terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lula, o “homem cordial”, não concedeu passaporte diplomático apenas à sua família nuclear, não; Rose também tinha o seu. Assim, sim!


Lula já confessou que dormiu lendo Chico Buarque. A esperança de que fique acordado lendo o pai de Chico, Sérgio Buarque de Holanda, um intelectual respeitável, é inferior a zero. Está tudo lá, insisto, em “Raízes do Brasil”. Lula é o emblema do “homem cordial”, do homem incapaz de separar as questões públicas das privadas.

E é, também, emotivo, naquela particular maneira de que trata Sérgio… Não pensem que ele concedeu passaporte diplomático apenas à sua família, como posso chamar?, nuclear, não! Eis aí um homem inclusivo, que põe o coração e as emoções acima da razão e não reconhece como legítimos os limites do estado burocrático e impessoal. Também Rosemary Nóvoa Noronha tinha o seu passaporte vermelho, como informam Matheus Leitão e Rubens Valente na Folha de hoje. Não por acaso. A apenas chefe do escritório da Presidência em São Paulo acompanhou Lula a 30 compromissos no exterior, totalizando 23 países. Sabem como é… A equipe de Lula em Brasília era pequena, carente de mão de obra especializada. Segue trecho da reportagem.
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A Presidência da República concedeu um passaporte que prevê tratamento especial a Rosemary Nóvoa de Noronha em viagens internacionais para acompanhar Luiz Inácio Lula da Silva, então titular do Palácio do Planalto. Entre 2007 e 2010, ela viajou com o então presidente para 23 países, em virtude de pelo menos 30 eventos -de posses de presidentes a encontros de chefes de Estado. Rose, como é conhecida, ex-chefe do escritório regional da Presidência em São Paulo, foi indiciada na semana passada na Operação Porto Seguro da Polícia Federal.
Ela é acusada de fazer parte de uma organização infiltrada no governo para obtenção de pareceres técnicos fraudulentos. No sábado, Rose foi exonerada do cargo de confiança que ocupava. Em janeiro de 2007, a pedido da Presidência, o Ministério das Relações Exteriores concedeu a ela um passaporte diplomático, conhecido como “superpassaporte”. Caracterizado pela capa vermelha, ele é destinado a poucas autoridades. O documento, emitido sem custo para o titular, permite acesso a fila de entrada separada nos aeroportos e torna dispensável o visto nos países que o exigem. O tratamento tende a ser menos rígido.
O passaporte de Rose esteve válido até 31 de dezembro de 2010, véspera da posse da presidente Dilma Rousseff. Em 2011, o documento não foi renovado. Não há registro de viagens internacionais de Rose a serviço do governo desde então.
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Por Reinaldo Azevedo