País gastou com os estádios da Copa mais do que Alemanha e África do Sul juntas. Com brasileiro não há quem possa
Os pessimistas e a elite branca deram com os burros n’água: a Copa do Mundo no Brasil
é um sucesso. A bola está rolando redondinha, os gramados estão todos
verdinhos e o país chegou até aí batendo mais um recorde: gastou com os
estádios da Copa mais do que Alemanha e África do Sul juntas. Com
brasileiro não há quem possa.
Aos espíritos de porco que ainda têm coragem de reclamar do derrame sem precedentes de dinheiro público promovido pelos faraós brazucas, eis a
resposta definitiva e acachapante: a Copa no Brasil tem uma das maiores
médias de gols da história. Fim de papo. De que adianta ficar
economizando o dinheiro do povo, evitando os superfaturamentos e as
negociatas na construção dos estádios, para depois assistir a um monte
de zero a zero e outros placares magros? Fartura atrai fartura. Depois
da chuva de verbas, a chuva de gols. É a Copa das Copas. Viva Messi,
viva Neymar, viva Dilma.
Está todo mundo
feliz, e o país mais uma vez se renderá a Lula. O oráculo afirmou que
era uma babaquice esse negócio de querer chegar de metrô até dentro do
estádio. Que o brasileiro vai a jogo até de jegue. O filho do Brasil
mais uma vez tinha razão.
O país teve sete anos para usar a agenda da Copa e investir seriamente em infraestrutura
de transportes. Sete anos para planejar e executar uma expansão decente
do metrô nas capitais saturadas, por exemplo — obras caras que dependem
do governo federal. Ainda bem que nada disso foi feito, e as capitais
continuaram enfrentando sua bagunça a passo de jegue. Seria um
desperdício, porque todo mundo sabe que essa mania de querer chegar aos
lugares de metrô é uma babaquice da elite branca. Felizmente, o dinheiro
que seria torrado nessa maluquice foi bem aplicado nos estádios mais
caros do mundo, entre outros investimentos estratégicos.
Agora a
Copa deu certo, o brasileiro está sorrindo e a popularidade de Dilma
voltou a subir — provando de uma vez por todas que planejamento sério é
uma babaquice. O que importa é bola na rede.
Nos anos que antecederam a Copa das Copas, os pessimistas encheram a paciência do governo popular com
a questão dos aeroportos. Mas o PT resistiu mais uma vez à conspiração
dessa burguesia ociosa que reclama de tudo. E deixou para privatizar
(que ninguém nos ouça) os aeroportos às vésperas da Copa. Foi perfeito,
porque sobrou mais tempo para o bando da companheira Rosemary Noronha
parasitar o setor da aviação civil, proporcionando aos brasileiros o que
eles mais gostam: ser maltratados nos aeroportos em ruínas, se possível
derretendo com a falta de ar-condicionado (o que Dilma chamou carinhosamente de “Padrão Brasil”).
Os
pessimistas perderam mais essa. Na última hora, com um show vertiginoso
de remendos e puxadinhos (Brasil-sil-sil!), os aeroportos nacionais não
obrigaram nem uma única delegação estrangeira a vir para a Copa de
jegue. Todas as seleções entraram em campo — a televisão está
de prova. E, no que a bola rolou, quem haveria de memorizar detalhes
insignificantes, como metade dos elevadores da Favela Antonio Carlos
Jobim enguiçados, além de algumas esteiras e escadas rolantes interditadas, entre outros desafios dessa gincana Padrão Brasil?
Ora, calem a boca, senhores pessimistas. A Copa deu certo. A Rosemary também.
Quem vai cronometrar
o tempo dos otários nas filas monumentais? Os cronômetros só medem a
posse de bola. E bem feito para quem ficou preso nos engarrafamentos a
caminho do estádio, de casa ou de qualquer lugar. Lula avisou para ir de
jegue. Você ficou engarrafado porque é um membro dessa elite branca que
contribui para o aquecimento global.
Além de tudo, é ignorante, porque ainda não entendeu que o combustível
no Brasil foi privatizado pelos companheiros e seus doleiros de
estimação. Como diria o petista André Vargas ao comparsa Alberto
Youssef, o petróleo é nosso.
Além de jegue e jabuticaba, o Padrão
Brasil tem feriado. Muito feriado. Quantos o freguês desejar. Pode haver
melhor legado que esse para a mobilidade urbana? Se todo mundo andar de
jegue e ninguém precisar ir trabalhar, acabaram-se os problemas
viários. Poderemos ter Copa todo mês. E os brasileiros não precisarão
mais correr riscos com obras perigosas como os viadutos — que, como se
sabe, desabam.
A Copa no Brasil tem tido jogos realmente
emocionantes. É o triunfo do único inocente nessa história — o futebol.
Viva ele. Os zumbis que ficavam gemendo pelas ruas que “não vai ter
Copa” sumiram na paisagem do congraçamento das torcidas. Mas é claro que
isso será entendido pela geleia geral brasileira como... gol da Dilma! É
a virada dos companheiros, a vitória dos oprimidos palacianos sobre as
elites impatrióticas etc. A taça é deles. E a conta é nossa.
Se
você não suporta mais essa alquimia macabra, que faz qualquer sucata
populista virar ouro eleitoral, faça como os atletas do Felipão: chore.
Guilherme Fiuza