualidade de seus programas (novela Império e Doce Mamãe), é xingada e acusada de todo tipo de manipulação. Temos também a Veja, terceira maior revista do mundo em circulação, premiada internacionalmente pela excelência de suas reportagens, e que também é atacada e perseguida ferozmente pelo governo federal e seus acólitos.
A repórter do jornal O Estado de São Paulo, Vanessa Bárbara é correspondente do The New York Times, o influente jornal norte americano. Ela fez uma reportagem para esse jornal, onde, segundo ela, assistiu toda a programação da TV Globo (TV aberta, bem entendido) para fazer uma avaliação. Ficou claro que seu propósito era desmistificar a qualidade da programação da TV carioca. Os outros canais foram deixados de lado, possivelmente por não terem uma programação que sustentasse uma crítica benevolente (se a Globo é ruim, imagine o resto). E ela desceu a ripa, como se diz no jargão popular. Nada escapou do seu teclado ferino. O New York Times publicou a reportagem, dando aos americanos, a convicção de que nada de aproveitável é veiculado na emissora líder de audiência no Brasil. E foram endossados nessa certeza por aquela turma a qual denominamos de militância. E não só a militância, como também os idiotas úteis que se julgam portadores de virtudes morais e intelectuais superiores. É uma gente que gosta de arrotar grandeza, postando críticas no facebook, não de autoria própria, mas por aqueles fabricantes de memes que vão dando o tom do aboio para convocar a manada. Firmemente convictos do complexo de vira lata jamais erradicado, esqueceram de Vanessa Bárbara, autora da reportagem, e bradaram felizes nas redes sociais: New York Times acusa a Globo de manipulação.
Como se fossemos um bando de idiotas sem opinião própria e sem critérios de avaliação. O mais curioso de tudo, é que essa gente não perde uma oportunidade para atacar “os valores americanos”, seja lá o que é isso. Opinião de americano não tem valor nenhum. A menos que enxovalhe a quem consideramos nosso inimigo.
Certamente essa gente ainda não teve conhecimento de uma reportagem de Larry Rhoter, publicada no mesmo New York Times, a qual demonstra a dificuldade de Lula em controlar a bebida. Na ocasião Lula quis expulsar Larry Rhoter do Brasil. Xingaram muito o jornalista e o jornal. Agora elogiam porque ataca a Globo. Como levar a sério essa gente?

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Jovens brasileiros sem rumo

Sr. Arthur Chioro, os jovens brasileiros passam diversas situações de emergência no campo da saúde pública – e duas delas dizem respeito à psiquiatria porque de3correm de psicopatologias como profundo sentimento de insegurança, de angústia e ansiedade, e também de transtornos de conduta se nos estendermos à área da personalidade. Senhor Choro, são duas emergências em uma: o uso clinicamente desnecessário de medicamentos para a disfunção erétil e a utilização abusiva de bebidas alcoólicas. Esse coquetel anda circulando na corrente sanguínea de um grande número de jovens. Pesquisa recente aponta que 31% dos homens no Brasil se valem de estimulante sexual, sendo que 62% o fazem desnecessariamente e sem orientação médica.
Pura festa? Como médico e professor de medicina, o senhor, Arthur Chioro, sabe que não. É doença: dor emocional causada pela ansiedade que leva ao consumo inadequado de substâncias. Não é o medo de não conseguir a ereção que move o jovem à ingestão de estimulantes sexuais, mas, sim, a angústia que o atormenta: “se você ficar ansioso, vai falhar”. Basta isso e já vem a ansiedade, basta isso e vem a tomada inadequada de excitante. Outros estudos, professor, mostram que um em cada cinco homens que tomaram esse tipo de medicação, sem dela precisar, passou a usá-la em todas as relações sexuais. É a dependência psicológica instalada.
Para se ter ereção e atingir o prazer, que envolve o neurotransmissor dopamina, é necessário que outro neurotransmissor, a serotonina, esteja equilibrado (recaptação rápida demais causa depressão, recaptação lenta demais causa excessivo relaxamento). É preciso ainda que haja “paz” suficiente para a concentração de sangue na região genital e nenhuma ansiedade porque, se ela estiver presente, o organismo produzirá mais adrenalina, o que impedirá a ereção. Também a enzima PDES dará ordem, antes do tempo, para o sangue refluir. Pois bem, o estimulante não atua como ansiolítico, ou seja, a ansiedade permanece – e disposta a estragar tudo. Aqui entra a segunda substância do coquetel: a bebida alcoólica que jovens e adolescentes tomam perigosamente como ansiolítico. Estudo recente da OMS diz que os brasileiros estão bebendo em média, anualmente, 8,7 litros de álcool puro. A média mundial é de 6,2 litros por ano. O que parece ser o paraíso (relaxa-se com o álcool e excita-se com o remédio) é encrenca das grandes: a bebida é depressora do SNC, interfere em uma infinidade de neurotransmissores, inclusive na serotonina, no glutamato e no ácido gama aminobutírico (estimuladores e inibitórias). A resposta é simples, e não vale, professor Choro, eximir-se de sua função de médico e transferir o problema para o âmbito legal, como se tudo isso fosse exógeno e não endógeno. A balada virou doença, há pouco dias um garoto de 16 anos foi encontrado em coma alcoólico numa festa open bar e no local havia estimulantes. Saudável o senhor forçar o governo a investir em campanhas sobre esse tema na televisão, cientificamente objetivas (sem a menor orientação moralista) – ainda que Dilma Rousseff lhe tenha cortado do orçamento mais de R$ 1,1 bilhão. Chega, professor, de a OMS dizer que abusamos de substâncias. A culpa não é dela. é do governo que não investe devidamente em campanhas que contemplem a saúde emocional dos jovens.

