quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Ana Arraes nem está formalmente eleita e já deixa claro a que veio

Mal venceu a disputa para a vaga no TCU — com a inauguração do “matrismo” em lugar do “nepotismo” —, a deputada Ana Arraes (PSB-PE) já disse a que veio. Segundo ela, paralisar uma obra com suspeita de irregularidade sai mais caro aos cofres públicos. “Quando não paralisa, não causa prejuízo financeiro, não causa prejuízo social. A paralisação, às vezes, sai mais cara”. Repete, assim, crítica já feita por Luiz Inácio Apedeuta da Silva e pela própria Dilma Rousseff quando chefe da Casa Civil.

Ana Arraes é parte de uma ação determinada do Estado Petista — e ela contou com a ajuda de políticos da oposição para chegar lá, destaque-se — de afrouxar todos os mecanismos existentes para controlar e punir o desvio de dinheiro em obras públicas. Lula passou boa parte dos seus oito anos de mandato atacando o TCU. Atuou para tirar determinadas obras da supervisão do tribunal; acusou uma espécie de conspiração contra o seu governo. Decidiu mudar de estratégia. Melhor controlar o tribunal do que brigar com ele.

A ação é organizada. A Lei de Licitações também foi jogada na obsolescência sem que se tenha votado uma outra no lugar. O governo, diga-se, continuou a dar verba para obras em que o TCU viu desvio de recursos. E governo e políticos, não obstante, falam em transparência. Ana Arraes tenha o opinião que quiser. Mas também é inédito na história que uma ministra eleita do TCU, em sua primeira declaração, atue claramente contra uma prerrogativa do TCU. Como se vê, assumirá a vaga para ser porta-voz do Executivo de plantão.

É a isso que chamo rebaixamento de uma instituição, entenderam?

Por Reinaldo Azevedo