terça-feira, 27 de setembro de 2011

Nossos aspirantes a fantasmas

Os fantasmas tomaram conta dos sites noticiosos de Morro do Chapéu, principalmente de um que coloca tudo o que esse povo escreve. Essa preferência de assim se apresentar talvez esconda um secreto desejo de desencarnar e tornar-se um fantasma de fato. Se assim é, eu sugeriria que essas almas atormentadas adotassem nomes que espelhassem suas personalidades. Não pense que o fantasma só faz aparecer e dizer bu. Nos dias que correm isso só vai assustar criancinhas ainda no berço. A galera anda meio descrente dessas coisas, e se o fantasma for brasileiro, é capaz de ser enxotado de casa raivosamente. Quando eu era pequeno, ouvia histórias de fantasmas os mais diversos. No mundo do além, assim como aqui, o fantasma tem sua personalidade perfeitamente delineada. Há o fantasma que gosta de freqüentar as casas arrastando uma corrente enferrujada fazendo um barulho assustador. Outros vão abrindo e fechando portas como um adolescente endiabrado. Mais um outro gosta de frequentar a cozinha derrubando louças e talheres. Uns chatos.
Nossos aspirantes a fantasma prometem um desempenho muito melhor que esses fantasmas antiquados que só assustam as pobres velhinhas indefesas. Eu tenho até uma lista de nomes que poderão adotar e levá-los aos degraus da fama, trazendo para a cidade, renomados exorcistas que seriam mais uma atração turística a ser explorada.
Vejamos
O infante insepulto
A múmia da capelinha
O vampiro mascarado
André, o sanguinolento ou blasfemador
O ogro assassino
Benedito sem sangue
O monge vampiro
O esqueleto do suicida
O zumbi da torre eólica

Como vêem, são todos representações assustadoras de fantasmas poderosos. Acredito que de todos eles, o aspirante a fantasma que vai provocar arrepios de horror é o André sanguinolento ou blasfemador. O rapaz parece que deu uma passada no mundo das almas penadas e lá aprendeu as mais terríveis blasfêmias que um padre pode imaginar. É cada insulto de deixar de queixo caído até o capeta mais endiabrado.
Acredito que o palco ideal para tão memoráveis representações seria o Ventura. Mas lá não tem mais gente e eles vão assustar a quem? Lá então seria um lugar de repouso depois de noites de espanto e terror na cidade. Eu como jornalista estarei de câmera e gravador em punho registrando tudo para depois postar no You Tube e Facebook. E Morro do Chapéu conheceria dias gloriosos com a exploração do turismo nessa área. Talvez até retome minha carreira de empresário, estabelecendo contratos ainda em vida para que cada hotel tivesse seu fantasma particular. E depois já pensaram quanto dinheiro não iria ganhar montando um a fábrica de água benta? De qualquer modo as perspectivas são excelentes e só temos que torcer para que nossos internautas fantasmas aprimorem seus dons em suas postagens nos nossos sites, para que, quando desencarnarem, estejam em ponto de bala para exercerem suas novas funções no mundo do além.