Antonio Carlos Prado, editor executivo da revista ISTO É.  


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Honesto, espertalhão ou otário?

O caso foi tão inusitado que mereceu destaque no jornal online local, tendo ampla repercussão nos sites informativos e redes sociais. Vivendo numa cidade no alto sertão baiano encravada no Polígono das Secas, um vereador recusara a considerável quantia de 150 mil reais para dar um voto no candidato a presidente da Câmara, integrante da base aliada do prefeito. Aliás nem precisava dar o voto, bastava se ausentar da sessão. O vereador elevado a condição de celebridade, vez que honestidade é hoje virtude em falta no mercado, principalmente o político, concedeu várias entrevistas nas emissoras de rádio locais e até uma pesquisa de opinião foi feita atestando que 70% da população aprovara seu gesto. Já em casa, a companheira do edil não deve ter ficado lá muito satisfeita com a perda daquela quantia que seria dada em troca de apenas um votinho. Como sabemos todos nós acorrentados a um casamento, as mulheres tem uma visão mais prática do que o homem quando o assunto envolve dinheiro. Não tem esse negócio de pruridos moralistas nesse caso. Afinal elas sabem muito bem quanto se gasta na feira, no supermercado, no pagamento da empregada, no estudo dos filhos, no vestuário. Recusar 150 mil reais para fazer papel bonito na política? Ainda mais quando se sabe que o vereador não é rico e sem mantém as custas do seu salário de parlamentar?
Os petistas ficaram furiosos com a publicidade dada ao episódio. Petista ficar enfezado por recusa de propina? Só se for por parte de um adversário que negou apoio a uma votação de interesse do partido. Não foi o caso em questão. O prefeito era adversário do partido e o vereador aderiu à oposição. E depois ele cumpriu direitinho as orientações então por que o mal estar da petezada? Vejamos.
Como todo brasileiro sabe hoje, menos os iletrados e convenientes, grassa na Petrobras um tsunami de corrupção. É roubo que não acaba mais. Dá-se com certo que Lula e Dilma sabiam de tudo. Diante das evidências e sem ter como se defender, os petistas adotaram a estratégia de dizer que todos roubam. Não só roubam, como roubaram mais do que eles, coisa quase impossível dada a magnitude do furto. Quando o vereador tomou aquela atitude e saiu para o abraço, toda a estratégia petista caiu por terra. Eis aí um político que não rouba. E para piorar as coisas, não é filiado ao partido.
O partido ao qual o vereador pertence também não ficou morrendo de amores por ele, já que começou a desfilar cheio de empáfia e verbosidade pelas ruas. Dir-se-ia que já se arvorava a candidato a prefeito pela chapa da oposição. Concluída a votação na qual o prefeito perdeu com apenas um voto de diferença, o vereador imbuído de ética e honestidade passou a  ser chamado de otário. Isso dado por aliados e adversários. É aquela velha máxima: faça suas boas obras, mas não faça publicidade.
E depois todo mundo começou a ficar desconfiado daquela súbita e impecável demonstração de virtude vinda de um político. Boatos começaram a circular como rastilho de pólvora. Das mais variadas hipóteses aventadas, uma se firmou: um grupo cobriu a oferta de 150 mil reais. O vereador esperneou, esbravejou jurando inocência, mas não teve jeito. As rádios não quiseram mais conversa com ele e as redes sociais passaram a ignorá-lo. A mulher do dito cujo fez greve de cama (ele passou a dormir no sofá) e mal podia sair nas ruas. Diante da pressão, teve de admitir que recebera oferta melhor e assim a paz conjugal foi restabelecida e seu prestígio junto ao eleitorado, reconquistado.

