Movimentos sociais e partidos aliados à sigla no Estado também têm se manifestado sobre a disputa; três nomes concorrem à direção estadual
TIAGO DÉCIMO - Agência Estado
Salvador - Às vésperas da eleição que vai definir a composição da nova
direção estadual da legenda, no sábado, 9, e do anúncio oficial de quem será o
candidato do partido ao governo da Bahia, previsto para o próximo dia 30, o PT
enfrenta disputas internas que já extrapolaram os limites do partido.
Na linha de frente, estão apoiadores de três pré-candidatos da legenda a
suceder o petista Jaques Wagner no comando da administração estadual: o
secretário da Casa Civil, Rui Costa, preferido do governador; o secretário do
Planejamento e ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, que tem o
apoio de organizações sindicais e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; e
o senador Walter Pinheiro, que reúne boa parte da base do partido, mas encontra
forte resistência da direção estadual da legenda.
Até grupos organizados que historicamente apoiam a legenda no Estado, como o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), escancaram as divergências.
O líder nacional do movimento, João Pedro Stédile, por exemplo, divulgou vídeo,
na segunda-feira, 4, em apoio a candidatura de Gabrielli. "É o melhor quadro do
PT baiano para ser governador", disse no depoimento, distribuído pela
internet.
No dia seguinte, a direção baiana do MST reagiu publicamente ao anúncio. "O
posicionamento reflete uma opinião pessoal de nosso companheiro, não uma posição
da direção do MST na Bahia", disse o líder estadual do movimento, Márcio Matos,
também integrante da direção nacional do MST. "Estamos com Rui Costa pela sua
relação histórica com o MST baiano."
A disputa se estende aos partidos aliados ao governo. Apesar de ainda
restrita aos bastidores, já há conversas sobre possível saída de legendas da
base caso um ou outro candidato seja o escolhido. O PP, liderado no Estado pelo
ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, por exemplo, já avisou ao PT baiano
que prefere a candidatura de Walter Pinheiro - e não descarta apoiar a senadora
Lídice da Mata, pré-candidata ao governo pelo PSB, caso o escolhido seja
outro.
Favoritismo. O nome de Costa, porém, desponta como o favorito. Companheiro de
Wagner desde os tempos em que ele liderava o Sindicato dos Trabalhadores na
Indústria Petroquímica do Estado, no fim dos anos 1980, o secretário da Casa
Civil acompanhou o governador em toda a carreira política e atualmente cuida de
duas das áreas mais estratégicas em investimentos no Estado, transporte e
mobilidade urbana. Ele também conta com o apoio da atual direção da legenda no
Estado e do candidato favorito a assumir a nova direção, Everaldo Anunciação -
um dos cinco candidatos na também conturbada eleição.
A pré-candidatura de Costa ainda recebeu, na semana passada, um grande
reforço, quando ele foi publicamente elogiado pela presidente Dilma Rousseff
durante a inauguração de uma via expressa em Salvador. Presente ao evento,
sentado na primeira fila das autoridades - Costa estava na de trás -, Pinheiro
não escondeu a insatisfação com o comentário.
Enquanto isso, Gabrielli tenta arregimentar apoios no PT nacional e põe o pé
na estrada na Bahia. O pré-candidato, que chegou a fazer um grande evento, no
dia 19, em um hotel de Salvador, para lançar "oficialmente" a pré-candidatura (a
campanha chama-se "Tô com Zé"). Ele também se reuniu com Lula no início da
semana,em São Paulo, e parte, neste fim de semana, para uma série de viagens
pelo interior da Bahia. A intenção é visitar até o fim do mês, 13 cidades que
são polos regionais do Estado, em grandes eventos organizados por seus
apoiadores.