Que
coisa bonitinha! A coordenação da campanha da presidente Dilma Rousseff
resolveu enviar o pré-programa de governo já aprovado pelo partido à
lavanderia para ver se ele fica com uma aparência melhorzinha. Segundo
informa reportagem de hoje da Folha,
sumiram da versão quer chegou à presidente a “democratização da mídia”,
que é o outro nome para censura; o “financiamento público de campanha”,
que todo mundo sabe no bolso o que é, e a Constituinte exclusiva para
fazer a reforma política. Mas Dilma não abre mão, disto não!, da tal
democracia direta por meio de conselhos — aquela estrovenga que ela
meteu no decreto 8.243 (ver post).
Esses,
digamos, “compromissos” estão no documento aprovado pelo PT, e chegou a
se noticiar que a presidente havia se comprometido ao menos com a
questão da mídia, que é central para o partido. Segundo informa a Folha,
Rui Falcão e Franklin Martins (este ainda não se recuperou da demissão
da Globo) queriam, sim, incluir no texto final o combate ao tal
“monopólio”, mas foram votos vencidos. Afinal, o programa da presidente
tem de contar com a aprovação dos demais partidos — e o PMDB, por
exemplo, fez um congresso em que se definiu como diretriz o repúdio a
qualquer forma de censura.
Será que
os defensores da democracia podemos, então, ficar tranquilos caso Dilma
seja reeleita? É claro que não! Os absurdos, na forma e no conteúdo, do
Decreto 8.243 falam por si. Sem contar que é preciso deixar claro que o
PT está em franca mobilização em favor da Constituinte exclusiva e do
financiamento público de campanha — e é claro que vai tentar emplacar
essa agenda. Aqui e ali já leio colunistas a vender com suas “ideias”
que são do partido.
Até porque
a campanha está na rua petista. O partido emitiu uma circular a seus
filiados em que deixa claro que a prioridade é, sim, a Constituinte
exclusiva — aquela mesma que a coordenação de Dilma tirou do programa
para não assustar. O texto tem dois links que remetem para as
orientações para os diretórios estaduais e para as redes sociais. Vejam:
A circular
Orientação para os diretórios:
Orientação para as redes sociais:
Quanto à
tal “regulação da mídia”, que fique claro: todos os documentos oficiais
do PT consideram essa uma pauta prioritária. O fato de o tema
eventualmente não ser incluído no programa que Dilma vai entregar ao TSE
não quer dizer absolutamente nada! De resto, constate-se: o partido
decidiu fazer uma lista negra de jornalistas, como é sabido, e seus
respectivos nomes costumam frequentar as conversas de alguns ministros
do governo Dilma, inconformados com a liberdade de imprensa. Assim, não é
verdade que o único controle admitido pela Soberana seja o remoto.
Também vale a intimidação.
Para
encerrar, destaco: não tenho a boa-vontade de alguns com o dito espírito
democrático de Dilma. O Decreto 8.243 deixa claro como ela cede
facilmente a tentações. Ademais, no que que concerne à reforma política,
o seu programa de governo vai falar em plebiscitos — que podem ser uma
boa forma de inflamar a sociedade com apelos demagógicos. Para começo de
conversa e para encerrar este artigo, temas dessa natureza sempre vêm a público quando os governos esgotam o seu repertório e já não têm mais como engabelar a sociedade.