Ele pensara melhor e chegara a conclusão de que nesses tempos bicudos, é melhor levar o nome de corrupto do que de otário. 

sábado, 20 de dezembro de 2014

O embargo é a desculpa esfarrapada da esquerda para a miséria socialista em Cuba.

Cuba é uma ilha miserável, e um dos países mais desiguais do mundo, pois a casta no poder vive como os nababos, enquanto o povo sofre com falta de tudo, inclusive remédios básicos e o item mais precioso que existe: a liberdade. Tudo isso é fruto do socialismo, de um regime opressor coletivista que sempre impediu o livre comércio, a propriedade privada, o lucro pessoal.

Mas a esquerda precisava de uma desculpa, de um bode expiatório. E o embargo americano imposto após empresas serem encampadas pela ditadura e mísseis soviéticos serem apontados para as principais cidades dos Estados Unidos caiu como uma luva: era ele o responsável pela pobreza generalizada no pequeno pais caribenho.
A incrível contradição da esquerda nunca foi motivo de embaraço para seus membros, apesar de ser deliciosa para os liberais. A esquerda, que condena o livre comércio, a globalização e ainda chama as trocas comerciais com os ianques de “exploração” estava clamando justamente por mais comércio com os americanos e pela globalização como solução para a miséria cubana.
Notem que Cuba já pratica comércio com vários outros países, como os latino-americanos, o Canadá, a Espanha, etc. Os hotéis nas belas praias voltadas apenas para turistas, pois os locais sequer podem frequentar, são administrados por empresas espanholas. O Brasil tem investimentos lá. A Venezuela doa bilhões em petróleo. Mas a esquerda dizia que toda a miséria era pela falta do consumismo burguês dos estadunidenses, impedidos de praticar negócios com a ilha. Não é hilário?
Nesse contexto, o fim do embargo, que depende agora do Congresso americano após ser proposto pelo esquerdista Obama, pode até fortalecer a ditadura no curto prazo, injetando escassas divisas tão em falta por lá; mas no médio e longo prazos significaria o fim do pretexto mais ridículo usado pelos defensores de Fidel Castro para justificar a completa falência do socialismo.
Duda Teixeira, na Veja desta semana, escreveu um ótimo resumo da situação toda, e mostra como a situação em Cuba está desesperadora, para o povo (como sempre foi), mas também para os líderes, afoitos por dólares:
Duda Teixeira
Portanto, vejo a possibilidade de fim do embargo com bons olhos, mesmo vindo de Obama e mesmo sabendo que pode, no primeiro momento, beneficiar o regime comunista. As mudanças verdadeiras só virão quando Raúl e Fidel morrerem, provavelmente. Mas sem o embargo, a esquerda jurássica latino-americana fica sem sua desculpa para explicar o retumbante fracasso de seu modelo. Como, aliás, já é o caso na Venezuela, que vende bilhões para os “malditos” consumistas americanos todo ano…
Rodrigo Constantino

