Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
Favorito para presidir a Câmara dos
Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN) não é o único parlamentar do PMDB
que repassa mensalmente recursos públicos para empresas de fachada
ligadas a um ex-assessor do partido. O deputado baiano Lúcio Vieira
Lima, irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, destinou 110 700 reais de
sua verba indenizatória para as empresas Global Transportes e
Executiva, ambas registradas em nome de laranjas.
A última
edição de VEJA mostrou que Henrique Eduardo Alves paga 8 300 reais por
mês de verba indenizatória a uma empresa fantasma que, no papel, aluga
carros executivos à serviço do gabinete do deputado. Após a reportagem,
Alves afirmou que vai investigar as irregularidades.
Desde que
assumiu o mandato, há dois anos, Lúcio Vieira Lima repassou 64 900 reais
à Global e 45 800 reais à Executiva. Por trás das duas empresas está
César Cunha, conhecido ex-assessor do PMDB.
Lúcio
Vieira Lima diz que César Cunha foi motorista do seu irmão. Hoje, Geddel
é vice-pesidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. O
deputado diz que a situação legal da empresa contratada por ele não é de
sua responsabilidade: “Ele apresenta a nota eu dou à Câmara. Cabe à
Câmara analisar. Para mim, ela presta o serviço, o carro está sempre à
minha disposição”, disse o parlamentar ao site de VEJA. Ele afirmou
também que o contrato será mantido: “Vou continuar alugando da Global, a
não ser que a Câmara informe que essa empresa não está mais
autorizada”.
A cota
para o exercício da atividade parlamentar, que era conhecida como verba
indenizatória, disponibiliza cerca de 30 000 reais por mês para gastos
relativos aos mandato dos deputados. Por exemplo: passagens aéreas,
contas de telefone, aluguel de carros e combustível. No caso de Henrique
Eduardo Alves e Lúcio Vieira Lima, parte desses recursos foram
transferidos mensalmente para empresas de fachada.
Suspeita
Reportagem publicada pela última edição de VEJA mostra que a Global Transportes, que recebe 8 300 reais por mês do gabinete de Alves, registrou endereço numa casa na periferia de Brasília. A vendedora Viviane dos Santos, que oficialmente é dona da empresa, disse que nunca soube do contrato com o deputado – e confirmou ter emprestado seu nome para uma tia, responsável pela locação dos veículos. Kelen Gomes, a tia, tentou explicar: “Nós arrumamos carros com terceiros e os alugamos”. A Global é ligada a César Cunha, ex-assessor do PMDB que já forneceu notas fiscais a Henrique Eduardo Alves, por meio de outra empresa de fachada, a Executiva. Desde 2009, o gabinete do deputado repassou às companhias de Cunha um total de 357 000 reais.
Reportagem publicada pela última edição de VEJA mostra que a Global Transportes, que recebe 8 300 reais por mês do gabinete de Alves, registrou endereço numa casa na periferia de Brasília. A vendedora Viviane dos Santos, que oficialmente é dona da empresa, disse que nunca soube do contrato com o deputado – e confirmou ter emprestado seu nome para uma tia, responsável pela locação dos veículos. Kelen Gomes, a tia, tentou explicar: “Nós arrumamos carros com terceiros e os alugamos”. A Global é ligada a César Cunha, ex-assessor do PMDB que já forneceu notas fiscais a Henrique Eduardo Alves, por meio de outra empresa de fachada, a Executiva. Desde 2009, o gabinete do deputado repassou às companhias de Cunha um total de 357 000 reais.
O deputado
ajudou a aumentar a confusão: primeiro disse que, quando está em
Brasília, utiliza carro próprio. Depois, corrigiu-se afirmando que o
carro que usa na capital federal é alugado, sim, mas ele não se lembra
nem mesmo do modelo. Por fim, mandou que um funcionário de seu gabinete,
Wellington Costa, desse explicações. “Você acha que eu cuido disso?”,
reagiu Alves. O funcionário, porém, admitiu: “Talvez o deputado não se
lembre, mas foi ele quem mandou contratar essa empresa”.