sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A internet na China comunista

Em 2009, a então estudante Jessie Yang tentou acessar o Facebook e não conseguiu. Pelos alertas que piscavam no seu correio eletrônico, ela percebia quando os amigos estrangeiros lhe enviavam uma mensagem, mas não podia responder nem ficar visível para eles. “Era como estar enterrada viva, angustiante”, lembra. O governo chinês, temendo a repercussão dos vinte anos do Massacre da Praça Celestial, baniu naquele ano a rede social do país. Mas autorizou a criação do Renren, versão chinesa do serviço, e do Weibo, o equivalente ao igualmente banido Twitter.
Para controlar os 420 milhões de usuários da internet, a China usa primeiro a lei e depois a tecnologia. As normas visam a limitar o uso da rede e facilitar o rastreamento dos internautas. Por exemplo, jovens entre 16 e 18 anos só podem frequentar lanhouses nos feriados ou em determinados horários. As casas são obrigadas a catalogar cada cliente pelo seu número de identidade, manter um arquivo dos sites acessados e usar os softwares que filtram as páginas proibidas – em torno de 600 000 hoje. Quem quer fazer um blog precisa se inscrever junto ao Ministério da Informação e, nas universidades, ninguém além dos estudantes (registrados) pode participar de grupos de discussão on-line. Para lembrar ao usuário que alguém está sempre de olho nele, o Departamento de Supervisão da Internet de Shenzen criou a “polícia virtual”, bonequinhos batizados de Jingjing e Chacha (a palavra “jingcha” significa “polícia”), que surgem no canto da tela informando a quem estiver diante dela que é o responsável por tudo o que acessa ou põe no ar.
Por fim, há o Grande Firewal, como é chamado o serviço encarregado do bloqueio de sites “sensíveis”, remoção de comentários indesejáveis e sequestro de mensagens de e-mail contrárias aos interesses do regime. Ninguém sabe ao certo quantos são os censores destacados para essa tarefa. Em 2008, Anne-Marie Brady, cientista política neozelandesa especializada no estudo da propaganda chinesa, falava em um exército de 40 000 pessoas. E ele segue aumentando.