Informação
em primeira mão: o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dos maiores
especialistas em dependência química do Brasil (candidato a ser o
maior), internacionalmente reconhecido por seu trabalho na área, será o
coordenador-geral do Projeto Recomeço, de combate ao crack, que está
sendo implementado pelo governo de São Paulo. Atenção! Não existe “Bolsa Crack” nenhuma em gestação no Estado! Isso é uma grave distorção! Ainda
que se queira dizer que “é como as pessoas estão chamando”, então é
preciso que se lhes diga a verdade: “Pessoas, vocês estão erradas! Isso é
uma besteira!”. Já chego lá. Laranjeira, PhD em psiquiatria pela
Universidade de Londres (Maudsley Hospital), justamente no setor de
Dependência Química, é um crítico severo da descriminação das drogas.
Pesquisador rigoroso, é titular do Departamento de Psiquiatria da
UNIFESP, diretor do INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) e coordenador da
UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas). Muito bem. O que é o
Projeto Recomeço? PRESTEM BEM ATENÇÃO!
Será
impossível contar com instituições públicas e leitos públicos em todas
as cidades do estado de São Paulo para dar atendimento aos dependentes
químicos. Esse trabalho terá de ser feito também por instituição
privadas, devidamente credenciadas. O Estado de São Paulo estabeleceu o
valor de R$ 1.350 para pagar por esse serviço. Anotem:
1: O DINHEIRO NÃO SERÁ DADO AO DEPENDENTE.
2: O DINHEIRO NÃO SERÁ DADO À FAMÍLIA DO DEPENDENTE.
3: O DINHEIRO SERÁ REPASSADO DIRETAMENTE À INSTITUIÇÃO QUE PRESTAR O SERVIÇO.
1: O DINHEIRO NÃO SERÁ DADO AO DEPENDENTE.
2: O DINHEIRO NÃO SERÁ DADO À FAMÍLIA DO DEPENDENTE.
3: O DINHEIRO SERÁ REPASSADO DIRETAMENTE À INSTITUIÇÃO QUE PRESTAR O SERVIÇO.
A família
de quem estiver em tratamento, esta sim, receberá um cartão atestando
que FULANO DE TAL está em tratamento na unidade “x”. Por que isso é
importante? Porque é uma forma a mais de saber se o serviço está mesmo
sendo prestado, abrindo, ademais, a possibilidade de avaliar a sua
efetividade ou não.
ISSO É “BOLSA CRACK”? TENHAM A SANTA PACIÊNCIA!!!
O governo
de São Paulo, felizmente, não é um “liberacionista” — Laranjeira
tampouco. Ao contrário. A polícia do estado é uma das mais intolerantes
com o tráfico e é a que mais prende, no que faz muito bem. Alckmin
implementou a internação involuntária no estado e apresentou um projeto
para que menores que cometem crimes hediondos possam ficar até oito anos
retidos. Estou a dizer que não se trata de um governo que tem um
postura nefelibata diante do crime.
Falar em
“Bolsa Crack” sugere que o governo repassará aos familiares dos
dependentes R$ 1.350 para que gastem como lhes der na telha, de sorte
que ter um viciado em casa poderia significar até um ativo. Isso não
existe!!! O dependente que quiser tratamento poderá contar também com a
rede privada, se a pública não puder atendê-lo. Uma vez cadastrado, sua
família recebe o cartão. Não é um cartão de débito nem de crédito, mas
de mera identificação. E por que fica com a família? Porque esse tipo de
doente é sabidamente arredio a controles.
São Paulo cumpre o que Dilma prometeu
O programa de combate ao crack do governo federal, por enquanto, é pura ficção. O estado de São Paulo tem procurado apertar o cerco ao tráfico e prestar auxílio médico aos dependentes. Essas são as linhas gerais do programa. E estão, até onde se alcança, corretas.
O programa de combate ao crack do governo federal, por enquanto, é pura ficção. O estado de São Paulo tem procurado apertar o cerco ao tráfico e prestar auxílio médico aos dependentes. Essas são as linhas gerais do programa. E estão, até onde se alcança, corretas.
É absurda a
ilação de que se trata de uma “bolsa”. Fosse assim, melhor seria dar R$
1.350 às famílias dos alunos que só tiram A no boletim, não é mesmo?
Não se trata de um prêmio ou de uma compensação para a família que tem
em casa um viciado. Não! Já que o estado brasileiro decidiu que a
dependência química é uma doença e já que existe a urgência social de
tratá-la, que se faça isso, então, de maneira organizada.
O
programa, de resto, estará em mãos seguras. Laranjeira não é um desses
que, com a mão direita, oferece tratamento aos dependentes e, com a
esquerda, facilitam o acesso àquilo que os mata. Ao contrário: ele tem a
clareza — mera questão de lógica elementar — de que, junto com o
tratamento, é preciso criar dificuldades para a circulação de substância
entorpecentes.
Quem quer
Bolsa Droga é o aloprado ex-presidente da Colômbia César Gaviria, membro
da Comissão Latino-Americana Sobre Drogas e Democracia. Este, sim,
defende que o estado forneça a droga aos viciados. Laranjeira,
felizmente, é de outra cepa.