Confirmando o que já era previsto, o prefeito Cleová Barreto
escapou de mais uma condenação que poderia cassar-lhe o mandato por gastos
irregulares de campanha, dois anos após a realização das eleições a prefeito. E
assim Morro do Chapéu segue em sua existência plácida, devagar quase parando
como é de sua natureza. Todavia essa morosidade ameaça tornar-se paralisia
total, dada a situação vexaminosa que ora vive o município. As obras estão
paradas, demissões em massa foram feitas, os servidores tiveram seus salários
diminuídos e suspensas as gratificações e horas extras, os Agentes Comunitários
de Saúde deflagraram mais uma greve, os índices de criminalidade aumentam a
cada mês, a prostituição infantil é escancarada, enquanto os comerciantes vivem
uma via crucis para receber seus pagamentos. Em suma, o município está falido.
Enquanto isso as emissoras de rádio locais, o jornal, os
sites e blogs informativos, apresentam um quadro róseo da administração
municipal como se vivêssemos no melhor dos mundos. Não se fala mais em uvas
viníferas, não se fala mais em energia eólica alavancando o progresso da
cidade, não se fala mais em creche de padrão nacional, não se fala mais em
abatedouro. O que se fala nas ruas e que as rádios não repercutem é de um hotel
em nome de laranja, em desvios de verba do PRONAF, em vereador favorecido no
transporte de alunos para a região de Beira do Rio, em aparelhamento da
Secretaria da Saúde empregando a sogra e a cunhada do prefeito, na filha da
secretária, na sogra do proprietário de uma clínica que é favorecida com as
consultas direcionadas a ela, em prioridade nas demandas do Grupão, enfim, um
descalabro total.
Em se falando de Grupão é preciso dar uma explicação em que
consiste esse ajuntamento de prefeito e ex-prefeitos. Em sua história política,
pela primeira vez Morro do Chapéu viu a união dos Ferraz, dos Gomes, dos
Cunegundes, dos Rochas e dos Barretos. Há até um Batista correndo por fora. E
dando cobertura caso haja algum problema com a justiça, o deputado federal que
aqui estacionou e não quer mais sair. Tudo isso com o propósito de isolar e
aniquilar os Dourados. Contando ainda com a cobertura das emissoras de rádio
locais, sites e blogs mais o jornal, era para a família já ter buscado outras
atividades fora da política. E, no entanto
essa união regada a muito dinheiro e que parecia imbatível começa a apresentar
algumas rachaduras desde que venceram o Dourados com apenas 20 votos de frente.
E isso porque faltou dinheiro para seus adversários se não a derrota era favas
contadas. Como pode ter isso ocorrido se o campo de atuação dos Dourados foi
sendo destruído implacavelmente?
Comecemos pelo Hospital Maternidade São Francisco de Assis.
Esse hospital foi criado com o objetivo de propiciar aos Dourados um centro de
atendimento aos pacientes vez que no outro hospital o acesso sempre fora
negado. O objetivo foi alcançado graças ao prestígio de Dr. Edgar Dourado Lima
que sempre gozou da inteira confiança da população local. Os funcionários dessa
casa de saúde eram fiéis à chefia comandada pelo médico. E isso passou a
incomodar aos prefeitos adversários. Inúmeras tentativas foram feitas para fechá-lo,
todas sem êxito. Até que se implantou a municipalização da saúde com a
prefeitura sendo responsável pelos repasses do dinheiro aos hospitais. Isso
possibilitou montar uma estratégia para acabar de vez com o São Francisco.
Colocou-se lá uma pessoa de confiança no comando do hospital com o propósito de
ter acesso aos documentos da contabilidade. De posse dos mesmos, eles foram
entregues á prefeitura que os encaminhou à Promotoria Pública. Abriu-se um
processo e o hospital finalmente foi fechado eliminando assim um baluarte dos
Dourados. Passou-se então a bloquear as possibilidades de permanência no Derba
e de algum outro órgão público que favorecesse a família. E para coroar a obra,
compraram-se todos os chefes políticos. Todavia restou Francisca Neide a seu
irmão Dr. Cláudio mais o Erico Sampaio. Essa pequena brecha quase destruiu as
pretensões políticas do Grupão, como se viu. E agora, nas eleições a deputado,
governadores e presidente, os Dourados deram uma excelente votação para seus
candidatos a deputado, prenunciando uma eleição a prefeito tão acirrada como
foi a última. Vejam que enquanto o Grupão persegue os Dourados, o município
mergulha cada vez mais fundo na falência irremissível. A quem apelar?