Felipe de Valois, o Belo
A família Valois é descendente da nobreza francesa começando pelo mais conhecido, Felipe de Valois, Rei da França (1268-1314). Felipe é considerado o primeiro dos soberanos modernos, por resistir às pressões da Igreja e dos senhores feudais e centralizar o poder. Filho do rei Felipe III e da rainha Isabel de Aragão, casa-se com Joana de Navarra em 1284, anexando à França, pelo casamento, as regiões de Champagne e de Navarra. Político realista e cuidadoso, cerca-se de conselheiros provenientes da burguesia e não da aristocracia feudal. Interessado em reforçar o poder real e as finanças do reino, expulsa da França os judeus e confisca-lhes terras e bens. Faz o mesmo com a Ordem do Templo (os Templários), rica e poderosa organização de cavaleiros surgida no tempo das cruzadas, capaz de financiar a própria monarquia francesa. Felipe acusa os templários de heresia e sodomia, suprime a organização, condena seus dirigentes a morrer na fogueira e retém seus bens. Estabelece um orçamento anual, melhora o serviço do Tesouro, aperfeiçoa a administração e aumenta o número de funcionários reais.
OS TRES PAPAS
Em 1296 Felipe entra em conflito com o papado ao lançar impostos sobre os bens da Igreja e ao impedir que saíssem da França os recursos destinados ao Vaticano. Contrário às taxas, o papa Bonifácio VIII o excomunga. Felipe garante a escolha de um francês, Clemente V, como papa. Em 1309, a seu pedido a sede do papado é transferida de Roma à cidade de Avignon, e lá permanece até 1377. A isso, logo se segue o Cisma do Ocidente, isto é, o surgimento de dois papas, um em Roma outro em Avignon, aos quais se somaria um terceiro. A reunificação só ocorre no Concílio de Constança (1414-1418), mas dessa vez, o papa vê seus poderes reduzidos frente ao colégio dos bispos.
O papado, na verdade, disputava a hegemonia com os monarcas. Mergulhada em discussões teológicas, em cerimônias complexas e ostentatórias, em exemplos de vida nada edificantes, cada vez mais afastada do povo, a Igreja perde o rumo. Já não controla mais os reis, os fiéis aderem a movimentos reformadores que pregam a desobediência, e, quando a própria Igreja procura se reformar, já é tarde: a unidade do cristianismo está irremediavelmente perdida.
Quanto aos Valois à frente do trono francês, Carlos IV (1294-1328) sucedeu Felipe, o Belo. Logo o rei inglês Eduardo III (1312-1277), reivindica o trono francês, com o objetivo de unir os dois reinados. A Inglaterra também luta pela posse do território de Flanders, sob domínio francês. Com o comércio dificultado na região, os ingleses querem ter livre acesso por meio dessa unificação. Carlos IV resiste e eclode então a Guerra dos Cem Anos.
A invasão inglesa
Para a sucessão de Carlos IV à coroa da França é escolhido Felipe de Valois (Felipe VI) -(1293-1350), sobrinho de Felipe IV, o Belo. Porém, o rei Eduardo III, neto de Felipe, o Belo por parte de mãe, declara-se soberano da França e invade o país em 1337, reivindicando o trono. A superioridade do exército inglês impõe sucessivas derrotas às forças inimigas. Em 1347, Eduardo III ocupa Calais, no norte da França. A peste negra e o esforço de guerra desencandeiam uma crise econômica que provoca a revolta da população francesa. Milhares de camponeses atacam castelos e propriedades feudais. Felipe de Valois morre e é sucedido pelo filho João II, o Bom (139-1364). Em 1356 ele é capturado por Eduardo, o Príncipe Negro de Gales (1330-1376), filho de Eduardo III, e levado para Londres. Em 1360, depois de assinar a Paz de Brétigny e o Tratado de Calais, volta à França. A Inglaterra renuncia à Coroa em troca da soberania sobre os territórios conquistados.
Reação francesa
Com a ascensão de Carlos V (1338-1380), também da linhagem dos Valois, ao trono francês em 1364, o país reconquista quase todos os territórios e derrota os ingleses. No reinado de Calos VI, o Bem Amado (1368-1422), o rei da Borgonha, Felipe III, O Bom (1396-1467) alia-se aos ingleses. Juntos, em 1420 eles impõem aos franceses os Tratado de Troyes. Por ele, a filha de Carlos VI, Catarina, casa-se com Henrique V (1387-1422), da Inglaterra, assegurando o trono francês ao filho do casal. Em 1422, com a morte do avô materno, Henrique VI (1421-1471) é aclamado rei da França. Essa solução não é aceita por seu tio Carlos (1403-1461), filho do antigo soberano francês e divide o país. No mesmo ano, Carlos VII é reconhecido como herdeiro legítimo pelo sul do país. Recebe a ajuda da camponesa Joana D’Arc (1412-1431), que, à frente do Exército francês derrota os ingleses. A vitória reacende o nacionalismo francês, e Carlos VII é coroado em 1429. No decorrer de uma guerra de 20 anos, ele reconquista Paris, Normandia, Formigny e Bordeaux. A Inglaterra fica apenas com Calais.
OS VALOIS SE ESTABELECEM EM JACOBINA
Com a ascensão da dinastia dos Bourbons, os Valois perdem definitivamente a possibilidade de ascensão ao trono francês, mas continuam fazendo parte da nobreza. Em 1794 com a eclosão da Revolução Francesa os nobres são destituídos de seus privilégios e muitos são guilhotinados. Para fugir do terror, alguns membros da família Valois fogem da França e se estabelecem em Jacobina, naquele tempo, grande centro produtor de ouro. A família se multiplica como os Dourado e grande parte dela vem residir em Morro do Chapéu, particularmente numa povoação chamada Fedegosos.
Pesquisa feita pelo autor deste blog