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Uma visita ao Ventura


Pela primeira vez tive a oportunidade de ir numa festa de Nsa Sra da Conceição, padroeira do Ventura. Na realidade foi a primeira vez que ali pisei os pés. Fui com grande expectativa em conhecer um lugar que outrora foi um dos maiores produtores de diamante e carbonatos da Bahia. O trajeto foi tranqüilo vez que a estrada foi recentemente patrolada e estava em excelente condições. Logo após a passagem pelo rio do Ventura depara-se com uma construção feita de pedras amontoadas e que serviam para demarcar as propriedades no início do século XX. As pedras contudo, apesar de ser um patrimônio histórico do lugar, está sendo demolida com a retirada das pedras para se vender ou fazer outras construções. Em muitos trechos não há mais vestígios da mesma.
Durante todo século XX muito se falou em levar energia elétrica para a localidade que já perdeu a condição de Vila. Era uma povoação florescente que até se cogitou em emancipar, mas que encontrou no Coronel Dias Coelho um veemente opositor. Todavia por ser hoje praticamente despovoada, abrigando escassos 13 moradores fixos, não houve justificativa para viabilizar tal projeto. Até que se achou uma brecha colocando-a como área rural e para lá se estendeu a rede de energia elétrica. Não se colocou lâmpadas nos postes para iluminar o trecho de entrada na povoação, nem nas ruas e sua praça principal. A cobrança de tarifa deve ser o mínimo para essa modalidade. Mas a vinda da energia elétrica trouxe também a vinda de carros de som infernizando a vida da pacata localidade. Como nesta festa da padroeira quando trouxeram o famigerado paredão de som que ressoava pela praça toda com suas músicas bregas e até muito além, obliterando qualquer conversação que se queria fazer.
Minhas expectativas no tocante ao turismo foram frustradas. Há mais ruínas do que construções. Na verdade nem se pode classificar de ruínas alguns restos de paredes que mal cobrem a altura de um homem. A praça principal ainda conserva algum calçamento abrigando algumas poucas casas de construção recente. Ali estava o imponente casarão de dois andares que pertenceu ao coronel João Belitardo Sobrinho em sociedade com o Coronel Dias Coelho. Na verdade essa é a única construção que justifica uma visita ao lugar. Um sobrado sustentado por grossas paredes de adobe cru e sólido madeirame de árvores nobres. Mas está num sofrível estado de conservação servindo atualmente como pousada e venda de bebidas em dias festivos. Embaixo da escada que leva ao andar superior as aberturas laterais não tem janelas. Ao lado e nos fundos só há mato e ruínas.
Outra construção bem conservada é a casa de Carlos Navarro logo na entrada da povoação no estilo antigo e com pintura recente. A rua prossegue com restos de construções até chegar na casa de Flamarion Modesto. Uma das poucas casas que restaram e que nos áureos tempos  abrigou uma agência dos Correios e um prédio escolar. Essas três casas; o sobrado, a de Carlos Navarro e de Flamarion se constituem naquilo que restou do Ventura. As outras casas são feitas de tijolos cerâmicos com portas e janelas de madeira maciça.
Seguindo em frente chega-se num lago de águas escuras ao lado de um paredão. Nos tempos idos era o local onde as mulheres lavavam as roupas e os moradores tomavam banho. O lago é um trecho do rio Ventura e que só enche em tempo de chuvas. Seguindo o curso do rio encontra-se a Cachoeira do Ventura, lugar raramente visitado por ser muito distante e de difícil acesso.
A praça principal onde se localiza o sobradão de João Belitardo é composta de algumas poucas casas de construção recente. O resto é ruínas do que outrora foram uma praça que regurgitava de gente em dia de feira e na festa da padroeira. Havia belas residências, prédios comerciais, escola, sede da Filarmônica, Sociedade Comercial, Clube Social, enfim, uma Vila em franco desenvolvimento e que aspirava desmembrar-se de Morro do Chapéu. Havia uma rua lateral que hoje foi tomada completamente pelo mato. No topo da ladeira abriga-se a igrejinha dedicada a Nsa Sra da Conceição em bom estado de conservação. Falta contudo, um forro para impedir as pragas dos passarinhos que fazem os seus ninhos no telhado. Ao lado da igreja vemos uma cancela caindo aos pedaços e que era a entrada da trilha que seguia para Morro do Chapéu. Ao longo dessa estradinha encontrava-se algumas casas e a povoação de Campinas onde Flamarion nasceu e que também era composta de florescente comércio. Hoje dificilmente se identifica o lugar porque o mato tomou conta de tudo. Não restou uma única construção.

Isso é o que hoje consiste o Ventura.


Chama a atenção o fato de que não se encontra nas ruínas restos de telhas, madeiras, portas e janelas, indicando que toda essa destruição foi fruto de mãos humanas. Conforme seus proprietários foram abandonando a localidade, as casas foram sendo demolidas e saqueadas. Levaram as telhas, o madeirame, as portas e janelas para vender ou construir em outro lugar, como agora estão fazendo com as pedras que servem de cercas. Sem proteção contra a ação do tempo as paredes foram ruindo até se transformarem num amontoado de terra. Nem as residências dos coronéis Dias Coelho e Souza Benta escaparam do vandalismo, atestando o pouco valor que davam a memória histórica de um lugar que deixou sua marca no tempo.