terça-feira, 13 de setembro de 2011

As piriguetes fazem seu manifesto

Nós, as piriguetes ouvimos pela rádio Diamantina, o protesto dos bocas vazias e também queremos falar. Pra começo de conversa, queremos dizer que já estamos no dicionário. Isso quer dizer que merecemos mais respeito. Hoje em dia os gays, o povo de cor, os jovens, os velhos e mais uma porrada de gente, tem seus direitos e é crime discriminar qualquer um deles. Então viemos reclamar também nossos direitos, pois somos muito mal faladas porque essa gente não entende nosso jeito de ser.
Somos vividas, somos aquela garota comum, sem frescura, sem modismo, democrática, muito ao contrário dessas patricinhas “seguras”, “modernas”, “independentes”, cheias de não me toques e que só frequentam lugares chiques ou que estão na moda. Tão pensando que nos enganam? Vez ou outra uma delas cai no piriguetismo. Mas é tudo feito escondidinho para não dar escândalo. Com nós, tudo é feito para todo mundo ver.
Mas esse povo fica pensando que piriguete só vive atrás de homem. Nada disso! Os bocas vazias ficam pensando que só eles animam o Araguaia. Uma pinóia. E nós as piriguetes lá na beira do campo torcendo pelo seu time? E depois do jogo quem vai beber e farrear com os jogadores? Quem é que anima os shows dos cantores e bandas? O que seria das micaretas sem nós? Jogador de futebol, cantor, artista, solteiro, e principalmente, homens casados, largados e viúvos nos adoram. Querem beber num barzinho aí escondidinho? Querem confessar suas infelicidades com suas mulherzinhas indaguentas? Lá estamos nós. É claro que o sujeito tem de pagar as bebidas e tira gosto se tiver. Vocês estão pensando que é mole ficar ouvindo prosa ruim em mesa de boteco? Tem gente que não entende e vive dizendo que nós vivemos lisas e esfomeadas. Não é isso. Querem alugar nossos ouvidos e também desfrutar de nossos corpos sem gastar nada? Sai fora.
As patricinhas quando estão paquerando um cara, dizem que estão “ficando”. Cada dia é um “ficada” diferente. Ninguém diz nada, tá na moda. Agora se nós fazemos a mesma coisa lá vem esculhambação. Nós as piriguetes somos umas injustiçadas. Se a mulherada soubesse o bem que nós fazemos aos seus casamentos falidos, elas mesmas mandavamseus companheiros nos procurar. Elas tem paciência para escutar prosa ruim? Não tem. Elas topam beber como umas condenadas num boteco qualquer? De jeito nenhum. Elas traçam um prato de mocotó ou buchada? Deus me livre. Se não tiver tira gosto, aceitam abrir uma lata de sardinha, salsicha ou quitute? Credo. É isso. Nós topamos tudo, não por desespero, mas porque gostamos da farra. E se as patricinhas depois da “ficada” resolvem ir com o cara lá no carro ou motel fazer o que todo mundo gosta de fazer, nós também. Qual é o problema?
É por isso que nós queremos nosso estatuto. Não somos mulheres de vida fácil, somos discriminadas e mal faladas e precisamos de proteção. De qual mulher as músicas bregas estão falando? De nós, é claro. Somos românticas e queremos ser amadas com mais respeito. Se o cara nos respeitar vão ter uma mulher carinhosa e dedicada. E principalmente, sem indaga nojenta.